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Igualdade e Liberdade

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Filosofia Jurídica
Igualdade e Liberdade
Norberto Bobbio
Vocabulário
Acepção – Sentido em que uma palavra é empregada: acepção própria; acepção figurada.
Ambiguidade: Incerteza, dúvida, perplexidade.
Antiquíssimo: Adj. Muito antigo.
Cômico – Que provoca risos; divertido, engraçado; ridículo: situação cômica.
Desigualdade – é um problema que afeta a maioria dos países atualmente, mas principalmente os países em desenvolvimento. Isso se dá pela distribuição desigual de renda de um país.
Equânime – Que apresenta ânimo sempre igual, Que tem serenidade no julgar. Imparcial.
Funesto: adj. Que provoca a morte, a desgraça: acidente funesto. Nocivo, fatal.
Idôneo – Conveniente, próprio para alguma coisa. Capaz de exercer atos civis e políticos. Apto, capaz; adequado.
Igualdade – é a inexistência de diferenças entre dois ou mais elementos comparados, sejam objetos, indivíduos, idéias, conceitos ou quaisquer coisas que se comparem.
Inexorável: adj. Que não se deixa mover ou dobrar a rogos ou súplicas: juiz inexorável.
Isonomia: Em política, estado dos que são governados pelas mesmas leis; igualdade civil e política; igualdade perante a lei.
Liberdade – é o conjunto de direitos reconhecidos ao indivíduo, considerado isoladamente ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei.
Ônus – Imposto gravoso, encargo pesado, obrigação de difícil cumprimento.
Supérfluo – Que é demais, demasiado; excedente: ornamentação supérflua.
Desnecessário, ocioso, inútil: lamentos supérfluos.
Tácito: adj. Que não se exprime formalmente; implícito, subentendido: consentimento.
Unívoco: adj. Que mantém o mesmo sentido em empregos diferentes (por. opôs. a equívoco).
Ideia Central
A ideia central do texto é trazer à tona a reflexão sobre o tema Igualdade e Liberdade, e suas diferentes situações, com diferenças em suas aplicações devido as diferentes classes sociais, a igualdade que não é tão igualitária assim, para isso são abordados, os vários tipos de Igualdade, como a Igualdade de Justiça, Igualdade de Direitos, Igualdade Oportunidades. Temos uma abordagem filosófica de Norberto Bobbio fazendo uma reflexão sobre os Direitos Fundamentais do Homem até seus Direitos Materiais.
1. Igualdade e liberdade 
A igualdade é um valor esperado por todos que buscam viver de forma ordeira, e civilizada, em sociedade, é um valor que está atrelado à liberdade, e ambas são temas de ideologias e teorias políticas, que são frequentemente usadas nos acalorados discursos políticos.
Norberto Bobbio declara em sua obra, que a Igualdade trata se de um valor supremo de uma convivência ordenada, saudável e civilizada e, para isso temos de um lado os homens que gozam destes direitos vivendo em sociedade e por outro lado temos à Igualdade como ideologias e teorias políticas que vêm junto com a Liberdade. Igualdade e liberdade se destacam em questões de desejos nas entidades políticas que veem isso como ponto positivo.
Existem algumas doutrinas autoritárias que dão mais valor a autoridade em detrimento a liberdade, e de igual modo algumas doutrinas desiguais que valorizam mais a desigualdade em vez de buscar a igualdade entre os indivíduos.
Tem-se uma dificuldade para estabelecer um significado claro para palavra liberdade, pois apresenta duplo sentido, na política apresenta pelo menos dois sentidos. Em relação à igualdade a maior dificuldade está em sua indeterminação terminológica.
Neste sentido Bobbio nos dá a ideia de que devemos nos perguntar com o que estamos tratando e com relação ao que são iguais, para isso temos que responder duas pergunta: 
a) Igualdade entre quem?
b) Igualdade em quê? 
