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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA – UNIFOR-MG CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO TAÍS CAROLINE DA SILVA ANÁLISE SENSORIAL DA QUALIDADE DO CAFÉ EM UMA INDÚSTRIA DE CAFEEIRA NO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAIS FORMIGA – MG 2015 TAÍS CAROLINE DA SILVA ANALISE SENSORIAL DA QUALIDADE DO CAFÉ EM UMA INDÚSTRIA DE CAFEEIRA NO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção do UNIFOR-MG, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Dr. Ronan Souza Sales FORMIGA – MG 2015 TAÍS CAROLINE DA SILVA ANALISE SENSORIAL DA QUALIDADE DO CAFÉ EM UMA INDÚSTRIA DE CAFEEIRA NO CENTRO-OESTE DE MINAS GERAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção do UNIFOR-MG, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia de Produção. BANCA EXAMINADORA Orientador Dr. Ronan Souza Sales Prof. Prof. Formiga, de novembro de 2015 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que graças a sua luz esse sonho pode se realizar. Agradeço ao meu maior exemplo de educação, luta, trabalho e perseverança, minha mãe Ivone, que com sua incansável dedicação e amor pôde decorar minha vida com seus exemplos. Ao meu pai José Donizet, pelo seu trabalho e seu esforço fez parte dessa conquista. Minha irmã Jessica que sempre foi uma grande amiga além de irmã. Aos meus avos Vanda e José Francisco, meus Tios Carlos e Mônica, que foram fundamentais no dia-a-dia dessa etapa. A todos meus amigos por terem proporcionado bons momentos e ajuda em qualquer situação. A empresa Utam S/A e seus colaboradores que não se recusarem a ajudar. Em especial, Senhor Américo Júlio, Senhora Valeria Cristina, Senhora Ana Carolina, Senhor José Carlos e Senhor Rafael Antônio que não mediram seus esforços no meu crescimento profissional. Ao Senhor Valdeci Simões que sempre esteve disposto a contribuir e ajudar nesse trabalho. A todos meus mestres e doutores que não me agregaram somente conhecimentos técnicos, mas também em minha vida pessoal. Ao meu professor - orientador Doutor Ronan Sales Souza que me auxiliou em todas as etapas da construção desse trabalho. Ao meu coordenador Doutor Marcelo Carvalho que se esforçou para agregar valores ao curso, minha eterna gratidão a todos. ‘’Suba o primeiro degrau com fé, você não precisa ver toda escada, só precisa dar o primeiro passo.’’ - Martin Luther King Toda caminhada começa com o primeiro passo, nem sempre é fácil dá-lo: mas necessário. RESUMO A competividade do cenário atual obriga as empresas a se adequar há outros meios de controle dos seus processos, para proporcionar uma garantia mais precisa da qualidade dos seus produtos oferecidos aos seus consumidores. Uma das formas para atingir esse resultado é analisar as diversas variáveis encontradas em seus processos produtivos, assim refletindo em obtenção de satisfação e fidelização dos seus clientes, proporcionando posição no mercado. Tomando como referencial esse contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade encontrada em cinco amostras de café arábica, diante a exposição dos frutos ao processo de torra, com tempo e grau de torrefação sob influência. Os resultados foram obtidos através de experimentos, através em analise visual, para o grau de torra e análise sensorial para a percepção do aroma e sabor. Observou-se que o tratamento (T1), com o grau de torra “clara” e bebida “dura” não caracterizou a bebida diante as características finais encontradas, sendo utilizada como referência para demais. Houve semelhança entre os tratamentos (T1) e (T2), ambas apresentaram bebida “dura”, mas o grau de torra e o tempo diferenciou na qualidade do tratamento (T2), que foi apresentada como a melhor qualidade diante os tratamentos. No tratamento (T3) foi resultante de um processo de tipo de bebido riada, com características de amargor e aroma acentuado. Já nos tratamentos (T4) e (T5) foi apresentado torras escuras, classificadas como rio. No qual suas características são típicas de iodofórmio, odores indesejáveis e carbonizadas. Conclui-se que o melhor tratamento está representado no segundo ponto de torra (T2). A torra clara (T1) não caracterizou enquanto nos tratamentos (T4) e (T5), descaracterizou a qualidade. Palavras chaves: Qualidade; Análise sensorial; Café Arábica; Torra. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Tipos de café arábica e robusta ......................................................... 25 Figura 2 Impurezas e grãos imperfeitos ........................................................... 31 Figura 3 Tipos de café e seus defeitos ............................................................. 32 Figura 4 Composição do Blend do café ........................................................... 34 Figura 5 Torrefação .......................................................................................... 35 Figura 6 Processo de moagem ........................................................................ 37 Figura 7 Amostra de frutos utilizados no experimento ..................................... 38 Figura 8 Classificação de imperfeições e pva .................................................. 39 Figura 9 Balança J.B ........................................................................................ 39 Figura 10 Torrador Mecamau ............................................................................. 40 Figura 11 Termômetro ScanTemp ..................................................................... 40 Figura 12 Temperatura 1 .................................................................................... 41 Figura 13 Temperatura2 ..................................................................................... 42 Figura 14 Temperatura3 ..................................................................................... 43 Figura 15 Temperatura4 ..................................................................................... 44 Figura 16 Temperatura5 ..................................................................................... 45 Figura 17 Diferentes pontos de torra utilizados no experimento ........................ 46 Figura 18 Moinho Elétrico Jabez Burns & Sons ................................................. 47 Figura 19 Diferentes tratamentos moídos utilizados no experimento ................. 48 Figura 20 Mesa de análise ................................................................................. 49 Figura 21 Percepção de aroma .......................................................................... 49 Figura 22 Percepção de sabor ........................................................................... 50 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Evolução do consumo interno do café ............................................... 20 Gráfico 2 Participação por qualidade nas exportações brasileiras de café ........ 29 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Principais constituintes do grão do café ............................................. 21 Quadro 2 Composição química do café verde ................................................... 22 TABELAS Tabela 1 Evolução do consumo interno do café ...............................................19 Tabela 2 Principais Constituintes do grão de café ............................................ 21 Tabela 3 Substâncias presentes no grão de café conforme torra e na bebida . 24 Tabela 4 Café é rico em minerais ..................................................................... 25 Tabela 5 Volume de sacas exportadas de janeiro a setembro de 2011 ............ 29 Tabela 6 Classificação oficial do café quanto à bebida ..................................... 33 Tabela 7 Resultados tratamentos realizados .................