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1 EDUCAÇÃO PRISIONAL: Ações educacionais no sistema prisional paraense SILVA, Eduardo Alves da 1 MIRANDA, Wando Dias 2 RESUMO Em meados do século XVII, surgiram as Escolas de Províncias, e no fim de século XVIII e inicio do século XIX surgiram às prisões, sendo que, nesta época pôde-se constatar que ambas as instituições tinham como caráter principal à disciplina social. Nas Escolas Provincianas objetivava-se uma educação voltada para Deus, trabalho e inclusão social de uma classe miserável, já nas prisões, o objetivo era acabar com a punição corporal, passando para uma pena de privação de liberdade do individuo. No Estado do Pará a educação nas prisões é realizada através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que teve inicio em 2007, Antes a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (SUSIPE) através da Divisão de Educação Prisional (DEP), realizava atividades de educação não formal. Atualmente no Pará 53,85% das unidades prisionais possuem educação, sendo que, maioria das vagas para estudo está concentrada nas Casas Penais da capital, descumprindo o que determina a Constituição de 1988, que estabelece a educação como um direito de todos, assim como a Lei de Execução Penal (LEP), Declaração Universal dos Direitos Humanos, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a EJA, que se destina àqueles que não tiveram continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade correta. Palavras chaves: População prisional, Educação e Educação prisional. ABSTRACT In the mid XVII century, appeared Schools Provinces, and at the end of the XVIII and early XIX century came to prisons, and at this time it was noted that both institutions had with the main character to social discipline. Provincial Schools is an education aimed toward God, work and social inclusion of a miserable class, already in custody, the goal was to end corporal punishment, going to a deprivation of liberty of the individual. In the state of Pará education in prisons and performed by Youth and Adults (EJA), which began in 2007, before the Superintendent of Prisons in the State of Pará (SUSIPE) through the Division of Correctional Education (DEP), performed non-formal education activities. Currently in Para 53.85% of prisons have education, and, most vacancies are concentrated to study the Houses of criminal capital, failing which determines the 1988 Constitution, which establishes education as a right for all, as well as the Penal Execution Law (LEP), Universal Declaration of Human Rights, Law of Guidelines and Bases of National Education (LDBN) and EJA, which is for those who did not continue their studies in elementary and high school at the correct age. Keywords: Prison Population, Education and Prison Education 1 Autor - Bacharel em Ciência Contábil pela Universidade da Amazônia (UNAMA) Servidor da SUSIPE 2 Co-autor - Mestre em Ciência Politica (UFPA) e Especialista em Gestão Estratégica e Defesa Social (UEPA) e Sociólogo (UFPA) 2 INTRODUÇÃO No século XVII, podemos entender que a educação teve inicio entre outros aspectos, a justificativa de que aqueles desprovidos de recursos poderiam deixar seus filhos desprovidos de instrução e, também, tinha como objetivo controlar as massas, para que, no futuro não se tornassem mendigos ou marginais. “No século XVII se desenvolveram as escolas de província ou as escolas cristãs elementares, as justificações dadas eram principalmente negativas: os pobres, não tendo recursos para educar os filhos, deixavam-nos na ignorância [...] No fim do século XVIII e princípio do século XIX se dá a passagem a uma penalidade de detenção, é verdade; e era coisa nova. Mas era na verdade abertura da penalidade a mecanismo de coerção.” (FOUCAULT, 1987, p. 260). A prisão antes fazia parte de um amplo “aparelho” para encarcerar o individuo ou delinquentes antes tidos como doentes, malvados e anormais, onde ela tornou-se uma instituição soberana. A prisão que conhecemos sofreu varias mudanças graduais foi precedida historicamente por uma forma diferente de espetáculo público. O teatro do suplício público Tratava-se na verdade de penas que recaiam sobre o corpo do individuo os chamados suplicio, onde podemos entender que agora as penas não recaem sobre o corpo do individuo, mas sim sobre sua