Temos assim um paradoxo onde a real importância é saber a que estamos nos referindo, tal indivíduo é igual? Esse indivíduo é igual a quem? Nós estamos se referindo a quem? Agora ao contrário, se dissermos que tal indivíduo em determinada sociedade é livre, más alguns são mais livres que os outros, significaria que alguns gozam de determinada liberdade, mas que outros gozam, além disso, de algo a mais. Em questão as ideologias políticas se constatam que a liberdade de um indivíduo é a sua liberdade perante a um grupo, classe, nação ou Estado são iguais entre si. Dentre estas afirmações é impossível dizer que dentro de uma sociedade exista somente um indivíduo livre e que na mesma sociedade, somente um indivíduo é igual. O parecer relevante que se dá sobre liberdade e igualdade e no caso de dentro de uma sociedade a única liberdade dos indivíduos é de serem livres iguais aos outros isso é melhor do que a liberdade, é a qualidade de um indivíduo, enquanto a igualdade é um modo de estabelecer um determinado tipo de relação entre indivíduos de uma totalidade, mesmo quando a única característica comum desses indivíduos seja o fato de serem livres.
2. Igualdade e Justiça: Levando em consideração os valores de igualdade e os valores de justiça, podemos voltar aos conceitos de Aristóteles, do que é justo perante a lei do homem e se a lei do homem está em conformidade com as leis naturais ou divinas. É analisada quanto uma ação é justa perante a lei e se é justa essa lei com relação à igualdade. Costuma-se dizer que o homem não é somente justo porque segue a lei, e sim porque ele é sempre imparcial e que a lei é sempre justa é igualitária, e também porque segue uma lei superior. Para que se reine a harmonia no universo, é necessário; a) Que cada uma das partes tenha seu lugar atribuído segundo o que lhe cabe, que a aplicação da justiça como igualdade; b) que, uma vez que a cada parte foi atribuído seu lugar próprio, o equilíbrio alcançado seja mantido por normas universalmente respeitadas. Tendo a igualdade entre as partes e o respeito à legalidade, temos duas condições para que se mantenha a ordem e a harmonia de todos, que é para quem se coloca do ponto de vista da totalidade e não das partes. Essas duas condições são necessárias para ter justiça, mas somente em conjunto podemos considerar que são objetivas e eficazes.
A injustiça pode ser instituída, quando houver alteração das questões de igualdade ou quando não houver observação das leis: a alteração da igualdade é um desafio para legalidade e a não observância das leis causa uma ruptura do princípio de igualdade. De todo modo à igualdade só tem uma relação: o que dá a essa um valor, o que faz dela uma meta desejável, é o fato de ser ela justa. A igualdade é um direito tão desejado por que segue um princípio de justiça, e isso uma vez abalado por ex: a harmonia, esta igualdade não se concretiza, e segue o conceito que somente um todo ordenado tem a possibilidade de durar. Podemos concluir – que, a liberdade é o bem individual por excelência, ao passo que a justiça é o bem social por excelência e, nesse sentido, a virtude social, como dizia, se queremos conjugar os dois valores supremos de uma vida civil, a expressão mais correta é liberdade e justiça e não liberdade e igualdade, já que a igualdade não é por si mesma um valor, mas é somente na medida em que seja uma condição necessária a todos.
3. As situações de justiça; Tratando da conotativa (que tem lugar na relação entre as partes) e justiça distributiva (que tem lugar nas relações entre o todo e as partes, ou vice-versa). Situações que existe a igualdade ou não, são basicamente duas; a) aquela na qual estamos diante de uma ação de dar (ou fazer), da qual se deva estabelecer a correspondência anterior com um ter ou posterior com um receber, de onde resulta a sequência ter, dar, receber, ter; b) aquela na qual nos encontramos diante do problema de atribuir vantagens ou desvantagens, benefícios ou ônus, direitos ou deveres (em termos jurídicos), a uma pluralidade de indivíduos pertencentes a uma determinada categoria. Analisando os dois conceitos se concretiza em questão que o primeiro o que se dá tem que ser na mesma proporção do que se tem e o que se dá recebe tem que ser na mesma proporção que se tem também. E o segundo na relaçãodos conjugues, a mulher ao marido, ou, na relação de trabalho, os operários aos empregados). Nesta relação que é feita aqui todos vão entender a questão de igualdade que de fato teria que ser assim. De resto as duas situações encontradas aqui correspondem aos dois tipos fundamentais de relação que podem ser encontrados em todo sistema social, as relações de troca e as relações de convivência. Querendo dar nome às duas situações de justiça podemos chamar de justiça retributiva e no segundo de justiça atributiva. Os casos mais típicos de justiça retributiva, isto é, de igualdade entre o que se dá (ou faz) e o que se recebe, são os quatro seguintes: relação entre mercadorias e preço, relação entre pagamento e trabalho, relação entre dano e indenização, relação entre crimes e castigo. Desses quatro casos, os dois primeiros são de retribuição de um bem com um bem; os outros dois, de um mal com um mal.