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIC Associação Brasileira da Indústria de Café SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 13 2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 13 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 13 3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 14 3.1 História do Café ..................................................................................................... 14 3.1.1 Origem e Definições ........................................................................................... 15 3.1.2 Aspectos da cafeicultura Brasileira .................................................................... 16 3.1.3 Importância Econômica do Café ........................................................................ 17 3.2 Composição e principais espécies ........................................................................ 21 3.2.1 Composição do fruto .......................................................................................... 21 3.2.2 Principais Espécies ............................................................................................ 25 3.2.2.1 Café Arábica .................................................................................................... 26 3.2.2.2 Café Robusta .................................................................................................. 28 3.2 Classificação do Café ............................................................................................ 30 3.3.1 Número de defeitos ............................................................................................ 30 3.3.2 Tipos de Bebida ................................................................................................. 32 3.4 Formação de liga – Blend...................................................................................... 34 3.4.1 Grau de torra e torrefação .................................................................................. 35 3.4.2 Grau de moagem ............................................................................................... 36 4 MATERIAIS E METÓDOS........................................................................................ 38 4.1 Localização e caracterização do estudo ............................................................... 38 4.2 Coleta e organização de dados ............................................................................. 38 4.3 Análise de Dados .................................................................................................. 50 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 52 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 56 12 1 INTRODUÇÃO Dentre as bebidas mais consumidas e apreciadas no mundo se encontra o café, sendo este um produto nobre do agronegócio brasileiro que contribui diretamente para o crescimento do país. O café brasileiro vem se adequando a padrões de qualidade exigentes do consumidor e devido à concorrência novas técnicas devem ser abordadas na melhoria constante no produto final produzido. Seu processo produtivo requer o uso constante de novas técnicas, para análise de qualidade consolidada da bebida, sendo um dos principais fatores que influenciam a qualidade é a conservação do aroma, sabor e a tonalidade da bebida. Considerando que a qualidade é um dos fatores essencial para qualquer organização, pode-se notar a necessidade de analises constante de cada processo do produto industrializado, partindo dessa visão o controle da qualidade é uma ferramenta indispensável para excelência do produto final e contribui diretamente nas decisões gerenciais e operacionais. Neste sentido pesquisas que buscam encontrar o ponto ideal de temperatura e tempo de exposição dos frutos ao torrador tonam-se de fundamental importância sendo este o objetivo deste trabalho. 13 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Verificar como a análise sensorial do processo de café, influência nos requisitos de qualidade em uma indústria cafeeira no Centro-Oeste de Minas Gerais. 2.2 Objetivos Específicos Realizar a classificação do produto (Tipo). Verificar como a temperatura influência em cada torra. Definir o ponto de primeira torra diante o tempo. (Cor da Bebida). Classificar a bebida com cada resultado diante sua degustação. Verificar seu aroma e sabor. Definir a temperatura ideal diante a melhor qualidade. Definir o melhor e o pior processo de torra diante temperatura e tempo. 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 História do café De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC (2015), não há certeza manifesta sobre a descoberta do café. No entanto, existem várias lendas que narram a sua possível origem, sendo que uma das mais aceitas e difundidas é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia (atualmente, Etiópia). De acordo com essa lenda, Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes sempre que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio; isso dava a elas uma evidente energia extra. O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis. Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen. (ABIC, 2015, p. 2) É impossível falar da história do desenvolvimento do Brasil sem fazer uma relação direta com o café, tendo em vista que este, além de ser um produto nobre do agronegócio, é também pauta de exportação. O consumo do café não é privativo do Brasil, mas tornou-se um hábito mundial, já que possui um aroma e sabor que garantem grande aceitação. Nesse sentido, historicamente, foram se desenvolvendo novas tecnologias de produção e, ainda, de preparo de cafés especiais, visando a uma melhor qualidade, já que o mercado consumidor se tornava cada vez mais exigente e crescente.(ROCHA; FERREIRA, 2001) Para Caixeta, Guimarães e Romaniello (2008), o mercado de café demonstra uma considerável competição externa. No entanto, a competitividade da exportação brasileira do produto depende da comercialização de uma matéria-prima pouco diferenciada, a qual é vendida em volumes elevados, em mercados globalizados exigentes, sendo que a bebida é, a cada dia, segmentada, sofrendo interferências em aspectos relativos às origens, formas, qualidade, confiabilidade e estabilidade do 15 fornecimento. Nesse sentido, investir na qualidade do café é um fator determinante de competitividade. Segundo Bragança (2008), a divulgação do café se deu por intermédio do alemão Leonardo Rauwoff, na Europa, por volta do ano de 1592. No começo do século XVII, os navios da denominada “Companhia das Índias Orientais” já realizavam o transporte de elevada quantidade de café entre os países muçulmanos do oriente. No ano de 1637 já era usual o consumo de café na Alemanha e nos países baixos. No entanto, foram os holandeses os principais responsáveis pela propagação do consumo do café como bebida por toda a Europa. Ainda no início do século XVIII, o café já era considerado um importante produto nos mercados internacionais dos países do Ocidente. Assim foi estimulada a sua cultura nas colônias europeias da América e da Ásia. 3.1.1 Origem e definições De acordo com a ABIC (2015), a planta de café teve origem na Etiópia, região central da África. Até hoje a planta faz parte da vegetação natural do local, sendo a Arábia a principal responsável pela propagação da cultura do café. A denominação do “café” adveio da palavra árabe qahwa, que significa vinho; assim, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV. Os manuscritos mais antigos que citam a cultura do café datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto “in natura”, passa a ser cultivado; apenas no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje se conhece. A origem do café é cercada de várias lendas, conforme já mencionado. Uma dessas lendas, de acordo com Barabach (2011), dispõe que o fruto já era consumido mesmo antes de Cristo. Por outro lado, há algumas que datam do século VI, onde era usado por monges em suas longas vigílias, conforme já explicado. Viajando da Etiópia, o café ou “Kahwa”, alcançou a Arábia, que se tornou o primeiro polo agrícola e comercial cafeeiro; depois, se espalhou por todo o oriente. O café chegou à Europa por volta do século XVI e XVII, mas somente em 1727 chegou a Belém do Pará no Brasil. Devido às condições climáticas necessárias à sua produção, atualmente a plantação se concentra nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. No entanto, no que tange à origem do café no Brasil, tal será apresentada no tópico seguinte. 