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Linguística aplicada ao ensino da língua inglesa Aula 1: Língua, Linguagem, Sincronia e Diacronia Apresentação Sob uma perspectiva diacrônica, várias foram as propostas, as motivações e as necessidades envolvendo o ensino de línguas estrangeiras. Por isso, diversos métodos e abordagens do ensino de línguas alternaram-se ao longo dos tempos na busca do modo mais e�ciente de se efetivar a aprendizagem de idiomas. Objetivos Identi�car as concepções de língua e linguagem enquanto sistema; reconhecer o funcionamento da estrutura da língua portuguesa; relacionar os fatos da língua sob uma perspectiva histórica (diacrônica) e atual (sincrônica); de�nir o conceito de signo linguístico. Globalização e comunicação "Quem não conhece línguas estrangeiras nada sabe de sua própria língua." - GOETHE, Johann W. "Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat..." - PAGOGINHO, Zeca; BALEIRO, Zeca. Samba do Approach. In: PAGOGINHO, Zeca. A arte de Zeca Pagodinho. Rio de Janeiro: Universal Music, 2005. Faixa 14. CD. Touchscreen, checkup, check in, e-mail, mouse, software, paintball, playstation, Whatsapp, Twitter, Facebook, feedback, milkshake, sundae, piercing, tattoo, peeling. Hamburguer, zapear, deletar, ketchup, futebol… Sim, estamos falando português! Todas essas palavras nos são familiares e nos mostram que a língua inglesa está mais próxima de nós do que imaginamos. Em um mundo cujas fronteiras estão cada vez menores e diluídas, no qual as trocas comerciais e de informações se dão com um único clique de mouse (veja o inglês aí de novo!), é necessária uma língua franca que permita a comunicação entre os povos. Houaiss: qualquer língua de que se servem falantes que não têm uma língua em comum para possibilitar sua comunicação nas relações comerciais ou diplomáticas; língua geral. Caldas Aulete: (mesmo que língua auxiliar ― de comunicação) língua usada como meio de comunicação entre falantes de línguas diferentes; língua franca; língua internacional. [Ex.: o latim na antiguidade, o inglês atualmente.] Saiba mais O intercâmbio também é intenso do ponto de vista pro�ssional/acadêmico, cientí�co e cultural nos dias de hoje, para conhecer mais sobre o assunto leia o texto A importância do ensino de uma Língua Estrangeira Moderna (LEM). O inglês no mundo Fonte: Google O inglês está difundido em todos os continentes, seja como língua nativa, o�cial ou segunda língua. Podemos estimar em mais de 1 bilhão o número de falantes do idioma em todo o mundo, sendo que falantes não nativos, pessoas que aprendem o inglês como uma língua estrangeira, representam cerca de 3/4 desse número (FERRO, 2010). 1 O poderio econômico da Inglaterra nos séculos XVIII, XIX e XX, alavancado pela Revolução Industrial, aliado à expansão do colonialismo britânico, foram os responsáveis pela disseminação do inglês. 2 A área de abrangência territorial do Império Britânico chegou a alcançar 20% das terras do mundo, valendo ao Império a máxima: “The empire where the sun never sets.”. 3 A maior parte dos países que hoje têm o inglês como língua o�cial foi um dia colônia da Inglaterra. O Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte), os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália são as quatro maiores nações anglófonas do planeta (FERRO, 2010 e SCHÜTZ, 2013). 4 Posteriormente, a difusão maciça do idioma deveu-se à hegemonia política, econômica e tecnológica exercida pelos Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial e à consequente in�uência cultural dos EUA. 5 Isso fez com que o francês deixasse de ser a língua dos meios diplomáticos e solidi�cou a língua inglesa como a língua padrão das comunicações internacionais. 