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CIRURGIA 1 ABDOME AGUDO CAPÍTULO AB DO ME AG UD O CI R U R G IA 1 Preparatório para Residência Médica RMED RMEDCURSOS.COM.BR 2 ABDOME AGUDO CIRURGIA 3 ABDOME AGUDO 1 CONCEITO O abdome agudo corresponde a dor abdominal súbita, espontânea, não traumática e in- tensa, caracteristicamente com evolução inferior a 24 horas. As doenças intraabdominais, cirúrgicas ou não, podem produzir dor abdominal aguda. O diagnóstico de abdome agu- do varia de acordo com a idade e com o sexo dos pacientes. A apendicite, por exemplo, é mais comum em jovens, enquanto a obstrução intestinal, a isquemia e o infarto intestinal e a diverticulite são mais comuns em pacientes idosos. Ademais, as doenças cirúrgicas associadas com abdome agudo podem resultar de infecção, isquemia, obstrução ou per- furação. Portanto, deve-se buscar o diagnóstico correto a fim de aplicar a terapia mais apropriada. A história e o exame físico sugerem uma causa provável, buscando a avaliação da necessidade de internação para observação. O abdome agudo é dividido de acordo com a sua fisiopatologia em inflamatório, obstrutivo, vascular, hemorrágico e perfurativo. 2 EPIDEMIOLOGIA A abordagem do paciente com abdome agudo deve ser sistemática e meticulosa. Deve-se pensar na possibilidade de abdome agudo mesmo nos pacientes de apresentação leve ou atípica, uma vez que, cada vez mais, determinantes populacionais apresentam carac- terísticas atípicas, incluindo imunocomprometidos. A queixa de dor abdominal aguda é responsável por 5-10% das admissões no serviço de emergência. 3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 3.1 Anamnese Na anamnese do abdome agudo deve-se explorar as características da dor abdominal, que inicialmente é do tipo visceral com evolução para o tipo parietal, de difusa para loca- lizada. A cronologia e a localização são pontos importantes no diagnóstico de abdome agudo. 3.1.1 Dor visceral Dor difusa, profunda, difícil de limitar, envolvendo o peritônio visceral, com fibras não mie- lizadas (lentas) do SNA. Causa resposta vagal (bradicardia, sudorese, náusea), comum ser uma dor periumbilical na fase inicial da apendicite aguda. 3.1.2 Dor parietal Dor de localização bem definida, com o acometimento do peritônio parietal. Possui es- tímulos nervosos por fibras mielizadas (rápidas), com o estímulo de nervos responsáveis pela motricidade dos músculos abdominais, comum haver contratura muscular na fossa ilíaca direita ao exame físico. 3.1.3 Dor referida É percebida em local distante da origem do estímulo doloroso, como a dor no ombro por uma lesão no diafragma. ABDOME AGUDO RMEDCURSOS.COM.BR 4 ABDOME AGUDO OBSERVAÇÕES 4 EXAME FÍSICO GERAL No exame físico de um paciente com sinais de abdome agudo deve ser realizada a auscul- ta cardíaca e pulmonar a fim de afastar a possibilidade de doenças torácicas como origem da dor abdominal. O exame abdominal deve ser realizado com o paciente em posição supina e deve ser abordado de forma sistemática. É comum encontrar defesa involuntária, por isso ao exame abdominal se deve diferenciá-la da defesa voluntária ao destrair o pa- ciente e realizar a palpação abdominal. Além disso, pode haver sinais de reper- curssão sistêmica como palidez extrema, hipotensão, hipotermia, taquicardia, dia- forese, comum nos casos hemorrágicos. Febre baixa constante é comum em qua- dros inflamatórios como diverticulite, co- lecistite aguda e apendicite. Febre alta e alterações do sensório podem estar asso- ciadas com choque séptico. Deve-se reali- zar a inspesção do abdome. Deve-se realizar a inspesção do abdome (tenso, distendido, contraído, peristalse visível) ausculta (aumento ou diminuição dos ruídos hidroaéreos (RHA)), tosse (pode causar irritação peritoneal, auxilia no diag- nóstico), percurssão (reflete a irritação pe- ritoneal e dor parietal, presença de timpa- nismo, ou líquido livre), palpação (buscar herniações, dor difusa ou localizada, ten- são muscular reflexa). 5 EXAMES COMPLEMENTARES Para abdome agudo é comum a radio- grafia de tórax (pode apresentar pneu- moperitônio, derrame pleural, elevação da cúpula diafragmática), de abdome em decúbito dorsal ou lateral e ortostatismo (indicadas para casos de pacientes com sinais de obstrução intestinal ou com sus- peita de ingestão de corpo estranho), não devem ser realizadas em gestante, indiví- duos instáveis (indicação é laparotomia). Podem ser solicitados outros exames de imagem como a ultrassonografia (para avaliação inicial), tomografia computado- rizada (para pacientes sem indicação a laparotomia). Dentre os exames laborato- riais podem ser solicitados: hemoglobina, hematócrito e contagem de plaquetas, leucograma (leucocitose crescente ou as- centuada, > 13.000/mcL; assim como leu- copenia, <5.000/mcL, podem indicar in- fecção grave). O aumento de neutrófilos, desvio à esquerda, pode indicar infecção, mesmo com contagem de leucócitos nor- mal. Já o aumento de bastões pode indi- car uma infecção grave. Com suspeita de hipovolemia deve-se so- licitar: eletrólitos, nitrogênio ureico e cre- atinina. Em casos de hipotensão, perito- nite generalizada, pancreatite, isquemia intestinal e sepsemia deve-se solicitar