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DOENÇA CELÍACA (DC) DEFINIÇÃO: má absorção de nutrientes no intestino delgado após ingesta de glúten, presença de atrofia vilositária da mucosa do intestino delgado, restabelecimento clínico e histológico após dieta livre de glúten e recaída clínica e histológica quando o glúten é reintroduzido. ➔ Come glúten tem sintoma e atrofia. Na ausência do glúten, não tem sintoma e a mucosa volta ao normal. EPIDEMIOLOGIA • A forma mais frequente é assintomática – 7x mais que sintomática • Mulher 2:1 homem • HLA predominante • Quanto mais cedo a introdução do glúten na dieta, maior a chance de desenvolver • Relacionado com a concentração de gliadina na dieta das crianças APRESENTAÇÃO Atípico: enteropatia + manifestações atípicas Silencioso: enteropatia assintomática Clássico: enteropatia + manifestações típicas disabsortivas Latente: histologia normal, mas já teve ou terá atrofia Potencial: anormalidades imunológicas Refratário ou não-classificado: não melhora após 6 meses de dieta glúten free PATOGÊNESE Fatores genéticos: ocorrência familiar; presença dos alelos HLA DQ-2 ou HLA DQ-8 Fatores ambientais: introdução de glúten antes dos 4 meses de idade (após os 7 meses, o risco é mínimo); infecção por rotavírus e outras no TGI • O aleitamento materno é o fator protetor mais importante Fatores imunológicos: resposta imune às frações da gliadina GLÚTEN Existem diversas proteínas no trigo, divididas de acordo com sua solubilidade, sendo elas: globulinas, albuminas, prolaminas e glutaminas. O glúten é formado pelas prolaminas (= gliadinas. solúveis em etanol) e glutaminas (solúveis em ácidos ou bases). A gliadina pode ser separada em 3 tipos, sendo a alfa-gliadina mais imunogênica. Essa molécula é resistente a degradação pelas proteases gástricas, atravessando a barreira epitelial do intestino e induzindo reação inflamatória. Além disso, a alfa-gliadina tem estrutura similar a patógenos entéricos. O glúten está presente no trigo, centeio e cevada. A aveia contém menor quantidade de prolaminas que outros cereais, mas pode sofrer contaminação por outros cereais durante a produção. QUADRO CLÍNICO Infância: diarreia, distensão abdominal, distúrbio do desenvolvimento, vômito, irritabilidade, anorexia, constipação Adolescentes: baixa estatura, sintomas neurológicos, anemia Adultos: diarreia com dor ou desconforto abdominal (rara). A apresentação é, em média, aos 45 anos. SINTOMAS GASTROINTESTINAIS • Diarreia episódica o Aumento do volume e osmolaridade fecal pela má absorção (diarreia osmótica) o Gordura fecal no cólon → não estimula CCK e secretina → diminui secreção de bile e suco pancreático o Doença até íleo terminal não absorve sal biliar → efeito catártico o Secreção de eletrólitos pelo intestino doente • Pode ter esteatorreia • Desconforto e distensão abdominal • É incomum dor severa → diag dif com linfoma SINTOMAS EXTRAINTESTINAIS • Anemia pela deficiência de ferro, folato, B12, piridoxina • Hemorragia – plaquetopenia por baixa absorção de vitamina K e folato • Hipoesplenismo • Osteopenia pela má absorção de cálcio e vitamina D • Atrofia muscular • Tetania ou fraqueza muscular – diminuição da absorção de potássio, vit. D, magnésio, cálcio • Aumento de aminotrasferases – hepatite autoimune secundária a doença celíaca • Neuropatia periférica pela deficiência de B12 e tiamina • Ataxia, lesões desmielinizantes, convulsões • Hiperparatireoidismo secundário • Amenorreia, infertilidade, impotência • Dermatite e hiperceratose folicular, dermatite herpetiforme • Petéquias, equimoses DIAGNÓSTICO Sorologias: screening para EDA • Dosar IgA total + IgA anti-endomísio e/ou anti-transglutaminase • Nos pacientes com DC existe deficiência de IgA como um todo → dosar IgG INDICAÇÕES: diarreia crônica, SII, distensão inexplicável, anemia ferropriva, osteoporose em pacientes fora do grupo de risco, aumento de TGO/TGP sem causa definida, familiares de 1º grau com DC, DM 1, Sjögren, tireoideopatias, Sd. Down, Sd. Turner, sintomas neurológicos sem causa definida Endoscopia + biópsia: padrão ouro. Deve ser realizada a biópsia mesmo sem atrofia aparente. • Atrofia vilositária – fissuras na mucosa, ausência ou redução das pregas e padrão de mosaico TRATAMENTO E SEGUIMENTO ✓ Dieta livre de glúten, acompanhamento com nutricionista ✓ Atentar para deficiência de vitamina do complexo B após 10 anos de dieta ✓ Rastreamento para osteoporose obrigatório ✓ Corticoide se pcte muito sintomático (diarreia severa, desidratação, perda de peso, acidose, hipocalcemia, hipoproteinemia) COMPLICAÇÕES Adenocarcinoma de delgado • Se dor abdominal ou sangramento oculto nas fezes → EDA ou cápsula endoscópica Linfoma de células T associado a enteropatia: pcte evoluindo bem com a dieta e passa a ficar sintomático – mal estar, anorexia, febre, perda de peso
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