liberdade, seu livre arbítrio, sua liberdade de locomoção. O suplicio cedeu seu lugar a acorrentados condenados a trabalhos forçados aprisionados em cárceres que serviam como formas de punição, Foucault afirma que os reformistas estavam insatisfeitos com a natureza imprevisível de violência por parte dos soberanos sobre o corpo do condenado. Os indivíduos por mais problemáticas que sejam é a ele garantido os direitos fundamentais para que até mesmo este indivíduo venha cumprir sua pena de maneira digna, mas nos tempos dos suplícios era difícil ter a noção desses direitos, mais a humanidade evoluiu em seus conceitos, Com a Declaração Universal dos Direitos dos Homens (1947). A Organização das Nações Unidas trata a respeito das garantias fundamentais da pessoa humana, nela não encontramos lugar para os suplícios, apesar de existirem Países e Estados que punem seus infratores severamente e até mesmo quebrando as Leis dos Direitos Humanos. Apesar de que prender alguém em celas para cumprir longas penas é questionável para muitos, 3 assim, podemos considerar que o processo de reintegração social que julgar das durezas do cárcere, como visto na obra vigiar e punir de Foucault (1987), passa pelo processo educacional dessa população historicamente excluída do sistema social. A educação é um instrumento que instrui o individuo ao convívio social, e a arte de educar é formar conforme (FREIRE, 1996) “Educar é subjetivamente formar” a educação de apenados e indispensável para a sociedade além de ser um direito dos apenados conforme a firma Foucault (1987, p. 297) diz: “A educação do detento é, por parte do poder publico, ao mesmo tempo uma precaução indispensável no interesse da sociedade e uma obrigação para com o detento”. Só a educação pode servir de instrumento penitenciário. O tratamento infligido ao prisioneiro, fora de qualquer promiscuidade corruptora deve tender principalmente à sua instrução geral e profissional e à sua melhora. A educação prisional é aquela educação ministrada dentro do cárcere, para uma população especifica nela existente que é a população prisional, educação esta que deve estar com conteúdos, projetos, programas e estratégias alinhadas com ressocialização social, bem como regras, normas, valores moral, éticos e cidadania, tem que ser uma educação visando alfabetizar e trabalhando para a construção de uma cidadania adequada aos padrões de uma sociedade digna, devido ser uma população de jovens e adultos com baixo grau de escolaridade, semianalfabetos ou analfabetos total, onde muitos não puderam dar continuidade para os estudos por vários motivos; Como alguns tiveram que trabalhar deste cedo ou ingressaram cedo na vida do crime objetivando muitas vezes o “dinheiro fácil” entre outros motivos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, diz no seu Art. 5º. “O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, [...] e por fim, o especifico para o EJA o Art. 37º. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. (Lei nº 9394/96 - LDB) De acordo com a LDB (1996) a Educação de Jovens e Adultos – EJA, modalidade de ensino ofertada nas prisões deve ser ministrada por educadores capacitados, com perfil técnico-educacional para ministrar dentro do cárcere,para uma população, historicamente excluída da sociedade, bem como saber atuar em ambientes institucionais não usuais as práticas educativas, uma vez que as salas de 4 aulas dos presídios do Pará são na verdade celas que foram adaptadas para servirem como sala de aula. Mas para esta educação prisional funcionar de uma forma plena é necessária à contribuição de todos os atores que fazem parte desta realidade que são: Os agentes prisionais, assistentes sociais, psicólogos, professores, pedagogos, diretores e etc. Bem como das autoridades da própria SUSIPE agindo com projetos educacionais, o poder judiciário também pode contribuir para a educação do apenado até mesmo a sociedade externa pode contribuir com doações de livros, materiais didáticos e o próprio Estado estabelecendo políticas publicas para a educação no cárcere, conseguindo assim de forma efetiva e eficaz cumprir o que determina a Declaração dos Direitos Humanos, Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a respeito da educação e a Lei de Execução Penal a respeito da educação para a população prisional. A história da