ga- sometria arterial e dosagem de lactato. O aumento de amilase e, principalmente, de lipase sugerem pancreatite. CIRURGIA 5 ABDOME AGUDO 6 TIPOS DE ABDOME AGUDO 6.1 Abdome agudo inflamatório 6.1.1 Manifestações clínicas • Apendicite aguda: Náuseas, vômitos, anorexia, febre, disúria (o apêndice pode estar associado à bexiga) são manifestações comuns do quadro inflamatório. A dor é caracterizada, geralmente, na fossa ilíaca direita (FID). • Diverticulite aguda: É caracterizada por uma dor na FIE (considerada a apendicite do lado esquerdo). Durante a anamnese é importante questionar os fatores de risco para as doenças diverticulares em geral como: dieta pobre em fibras, constipação crônica, sedentarismo, obesidade, uso de AINES e idade avançada. A maioria dos pacientes com doença diverticular é assintomática (70%). A principal complicação da doença diverticular é a diverticulite (15-25%) e 5-15% dos casos apresentam sangramento. A clínica desses pacientes pode cursar com dor irradiada para os flancos e para o dorso, com febre associada (57-100%). Pode haver alterações do hábito intestinal, urgência urinária, comum pela proximidade do cólon com a bexiga, pode haver massa dolorosa local, com quadros obstrutivos associados à inflamação. • Pancreatite: Paciente apresenta dor abdominal em faixa, que pode irradiar para o dorso, a dor aumenta, geralmente, após a alimentação, possui vômitos associados. O paciente costuma ficar em posição genitopeitoral, sempre agitado, sem uma posição confortável para repousar. A dor pode estar associada a jejum prolongado (12-16 horas) ou quando não há ingestão de bebidas alcoólicas por um tempo de 12 a 24 horas. Dependendo da gravidade da doença pode haver desidratação profunda, taquicardia e hipotensão postural. 6.1.2 Exame físico • Apendicite aguda: Há alguns sinais semiológicos comuns para esse quadro - sinal de Blumberg (descompressão súbita dolorosa no ponto de McBurney), sinal de Rovsing (dor em FID à compressão da FIE) e sinal do Obturador (flexão da coxa + rotaçao interna do quadril), que auxiliam no diagnóstico. • Diverticulite aguda: Comum dor no FIE à palpação profunda. Todavia, a dor pode ser localizada em FID, mimetizando apendicite aguda, comum em casos de acometimento do sigmoide de forma redundante. • Pancreatite: Pode haver o sinal de Cullen (equimose periumbilical) e Grey-Turner (equimose em flancos), sinais patognomônicos de pancreatite, paciente pode ter dor à palpação abdominal. 6.1.3 Exames complementares • Apendicite aguda: Comum ser solicitado uma ultrassonografia, na qual se espera encontrar aumento da parede do apêndice, diâmetro total do órgão acima de 6 mm, perda da compressibilidade da parede apendicular, pode haver a visualização do apendicolito, líquido pericecal, o aumento da ecogeneicidadeda gordura periapendicular. Quando há a demonstração de um apêndice normal pode excluir a hipótese de apendicite aguda. RMEDCURSOS.COM.BR 6 ABDOME AGUDO A tomografia é o exame padrão-ouro, sendo o melhor exame para diagnosticar apendicite aguda para todas as faixas etárias. Nesse exame é possível diagnosticar o aumento do diâmetro do órgão ( > 6 mm), aumento da espessura da parede do apêndice ( > 2 mm), aumento da densidade do tecido adiposo adjacente e pode haver a visualização do apendicolito. Os exames laboratoriais são importantes na apendicite aguda. O leucograma apresenta leucocitose, leve na maioria dos casos, mas valores de leucócitos > 20.000 sugerem um quadro mais complicado ou com perfuração do apêndice. A proteína C reativa maior do que 7 está relacionada com apendicite complicada. O EQU pode demonstrar hematúria microscópica ou piúria, geralmente não apresenta bacteriúria, disúria ou hematúria macroscópica. Sempre deve ser solicitado beta-HCG para mulheres em idade reprodutiva para excluir gravidez ectópica. 6.1.4 Diagnóstico • Apendicite aguda: É o quadro mais clássico de abdome agudo inflamatório, ocorre a obstrução do apêndice por um fecalito ou hiperplasia linfóide, resultanto na hiperproliferação bacteriana, consequentemente, irritação do peritônio visceral (região periumbilical) e sequencialmente do peritônio parieral (FID). O diagnóstico de apendicite é clínico, sem a necessidade de aplicação de exames complementares para fechar o diagnóstico. Por isso, a aplicação de escores auxilia no diagnóstico, como o escore de Alvorado (Anexo). Esse escore utiliza as seguintes variáveis: sintomatologia, sinais inflamatórios e leucograma. A apendicite na gestação é uma emergência cirúrgica não obstétrica mais comum, sendo importante lembrar que no terceiro trimestre a localização do apêndice está distorcida, é encontrado próximo a região epigástrica. Pode cursar com anorexia, vômitos e leucocitose, sintomatomatologia e sinais comuns na gravidez, o que pode dificultar o diagnóstico. Além disso, os casos de perfuração de apêndice cursam com uma prevalência de 35% de mortalidade fetal. O tratamento para esses casos de apendicite é a apendicectomia aberta ou videolaparoscópica. • Diverticulite aguda: O melhor exame para diagnosticar diverticulite aguda é a tomografia computadorizada, na qual pode ser vizualizado o espessamento da parede colônica ( > 4 