16 3.1.2 Aspectos da cafeicultura brasileira O café chegou a Belém, norte do Brasil, por volta de 1727, trazido da Guiana Francesa pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta por encomenda do governador do Maranhão e Grão Pará. O café, naquela época, já possuía grande valor comercial. Mencionado Sargento aproximou-se da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa, conseguindo conquistar sua confiança. Assim, uma pequena muda de café Arábica foi oferecida, de maneira clandestina, e trazida disfarçada na bagagem desse brasileiro. (ABIC, 2015) Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café se espalhou rapidamente, com produção voltada para o mercado doméstico. Em sua trajetória pelo Brasil o café passou pelo Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Num espaço de tempo relativamente curto, o café passou de uma posição relativamente secundária para a de produto- base da economia brasileira. Desenvolveu-se com total independência, ou seja, apenas com recursos nacionais, sendo, afinal, a primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas. (ABIC, 2015, p. 6) E ainda: Em condições favoráveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraíba, iniciando em 1825 um novo ciclo econômico no país. No final do século XVIII, a produção cafeeira do Haiti -- até então o principal exportador mundial do produto -- entrou em crise devido à longa guerra de independência que o país manteve contra a França. Aproveitando-se desse quadro, o Brasil aumentou significativamente a sua produção e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com maior regularidade. Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779, com a insignificante quantia de 79 arrobas. Somente em 1806 as exportações atingiram um volume mais significativo, de 80 mil arrobas. (ABIC, 2015, p. 6) As condições climáticas do Brasil favoreceram o cultivo do café, que se espalhou rapidamente, sendo que a produção, inicialmente, era voltada para o consumo doméstico. Posteriormente, a produção foi aumentando, de maneira significativa, e começou-se a fomentar a exportação do produto. Segundo Oliveira (2006), o desenvolvimento da cultura cafeeira em diferentes regiões do país é viável devido a sua diversidade climática e de solos. Por quase um século, de acordo com a ABIC (2015), o café foi a principal riqueza brasileira, sendo que as divisas geradas pela economia cafeeira apressaram 17 o desenvolvimento do país. Desse modo, o Brasil foi inserido nas relações internacionais de comércio. A cultura do café ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná. Ferrovias foram construídas para permitir o escoamento da produção, substituindo o transporte animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes mercadorias. O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais. A partir de então o café e o povo brasileiro passam a ser indissociáveis. (ABIC, 2015, p. 7) Pedroso (2014) afirma que existem, no Brasil, mais de trezentos mil cafeicultores em atividade. Além do setor produtivo, as comercializações movimentam um considerável número de pessoas e de dinheiro, sendo inúmeros os profissionais que atuam nesta área. 3.1.3 Importância Econômica do café Na atualidade, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, sendo, inclusive, o responsável por 30% do mercado internacional. Este volume é equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores. O Brasil é também o segundo mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos, sendo que as áreas cafeeiras estão concentradas no centro-sul do país, onde se sobressaem quatro estados produtores, quais sejam, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. Importante ressaltar que a região Nordeste também tem plantações na Bahia; já na região norte, destaca-se Rondônia. A produção de café arábica se localiza, principalmente, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e em parte do Espírito Santo; já o café robusta é plantado especialmente no Espírito Santo e Rondônia. (ABIC, 2015) Segundo Neto (2010), mais importante que definir o café arábica e o robusta é entender que, para o mercado, duas são as espécies de café com importância econômica: Coffea arábica e Coffea canephora, que são ainda plantadas em pequena escala as espécies liberica, na África e Índia, e a racemosa, na África. Explica que, fazendo uma comparação do teor de cafeína, este fica entre 1,1% a 1,3% m/v nos grãos de arábica, enquanto que no robusta, entre 2,2% e 2,5% m/v. Lembra que é 18 preciso compreender que o ponto de torra de café e forma de preparo ou serviço são decisivos para o conteúdo decafeína na xícara; a cafeína acaba se decompondo durante a torra, muito mais caso o ponto de torra seja mais escuro. O café é um dos produtos mais voláteis comercializados no mundo, pelo fato de os preços estarem relacionados a diversos fatores, dentre eles os não sistêmicos, os ligados ao próprio mercado e às constantes alterações no cenário econômico mundial. Em se tratando do mercado, a especulação existente é capaz de causar consideráveis altas e quedas nas bolsas de valores mundiais. Além disso, o clima como um fator não sistêmico, pode gerar mudanças drásticas na produção, alterações estas que causam impactos diretos na oferta do produto e no preço de mercado. Nesse sentido, os preços de mercado não são estáveis, mas variáveis, tornando a operação nestes mercados arriscada caso não sejam empregadas estratégias que visem assegurar o investimento. (RIBEIRO, et al., 2006). É notável a importância econômica do café. O consumo interno do produto, no Brasil, havia registrado uma retração de -1,23% em 2013. No entanto, foi evidenciada uma recuperação de +1,24%, a qual possibilitou que se atingisse 20,333 milhões de sacas nos doze meses compreendidos entre novembro/2013 e outubro/2014.O consumo per capita também teve um ligeiro aumento, passando a 4,89 kg/habitante/ano de café torrado e moído (6,12 kg de café verde em grão), o equivalente a 81 litros/habitante/ano. (ABIC, 2015) No período, as grandes empresas evoluíram e ampliaram sua participação sendo que várias delas aumentaram o volume em níveis próximos dos dois dígitos. Mas de um total de 1.428 empresas cadastradas em todo país em final de 2013, das quais 455 são associadas da entidade, a ABIC apurou uma redução para 1.299 empresas em final de 2014, queda de 9,0%. As 10 maiores empresas apresentaram uma participação de 74,4% em volume, sobre o total produzido pelas associadas, enquanto as 50 maiores participaram com 89,5% e as 100 maiores, com 94,6%. A redução do número de empresas do setor, e consequente influência no volume global, também se revelou no desempenho das empresas médias, que são aquelas que produzem volumes entre 1.000 e 5.000 sacas por mês. Este importante segmento apresentou redução em volume, ao nível de -0,84%. As 100 menores empresas declararam uma redução de volume correspondente a - 25% em 2014. (ABIC, 2015, p. 9) Assim sendo, apesar de ser constatada uma queda do consumo interno do produto no Brasil, em 2014 houve uma significativa recuperação. No decorrer de novembro/2013 a outubro/2014 foi atingido o montante de 20,333 milhões de sacas. Além disso, foi constatado um crescimento de 1,24% (TAB. 1). 