educação (EJA) no Brasil veio ganhando seu espaço e então a partir da década de 1940, a educação de jovens e adultos ganhou visibilidade e foram realizadas algumas campanhas educacionais para corrigir a mazela trazida pelo analfabetismo, ou melhor, pelo homem analfabeto. Entre esses vários movimentos, podemos Destacar o Serviço de Educação de Adultos em 1947, as Campanhas de Educação Rural em 1952, a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo em 1958, e ambos nas décadas de 50 e o mais conhecido, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), criado pela Lei nº 5379 de 15 de dezembro de 1967. O (MOBRAL) tinha como principal objetivo a promoção da educação básica para jovens e adultos, e isto foi um marco dentro da educação nacional, assim como, para os presidiários e também para a (EJA), que é a educação ministrada para os apenados. No Brasil, possuíssem atualmente 494.2372 pessoas presos distribuídas em 1795 estabelecimentos penais, destes, 26.266 são analfabetos e 186.163 tem o ensino fundamental incompleto, o que corresponde aproximadamente a 43% da população carcerária do país. A EDUCAÇÃO FORMAL NO SISTEMA PRISIONAL DO PARÁ 5 A (SUSIPE) tem a missão de cumprir o que determina a (LEP) a respeito da custodia e do tratamento penal, onde dentro deste tratamento está a educação que contribui para a ressocialização social. Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. (Lei nº72/10/84 - LEP). A educação formal de presos teve inicio em 2007, e estruturou-se a partir do projeto Educando pela Liberdade, antes dele, a (SUSIPE) realizava atividades de educação não formal e de preparação de alunos para os exames de certificação nacional. Como já informado, o projeto Educando para a Liberdade (nível estadual) em convênio com Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), assumia o atendimento da educação formal no sistema prisional como parte da política de educação de jovens e adultos no estado do Pará. Hoje essa educação, que é a prisional, é administrada pela Divisão de Educação Prisional (DEP), subordinada ao Núcleo de Reinserção Social (NRS) da (SUSIPE), este núcleo tem quatro divisões: Saúde, assistência social, trabalho e educação, que dão suporte à reinserção social do preso ao convívio social e familiar, conforme o regime interno da (SUSIPE). A (DEP) atua nas áreas da educação básica e na educação profissional; Na elevação da escolaridade, qualificação para o trabalho e o direito à remição da pena. Ações desenvolvidas pela (DEP) na área da educação básica é a educação formal, que está presente em 21 unidades prisionais por meio da modalidade de ensino (EJA). Na Região Metropolitana de Belém (RMB), a educação formal é ofertada em parceria com (SEDUC), nas demais localidades são ofertadas em parceria com as Secretarias Municipais de Educação. A educação Informal é desenvolvida por meio de projetos como: Projeto sala de cordas: Cursos de violão que proporcionam ocupação e melhoria na autoestima dos internos; Programa começar de novo do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA): Cursos de iniciação musical ao canto e flauta doce; Grupo folclórico: Resgata a identidade social por meio da dança; Projeto de inclusão digital: Promove o acesso do interno ao universo digital; Curso de estética: Qualifica as internas na área de estética, o que proporciona inclusão no mercado de trabalho; Cursos de manipulação de alimentos; Confecção de doces; Relações interpessoais e Cursos de artesanatos: São cursos de vagonite (bordado) 6 e confecção de sandálias e redes, ampliando a possibilidade de inclusão do preso no mercado de trabalho. O DEP em especial tem duas subdivisões e é desta forma que está dividido a educação de presos no estado do Pará: Educação formal e informal, onde os apenados na “educação formal podem optar pelo o ensino acadêmico e na educação informal podem optar pelo ensino profissionalizante e oficinas de musicalização e dança”. A educação não formal são palestras, projetos, que trabalham as relações sociais, consciência de como agir em grupos e em sociedade, e respeito às diferenças, trabalho estes, muito realizado pelas igrejas e voluntários da sociedade civil. Já a educação formal, funciona conveniada com a (SEDUC), que sede professores concursados para ministrarem as aulas e as oficinas, mas, por uma questão de