cm), abscessos, fístulas e líquido livre. O enema opaco pode ser utilizado com contraste hidrossolúvel. Todavia, é um exame que pode subestimar a doença, já que a diverticulite é um processo extramural. A colonoscopia deve ser evitada nos casos de diverticulite aguda pelo risco de perfuração do divertículo. Quando realizada dever ser feita de maneira cuidadosa e para casos selecionados. • Pancreatite: Leucograma (pode apresentar leucocitose com desvio à esquerda), aumento da creatinina e da ureia, aumento do tempo de protrombina, apresenta trombocitopenia, na gasometrial arterial apresenta alcalose metabólica, hipoalbunemia, hipocalemia, hiperbilirrubinemia (nos casos com acometimento das vias biliares), glicemia aumentada e elevação das enzimas hepáticas em até 3-4 vezes o valor (ALT/ AST). A amilase e, principalmente, a lipase são marcadores de pancreatite, mas não denotam gravidade. CIRURGIA 7 ABDOME AGUDO 6.1.5 Tratamento • Apendicite aguda: Se o caso de apendicite for simples, sem complicações e com < 48 horas de evolução o tratamento padrão é a apendicectomia por videolaparoscópica, preferencialmente, ou aberta. A cirurgia aberta possui alguns benefícios como custo menor, menor incidência de abcessos intra-abdominais, todavia apresenta maior prevalência de infecção do sítio cirúrgico. Já a cirurgia videolaparoscópica possui menor taxa de infecção da ferida e menor dor pós-operatória, mas com maior prevalência de abscessos intra- abdominais. Nos casos complicados, com perfuração ou pequenos abscessos, com evolução mais prolongada deve ser indicada a drenagem percutânea e uso de antibiótico. Após o controle da inflamação deve ser realizada a colonoscopia em 6-8 semanas e na sequência pode ser realizada a apendicectomia. Em 10-15% dos casos submetidos à apendicectomia possuem apêndice normal, mas mesmo assim o apêndice deve ser retirado para evitar que haja complicações futuras. O manejo não cirúrgico da apendicite aguda está sendo debatido atualmente, é considerado seguro para casos selecionados. Contudo, não se sabe dos resultados a longo prazo, 1/3 dos pacientes necessitará de cirurgia em 1 ano. mais comum no aparelho digestivo, com acometimento pricipalmente do íleo. A maioria dos pacientes é assintomática e as suas complicações ocorrem mais em crianças menores de 10 anos de idade. Em 40% dos casos ocorre a obstrução intestinal, com a presença de intussuscepção, volvo e herniações internas. Em 35% ocorre sangramento, com a presença de células de origem gástrica, podendo causar formação de úlcera péptica. O sangramento pode ser indolor ou massivo. A complicação mais comum do divertículo de Meckel é a divesticulite, que cursa como diagnóstico diferencial de apendicite. O tratamento pode ser cirúrgico, com diverticulectomia ou ressecção ileal. Quando diagnosticado incidentalmente pode ser ressecado em casos de cirurgia não complicada, presença de mucosa heterotópica ou história prévia de dor abdominal inexplicável. • Diverticulite aguda: Os divertículos são herniações da mucosa e submucosa nos locais em que as artérias retais atravessam a camada muscular, locais fragilidade. São comuns no colón sigmóide (65%), com sinais de sangramento no cólon direito (50-90%). A diverticulite aguda é a complicação mais frequente da doença diverticular. A grande maioria (75%) é não complicada, associada à peridiverticulite e possível flegmão. Já 25% dos casos estão associadas a complicações como a obstrução, perfuração livre, fístulas ou abscessos. Os casos de diverticulite não complicada apresentam na tomografia um espessamento da parede do cólon, trata-se de um paciente mais jovem, sem sinais de febre e de peritonite, indicado o manejo com antibioticoterapia. Um diagnóstico diferencial dentro da doença diverticular é o divertículo de Meckel. Esse divertículo é uma anomalia congênita • Pancreatite: Nas primeiras 48 horas de evolução não se deve solicitar nenhum exame de imagem, o diagnóstico é clínico. O melhor exame para visualizar o pâncreas é a tomografia computadorizada com contraste, indicada para casos com incerteza diagnóstica, para confirmação/avaliação da gravidade com base em outros marcadores ou em suspeita clínica e para avaliação em cenário de deterioração clínica. A CPRE pode mostrar alterações relacionada a árvore biliar e doenças pancreáticas. RMEDCURSOS.COM.BR 8 ABDOME AGUDO OBSERVAÇÕES • Diverticulite aguda: Para os casos não complicados o tratamento é clínico, em regime hospitalar ou domiciliar. Para os pacientes com febre, descompressão dolorosa, imunossuprimidos, com comorbidades associadas, leucocitose elevada opta-se por antibioticoterapia endovenosa. Após 3-5 dias, se houver melhora do paciente, este deve ir para casa com o antibioticoterapia via oral de manejo. Em 4-6 semanas após o tratamento com antibiótico deve-se realizar uma investigação para o câncer com indicação a colonoscopia. Caso a indicação desse paciente não complicado seja cirúrgica, também deve haver um tempo de 4-6 semanas após o manejo com antibiótico. A indicação cirúrgica é reservada para os casos selecionados, principalmente para as complicações da diverticulite: para aqueles que apresentam fístulas ou estenoses, imunocomprometidos, com