19 Tabela 1 – Evolução do consumo interno do café EVOLUÇÃO DO CONSUMO INTERNO DE CAFÉ Produção total Anual Out/2014 Categoria Ano Anterior Ano Anterior Crescimento (Nov/12 a Out/13) (Nov/13 a Out/14) % Total de empresas cadastradas (associadas e não associadas 17.052.460 `` 1,46 Consumo não cadastrado 1.953.260 1.953.260 - Total geral de café torrado e moído 19.005.710 19.253.860 1,31 Empresa de café solúvel 1.079.930 1.079.930 - (1) Total nacional de consumo de café 20.085.640 20.333.790 1,24 (1) Fonte: mercado (Sacas de café 960 kg) Consumo per-capita: café em grão cru 6,09 6,12 Consumo per-capita: café torrado e moído 4,87 4,89 Fonte: ABIC (2015). Se levar em consideração a evolução do consumo interno de café no Brasil, a GRAF. 1 ilustra que, avaliando o período de 1990 a 2014. 20 Gráfico 1 – Evolução do consumo interno do café Fonte: ABIC (2015). No ano de 2003 também se registrou uma queda, levando em consideração o ano anterior. Em 2002 o consumo atingiu os índices de 14,0 milhões de sacas, sendo que em 2003 esses indicadores diminuíram; foram consumidas, internamente, 13,7 milhões de sacas de café. Diante os dados acima expostos, nota-se que o Brasil ampliou seu consumo interno de café. Além disso, o país é o maior produtor mundial do produto. Assim sendo, o consumo interno do café garante uma significativa movimentação da economia brasileira. 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 8,2 8,5 8,9 9,1 9,3 10,1 11,0 11,5 12,2 12,7 13,2 13,7 14,0 11,7 14,9 15,5 16,3 17,1 17,7 18,4 19,2 19,7 20,3 20,1 20,3 M ilh õ e s d e s ac as Ano - Período: Novembro - Outubro Evolução do consumo interno de café no Brasil 21 3.2 Composição e principais espécies 3.2.1 Composição do fruto A qualidade da bebida café é mensurada pelos componentes químicos (precursores de sabor e aroma), os quais se encontram no endosperma e que são dependentes do processo de torração utilizado. Nesses processos inúmeros componentes químicos podem ser produzidos, sendo que são convertidos em outros componentes (ou serem termoestáveis), sendo esses últimos poucos susceptíveis a transformações. (ABRAHÃO, 2007). O Quadro 1 mostra os principais constituintes do café, descrevendo, sobretudo o percentual de cada um presente no grão. Quadro 1 – Principais constituintes do grão do café Constituintes do grão Teor presente no grão (%) Lipídeos 13 a 20 Água 8 a 11 Proteínas 6 a 12 Ácidos clorogênicos 6 a 9 Cafeína 1 a 2,5 Açucares 7 a 30 Minerais 3 a 4 Celulose 15 a 20 Fonte: HOFFMANN (2001). Diante do exposto na TAB. 2 conclui-se que a celulose, constituinte do grão, possui maior percentual de presença na composição do grão de café (15 a 20%). Noutra margem, curiosamente, a cafeína possui o menor índice (1 a 2,5%). Nogueira e Trugo (2003) informam que os compostos químicos existentes nos grãos de café são reflexos de uma série de atributos que, conjugados, conferem ao café sabor e aromas específicos. De acordo com a ABIC (2015), grande parte das pessoas que consome o café ignoram os dados acima expostos, referentes às substâncias que estão presentes no café. As pessoas geralmente acreditam, erroneamente, que o café é constituído principalmente ou apenas por cafeína, sendo que o café possui apenas 1 a 2,5 % de 22 cafeína e diversas outras substâncias em maior quantidade; estas outras substâncias podem até ser mais importantes do que a cafeína para o organismo humano. O grão de café (café verde) possui além de uma grande variedade de minerais como potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca), sódio (Na), ferro (Fe), manganês (Mn), rubídio (Rb), zinco (Zn), Cobre (Cu), estrôncio (Sr), cromo (Cr), vanádio (V), bário (Ba), níquel (Ni), cobalto (Co), chumbo (Pb), molibdênio (Mo), titânio (Ti) e cádmio (Cd); aminoácidos como alanina, arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina; lipídeos como triglicerídeos e ácidos graxos livres , açúcares como sucrose, glicose, frutose, arabinose, galactose, maltose e polissacarídeos. Adicionalmente o café também possui uma vitamina do complexo B, a niacina (vitamina B3, PP ou "Pelagra Preventing" do inglês) e, em maior quantidade que todos os demais componentes, os ácidos clorogênicos, na proporção de 7 a 10%, isto é, 3 a 5 vezes mais que a cafeína. (ABIC, 2015, p. 1) Apesar de a cafeína ocupar um pequeno percentual na composição do café, a mesma é considerada “termo-estável” (sic!). Assim sendo ela não é destruída com a torrefação excessiva. As outras substâncias, como aminoácidos, açúcares, lipídeos, niacina e os ácidos clorogênicos, são preservadas, formadas ou mesmodestruídas no processo de torra. Em se tratando do café verde, há algumas diferenças na composição do café arábica e do café robusta (QUADRO. 2). Quadro 2 – Composição química do café verde Substância Presente no grão na seguinte condição Presente na bebiba Cafeína (1% a 2,5%) Termo-estável x Niacina (0,5%) depende de torra ideal x Ácidos Clorogênicos (7 a 10%) torra ideal x Aminoácidos torra ideal x Sais Mineiras torra ideal Açúcares torra ideal Lipídeos torra ideal Diversos (pigmentos, cinzas, etc…) depende da torra x Fonte: ABIC (2015). Percebe-se o café arábica, por exemplo, possui menos cafeína que o café robusta. Enquanto o primeiro possui 1,2%, o segundo é composto por 2,2%. No entanto, em se tratando da sacarose, os percentuais são invertidos. O café arábica possui 8% e o robusta a metade disso (4%). 23 A cafeína atua antagonizando os efeitos da adenosina, uma substância química do cérebro (neurotransmissor) que causa o sono e da microcirculação, onde melhora o fluxo sangüíneo. Os ácidos clorogênicos (7 -10 %) são polifenóis com ação antioxidante que no processo de torra forma quinídeos, os quais possuem um potente efeito antagonista opióide. Isto é bloqueiam no sistema límbico o desejo excessivo de auto-gratificação que leva o indivíduo insatisfeito a se deprimir e a consumir drogas como nicotina, álcool e mesmo as ilegais. Adicionalmente o quinídeosinibem a recaptação da adenosina (a qual atua por mais tempo), agindo assim de forma protetora contra os efeitos da cafeína nas células nervosas e melhorando a microcirculação. Por isto o consumo regular de uma planta como o café, na dose de 4 xícaras diárias, pode ajudar a prevenir a depressão e suas consequências, como o consumo de drogas, conforme dados de diversos estudos científicos modernos no Brasil e no exterior. (ABIC, 2015, p. 4) Portanto, a cafeína age antagonizando os efeitos da adenosina, uma substância química do cérebro (neurotransmissor) que causa o sono e da microcirculação, onde melhora o fluxo sanguíneo. Além disso, o consumo regular de uma planta como o café, na dose de quatro xícaras diárias, pode auxiliar na prevenção da depressão e suas consequências, como o consumo de drogas, conforme dados de diversos estudos já realizados. É impossível tratar da composição industrial do café sem tratar das substâncias presentes no grão, que vão variar conforme a torra. O interessante é que as substâncias sais minerais, açúcares e lipídeos, presentes na torra ideal, não estão presentes na bebida (TAB. 3). 24 Tabela 3 – Substâncias presentes no grão de café (conforme torra) e na bebida Componente % em base seca Café Arábica Café Robusta Cafeína 1,2 2,2 Trigonelina 1,0 0,7 Cinzas (41%=K) 4,2 4,4 Ácidos: Ácidos clorogênico total 6,5 10,0 Alifáticos 1,0 1,0 Quínico 0,4 0,4 Açucares: Sacarose 8,0 4,0 Redutores 0,1 0,4 Polissacarídeos 44,0 48,0 Lignina 3,0 3,0 Pectina 2,0 2,0 Proteína 11,0 11,0 Aminoácidos livres 0,5 0,8 Lipídeos 16,0 10,0 Fonte: ABIC (2015). A humanidade escolheu esta planta como bebida matinal para consumo logo ao acordar e para se desperta, ativa e de bom humor durante o dia. A cafeína também estimula a vigília, a atenção, a concentração e a capacidade intelectual. Por outro lado, os ácidos clorogênicos modulam o estado de humor, impedindo a depressão que leva ao consumo de drogas legais, como o álcool ou ilegais, como cocaína, maconha, dentre outras. Nesse sentido, o consumo diário de café em doses comedidas de até quatro xícaras diárias é recomendado tanto para jovens quanto para adultos. (ABIC, 2015) Por fim, é imprescindível mencionar que o café é rico em sais minerais (TAB .4). 