4. Os critérios de Justiça: A justiça deve ser aplicada, se for de acordo com a Igualdade de duas coisas ou duas pessoas, onde se considera justo a igualdade entre duas coisas ex: em uma empresa de vinte funcionários todos recebem de acordo com suas necessidades e de acordo com o que necessitam para suprir suas necessidades básicas. Porém nesta mesma empresa existe alguns funcionários que se destacam que efetuam um trabalho com melhor rendimento, e a eles são estabelecidos os mesmos critérios que os outros, isso seria justo?
Não há teoria da justiça que irá analisar, onde a cada um há o seu, exemplos disso: a cada um segundo o mérito, segundo a capacidade, segundo o talento, segundo o esforço, segundo o trabalho, segundo o resultado, segundo a necessidade, segundo o posto etc. Em disputas ideológicas será analisado: É mais justa a sociedade onde a cada um é dado segundo as necessidades?
5. A Regra de Justiça: A justiça pode ter outro sentido, sendo chamada de regrada justiça, que se entende como regra que devemos tratar os iguais, de forma igual e os desiguais de forma desigual, porém é inútil levar em consideração em regra. É útil darmos atenção é em sua forma contrária, sobre o problema da justiça como valor social que não se reduz como pensam os juristas. O problema de regra da justiça é que ela pressupõe que os problemas de justiça na esfera retributiva e na esfera atributiva já tenham sido resolvidos, que já tenham sido escolhido os critérios para estabelecer quando duas coisas devem ser consideradas equivalentes e quando duas pessoas devem ser consideradas equiparáveis. Somente depois desses dois requisitos é que a regra da justiça intervém, determinando se tais indivíduos devem ser tratados do mesmo modo que se encontram na mesma categoria. Se não fosse feito previamente como deve ser tratado cada categoria será impossível dizer como cada indivíduo deve ser tratado igual. E os maiores problemas de se entender como cada indivíduo deve ser tratado com justiça, não parece entender que a primeira tarefa de quem pretenda fazer obra de justiça consiste em estabelecer como um determinado indivíduo deve ser tratado para ser tratado de modo justo. Em relação à justiça retributiva e a atributiva, por um lado, e a regra de justiça, por outro, pode ser concretizado do seguinte modo: a primeira é constitutiva ou reconstitutiva da igualdade social; a segunda tende a mantê-la segundo os modos e formas em que foi estabelecida. É necessária para a aplicação da Justiça que haja a imparcialidade em face dos destinatários da lei, ou seja, que se exija mais o princípio da legalidade do que a lealdade em face do legislador.
6. A Igualdade de Todos; A igualdade analisada de várias formas, chegando à conclusão que seu significado depende de muitos requisitos, onde com o passar da história assumi o papel de muita importância ainda mais entre os políticos que usavam o termo de igualdade como princípio fundamental de um todo. E que depois de muitos estudos axiológicos se chega a conclusão de igualdade em quê? Até mesmo um dos maiores filósofos J.J Rousseau, não exige que, como condição para a instauração do reino da igualdade, todos os homens sejam iguais em tudo.
7. A igualdade diante da lei: Das Várias determinações sobre igualdade na história, a única universalmente aceita é a que afirma que todos os homens são iguais perante a lei, ou melhor, a lei é igual para todos e quando existem leis escritas o rico e o pobre são iguais perante a lei. Apesar dessa s afirmações existem as formas diferentes de interpretar a lei o que fica bem claro neste tópico e que o autor mostra através de exemplos é a questão de como cada um ou cada regime irá analisar a lei, e que mesmo estabelecido em lei alguns regimes interpretam da maneira deles ex: em determinado período histórico se excluía determinados grupos de direitos políticos, mas que isso deixa de ser relevante em um período posterior.