episódios recorrentes de diverticulite e quando há impossibilidade de excluir neoplasia. As cirurgias eletivas atuais são cada vez mais conservadoras, não há mais um número de episódios ideal para indicação cirúrgica. Já para os casos complicados, aquelespacientes que apre- sentam abscessos e sinais de peritonite, é necessária a aplicação da escala de Hinchey de forma gradual de gravidade (Anexo). Os pacientes com diverticulite complicada devem ser internados para avaliação e classificação de acordo com a sua gravidade. Para a classificação Hinchey I e II (abscessos no cólon ou na pelve) o tratamento diferencia de acordo com o tamanho do abscesso – para abscessos < 4 cm o tratamento é clínico, para abscessos > 4 cm deve-se realizar a drenagem percutânea, por tomografia ou ultrassonografia, em associação com antibioticoterapia por 6 semanas, após esse período deve-se realizar a colonoscopia e programar a excisão do segmento afetado. Para a classificação Hinchey III e IV o tratamento é cirúrgico. Esses pacientes apresentam-se com sinais de peritonite generalizada, o plano cirúrgico é a aplicação da técnica de Hartmann (ressecção do sigmoide afetado e confecção de uma bolsa de colostomia com o cólon ascendente e fechamento do coto retal) (Anexo). Em 6 semanas a 6 meses esses pacientes devem ser submetidos em uma nova cirurgia para a reconstrução do trânsito intestinal. • Pancreatite: Nas primeiras 48 horas de evolução não se deve solicitar nenhum exame de imagem, o diagnóstico é clínico. O melhor exame para visualizar o pâncreas é a tomografia computadorizada com contraste, indicada para casos com incerteza diagnóstica, para confirmação/avaliação da gravidade com base em outros marcadores ou em suspeita clínica e para avaliação em cenário de deterioração clínica. A CPRE pode mostrar alterações relacionada a árvore biliar e doenças pancreáticas. CIRURGIA 9 ABDOME AGUDO 6.2 Abdome agudo obstrutivo 6.2.1 Manifestações clínicas O paciente com obstrução intestinal apresenta como queixas dor abdominal, vômitos que podem ser de conteúdo fecaloide com progressão da obstrução, distensão abdominal, constipação, diminuição de flatulências. É importante interrogar sobre cirurgias abdom- inais recentes, doenças sistêmicas graves, uso de fármacos que diminuem a motilidade, distúrbios hidroelétricos para levantar a hipótese diagnóstica de obstrução funcional. Ade- mais, pode interrogar sobre presença de hérnia ou cirurgia abdominal prévia para corrob- orar com a hipótese de obstrução mecânica. 6.2.2 Exame físico Ao exame físico o abdome vai estar distendido, podendo ter dor a palpação. Incialmente pode haver aumento da peristalse intestinal, com aumento dos RHA na ausculta abdominal. Contudo com a evolução do quadro obstrutivo os RHA ficam abolidos pela diminuição da peristalse. Além disso, faz parte do exame a realização do toque retal para a exclusão de fecaloma. 6.2.3 Exames complementares O primeiro exame complementar a ser solicitado é a radiografia de abdome (em decúto dorsal e em ortostatismo) e uma radiografia de tórax. Caso o exame apresente níveis na mesma altura em uma alça e ar no reto há a sustentação da hipótese de obstrução funcional. Caso o exame demonstre níveis “em escada” em ortostatismo, ausência de ar no reto e segmento de intestino grosso distendido sustenta a hipóstese de obstrução mecânica. Nos casos de obstrução de intestino delgado há o sinal de “empilhamento de moedas” no raio-x em ortostatismo. Já no intestino grosso é possível identificar as haustrações, com presença de volvo (“U” invertido). Com a radiografia de tórax é possível identificar pneumoperitônio, o que também contribui para o diagnóstico de obstrução. Além disso, podem ser solicitados exames laboratoriais como leucograma (apresentará leucocitose), gasometria arterial (apresentará alcalose metabólica por causa dos vômitos excessivos), diminuição do potássio (hipocalemia por conta da secração tardia da aldosterona), aumento inespecífico de amilase e lactato desidrogenase (LDH). 6.2.4 Diagnóstico A obstrução intestinal possui um quadro evolutivo que cursa com estase fecal, resultanto em hiperproliferação bacteriana, consequentemente, inflamação local, a qual resulta em perda de líquido para o terceiro espaço e sofrimento da alça intestinal por falta de vascularização, resultando em necrose. A principal complicação associada à obstrução é a perfuração e a evolução para peritonite fecal. A obstrução intestinal é classificada de acordo com a sua localização em alta (acima do estômago ou intestino delgado) e baixa (após a valva ileocecal e íleo distal). Pode ocorrer suboclusão (quando há a passagem para o intestino distal, com a presença de diarreia paradoxal) e oclusão (obstrução completa) sem fluxo intestinal. Os casos de obstrução em alça fechada, por exemplo, são mais propensos a ocasionar ruptura de alça. O exame de imagem em abdome agudo obstrutivo é o que auxilia a fechar o diagnóstico. As causas de obstrução são divididas em intestino delgado - bridas (60%), comum após ciurugias; neoplasias (20%) e hérnias (10%) – e em intestino grosso – neoplasias (60%); divestículos e volvo. Para os pacientes que já realizaram cirurgias próximas ao