6 O inglês, então, tornou-se a língua predominante no mundo dos negócios e da ciência: mais de 80% dos trabalhos cientí�cos e a metade dos jornais do mundo são publicados nessa língua (FERRO, 2010 e SCHÜTZ, 2013). Fatos históricos explicam o porquê de o inglês ser a língua de comunicação do mundo na modernidade. Saiba mais Acesse o arquivo Países e territórios onde o inglês é a língua o�cial ou predominante. Um pouco da história do inglês Tradicional parada Celta,na França | Fonte: Google A língua inglesa é uma mistura de várias línguas de diferentes povos. A história da Inglaterra se inicia com os celtas, os quais já habitavam a Europa na Idade do Bronze e ocuparam as regiões hoje conhecidas como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra por oito séculos (700 a.C. a 100 d.C.), quando foram assimilados pelo Império Romano. Soldados romanos | Fonte: Google Em 55-54 a.C. e 44 d.C, deram-se as invasões romanas e a anexação da principal ilha britânica ao Império Romano, com a consequente in�uência do latim na cultura celta-bretã. Com a retirada das legiões romanas da Britannia, em 410 d.C., os celtas �cam à mercê de tribos inimigas do norte (escoceses e pictos) e buscam ajuda com as tribos germânicas (jutos, anglos, saxões e frísios) em 449 d.C.. Entretanto, o que seria ajuda torna-se dominação. Os celtas-bretões são massacrados e refugiam-se ao oeste das ilhas. Os dialetos germânicos falados por anglos e saxões é que originam a língua inglesa. A palavra England, por exemplo, deriva de Angle-land (terra dos anglos). Cristianismo | Fonte: Pixabay O advento do Cristianismo nas ilhas (em 432 d.C., St. Patrick inicia a missão de levar o cristianismo à população celta da Irlanda. Em 597 d.C., sob o comando do papa Gregório, a Igreja envia missionários para converter os anglo-saxões ao cristianismo) propicia o início da in�uência do latim sobre a língua germânica dos anglo-saxões. Tal in�uência ocorre de duas formas: com a introdução de vocabulário novo referente à religião e a adaptação do vocabulário anglo-saxão. Vikings | Fonte: Google Ao �nal do século VIII, têm início os ataques dos vikings (originários da Escandinávia) contra a Inglaterra. Os vikings que se estabeleceram na Inglaterra eram, em sua maioria, provenientes da região hoje pertencente à Dinamarca e falavam Old Norse, ancestral do dinamarquês. Eis mais uma in�uência linguística para o inglês. Lille, Norte da França | Fonte: Pixabay No século XI, mais precisamente em 1066, os normandos (originários do norte da França) invadem as ilhas. O duque normando William, o Conquistador, derrota o rei anglo-saxão, Harold, na Batalha de Hastings. Tal fato acarretou uma drástica reorganização política da Inglaterra, vindo a alterar os rumos da língua inglesa, marcando o início de uma nova era. É a vez de o dialeto francês, o Norman French, contribuir para a formação da língua inglesa. Comentário Historicamente, o inglês divide-se em três períodos: Old English (500 - 1100 d.C., a partir da segunda metade do século V, quando ocorreram as invasões germânicas.), Middle English (1100 - 1500 d.C., com a invasão dos normandos em 1066) e Modern English (a partir de 1500 d.C., com o advento da imprensa em 1475, a criação de um sistema postal em 1516 e a literatura de William Shakespeare - 1564-1616). (SCHÜTZ, 2013) O papel do professor de língua estrangeira moderna no processo de ensino-aprendizagem You taught me language, and my pro�t on ’tIs I know how to curse. The red plague rid youFor learning me your language! (Você me ensinou a sua língua, e meu proveito nisso É que sei amaldiçoar. Maldito seja por me ensinar a sua língua!) (SHAKESPEARE, William. The Tempest. Act I, Scene II) Fonte: Google "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." - Nelson Mandela Fonte: Google O aprendizado de uma língua estrangeira moderna colabora para a formação e o desenvolvimento psicológico, social, cultural e afetivo do aluno, ampliando a visão de mundo desse aluno ao ter acesso a novos conhecimentos (informação cientí�ca, tecnológica e cultural) e permitindo o aprofundamento intelectual dele. Ao estabelecer relações com outras áreas de conhecimento, o aluno terá condições de compreender e contribuir de maneira ativa e integradapara a sociedade em que vive (TOTIS, 1991). Fonte: Google Para além de um instrumento de comunicação ou propulsor de novas perspectivas pro�ssionais em um mundo globalizado, destaca-se que a aprendizagem de uma língua estrangeira leva à compreensão da própria língua materna, facilitando o entendimento de seus mecanismos. Ao estabelecer paralelos, seja por semelhanças ou por diferenças da língua estrangeira com a língua materna, o aluno desenvolve certos processos