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17/03/2020 1 Conservação dos alimentos pela desidratação e concentração Profa. Me. Dalyane Laís Dantas Roteiro Introdução Desidratação -Tipos de desidratação -Equipamentos Principais alterações causadas no alimento Concentração -Conceitos Principais alterações causadas no alimento Introdução DESIDRATAÇÃO OU SECAGEM? Desidratação – processo artificial Secagem – processo natural Objetivo: prolongar a vida de prateleira (VP) dos alimentos por meio da redução da Aa. Inibe crescimento microbiano e atividade enzimática, PORÉM ... Introdução Tabela 1- Relação entre Aa e umidade (água/g de sólidos) Faixa de Aa Umidade Alimentos < 0,3 < 15% Alimentos secos 0,3 – 0,8 15 – 30% Umidade intermediária >0,8 > 30% Alimentos naturais De que forma a água apresenta-se nos alimentos? Um alimento pode ser 100% desidratado? Introdução RELEMBRANDO ISOTERMAS DE SORÇÃO Região I - Água fortemente ligada aos componentes e imóvel. Não congelável, Aa< 0,2 Região II – Camadas de hidratação de proteínas, açúcares, etc.; 3% da água no alimento; Maioria não se congela a -40ºC; Pouca capacidade solvente; Aa de 0,25 a 0,8 Região III - Água fracamente ligada e mais móvel; Aa de 0,8 a 0,99 Tabela 2 – Isotermas de sorção Introdução Tabela 3 – Aa de alguns alimentos ALIMENTO Aw Frutas frescas e vegetais > 0,97 Aves e pescado frescos > 0,98 Carnes frescas > 0,95 Ovos 0,97 Pão 0,95 a 0,96 Queijos (maioria) 0,91 a 0,99 Queijo parmesão 0,68 a 0,76 Geléia 0,75 a 0,80 Frutas secas 0,51 a 0,89 Cereais 0,10 a 0,20 1 2 3 4 5 6 17/03/2020 2 Introdução FATORES QUE CONTROLAM A TAXA DE SECAGEM: Condições de processamento; Natureza do alimento; Tipo de dessecador. VANTAGENS DO PROCESSO: Maior conservação; Redução do peso; Preço. Secagem natural x desidratação FATORES QUE DETERMINAM A ESCOLHA Condições climáticas da Região; Natureza da matéria-prima; Exigências do mercado; Custo de produção; Mão de obra. Secagem natural x desidratação SECAGEM NATURAL DESIDRATAÇÃO Menor custo Melhores condições sanitárias Melhor coloração Maior controle do processo Mão de obra menos qualificada Menor espaço Secagem natural Regiões de clima seco; Boa irradiação solar; Escassas precipitações pluviométricas; Boa evaporação – ventos favoráveis. Local de secagem! -Vias de acesso; -Poeira; -Insetos e roedores; Secagem natural PROCESSO DIVIDIDO EM DUAS FASES: Iniciada ao sol até atingir U= 50 a 70%; Restante à sombra – evitar ressecamento e alterações organolépticas indesejáveis (GALPÕES - ventilação forçada, por ventiladores – ar + desidratante (cloreto de cálcio, óxido de cálcio, ácido sulfúrico, para reter a umidade nele contida). Principal problema – formação de camada endurecida – em alta temperatura e baixa UR. Secagem natural 7 8 9 10 11 12 17/03/2020 3 Secagem natural LOCAL • Piso de cimento ou pedregulho que irradiam o calor; • Suportes para tabuleiros colocados uns sobre os outros – até 3; • Possibilidade de ventilação e movimentação; • Tela de proteção contra insetos. TEMPO • Depende da variedade do alimento em questão; • Da irradiação solar; • Frutas: 2 a 12 dias; U até 20%; • Hortaliças: algumas horas; > umidade Desidratação SECAGEM PELO CALOR PRODUZIDA ARTIFICIALMENTE EM CONDIÇÕES DE TEMPERATURA, UMIDADE E CORRENTE DE AR CONTROLADAS Transmissão de calor: -Condução -Convecção -Irradiação * sublimação Sob pressão atm ou vácuo Tipos de Desidratação Adiabáticos (ar quente): calor por convecção; Contato direto c/ superfície sólida: calor por condução Por energia irradiante: radiação c/ transmissão de calor Por energia eletromagnética e microondas Liofilização: congelamento e desidratação por sublimação Desidratação CONDIÇÕES GERAIS VELOCIDADE DE EVAPORAÇÃO DA ÁGUA NO ALIMENTO: Velocidade do ar; Área superficial; Porosidade Tipos de desidratadores ESCOLHA DEFINIDA POR: Natureza do produto; Forma que se deseja dar ao mesmo; Fator econômico e condições de operação. 