intestino delgado (pélvicas) a primeira hipóstese que pode ser levantada é bridas. RMEDCURSOS.COM.BR 10 ABDOME AGUDO Dentre as obstruções mecânicas encontra-se: • Bridas: São aderências do intestino delgado, o risco para abdome obstrutivo tende a permanecer por toda vida do paciente. • Volvo: Consiste em uma torção do cólon causando obstrução, dentre os fatores de risco está a idade avançada e a constipação crônica. É comum ser diagnosticado pelo exame de imagem, na radiografia abdominal apresenta o sinal “grão de café” ou “U” invertido com ápice no quadrante superior direito, como sinais patognomônicos de volvo. • Fecaloma: São fezes endurecidas e desidratadas que obstruem o trânsito intestinal. São prevalentes em idosos, acamados, com megacolon e doença de Hisrchsprung. Quadro com muita dor abdominal, constipação, podendo ter diarreia paradoxal associada (Soilung). Nesses casos deve haver a retirada do fecaloma mecanicamente. As obstruções metabólicas consistem em: • Íleo adinâmico: É uma condição reflexa, secundária a hiperatividade simpática comum no pós-operatório. Cursa com dor e distensão abdominal, sem eliminação de flatos por mais de 5 dias. Observa-se no raio-x dilatação difusa de todas as alças intestinais, pela presença de gás na ampola de Retali. A ordem de retorno da peristalse inicia pelo intestino delgado em 24 horas, estômago em 24-48 horas e do cólon em 48-72 horas. O suporte desse paciente é o tratamento para o íleo paralítico. • Síndrome de Ogilvie: É uma pseudo-obstrução que simula uma condição obstrutiva intestinal. Comum ocorrer nos pacientes internados em quadro grave (internados em CTI), devido à hiperatividade simpática e hipoatividade parassimpática. A maioria dos pacientes apresenta-se estáveis, com timpanismo à percurssão, com dor difusa e peristalse presente. O diagnóstico é realizado pela radiografia de abdome que apresenta distensão maciça de grande parte do cólon, com presença de ar no reto. É considerado um diagnóstico diferencial de abdome agudo obstrutivo, pois não apresentam motivos para a obstrução, mas mesmo assim possuem sintomas que confundem com o quadro. 6.2.5 Tratamento O tratamento inicial da obstrução intestinal consiste no tratamento conservador, deixa- se o paciente em NPO (por causa dos vômitos), realizar hidratação, colocar uma sonda nasogástrica aberta em frasco (para buscar desobstrução e alívio da pressão intra-abdom- inal) e solicitar antibioticoterapia. Para os casos de suboclusão o tratamento é conservador na maioria dos casos. A indicação cirúrgica para esses pacientes engloba os seguintes casos: pacientes com ob- strução refratária (evolução de 24-48 horas), quadros de obstrução total e presença de estrangulamento de alça intestinal. Já para os casos de oclusão (obstrução completa) o tratamento é cirúrgico de emergência. A técnica cirúrgica depende do tipo de obstrução. Para os casos de bridas a indicação inicial é o tratamento conservador, seguido do trata- mentocirúrgico para alívio. Contudo o manejo cirúrgico pode ser considerado outro fator de risco para obstrução intestinal futura. Pelo fato das bridas serem uma consequência pós-cirúrgica deve se ter como medidas de prevenção o manejo cuidadoso das alças in- testinais durante a técnica cirúrgica, aplicação correta da técnica e evitar a exposição a corpos estranhos. CIRURGIA 11 ABDOME AGUDO Nos casos de volvo o tratamento inicial é estabilizar o paciente com correção de fluídos e aplicação da descompressão por via endoscópica (via retal), esse tratamento possui prevalência de sucesso de 80%, todavia apresenta mais de 50% de chance de recorrência da patologia. Sequencialmente, o tratamento definitivo é cirúrgico, que consiste na ressecção do cólon sigmoide com técnica primária ou Hartmann (Anexo). Para os casos de Sín- drome de Ogilvie o tratamento inicial é conservador: paciente em NPO, hi- dratação, com suspenção de medicações que diminuem o fluxo intestinal (opióides). Além disso, deve ser realizado o toque re- tal a cada 6 horas e colocação de SNG em sucção e tubo retal. Para os casos mais graves pode ser administrado neostatig- mina (anticolinesterásico) e a realização da descompressão por colonoscopia. 6.3 Abdome agudo Vascular 6.3.1 Manifestações clinicas O quadro de abdome agudo vascular isquêmico apresenta alguns tipos como isquemia colônica (75%), mesentérica aguda (25%) e mesentérica crônica (5%). A isquemia mesentérica aguda cursa com elevada mortalidade (acima de 50%) pelo fato de não conseguir diagnosticar incialmente. Os pacientes apresentam dor abdominal intensa desproporcional ao exame físico. A isquemia mesentérica crônica possui como causa a aterosclerose das artérias intestinais. É um quadro mais prevalente em mulheres, idosas, tabagistas. Esses pacientes apresentam medo de comer e tríade clássica: dor abdominal pós- prandial (angina mesentérica), diarreia, perda de peso. Nos casos de isquemia colônica ocorre o acometimento de pequenos vasos distais, localizados na camada interna do cólon. Geralmente, acomete idosos, que possuem aterosclerose, DM e vasculites como fatores de risco. Os pacientes apresentam dor abdominal leve a moderada no quadrante inferior esquerdo, podendo estar associada a febre e diarreia sanguinolenta. Os locais mais comuns acometidos são a junção retossigmoidea e a flexura esplênica. Nos casos de isquemia colônica ocorre o acometimento de pequenos vasos distais, localizados na camada interna do cólon. Geralmente, acomete idosos, que possuem aterosclerose, DM e vasculites como fatores de risco. Os pacientes apresentam dor abdominal leve a moderada no quadrante inferior esquerdo, podendo estar associada a febre e diarreia sanguinolenta. Os locais mais comuns acometidos são a junção retossigmoidea e a flexura esplênica. 