25 Tabela 4 – Café é rico em minerais Composto Café Água Mineral Gatorade (*) K 100-500 mg 1,50 mg 120 mg Ca 100-300 mg 60 mg 0 mg Mg 120-250 mg 13 mg 0 mg Na 20 a 70 mg 1 mg 450 mg Cl 0,001 mg 0,01 mg 420 g Fe 2 a 5 mg 0 mg 0 mg Zn 5 a 30 mg 0 mg 0 mg Sr 5 a 20 mg 0 mg 0 mg Outros Traços H 60g/240Kcal Fonte: ABIC (2015). Diante do conteúdo acima exposto, percebe-se que, em se tratando do teor mineral por litro de café, as quantidades são bastante significativas, quando comparadas a bebidas como água mineral e gatorade (bebida isotônica). 3.2.2 Principais espécies Segundo Nasser (2006), apenas duas espécies de café são cultivadas e comercializadas: a Coffea Arabica e Coffea Canephora, conhecido como Robusta (no Brasil, Conilon) (FIG. 1). Figura 1 – Tipos de café arábica e robusta Fonte: NASSER (2006) 26 Analisando, de maneira superficial, a FIG. 1, não é possível identificar as grandes diferenças entre os cafés arábica e robusta. Segundo Cultivando (2015), o café Árabica apresenta 1,2% de cafeína, seu sabor e aroma são suaves e mais adocicados e com maior acidez, tem a presença de 6 a 9% de açúcares, planta sensíveis, produzindo menos e exigindo mais cuidados no plantio, apresentando maior gasto, representa quase o 70% de todo o café no território mundial, sendo mais utilizados nas boas cafeterias. O café arábica apresenta maior valorização; é comercializado a níveis de preços bem mais expressivos do que a espécie robusta. Por outro lado, os custos de cultivo e, sobretudo, de investimento para produção do café tipo arábica são maiores cerca de 63% em relação aos custos de lavoura do robusta (MATIELLO et al., 2004). A principal delas reside na sua produção, sendo um café requisitado diante o café robusta, que segundo Cultivando (2015) a espécie apresenta 2,2% de cafeína sendo 1% a mais que o café arábica, seu sabor e aroma mais amargos e marcantes, menos apreciados. Produzem quase o dobro de grãos, sendo de custo baixo diante não necessitarem maiores cuidados no campo, representam cerca de 30% da produção mundial. Apesar de inicialmente as duas espécies aparentarem muitas semelhanças, nota-se que há diferenças entre as mesmas envolvendo desde seu apreço pelo consumo as suas diferenças físicas. 3.2.2.1 Café arábica O café arábica, de acordo com Rossetti (2007), suscita um sabor suave, aromático, para ser bebido puro sem nenhum “blend”, tendo em vista que trata-se de uma espécie mais complexa, com 44 cromossomos e só pode fazer cruzamentos com plantas de espécie semelhante, o que evita os denominados casamentos negativos. Trata-se uma planta mais delicada, que se desenvolve em elevadas altitudes, que normalmente é plantada entre os trópicos. Parecem iguais, e quase ninguém conhece a imensa diferença entre esses cafés. Para começar, são espécies de plantas diferentes. Basicamente, muda-se o sabor, o aroma, o tamanho do grão, o preço, e até mesmo a capacidade de te manter acordado. Isso mesmo, não é por acaso que os cafés 100% arábica custam mais caro. O café arábica é muito mais apreciado no mundo do que o conilon, que também é chamado de robusta. Os cafés 27 brasileiros são na maioria misturas (blends) dos dois grãos, resultando em uma bebida de qualidade razoável e com baixo custo. Os cafés 100% arábica são vendidos como cafés especiais, chamados também de “gourmet”, alcançando preços de 2 a 4 vezes maiores que as misturas. Já os conilon são os mais usados para a produção de cafés solúveis. (CULTIVANDO, 2015, p. 1) De acordo com Nasser (2006), o café arábica foi classificado somente apenas em 1753 e é uma espécie rica em aroma, muito perfumada, doce e, ainda, ligeiramente ácida. Informa a autora que é originária da Etiópia, sendo que sua planta é bastante delicada e necessita de tratamentos intensos. Afirma que os grãos antes de serem torrados, são de forma ovóide alongada, possuem cor verde azulada e apresentam um sulco brevemente pronunciadoe sinuoso. O habitat adequado de cultivo situa-se entre 600 e 2000 metros de altitude. Assim, quanto maior a altitude, maiores são as chances de obtenção de qualidades superiores dos frutos. Os grandes cultivadores desta espécie são os países da América do Sul e Central, bem como alguns países da África e Ásia. O grão do café arábica possui muitas variedades, como bourbon, catimorra, mundo novo, caturra, catuai, dentre muitos outros. Atualmente, o ‘Arábica’ representa três quartos da produção mundial de café. Com o tempo, o café solúvel passou a desempenhar o papel de produto de introdução ao consumo de café, principalmente em países que não cultivam este hábito, pois combina praticidade, preparo simplificado e custo de aquisição relativamente mais baixo. Tão fácil de preparar quanto as sopas em envelope! No entanto, hoje existe no mercado café solúvel elaborado com grãos 100% arábica, que após a adição de água ou leite quente, se transforma num delicioso cafezinho. E aqui surge uma questão crucial: qual é o tipo de grão que possui maior leque de notas de aroma e sabor? Devido à sua característica genética, grãos de arábica apresentam uma rica gama de notas de aroma e sabor, conferindo, ainda mais, a condição de "Produto de Terroir". Fatores como clima, posição geográfica e variedades empregadas, além do manejo feito pelo produtor, são decisivos na tipificação do produto. Simplesmente, cada grão de uma mesma variedade pode se expressar sensorialmente de forma diferente em cada origem. (NETO, 2010, p. 6) Nota-se que os valorização dos frutos da espécie arábica que apresentou grande presença no café solúvel, por ser preparado com maior facilidade, seu preparo é o aquecimento de agua ou leite quente, já estando pronto para o consumo. 28 3.2.2.2 Café robusta De acordo com Basílico (2008), o café robusta, originário da África, possui 22 cromossomos, e é bem mais resistente a pragas e a fatores climáticos, pois, apresenta raiz mais profunda e árvores mais vigorosas. O café robusta tem um sabor mais adstringente e amargo, não origina um café com a mesma qualidade do arábica. Para Nasser (2006), a Coffea Canephora (Robusta) foi: [...] descoberta e classificada no fim de 1800, esta planta é muito difundida na África, Ásia, Indonésia e Brasil. Fornece cerca de um quarto da produção mundial. Ela cresce em altitudes compreendidas entre o nível do mar e 600 metros, resiste bem em condições climáticas quente e úmidas. Tem um crescimento rápido, melhor rendimento e é mais resistente aos parasitas. Floresce várias vezes por ano e, por isso, sua produção por planta é ligeiramente superior à do Arábica. Os grãos antes de torrados tem uma forma arredondada, irregular, são de cor amarelo esverdeada e contêm em média cerca de 2,5% de cafeína. A bebida que se obtém depois da torra do ‘Robusta’ é caracterizada por corpo e gosto achocolatado com sabor persistente. A bebida do café é produzida a partir dos frutos destas duas espécies, que produzem sabores e aromas bem distintos. É o que chamamos de Blends ou, para ficar mais claro, a harmonização dos grãos. Mas sobre esse assunto, eu falarei no próximo texto. (NASSER, 2006, p. 2) A espécie rústica apresenta produz o dobro que a espécie arábica não sendo necessários cuidados ao seu plantio. São mais utilizados na produção de café solúvel pois são de baixo custo no mercado. Entretanto, o plantio de café do tipo robusta tem sido priorizado por muitos produtores objetivando menores custos e rapidez na colheita, já que a floração é mais ligeira que o arábica. O Vietnã é o segundo país líder na produção mundial de café (O Brasil é o líder), ocupando 17% do mercado; também ocupa o primeiro lugar na produção de robusta e foi o principal responsável pelo aumento taxa de crescimento desta variedade que hoje ultrapassa a taxa de crescimento do café arábica nas exportações. (SAES; SCHNAIDER, 2011) A TAB. 5 demonstra que as exportações de café robusta cresceram