1) Secadores adiabáticos Ex: secadores de cabine, de túnel, atomizador (spray-dryer), leito fluidizado, fornos secadores, puff-dryer 2) Transferência de calor por superfície sólida Ex: secador de tambor e outros desidratadores a vácuo 1) Secadores adiabáticos 1.1 Secadores de cabine (frutas e hortaliças) Aquecimento gradual de 50 a 60ºC, elevando-se para 70ºC • Evitar endurecimento extremo * 3 a 8 horas (Média) Movimentação dos tabuleiros para uniformidade dos pedaços Após secagem, armazenagem em estufas de 15 a 20ºC/15 a 60 dias – melhores características organolépticas e uniformidade $ Menor custo $ 13 14 15 16 17 18 17/03/2020 4 Figura de um secador de cabine ou de bandeja 1) Secadores adiabáticos 1.2 Atomizador (spray-dryer) – Leite em pó, café solúvel Processo contínuo: líquido é transformado em pó seco FASES: 1) Atomização do líquido; 2) Contato do liq. Atomizado com o ar quente; 3) Evaporação da água; 4) Separação do pó do ar de secagem. • Tempo extremamente curto, de 3 a 12s e temperatura relativamente baixa; • Partículas de diâmetro de 10 a 200 mícrons, resultando desta forma uma maior superfície de exposição por umidade de volume do alimento; • Ocorrência de uma secagem rápida Figura demonstrativa de tipos de atomizadores (spray dryer) 1) Secadores adiabáticos 1.2 Atomizador (spray-dryer) VANTAGENS: • Alta qualidade dos produtos obtidos; • Rápida velocidade de secagem (segundos); • Elevado volume de produto processado; • Menor custo de mão-de-obra; • Simplicidade de operação. DESVANTAGENS: Custo do equipamento e de manutenção; Necessidade de conteúdo inicial de água no produto relativamente alto para que possa ser bombeado e atomizado. Fluxo continuo, onde, o alimento é colocado numa esteira perfurada e receber o calor pela parte inferior, adquirindo uma movimentação similar a um liquido em ebulição 1) Secadores adiabáticos 1.3 Secador de leito fluidizado Aplica-se apenas a sólidos de tamanho relativamente uniforme e com certa resistência mecânica: cubos de carne, ervilhas, cereais, etc. 1) Secadores adiabáticos 1.4 Fornos secadores: formado por dois pisos, pode ter ventilação forçada. Uso em: malte, lúpulo, maçã e batata. 1.5 Puff-dryer: secagem de cereais expandidos e sucos de frutas. Produto apresenta estrutura porosa, permitindo boa reconstituição. 1.6 Formatizador: líquido transformado em espuma antes da evaporação em túnel de secagem. 19 20 21 22 23 24 17/03/2020 5 2) Secadores com Transferência de calor por superfície sólida 1.1 Secador de tambor O calor sensível e o calor latente de evaporação são proporcionados por condução, ao se colocar o produto úmido sobre a superfície quente. Eficácia térmica maior que na secagem com ar quente. Alimentos sensíveis ao calor: pressão reduzida. 2) Secadores com Transferência de calor por superfície sólida 1.1 Secador de tambor (alimentos com alto teor de amido) A desidratação do produto termina antes que o tambor complete a volta; São úteis para alimentos relativamente resistentes ao calor: flocos de batata, leite, soro, sopas, cereais instantâneos; Secador de tambor: a) tambor único e b) tambor duplo. Fonte: Fellows (2006) Instantaneização Produtos obtidos por operações de secagem e em alguns casos pelo auxílio de dispersantes; Aglomeração: reagrupamento de pós finamente divididos destinada a obter partículas de maior tamanho e de identidade física própria * Promove um aumento na quantidade de ar entre as partículas Instantaneização O processo de dissolução de água em pó em água é muito complexo, envolvendo determinadas propriedades: Molhabilidade – capacidade do pó de adsorver água na superfície. Imersibilidade – capacidade de imergir na água, após umedecido. Depende da diferença de densidade. Dispersibilidade – capacidade do aglomerado de se separar, mede-se o tempo. Solubilidade – velocidade de dissolução e com a solubilidade total. InstantaneizaçãoPROCESSO DE RECONSTITUIÇÃO DO PÓ: Pó instantâneo Substituição do ar intersticial por água Melhor dispersibilidade Umedecimento 25 26 27 28 29 30 17/03/2020 6 Instantaneização Produtos com certo teor de gordura apresentam molhabilidade ruim – leite integral – devem ser adicionados agentes tensoativos: LECITINA (0,2 a 2%). Liofilização Processo de desidratação de produtos em condições de pressão e temperatura tais que a água, previamente congelada sublima À medida que o gelo sublima, a temperatura da superfície do alimento começa a aumentar, enquanto o interior permanece congelado e frio. Produto estável: conteúdo de umidade dever ser reduzido à percentagem de 2 a 8%. Alimentos com Vida útil de até um ano em temperatura ambiente. Menores alterações nas características organolépticas e valor nutritivo em relação aos demais tipos de secagem café em pó, mariscos, carne, peixe, ervas aromáticas, morangos, framboesas, e certos cogumelos. Alterações provocadas pela desidratação Sensoriais: os compostos aromáticos voláteis são os mais sensíveis; Oxidações lipídicas – contato com oxigênio – altas temperaturas = rancidez Aquecimento e oxidação de vitaminas, principalmente C e tiamina Alterações provocadas pela desidratação Mudanças na superfície do alimento, alterações químicas dos carotenoides e clorofilas, são causadas pelo calor e oxidação - Polifenoloxidase; Carboidratos sofrem escurecimento pela reação de Maillard e caramelização. Influência da desidratação sobre microrganismos Tabela 3 – Aa segundo grupos de microrganismos Microrganismos Valor mínimo de Aa Maioria das bactérias deteriorantes 0,91 Maioria das leveduras 0,88 Maioria dos bolores 0,80 Bactérias halofílicas 0,75 Bolores xerofílicos 0,65 Leveduras osmofílicas 0,61 Influência da desidratação sobre as enzimas Enzimas – sensíveis ao calor úmido, porém, nem tanto em calor seco. Deve-se sempre realizar branqueamento prévio nos alimentos para inativação enzimática. 31 32 33 34 35 36 17/03/2020 7 Concentração Objetivo: reduzir teor de água, economia de peso, embalagem, transporte, armazenamento e conservação podendo ser reconstituídos pela água Produto final da concentração ainda é líquido; Remoção de 1/3 a 2/3 de água. Tipos de concentração: a) Evaporação b) Crioconcentração c) Membranas d) Outros métodos Alterações ocasionadas pela evaporação Escurecimento e aparecimento de aroma e sabor queimado – evita-se utilizando menores temperaturas de aquecimento; Cristalização – leite condensado; Desnaturação proteica pelo tratamento térmico e pela concentração de sólidos (sais). 1. FELLOWS, P. J. Tecnologia do processamento de alimentos: Princípios e prática. Porto Alegre, Artmed, 2006. 2. FRANCO, B. D. G. M.; LANDCRAF, U. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu. 3. GAVA, A. J.; SILVA, C. A. B.; GAVA J. R. F. Tecnologia de alimentos: princípios e aplicações. São Paulo: Nobel, 2008. 4. ORDONEZ, J. A. Tecnologia de alimentos: componentes dos alimentos e processos. São Paulo: Artmed, Vol I, 2005. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Conservação dos alimentos pelo calor: Pasteurização e Esterilização 37 38 39 40