necessidades da (SUSIPE), algumas aulas são ministrados por agentes prisionais que são habilitados na área da educação, assim como, alguns cursos de oficinas ofertados, que há também auxilio de agentes prisionais com formação em pedagogia, realizando trabalho de coordenação pedagógica nas unidades penais que são contempladas com a educação prisional em nosso Estado, pois, o quadro de técnicos com formação em pedagogia da (SUSIPE) é insuficiente para suprir a demanda atual de vagas para o estudo nas unidades prisionais do Pará. TRABALHOS REALIZADOS PELA DIVISÃO DE EDUCAÇÃO PRISIONAL DA SUSIPE Atualmente no Pará, existem 40 unidades penais em funcionamento, sendo que, os trabalhos realizados pela Divisão de Educação Prisional – DEP, só funcionam em 21 destas unidades prisionais, ou seja, 53,85% das unidades possuem sala de aula. Há também cinco bibliotecas em todo o sistema penitenciário do Estado do Pará e, em dezembro de 2012, houve um déficit de vagas em relação à capacidade de presos matriculados; 1.682 internos para 1.590 vagas, nos revelando um déficit de 92 vagas, conforme dados da (SUSIPE). Em todo o Estado temos 16,58% de internos em atividades educacionais, ou seja, estudando e a grande maioria que é de 83,42% estão fora da sala de aula. Segundo dados de Dezembro de 2012 da própria (SUSIPE) irá demonstra de forma quantitativa o número de internos que estudam por regime, por município e 7 por unidade penal, presos estudando (provisórios) em Ananindeua: Centro de Reeducação Feminino – CRF 45, Castanhal: Centro de Recuperação Regional de Castanhal – CRRCAST 00, Belém: Centro de Detenção Provisória de Icoaraci – CDPI 12, Centro de Recuperação do Coqueiro – CRC 02, Marituba: Presídio Estadual Metropolitano I - PEM I 126, Presídio Estadual Metropolitano II - PEM II 70, Presídio Estadual Metropolitano III - PEM III 07, Santa Izabel: Centro de Recuperação Penitenciário Pará I – CRPPI 18, Centro de Recuperação Penitenciário Pará II – CRPPII 00, Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – HCTP 67, Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel – CPASI 02, Abaetetuba: Centro de recuperação Regional de Abaetetuba – CRRAB 00, Bragança: Centro de Recuperação Regional de Bragança – CRRB 00, Marabá:Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes - CRAMA Masculino 00, Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes - CRAMA Feminino 00, Paragominas: Centro de Recuperação Regional de Paragominas – CRRPA 00, Redenção: Centro de Recuperação Regional de Redenção – CRRR 00, Salinopolis: Centro de Recuperação Regional de Salinópolis – CRRSAL 00, Santarém: Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura - CRSHM Masculino 00, Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura - CRSHM feminino 00, Tomé-Açú: Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açú – CRRTA 00, Tucuruí: Centro de Recuperação Regional de Tucuruí – CRRT 00, Total geral de 347 alunos. Presos estudando (medida de segurança), Município, Unidade Prisional, Total de Alunos e Percentual em relação ao quantitativo de internos da (UP), Santa Izabel Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico-HCTP 148 alunos, 67,14% e Total Geral de 148 alunos. Presos estudando (condenados) em Ananindeua: Centro de Reeducação Feminino – CRF 198, Castanhal: Centro de Recuperação Regional de Castanhal – CRRCAST 00, Belém: Centro de Detenção Provisória de Icoaraci – CDPI 00, Centro de Recuperação do Coqueiro – CRC 60, Marituba: Presídio Estadual Metropolitano I - PEM I 112, Presídio Estadual Metropolitano II - PEM II 64, Presídio Estadual Metropolitano III - PEM III 29, Santa Izabel: Centro de Recuperação Penitenciário Pará I – CRPPI 34, Centro de Recuperação Penitenciário Pará II – CRPPII 07, Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico – HCTP 148, Colônia Agrícola Heleno Fragoso – CAHF 61, Abaetetuba: Centro de recuperação Regional de Abaetetuba – CRRAB 82, Bragança: Centro de Recuperação Regional de Bragança 8 – CRRB 20, Marabá: Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes - CRAMA Masculino 69, Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes - CRAMA Feminino 25, Paragominas: Centro de Recuperação Regional de Paragominas – CRRPA 29, Redenção: Centro de Recuperação Regional de Redenção – CRRR 36, Salinopolis: Centro de Recuperação Regional de