cerca de 150%, no interstício de janeiro a setembro de 2011, se comparadas ao mesmo período de 2010. Por outro lado, o café arábica não apresentou crescimento no período. Em se tratando do mesmo período, é possível verificar a significativa participação do café arábica no volume total exportado no Brasil. Tabela 5 – Volume de sacas exportadas de janeiro a setembro de 2011 29 Robusta Arábica Total Verde Café Solúvel TOTAL Receita US$ Mil Jan-set 10 882.935 19.652.690 20.535.625 2.401.180 22.936.805 3.691.772 Jan-set 11 (*) 2.204.216 19.612.624 21.816.840 2.381.248 24.198.088 6.125.239 Var. sacas 2011/2010 1.321.281 -40.066 1.281.215 -19.932 1.261.283 2.433.467 Var. % 2011/2011 150% 0% 6% -1% 5% 66% Fonte: Adaptado pelo Autor de Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil(2011). No que apresenta à participação por qualidade nas exportações brasileiras de café, no que tange ao período de janeiro a setembro de 2011, enquanto o café solúvel alcança o patamar de 10% e o robusta 9%, o arábica atinge a marca de 81%, conforme se pode verificar no GRAF. 2. Gráfico 2 – Participação por qualidade nas exportações brasileiras de café de jan. a set. de 2011 (%) Fonte: Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (2011). Percebe-se que o café arábica tem a maior participação por qualidade nas exportações brasileiras, entendidas as principais diferenças entre o café arábica e o robusta, é importante fazer uma análise sobre a classificação do café. Árabica 82% Solúvel 9% Robusta 9% 30 3.3 Classificação do café Thomaziello (2015) ensina que a classificação do café trata-se de uma fase indispensável no processo da comercialização do produto. É imprescindível que o produtor conheça pelo menos um pouco do sistema, para poder analisar o seu produto e não ficar somente confiando nos dados fornecidos por aqueles que comercializam o produto. A determinação da qualidade do café brasileiro compreende duas fases diferentes. A primeira se refere à classificação por tipos ou defeitos. Já a segunda trata da classificação pela bebida. Além desses dois aspectos o café pode ser classificado também por: peneira; cor; torração; descrição. No entanto, neste trabalho serão tratadas somente a classificação (tipo), bebida, torra e degustação. 3.3.1 Número de defeitos A classificação do café por tipo (ou defeitos) obedece à Tabela Oficial para Classificação, de acordo com a qual cada tipo de café corresponde a um número maior ou menor de defeitos encontrados em sua amostra: A classificação do café por tipo é feita com base na contagem dos grãos defeituosos ou das impurezas contidos numa amostra de 300g de café beneficiado. Esta classificação obedece à Tabela Oficial para Classificação, de acordo com a qual cada tipo de café corresponde a um número maior ou menor de defeitos encontrados em sua amostra. São considerados defeitos os grãos imperfeitos (chamados defeitos intrínsecos) – grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e brocados – e as impurezas (defeitos extrínsecos) – tais como cascas, paus, pedras, cafés em coco ou marinheiros encontrados na amostra. A cada um desses grãos imperfeitos ou impurezas corresponde uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por tipo. Para proceder à classificação, amostras de 300 g de café são recolhidas e acondicionadas em latas apropriadas. A seguir, em uma mesa provida de boa iluminação, a amostra é espalhada sobre uma folha de cartolina preta. Os defeitos são separados e contados segundo a Tabela de Equivalência de Grãos Imperfeitos e Impurezas. A base para se estabelecer a equivalência dos defeitos é o grão preto, que é considerado o padrão dos defeitos ou defeito capital. Como se pode ver na tabela, em geral são necessários vários grãos imperfeitos para se obter 1 defeito,enquanto o grão preto, por si só, corresponde a 1 defeito. (THOMAZIELLO, 2015, p. 2) Portanto, a classificação do café por tipo é feita com base na contagem de grãos defeituosos ou das impurezas contidos em uma amostra. A cada um dos grãos 31 imperfeitos corresponde uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por tipo. A FIG. 2 mostra as impurezas e grãos imperfeitos. Figura 2 – Impurezas e Grãos Imperfeitos Fonte: NASSER (2015). De acordo com Nasser (2015), além de receber nomenclaturas exclusivas (ardido, marinheiro, brocados), os grãos de café também recebem outra classificação por tipo, que sempre estará correlacionada ao número de defeitos existentes. Portanto, café do tipo 2 equivale a 4 defeitos, do tipo 3 equivale a 12 defeitos, do tipo 4 equivale a 26 defeitos, do tipo 5 equivale 46 defeitos e assim sucessivamente, conforme demonstrado na FIG. 3. 32 Figura 3 – Tipos de café e seus defeitos Fonte: NASSER (2015). Portanto, quanto “menor” for o tipo do café, “menos” defeitos ele possui e, consequentemente, mais valor ele terá. 3.3.2 Tipo de bebida No que se refere à classificação por bebida, Thomaziello (2015), ressalta que para conhecer sua qualidade, realiza-se a prova da xícara, pela qual o provador faz uma avaliação sobre as características de gosto e aroma do café. A classificação da bebida tem dois objetivos básicos: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e, ainda, definir as ligas ou blends que valorizem determinados lotes de café. Lembra que, segundo a classificação oficial, o café brasileiro apresenta sete escalas de bebidas, sendo o mole referência para todas: Mole: tem sabor agradável, suave e adocicado. Estritamente mole: apresenta todos os requisitos de aroma e sabor da bebida mole, mas de forma mais acentuada. Apenas mole: tem sabor suave, mas sua qualidade é inferior à dos anteriores, com leve adstringência ou aspereza no paladar. Dura: apresenta gosto acre, adstringente e áspero. Riada: tem leve sabor de iodofórmio Rio: tem cheiro e gosto acentuados de iodofórmio Rio zona, macaco: são denominações regionais para qualificar bebidas com características desagradáveis, bem mais acentuadas que as da bebida rio.(THOMAZIELLO, 2015, p. 2) 33 Portanto, o café brasileiro, que apresenta sete classificações, permite que se conheça a qualidade do café e a definição das ligas. Pela prova da xícara, o provador faz uma avaliação sobre as características de gosto e aroma do café. Assim, é possível haver a valorização (ou não) de determinados lotes de café. A Instrução Normativa nº 8, de 11 de junho de 2003 traz do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que possui como objetivo definir as características de identidade e de qualidade para a classificação do café beneficiado grão cru, traz, além de algumas definições importantes, a classificação da bebida e as características sensoriais (TAB. 6). Tabela 6 – Classificação oficial do café quanto à bebida Fonte: BRASIL (2003). Portanto, a própria Instrução Normativa nº 8, acima citada, institui que os objetivos básicos da classificação da bebida são: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e definir as ligas (ou blends) que valorizem determinados lotes do produto. 34 3.4 Formação de liga - Blend De acordo com a ABIC (2015), essa fase é classificada como a mais importante, tendo em vista que necessita de um grande conhecimento do processo de formação do “blend” ideal por parte do empreendedor (ou de seu técnico). O “blend” adequado pode ser entendido como sendo aquele que utiliza a mistura correta das variedades de grãos de café conilon e arábica. O objetivo é a obtenção de um pó de café com um padrão de cor e de sabor que seja bem aceito pelos mercados que se pretende alcançar atingir. Além desse aspecto, deve-se, inclusive, levar em consideração que devido aos preços diferentes dos cafés conilon e arábica, a mistura para a formação do “blend” será também responsável, em grande escala, pela formação dos custos do produto final. (FIG. 4) Figura 4 – Composição do “blend” do café Fonte: ABIC (2015) Portanto, o blend de café é uma composição de grãos diferentes, buscando a obtenção de um pó de café com um padrão de cor e de sabor que seja bem aceito pelos mercados que se pretende alcançar. 