6.3.2 Exame físico Ao exame físico inicialmente a manifestação isquêmica apresenta-se sem alterações. Fato que dificulta o diagnóstico inicial. 6.3.2 Exame complementar Exames laboratoriais podem ser solicitados como o leucograma (apresentará leucocitose), gasometria arterial (acidose metabólica), elevação do lactato, da amilase, CK e fosfato. A angiotomografia é o exame de imagem a ser solicitado para auxiliar no diagnóstico. RMEDCURSOS.COM.BR 12 ABDOME AGUDO 6.3.4 Diagnóstico Na maioria dos casos o diagnóstico é tardio, pelas pequenas alterações apresentadas pela anamnese, exame físico e exames complementares. O abdome agudo do tipo isquemia mesentérica aguda pode ser de dois tipos: trombótica ou embólica. • Trombótica: Ocorre em 25% dos casos, está associado a aterosclerose disseminada (sinais de claudicação, angina mesentérica). Comum apresentar obstruções proximais. • Embólica: Ocorre em 50% dos casos, está associado a êmbolos de origem cardíaca por arritmias (fibrilação atrial e IAM recente). Apresentam obstruções mais distais aos vasos. Os casos de abdome agudo do tipo isquemia mesentérica crônica o diagnóstico é difícil, já que não há sinais específicos para a patologia. A angiotomografia é um exame que possui 90% de sensibilidade para isquemia mesentérica crônica. Nos casos de isquemia colônica com a história clínica é possível chegar ao diagnóstico. A radiografia do abdome é o primeiro exame a ser solicitado, comum encontrar sinais de íleo paralítico, distensão colônica segmentar, sinal de impressões digitais. A endoscopia baixa pode ser solicitada para casos de isquemia retossigmoidea. 6.3.5 Tratamento Para os casos de abdome agudo por isquemia mesentérica aguda do tipo trombótico o tratamento é a laparotomia com by-pass ou angiografia com colocação de stent. Já para os casos do tipo embólico a laparotomia com tromboembolectomia por cateter de Fogarty é o tratamento ideal. Nos casos de isquemia mesentérica crônica é indicada a revascularização cirúrgica ou angioplastia. Nos casos de isquemia colônica a resolução é espontânea, raramente há indicação cirúrgica. Todavia a isquemia colônica pode causar estenose de alça e isquemia segmentar, por isso deve ser solicitada uma colonoscopia após a resolução do quadro. 6.4 Abdome agudo hemorrágico 6.4.1 Manifestações clinicas O paciente apresenta dor abdominal súbita, podendo estar pálido, sudorético, com sinais de choque e hipovolemia. Comum no exame físico apresentar “abdome em tábua”. As causas mais comuns do abdome agudo hemorrágico são a gravidez ectópica rota (comum dor suprapúbuca de início súbito), rotura de cistos, ruptura de aneurismas e ruptura de baço. Nos casos de hemorragia digestiva pode haver a classificada em dois tipos de acordo com a sua localização: em alta e baixa. • Alta: Corresponde a 80% dos casos, ocorre acima do ângulo de Treitz, está associada a úlcera péptica (30-50%), varizes esofágicas e gástricas (5-10%), gastroduodenite erosiva (8-15%), Mallory- Weiss (5-15%) e malformações vasculares (5%). Os pacientes apresentam casos de melena e hematêmese. Todavia, 10- 15% dos casos de hematoquezias estão relacionados com a hemorragia alta. • Baixa Corresponde a 20% dos casos, comum após o ângulo de Treitz. Está associada a divertículos (30- 50%) e angiodisplasias. Os pacientes podem queixar-se de enterorragia (hematoquezia). As causas depende da idade dos pacientes - em idosos (doença diverticular, angiodisplasia, neoplasia), em adultos jovens (divertículo de Meckel, doença inflamatória intestinal e pólipos), em crianças (intuscepção intestinal e divertículo de Meckel). CIRURGIA 13 ABDOME AGUDO 6.4.2 Exame físico Ao exame físico do abdome agudo hemorrágico há dor intensa, com rigidez e dor à descompressão. O paciente apresenta sinais de hipovolemia, taquicardia, palidez e sudorese. 6.4.3 Exame complementar e Diagnóstico No leucograma pode apresentar uma leucocitose leve. Para os casos de hemorragia digestiva alta (HDA) a endoscopia digestiva é um exame que auxilia no diagnóstico. Já a colonoscopia é um exame reservado para os casos de hemorragia digestiva baixa (HDB) nos casos leves e moderados para localizar o sangramento. A cintilografia é indicada para sangramentos baixos maciços, sendo um exame mais sensível, mas não consegue localizar com precisão a origem do sangramento. O tratamento cirúrgico é indicado para HDB para casos instáveis e com refratariedade ao tratamento clínico. 