Salinópolis – CRRSAL 00, Santarém: Centro de Recuperação agrícola Silvio Hall de Moura - CRSHM Masculino 154, Centro de Recuperação agrícola Silvio Hall de Moura - CRSHM feminino 18, Tomé-Açú: Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açú – CRRTA 14, Tucuruí: Centro de Recuperação Regional de Tucuruí – CRRT 00, Total geral de 1160 alunos. Tabela 01: Presos Estudando por Regime X Municípios Município Presos Estudando por Regime Total de Alunos Provisórios Medida de Segurança Condenados Ananindeua 45 0 198 243 Belém 14 0 60 74 Marituba 203 0 205 408 Santa Izabel 87 148 250 485 Abaetetuba 0 0 82 82 Bragança 0 0 20 20 Marabá 0 0 94 94 Paragominas 0 0 29 29 Redenção 0 0 36 36 Santarém 0 0 172 172 Tomé-Açú 0 0 14 14 Total Geral por Regime 349 148 1.160 1.657 Fonte: Dados obtidos no site da SUSIPE Dez, 2012. Segundo a (SEDUC), a Educação de Jovens e Adultos é oferecida em etapas. As 1ª e 2ª etapas equivalem a 1ª à 5ª séries iniciais do ensino fundamental, e tem a sua duração mínima de dois anos. A primeira etapa assegura ao aluno o método de alfabetização. As 3ª e 4ª etapas, também com duração de dois anos, equivalem aos anos finais do ensino fundamental que vai da 6ª à 9ª séries. O ensino médio é ofertado na forma de 1ª e 2ª etapas, as quais equivalem aos três anos desse nível de escolaridade (1º 2º e 3º ano). Para cursar a 1ª etapa da (EJA) fundamental o aluno precisa ter idade mínima de 15 anos, e para ingressar na 1ª etapa da (EJA) nível médio, 18 anos completo. A educação oferecida é a educação formal com ensino regular nas unidades da capital e do interior, conforme dados estatísticos da (SUSIPE) a Educação formal com ensino regular esta dividida em Etapas e Níveis (EJA): Alfabetização; 1ª etapa 9 do Ensino Fundamental (EJA), 2ª etapa do Ensino Fundamental (EJA), 3ª etapa do Ensino Fundamental (EJA), 4ª etapa do Ensino Fundamental (EJA), 1ª etapa do Ensino Médio (EJA), 2ª etapa do Ensino Médio (EJA) e o numero de alunos matriculados por série/nível é: Alfabetização 177 alunos, 1º Etapa Fundamental 202 discentes, 2º Etapa Fundamental 132 discentes, 3º Etapa Fundamental 80 alunos, 4º Etapa 109 alunos, 1º Etapa Médio 112 e na 2º Etapa Médio 39 alunos, conforme mostra a distribuição da tabela Educação Formal (EJA) por Casa Penal de Dezembro de 2012 da (SUSIPE). Tabela 02: Educação por Unidades Prisionais X Nº de detentos Unidade Prisional Nº de Turmas Total de Turmas Nº de Alunos Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Fundamental Ensino Médio Alfa. 1ª 2ª 3ª 4ª 1º 2º Alfa. 1ª 2ª 3ª 4ª 1º 2º CRF 1 1 1 1 1 1 1 7 10 10 12 16 14 12 7 CDPI 1 0 0 0 0 0 0 1 2 5 0 0 0 0 0 CRC 1 0 1 0 0 0 0 2 5 0 12 0 0 0 7 PEM I 0 0 1 1 1 1 0 4 0 0 19 30 24 22 0 PEM II 1 0 1 0 1 0 0 3 8 0 22 0 9 0 7 PEM III 1 0 0 0 0 0 0 1 9 0 0 0 0 0 0 CRPP I 0 1 1 1 1 0 0 4 0 9 9 8 14 0 12 CRPPII 0 1 0 0 1 0 0 2 0 4 0 0 3 3 0 HCTP 0 2 1 1 1 0 0 5 41 13 15 15 16 0 6 CAHF 0 1 0 1 0 1 0 3 1 11 0 11 11 9 0 CRRCAST 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 CRRAB 0 1 1 0 0 0 0 2 0 15 16 0 0 0 0 CRRB 0 1 1 0 0 0 0 2 0 10 8 0 0 0 0 CRAMA 0 1 1 1 1 1 0 5 55 0 0 0 18 21 0 CRRPA 0 1 1 0 0 0 0 2 0 7 6 0 0 0 0 CRRR 0 1 1 0 0 0 0 2 11 25 0 0 0 0 0 CRRSAL 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 CRSHM 1 1 1 1 1 1 0 6 21 93 13 0 0 45 0 CRRTA 1 0 0 0 0 0 0 1 14 0 0 0 0 0 0 CRRT 0 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 Total Geral 9 13 13 7 8 5 1 56 177 202 132 80 109 112 39 Fonte: SUSIPE Dez, 2012. Há também a distribuição de alunos por classificação, que é a seguinte: 851 internos estão no ensino regular, 33 no ensino profissionalizante e 798 na educação não formal, e em 05 unidades prisionais, que são: (PEM I), (PEM II), (CRPP I), (HCTP) e (CPASI), as aulas funcionam com auxilio de “bibliotecas”, que na verdade são apenas celas com livros dispostos em estantes, e contam com um acervo geral de 9.709 livros. 