35 3.4.1 Grau de torra e torrefação O grau de torra é o processo em que o café, que já se encontra misturado para a formação do “blend” almejado é aquecido até o ponto de torra. Para tanto, deve-se buscar um equipamento para processar a torra do café que seja mais ou menos equivalente com a escala de mercado que se deseja produzir. Assim, recomenda-se a aquisição de um silo para a guarda (armazenamento) do café torrado na própria empresa. (ABIC, 2015) A torrefação é feita por um equipamento de torrefação, conforme a FIG. 5apresenta. Figura 5 – Torrefação Fonte: ABIC (2015) Para Gonzales (2004), o processo de torrefação funciona da seguinte forma: em primeiro lugar, o café verde é colocado no elevador de grãos crus, que transportará a matéria-prima até torrador. No torrador, que tem funcionamento a gás, o café passará por um tratamento térmico a uma temperatura de aproximadamente 2000C. O tempo de torra não ultrapassa 25 minutos, já que este é o prazo necessário para que o café adquira as características desejadas; os voláteis oriundos da torra do café são liberados pelo sistema de exaustão do torrador. 36 O café depois de torrado, ainda passa por um sistema de resfriamento (através de ar frio) por um tempo de 5 minutos. Depois que os grãos são torrados e resfriados, eles ainda são depositados, através de um sistema de elevador pneumático no silo para grãos torrados com capacidade para 1350 kg. Por fim, os voláteis derivados do esfriamento dos grãos torrados são liberados pelo sistema de exaustão do resfriador. (GONZALEZ, 2004) Segundo Lopes (2000) o processo de torra, trata-se de uma etapa que agrega o sabor e o aroma na bebida, no qual compostos voláteis sofrem reações químicas que formam a qualidade sensorial e físicas, variando de uma espécie para outra e de seu processo no caso, o grau de torra utilizado. Matiello (1991) compreende que na etapa de torra, a temperatura causa efeito nos frutos que liberam o inicio de compostos aromáticos, resultando no aroma e sabor provocado pelo processo. De acordo com Pereira et al (2007), o ponto ideal de torra é o que combina temperatura e tempo. Quando o processo esta abaixo de 200°C com um tempo inferior a 12 minutos obtêm-se em tonalidade de marrom claro, a bebida fica parecida com o chá e sua acidez evidente, ultrapassando de 12 a 15 minutos, resulta em uma torra escura, com uma temperatura que varia em torno de 220°C. O fruto tem a cor de marrom achocolatado, sua acidez diminui e contribui para um aroma intenso. A partir de uma temperatura acima de 220°C, o fruto obtém a cor marrom escuro, com tendência a preto, o grão passa a liberar óleo resultando em sabores amargos e aromas de frutos carbonizados. É notável como o grau de torra utilizado pode provocar reações nos frutos, podendo-se agregar qualidade na bebida ou causar percas de compostos por uma torra inadequada. 3.4.2 Grau de moagem O grau de moagem é o processo em que os grãos torrados são triturados até que se transformem em pó fino. É bem mais fácil se estocar grãos torrados que o café moído, portanto, essa etapa só deve ser realizada com a perspectiva concreta de perda do produto no mercado, evitando-se, dessa forma, o seu armazenamento após a moagem. Determinados equipamentos são integrados realizando automaticamente as tarefasde moagem e empacotamento. (ABIC, 2015) 37 O processo de moagem pode ser entendido visualizando a FIG.6. Figura 6 – Processo de moagem Fonte: ABIC (2015) De acordo com Melitta (2008), a moagem trata-se do procedimento onde os grãos (já devidamente torrados) são triturados até que se transformem em um pó fino. Para que isso ocorra, os grãos de café devem ser conservados inteiros e friosantes da moagem, que é feita por intermédio de moinhos adequados, observando-se a granulação correta. O processo de moagem prepara o café para uma filtragem mais ligeira e uma extração mais precisa não só do aroma, mas, sobretudo, do sabor da bebida. 38 4 MATERIAIS E METODOS 4.1 Localização e caracterização do estudo O presente trabalho foi realizado no período de setembro a novembro de 2015, em uma empresa localizada na região do Centro-Oeste do estado de Minas Gerais. Fundada em 1969, atua ha 47 anos no mercado, sendo composta atualmente 271 colaboradores que buscam fortalecer a marca, visando principalmente a qualidade dos seus produtos fornecidos aos consumidores. 4.2 Coleta e organização de dados Para realização do experimento utilizou-se uma amostra de 500g de café arábica, sendo provenientes de agricultores da região, sendo produzidas na safra 2014/15 podendo ser observada na FIG 7. Figura 7 – Amostra de frutos utilizada no experimento Fonte: Dados da pesquisa (2015) 39 Depois de retiradas suas impurezas e pva (grãos pretos, verdes e ardidos), realizou-se a classificação da amostra, sendo está classificada como ‘’tipo 5’’, ‘’Bica Corrida’’. FIG. 8. Figura 8 - Classificação de imperfeições e pva Fonte: Dados da pesquisa (2015) Após sua classificação a amostra foi dividida em 5 parcelas de 100g para a realização de 5 tratamentos sendo utilizado para esta operação. A balança, J.B Ind. E. com. de máquinas e Balança LTDA, modelo 007, conforme a FIG. 9, utilizada para as pesagem das amostras. Figura 9 – Balança J.B Fonte: Dados da pesquisa (2015) 40 Posteriormente as amostras foram aquecidas no torrador a gás, marca Mecamau ‘’São José’’ LTDA, 3 bocas, fabricado em 1988 no Espírito Santo do Pinhal- Sp. FIG. 10. Figura 10 – Torrador Mecamau Fonte: Dados da pesquisa (2015) Para aferição da temperatura utilizou-se o termômetro infravermelho marca “SCAN TEMP” INCORTERM MODELO ST 600 fabricado em 2012 (FIG. 11). A temperatura de 180C foi utilizada para a primeira amostra a ser torrada. Figura 11 – Termômetro ScanTemp Fonte:Dados da pesquisa (2015) 41 Após a temperatura ser atingida, uma amostra de 100g de grãos crus foi submetida ao processo de torra. Utilizando cronometro para que cada tratamento seja estipulado um tempo de torra diante ao processo inicial (FIG. 12). Figura 12 – Temperatura 1 Fonte: Dados da pesquisa (2015) Decorrentes dois minutos após a temperatura de inicio, se eleva 20,5C conforme (FIG. 13). 42 Figura 13 – Temperatura 2 Fonte: Dados da pesquisa (2015) Após 2 minutos a temperatura se eleva, passando de 150,9 C para 185,3 C, (FIG. 14), resultando no 3 tratamento. 43 Figura 14 – Temperatura 3 Fonte: Dados da pesquisa (2015) Em um minuto o torrador se encontra em uma temperatura que rapidamente se eleva, de 185C para 201C, conforme FIG. 15. 44 Figura 15 – Temperatura 4 Fonte: Dados da pesquisa (2015) Decorridos um minuto a mais a torra do quinto tratamento se encontra no ponto, sendo 221°C conforme FIG. 16. 45 Figura 16 – Temperatura 5 Fonte: Dados da pesquisa (2015) O ponto de torra foi diferenciado diante analise sensorial do primeiro tratamento, seguindo de base a cor inicial de degustação da torra clara, definindo-se a varianção de tempos de acordo com analise de cor e tempo de cada tratamento. Após cada tratamento em 5 parcelas os pontos de torra podem ser observados na FIG 17 evidenciando pela coloração dos frutos a diferença no ponto de torra de cada amostra. 46 Figura 17 – Diferentes pontos de torra utilizados no experimento Fonte: Dados da pesquisa (2015) Após o processo de torra dos frutos, foram moídos em moinho elétrico, marca Jabez Burns & Sons, fabricado em 1981 em New York – EUA, conforme a FIG. 18. 47 Figura 18 – Moinho Elétrico Jabez Burns & Sons Fonte:Dados da pesquisa (2015) Com velocidade média, e sua granulometria Grossa, é adequada para degustação, resultando em 5 amostras no processo de moagem. Obteve-se 20 amostras de 15g. Quatro repetições de cada tratamento para análise. Podendo ser observadas nos tratamentos. Conforme a FIG. 19, o primeiro tratamento, diferentes tonalidades moídas. 