8. A Igualdade Jurídica: Somente nas constituições modernas que é finalmente entendido por igualdade jurídica, habitualmente, a igualdade naquele atributo particular que faz de todo membro de um grupo social, inclusive a criança, um sujeito jurídico, isto é, um sujeito dotado de capacidade jurídica, A polêmica da igualdade jurídica e a sociedade escravista, isto é, aquela sociedade na qual nem todos os membros são pessoas jurídicas.
9. Igualdade das Oportunidades; É dar oportunidades iguais a tos indivíduos que compõem uma sociedade, exemplo: Um concurso, onde é algo almejado por todos, é dar aos indivíduos que iram participar desse concurso, oportunidades iguais de conquistar esse concurso tão almejado.
10. Igualdade de Fato: A Igualdade de fato ela é diferenciada da igualdade formal ou jurídica e da igualdade material ou econômica, e quando falamos de igualdade de fato entramos em mais um paradoxo devido a termos que nos pergunta; igualdade em que? Será que todos os indivíduos devem ser iguais uns aos outros economicamente? Pois e aquele que luta por seus objetivos para conquistar coisas melhores deve ter os mesmos bens, comparado a aqueles que não estão nem ai para seus objetivos?
11. O Igualitarismo; Como já vimos vários tipos de igualdade em determinados campos, como: jurídico, oportunidades, justiça etc… Para determinar o significado específico de uma relação de igualdade, é necessário responder á pelo menos duas questões: igualdade entre quem? E igualdade em quê? Quando feito essas duas perguntas chegaremos a algumas respostas possíveis: a) igualdade entre todos em tudo; b) igualdade entre todos em algo; c) igualdade entre alguns em tudo; d) igualdade entre alguns em algo. O ideal limite do igualitarimo se reconhece na primeira resposta: Igualdade de todos aos homens sob todos os aspectos. Mas se trata, precisamente, de um ideal limite inatingível na Prática.
12. O Igualitarismo e seu Fundamento: Já que as sociedades até hoje existentes são de fato sociedades de desiguais, as doutrinas não igualitárias representam habitualmente a tendência em conservar o estado das coisas existentes: são elas doutrinas conservadoras. As doutrinas igualitárias, ao contrário, representam habitualmente a tendência a modificar o estado de fato: são doutrinas reformadas. Quando, além do mais, a valorização das desigualdades chega ao ponto de desejar e promover o restabelecimento de desigualdade agora cancelada, o não igualitário se torna racionário; ao contrário, o igualitarismo torna-se revolucionário quando projeta o salto qualitativo de uma sociedade de desiguais, tal como até agora existiu, para uma futura sociedade de iguais.
13. Igualitarismo e Liberalismo: Poderíamos dizer que essas duas doutrinas se diversificam em muitos pontos, exemplo, o igualitarismo prega que o ser humano tem que ser igual em os aspectos e o liberalismo contesta dizendo que o igualitarismo tira o direito de um indivíduo aflorar, através de seu desempenho uma fortuna econômica ou adquirir bens que são seus por direito, e o igualitarismo diz que o liberalismo é a favor de uma sociedade capitalista. Porém a ideia que se chega é que essa doutrina é um complemento da outra por serem diferentesem muitos aspectos, porém se forem analisados juntas, seriam um complemento da outra.
14. O Ideal da Igualdade: Em vários momentos da história, podemos analisar as reviravoltas, para a cada dia que passa é inevitável lutarmos por um mundo igualitário ou lutar para que possamos nos tornar equivalentes iguais sem qualquer tipo de discriminação, exemplo: quando vivíamos em um mundo onde os negros eram considerados desiguais, e quando isso foi superado, isso tornou um marco do progresso em nossa sociedade.
Já a mais de um século a ideia comunista atua na direção da luta contra a desigualdade das classes sociais, considerada como a fonte de todas as outras desigualdades, rumo à meta última da sociedade sem classes, uma sociedade na qual o livre desenvolvimento de cada um seja a condição para o livre desenvolvimento de todos. Quando olharmos uns para os outros podemos dizer que isso é impossível, pois o que é mais humano indagar se podemos propor a superação de qualquer desigualdade ou qualquer ato de preconceito ou discriminação, que fira os direitos.
15. Bibliografia.
Bobbio, Noberto – Igualdade e Liberdade; tradução Carlos Nelson Coutinho. - 3ª Edição;
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