10 O PERFIL DA POPULAÇÃO PRISIONAL É composto por pessoas com baixo grau de escolaridade e de instrução, no que diz respeito à escolaridade, temos em percentuais uma distribuição de 5,72% analfabetos, 3,88% alfabetizados, 5,51% com ensino fundamental completo, 4,76% com ensino médio completo, 70,23% que é a maioria dos presos só tem o ensino fundamental incompleto, 9,05% tem o ensino médio incompleto, 0,35% com ensino superior completo e 0,50% com ensino superior incompleto. É uma população bastante jovem “entre 18 e 24 anos, residindo em áreas suburbanas sem ou com poucas infraestruturas e saneamento básico, a maioria dos presos procede da capital e da região metropolitana. onde grande parte está presa por roubo qualificado em primeiro lugar e depois o tráfico”, sendo que, 50,73% da população carcerária masculina custodiada pela SUSIPE têm mais de um processo criminal. Em se tratando da nacionalidade dos detentos, o Pará tem um total de 10.978 presos brasileiros, 06 peruanos e 05 colombianos, e segundo parâmetros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com relação à etnia da população carcerária temos o seguinte: 105 amarelas, 146 indígenas, 1.197 branca, 1327 negra e 8.214 pardas contabilizando um total de 10.989 presos. Conforme o que ocorre com a realidade nacional as penas varia entre 4 a 8 anos tanto para homens como para mulheres, ocorrendo na maioria das vezes crimes com uma tipificação, como é ocaso do trafico de drogas seguido do roubo qualificado no caso dos presos do sexo feminino, e roubo qualificado e trafico de drogas em relação aos presos do sexo masculino, no caso da faixa etária com maior quantidade de presos, temos a de 18 á 24 anos, o que representa em números, 3.883 presos, sendo que, 3.665 do sexo masculino e 218 do feminino, e a raça mais frequente nas Unidades Penais do Estado do Pará é a parda, seguido da negra e por último a de origens étnica branca. O SISTEMAPRISIONAL E A LEGISLAÇÃO ACERCA DA EDUCAÇÃO. O COMO FAZER. A Constituição Federal de 1988 Estabelece que a educação seja um direito de todos. É fundamental para cidadania e qualificação do individuo. 11 “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, (...). Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (...)” (BRASIL. Constituição Federal 1988) Na Lei de Execução Penal de 1984, considerada uma das mais modernas do mundo, encontramos uma seção que trata especificamente da assistência educacional. Esta assistência deve ser materializada através da instrução escolar, da formação profissional e da oferta da educação fundamental, obrigatórias e integradas ao sistema escolar. Mas a (LEP) só estabelece ensino de primeiro grau “Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa”. (LEP/84), e o ensino profissionalizante será ministrado de forma adequada “Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição”. (LEP/84), não estabelece o ensino médio e superior de forma especifica e nem como será ministrada essa educação para a população prisional, ficando a critério de cada Estado estabelecer a educação de nível médio e superior que será repassada para esta população. “Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. (...) Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.” (Lei Nº 7210/84 – LEP) No contexto brasileiro, ainda há Estados que nem sequer tem educação para os apenados e em alguns lugares, a educação intramuros é um hiato, é uma população considerada invisível aos nossos olhos, bem como seus direitos, e entre eles o de estudar; Esta população só se toma visível quando acontece um motim ou uma fuga ou um caso de maior relevância, a verdade é que, como não se respeita os direitos dos apenados, como eles serão humanos, pois a normas dos direitos humanos diz. 12 “Toda pessoa tem direito à instrução (...). A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos pelas liberdades fundamentais”. (Declaração Universal dos Direitos Humanos – Art. 26) O direito à educação é reconhecido no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos como direito de todos ao “desenvolvimento pleno da personalidade humana” e para fortalecer o “respeito aos direitos e liberdades fundamentais”. A conquista deste direito depende do acesso generalizado à educação básica, mas o direito à educação não se esgota com o acesso, a permanência e a conclusão desse nível de ensino, ele pressupõe as condições para continuar o estudo em outros níveis. O direito à educação não se limita às crianças e jovens. A partir desse conceito devemos falar também de um direito associado, o direito à educação permanente, em condições de equidade e igualdade para todos os cidadãos de uma sociedade, independentemente da sua condição social, e sem distinção de qualquer natureza. Como tal, deve ser intercultural, para garantia da