6.4.3 Tratamento A conduta inicial para os paciente com HDA é estabilizar o paciente, buscar reposição volêmica, monitorização, NPO e medicação. Nesses casos não há indicação formal de passagem de SNG. Os hemoderivados são indicados de acordo com os valores de hemoglobina (Hb), se Hb < 7 sem doenças concomitantes e se Hb < 9 para os pacientes instáveis ou com fatores de risco associados. Os inibidores de bomba de prótons devem ser administrados até a confirmação da causa da HDA, além disso há necessidade me manter o ph gástrico < 6, pois é o valor ideal para a agregação plaquetária. Nas primeiras 24 horas é indicada a endoscopia digestivaalta como tratamento da HDA. Nesse exame pode ser encontrado sangramento em jato, vasos visíveis com coágulos aderidos. A EDA de repetição não está indicada de rotina. 6.5 Abdome agudo perfurativo 6.5.1 Manifestações clinicas Paciente apresenta-se com dor súbita, intensa, difusa com defesa abdominal e irritação peritoneal, sendo comum o intervalo curto entre a dor a procura por atendimento. Pode haver sinais de sepse, hipotensão e choque associados. 6.5.2 Exame físico Ao exame físico é comum o paciente apresentar “abdome em tábua”, com sinais de irritação peritoneal (Blumberg positivo), pode apresentar sinal de Jobert positivo (ausência de macicez hepática), diminuição dos RHA, distensão abdominal. 6.5.3 Exame complementar A radiografia de abdome em ortostatismo e em decúbito dorsal pode apresentar ar ou líquido livre na cavidade peritoneal, na maioria dos casos há apresentação de pneumoperitônio. Além disso, pode ser solicitada a tomografia computadorizada, a qual permite melhor localização e visualização da distribuição do gás. OBSERVAÇÕES RMEDCURSOS.COM.BR 14 ABDOME AGUDO Algoritmo para o tratamento de dor abdominal generalizada, grave, de início agudo. SNG, Sonda nasogástrica; NL, estudo normal; SO, operação. Fonte: Sabiston Tratado de Cirurgia, 2019. 6.5.4 Diagnóstico O quadro de abdome agudo perfurativo pode ser decorrente de processos inflamatórios como úlceras pépticas, processos neoplásicos, obstrutivos e infecciosos. No estômago e no duodeno as úlceras crônicas são as causas mais comuns, associadas a ingesta de álcool, uso de corticoesteróides. Já no intestino delgado são comuns as perfurações intestinais, que podem ser acompanhadas de quadros de peritonite. No intestino grosso são comuns quadros de peritonite associado e perfurações de cólon direito. O diagnóstico é clínico com exames complementares. 6.5.5 Tratamento O tratamento inicial consiste na estabilização do paciente, com monitorização e antibioticoterapia. O tratamento definitivo é cirúrgico para a correção do local perfurado. 7 ANEXOS 7.1 Algoritmo do tratamento da dor abdominal CIRURGIA 15 ABDOME AGUDO 7.2 Escala de Alvarado 7.3 Escala de Hinchey – Diverticulite complicada Estádio 1 Estádio 2 Estádio 3 Estádio 4 CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY (1978) Abscesso paracólico pequeno, confinado ao mesentério do cólon Abscesso grande, distante, localizado na pelve ou retroperitônio Peritonite purulenta decorrente de ruptura de abscesso Peritonite fecal decorrente de perfuração livre de um divertículo não inflamado OBSERVAÇÕES RMEDCURSOS.COM.BR 16 ABDOME AGUDO 7.4 Ressecção de Hartmann A B C MÉTODOS DE TRATAMENTO CIRÚRGICO DA DOENÇA DIVERTICULAR COMPLICADA 1ª Fase: Ressecção com colostomia terminal e fechamento de coto retal (cirurgia de Hartmann). 2ª Fase: Continuidade intestinal reestabelecida. 1ª Fase: Sigmoidectomia com colostomia terminal e fistula mucosa. 2ª Fase: Continuidade intestinal reestabelecida. 1ª Fase: Anastomose primária com proteção desta anastomose (derivação protetora) feita por ileostomia ou transversostomia. 2ª Fase: Transversostomia desfeita. OBSERVAÇÕES CIRURGIA 17 ABDOME AGUDO 7.5 Mapa mental ABDOME AGUDO Dor visceral dor difusa profunda difícil limitar Dor parietal dor de localização bem definida acometimento do peritônio parietal Dor referida Vascular isquemia colônica (75%) mesentérica crônica (5%) mesentérica aguda (25%) locais: junção retossigmoidea e a flexura esplênica história clínica auxilia no diagnóstico) trombótica embólica aterosclerose das artérias intestinais não há sinais específicos angiotomografia (90% sensibilidade) manifestação isquêmica apresenta-se sem alterações) angiotomografia (90% sensibilidade) Hemorrágico dor abdominal súbita pálido, sudorético sinais de choque e hipovolemia “abdome em tábua” gravidez ectópica rota rotura de cistos ruptura de aneurismas ruptura de baço hemorragia digestivaalta (80% dos casos) baixa (20% dos casos) Perfurativo dor súbita, intensa, difusa com defesa abdominal e irritação peritoneal “abdome em tábua” Blumberg positivo intervalo curto entre a dor a procura por atendimento exame físico Jobert positivo diminuição dos RHA distensão abdominal peritonite radiografia de abdome em ortostatismo e em decúbito dorsal tomografia computadorizada úlceras pépticas processos neoplásicos obstrutivos infecciosos causas exames laboratoriais Inflamatório apendicite aguda náuseas, vômitos, anorexia, febre, disúria dor na FID sinal de Blumberg sinal de Rovsing tomografia é o exame padrão-ouro diagnóstico clínico (escore de Alvarado) diverticulite aguda dieta pobre em fibras, constipação crônica, sedentarismo dor na FIE complicação da doença diverticular tomografia computadorizada pancreatite dor aumenta após a alimentação