48 Figura 19 – Diferentes tratamentos moídos utilizados no experimento Fonte: Dados da pesquisa (2015) Em seguida da torra e moagem é notável nitidamente a cor da bebida, conforme a FIG. 20. Logo após a adição de agua fervente a 90°C para que cada amostra seja provada. 49 Figura 20 – Mesa de análise sensorial Fonte: Dados da pesquisa (2015) Após adição de água fervente em cada tratamento já moído, os grãos em moagem mais fina diluem na água, e os demais boiam, sendo no qual essa etapa resulta no vapor concentrado de aroma, classificando-a, conforme a FIG. 21. Figura 21 – Percepção de aroma Fonte: Dados da pesquisa (2015) 50 Uma pausa necessária de 10 minutos para que os tratamentos passem a temperatura adequada para a percepção de sabor, conforme a FIG. 22. Figura 22 – Percepção de Sabor Fonte: Dados da pesquisa (2015) 4.3 Análise de Dados Os resultados analisados foram qualitativamente, referentes ao contato direto e intuitivo do degustador com o desenvolvimento e objetivo de estudo. Nasser (2015), cita que o Tipo 5 equivale 46 defeitos, a amostra utilizada foi com os seguintes porcentuais, sendo uma amostra da espécie arábica. Brasil (2003) classifica a bebida como Dura com as características de apresentação de sabor acre, adstringente e áspero e sem paladares estranhos, no qual se varia de tipo de bebida diante o processo de torra utilizado, no qual passa pelo tratamento podendo ser classificada na prova da xícara pelo degustador. A bebida tipo Riado tem apresentações de leve sabor de iodofórmio e por última a Bebida Rio com sabor típico e acentuado de iodofórmio. Pereira (2007) revela que temperaturas e seu tempo de processo, causam efeitos no fruto, agregando qualidade ou até mesmo desapreciando-a. Diante os tratamentos feitos no processo, algumas substâncias podem provocar a destruição de alguns componentes, como aminoácidos, açucares, lipídeos, 51 niacinae os ácidos clorogênicos que podem ser formadas ou até mesmo destruídas. Sendo a cafeína de pouca porcentagem no grão, mas é considerado um termoestável diante o processo, segundo a ABIC (2015). 52 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Tabela encontram-se resultados obtidos para cada tratamento determinado em minutos, o grau de torra final, tipo da bebida e as características obtidas diante de analise sensorial e degustação da prova de cada tratamento. (TAB. 7) Tabela 7 – Resultados tratamentos realizados Tratamentos Grau de Torra Tipo de Bebida Características da prova da xicara encontradas nos tratamentos: 4 minutos (T1) Clara (130,4°C) Dura Aroma Suave, sabor pouco áspero, leve adstringente. 6 minutos (T2) Média (150,9°C) Dura Aroma pouco Suave, sabor áspero, leve encorpado. 8 minutos (T3) Média Escura (185,3°C) Riado Aroma e Sabor acentuados, intenso e marcante e pouco amargo. 53 9 minutos (T4) Escura (201°C) Rio Aroma e sabor bem acentuados, típico de Iodofórmio, médio teor de amargo. 10 minutos (T5) Muito Escura (221°C) Rio Aroma e sabor extremamente acentuados, típico de iodofórmio, extremamente amargo, odor forte de café carbonizado. Fonte: Dados do experimento (2015) Para início do processo o torrador foi aquecido em 180°C. Após aquecimento foi adicionado o primeiro tratamento (T1), o processo final após 4 minutos com a temperatura de 130°C, resultou uma torra da cor amarelada, sendo denominada ''Torra Clara''. Nesse processo Matiello (1991) compreende que uma torra com a temperatura abaixo de 200°C, resulta em tonalidade amarelada e sua aparência fica como um chá e acidez ficam evidentes. As características da bebida pela analise sensorial não destaca seu aroma, seu sabor um pouco áspero porem pouco amargo no paladar, classificada como tipo bebida dura. No segundo tratamento (T2) o resultado final após 6 minutos e temperatura á 150,9°C, sendo 20,1°C a mais que o T1, resulta de uma coloração marrom claro, sendo denominada Torra '' Média''. As características do processo T2 resultaram em aroma pouco suave, sabor áspero e de leve encorpado pelo o grau e tempo utilizados. Classificada como tipo de bebida dura. Segundo Lopes (2000) o processo de torra pode variar os resultados diante do processo utilizado e o grau obtido nos frutos. No terceiro tratamento (T3), a temperatura atingida de 185,3°C após 8 minutos decorridos resulta em uma colocação marrom avermelhada, denominada ''Torra Média-Escura''. As características da bebida pela análise resultam de aroma e sabor acentuados, intensos e marcante e pouco amargo no paladar. Classificada como bebida tipo Riado. 54 Matiello (1991) relata que o resultado de uma torra marrom achocolatado tem sua acidez diminuída pela temperatura atingida no processo, contribuindo para características marcantes e intensas. No quarto tratamento (T4) o resultado após 9 minutos e temperatura á 201°C, sendo 15,7°C a mais que o T3, decorridos apenas 1 minuto após T3, o ponto de torra já se encontrava finalizado. Uma coloração marrom claro, sendo denominada Torra ''Escura''. As características do processo T4 resultaram em aroma e sabor bem acentuados, típico de iodofórmio, médio teor de amargo e sua bebida tipo rio. No quinto e ultimo tratamento (T5), a temperatura atingida de 221°C após 10 minutos decorridos, sendo que apenas 1 minuto de processo a mais que o tratamento (T4) e atingido rapidamente 20°C, resulta em uma colocação marrom escuro, denominada ''Torra Muito-Escura'' com tendência a preto. As características da bebida classificada como Rio, pela análise resultam em características de aroma e sabor extremamente acentuados, típico de iodofórmio, com amargor extremamente presente e odor forte de café carbonizado. Pereira (2007) ressalta que após 220°C, o fruto passa a liberar óleo, resultando em sabores desagradáveis. E segundo a Abic (2015) compreende que nesse tipo de grau de torra, resulta em grãos carbonizados que passam a perder enriquecimento de substancias na bebida, que são causados pela torra excessiva. 55 6 CONCLUSÃO Conclui-se que a análise sensorial é um dos fatores de extrema importância para agregar qualidade a bebida. Ao classificar e analisar os lotes diariamente, contribui para descrever as características dos frutos, no qual a empresa necessita para fornecimento dos produtos diante requisitos de qualidade. Após classificar os frutos e realizar a análise sensorial é possível controlar o processo de modo que padrões de qualidade não sejam variáveis no produto final. Diante o experimento realizado, verifica-se que o primeiro ponto de torra (T1) ajuda definir as demais, pelo seu tempo e grau obtidos. A qualidade no tratamento 2 foi a melhor encontrada nos experimentos feitos. No qual o tratamento 1 não caracterizou a bebida, enquanto o tratamento 3 pelo seu ponto de torra, deixou a bebida com o tipo Riado, e os demais tratamentos T4 e T5, as bebidas foram classificadas como Rio sendo de pessima qualidade por excesso de torra. Então conclui que o melhor experimento foi o tratamento 2, no qual o ponto de torra e o tempo dos frutos, resultaram na qualidade satisfatoria da bebida. 56 REFERÊNCIAS ABIC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ. Disponível em: < www.abic.com.br>. Acesso em: 12 jun. 2015. BARABACH, Gil. Café: análise fundamental e introdução à comercialização. In CURSO CAFÉ ANÁLISE FUNDAMENTAL E INTRODUÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO, Guaxupé-MG, 2011. BRAGANÇA, G. G. F. Poder de mercado do café brasileiro nos EUA: abordagem via demanda residual. Disponível em:< http://epge.fgv.br/portal/arquivo/1755.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2015. BRASIL. Instrução Normativa nº 8, de 11 de junho de 2003 traz do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/media/CONS_leg_instnormativa08-03.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. CAIXETA, G.Z.T.; GUIMARÃES, P.T.G.; ROMANIELLO, M.M. Gerenciamento como forma de garantir a competitividade da cafeicultura. 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