cognitivos que servem de subsídio para um melhor desempenho em outras áreas de conhecimento (TOTIS, 1991). Cabe ao professor de inglês, portanto, a tarefa de conscientizar os alunos da relevância do ensino da língua inglesa, uma vez que o aluno será confrontado com uma ferramenta de comunicação e estará exposto à descoberta e à valorização do outro, numa relação como ser social, podendo também compreender a diferença de costumes entre os povos, adquirir uma consciência crítica sobre a própria cultura e valorizá-la (TOTIS, 1991). Aprender uma língua estrangeira promove a alteridade e a autocrítica, situando o sujeito falante no mundo e em seu momento histórico. Mais do que nos permitir o acesso a outros universos culturais, é pelo uso da língua que construímos nossas visões de mundo. Entretanto, por muito tempo, a pro�ciência em uma língua estrangeira resumia-se ao domínio das estruturas gramaticais dessa língua, na memorização de regras e na prioridade da modalidade escrita em um ambiente descontextualizado e desvinculado da realidade. Saiba mais Para conhecer qual o estímulo e o propósito de se estudar uma língua estrangeira, leia o texto que ressalta os Parâmetros curriculares nacionais de língua estrangeira moderna do ensino médio (2000). No contexto escolar (seja ensino fundamental, médio, superior e pós lato sensu ou stricto sensu) e até mesmo no dia a dia, a habilidade mais requisitada é a da leitura. A todo instante, somos bombardeados por signos verbais, por textos os mais variados. Ao longo de nossa vida acadêmica, somos submetidos à leitura de textos cientí�cos literatura especializada em uma (ou mais) língua(s) estrangeira(s). No cotidiano pro�ssional, são inúmeros os e-mails e documentos a serem lidos. E se forem em outro idioma? Fonte: Google A leitura é um processo de comunicação complexo no qual a mente do leitor interage com o texto numa dada situação ou contexto. Durante esse processo, o leitor constrói uma representação signi�cativa do texto por meio da interação do conhecimento conceitual e linguístico que ele, leitor, detém com as pistas existentes nesse texto. Tais pistas auxiliam o leitor a colher amostras, con�rmar, corrigir e rejeitar predições feitas em relação à mensagem. A leitura, então, envolve a formulação de perguntas apropriadas a �m de que se encontrem respostas relevantes (TOTIS, 1991). E é aí que entra o professor de língua estrangeira. Ele deve ser o facilitador desse processo, orientando os alunos no desenvolvimento das estratégias de leitura, de forma a que os alunos se tornem independentes. Destaca-se que, numa aula de leitura, a �nalidade da leitura deve retratar a realidade, estar contextualizada. Do contrário, deparamos com uma situação arti�cial, que em nada colabora para a aprendizagem e a construção de signi�cados. Para tanto, o professor de leitura em inglês deve se utilizar de materiais autênticos ou minimamente adaptados, de modo a fazer com que o aluno seja capaz de correlacionar diferentes áreas do saber e utilizar o conhecimento de mundo quando da realização da tarefa de ler. O ato de ler envolve o desenvolvimento e o reconhecimento de habilidades de linguagem (vocabulário, estrutura, discurso), bem como o de habilidades linguísticas (estratégias de leitura) (TOTIS, 1991). Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Publifolha Houaiss, SP, 2008. BASILIO, Margarida. Teoria lexical. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.CAMARA Jr. J.M. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1982. CARONE, Flávia. de Barros. Morfossintaxe. 9. ed. São Paulo: Ática, 2000.KEHDI, Valter. Formação de palavras em português. 4.ed. São Paulo: Ática, 2007. RIBEIRO, M.P. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa: uma comunicação interativa., RJ: Metáfora, 2005.ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2003. VILELA, Mario; KOCH, Ingedore Villaça. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001. Próxima aula Os conceitos de morfologia na língua; O conceito de palavra e vocábulo; A relação da dupla articulação da linguagem na estrutura da língua portuguesa. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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