integralidade. Esse direito deve ser assegurado pelo Estado, que estabelece prioridade à atenção dos grupos sociais mais vulneráveis. Para o exercício desse direito o Estado precisa aproveitar o potencial da sociedade civil na formulação de políticas públicas de educação e promover o desenvolvimento A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9394/96. Estabelece que na educação de jovens e adultos seja assegurado à oportunidade educacional apropriada e considerado as características do alunado e aqueles que quiserem dar continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio. “Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si”. (Lei nº 9394\96. LDB) Ainda há a remissão pelo estudo que recentemente foi aprovada e é um incentivo a mais para o apenado, já que, este benefício ira contribuir para que o mesmo retorne mais rapidamente para o convívio social, remissão esta que segundo 13 a lei diz que a cada três dias estudados, se remirão um dia de pena ou a cada doze horas estudadas equivale a remir um dia de pena, conforme a LEI 12.433/2011 (LEI ORDINÁRIA) 29/06/2011. É uma lei que Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), para dispor sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou por trabalho. “Passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em três (três) dias; II - 1 (um) dia de pena a cada três (três) dias de trabalho.” (Lei Nº 7210/84 - LEP). As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou à distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderá remir pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles. O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar, sendo que, é de direto do condenado que estuda regularmente, a relação de seus dias remidos para que possa acompanhar a sua remição da penal frequentemente. 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS Muitas pessoas quese encontram nas prisões têm baixos padrões de escolaridade como é o caso da população prisional do Estado do Pará. Uma parcela significativa não domina as competências básicas de leitura e escrita. Esse baixo nível de escolaridade pode ter afetado suas vidas antes de serem presos e pode muito bem ter contribuído para que cometessem um crime. É uma realidade lamentável que, para algumas pessoas, o próprio fato de estarem presas e terem de permanecer em um lugar por um período de tempo fixo seja a primeira oportunidade real que estes apenados têm de seguir regularmente um programa educacional. Também é importante oferecer oportunidades de atividades profissionais juntamente com a educação formal, uma vez que isso proporcionará mais um contexto no qual os presidiários poderão desenvolver seu senso de autovalorização. A educação não deve ser considerada uma atividade extra e opcional na lista de atividades oferecidas às pessoas presas. Ao contrário, trata-se de um elemento central em todo o conceito de se utilizar o período na prisão como uma oportunidade para ajudar as pessoas presas a reorganizarem suas vidas de um modo positivo. Em primeiro lugar, a educação deve se concentrar nas necessidades básicas, de modo que todas as pessoas que se encontram na prisão por qualquer período de tempo possam aprender habilidades tais como ler, escrever e fazer cálculos básicos que as ajudarão a sobreviver no mundo moderno. A educação deve ir muito além do que o ensino dessas habilidades básicas. No sentido mais pleno, a educação deve ter por objetivo o desenvolvimento integral da pessoa humana, levando em conta os antecedentes sociais, econômicos e culturais das pessoas presas. A educação, portanto, deve incluir acesso a livros, aulas e atividades culturais, tais como musica e arte. Esse tipo de atividade não deve ser considerado meramente recreativo, mas deve ter por objetivo estimular o presidiário a se desenvolver como pessoa. Além de atualmente e desde 2011 os apenados podem ter os seus dias remidos pelo estudo que antes a remição era somente pelo trabalho, mas a educação é uma ferramenta essencial para a reinserção social do apenado, alem de possibilitar elevação de escolaridade, profissão e remição de pena. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br >. Acesso em: 06 jan. 2013. ________________. Lei 7.210. Lei de Execução Penal. Brasília, DF: MJ, 1984. 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