dor abdominal em faixa, que pode irradiar para o dorso vômitos associados sinal de Cullen e Grey-Turner Obstrutivo dor abdominal vômitos que podem ser de conteúdo fecaloide constipação diminuição de flatulências abdome distendido evolução do quadro obstrutivo os RHA ficam abolidos pela diminuição da peristalse radiografia de abdome (em decúto dorsal e em ortostatismo) e uma radiografia de tórax. obstrução de intestino delgado “empilhamento de moedas” no raio-x em ortostatismo. bridas (60%) neoplasias (20%) hérnias (10%) obstrução de intestino grosso volvo (“U” invertido) neoplasias (60%) divestículos volvo exames laboratoriais alta - acima do estômago ou intestino delgado baixa - após a valva ileocecal e íleo distal obstruções mecânicas bridas volvo fecaloma obstruções metabólicas Íleo adinâmico Síndrome de Ogilvie RMEDCURSOS.COM.BR 18 ABDOME AGUDO 7.6 Questões (AMRIGS 2016 – MODIFICADA) Assinale a alternativa incorreta: A) A dor somática é mediada por nervos somáticos, sendo bem localizada. B) A dor visceral é mediada por nervos autônomos, sendo mal localizada. C) Descompressão dolorosa positiva traduz irritação do peritônio parietal. D) Contração muscular é um reflexo voluntário presente na irritação do peritônio visceral. Comentário: A contração muscular é uma contração voluntária, sem valor semiológico nenhum para o abdome agudo. Resposta letra D. (AMRIGS 2015) A causa mais comum de obstrução do intestino grosso é: A) Tumores pélvicos B) Volvo C) Complicações de doença diverticular do cólon D) Hérnia de parede abdominal E) Carcinoma de cólon Comentário: No intestino grosso as causas mais comuns são: neoplasias (60%) seguido de divestículos e volvo. Resposta letra E. (AMRIGS 2016 – MODIFICADO) Mulher, 50 anos, quadro com 48 horas de evolução de dor abdominal periumbilical em cólica, súbita e intesa e agora com picos menos frequentes. Tem distenção abdominal acentuada, vômitos de conteúdo intestinal, sede intensa, ausência de eliminação de gases e fezes. Realizou histerectomia abdominal há 15 anos. Qual o diagnóstico: A) Colecistite aguda B) Úlcera péptica perfurada C) Oclusão intestinal por bridas D) Pancreatite aguda biliar E) Volvo intestinal Comentário: Por se tartar de um quadro de abdome agudo obstrutivo – dor abdominal, cólicas, distensão abdominal súbita, vômitos de conteúdo intestinal – remetem ao quadro obstrutivo e a causa mais comum é bridas. Resposta letra C. (PUCRS 2018 – Q05) Homem, 78 anos, sem internações prévias e em boas condições gerais, salvo episódio de dor abdominal há 20 dias que se resolveu com antiespasmóticos, é atentido na emergência com sinais e sintomas característicos de obstrução de intestino delgado. Qual dos achados a seguir fornece maior subsídio para o esclaricimento da etilogia desse quadro clínico? A) Presença de níveis hidroaéreos no radiograma de abdome. B) Restos alimentares evidenciados na sonda nasogástrica. C) Aerobilia no radiograma de abdome agudo. CIRURGIA 19 ABDOME AGUDO (HCPA 2016 – Q57) Paciente masculino, de 80 anos, veio à emergência por quadro de dor na fossa ilíacaesquerda, febre (38,7°C), calafrios, frequência cardíaca de 108 bpm e pressão arterial de 70/40 mmHg. O abdome mostrava-se distendido, com defesa à palpação. O hemograma indicou leucocitose com desvio à esquerda. O raio X de abdome revelou pneumoperitônio e líquido livre de pequena a moderada quantidade na pelve. Em relação a esta situação clínica, assinale a assertiva CORRETA. A) O diagnóstico de diverticulite é provável, devendo ser iniciada preferencialmente ressonância magnética de urgência. B) Trata-se de um caso de abdome agudo inflamatório com indicação de tratamento cirúrgico. C) Deve ser iniciada antibioticoterapia de amplo espectro imediatamente e realizado raio X com contraste hidrossolúvel para avaliar a extensão da doença diverticular. D) Considerando a idade do paciente, deve-se necessariamente afastar hipótese de neoplasia de cólon esquerdo através de colonoscopia de urgência. E) Considerando a instabilidade clínica, o paciente deve ser internado em Centro de Tratamento Intensivo para controle, realização de exames laboratoriais seriados e instituição de antibioticoterapia de amplo espectro. Comentário: O quadro do paciente presentado é característico de abdome agudo inflamatório, com leucocitose com desvio à esquerda, febre 38º, raio X de abdome revelou pneumoperitônio. Resposta letra B. D) Massa palpável na pelve ao exame físico. Resposta letra C. (AMRIGS 2014 – Q67) O abdome agudo é caracterizado, na grande maioria dos casos, pelo sintoma de dor abdominal, que pode ser de intensidade variável. O retardo do diagnóstico leva ao aumento da morbimortalidade. Qual das características abaixo pode influenciar na intensidade da dor abdominal? A) Doença Bronco Pulmonar Obstrutiva Crônica. B) Hipertensão arterial. C) Obesidade. D) Idade entre 45 e 55 anos. E) Uso de medicação anticoagulante. Resposta letra C. RMEDCURSOS.COM.BR 20 ABDOME AGUDO REFERÊNCIAS DOHERTY, G M.; CURRENT. Diagnosis & Treatment. Surgery. 14 th edition. Ed. LANGE. 2016. TOWNSEND, C. et al. Sabiston Tratado de Cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
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