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Metodologia da musculação
Aula 4: Princípios do treinamento de força
Apresentação
A década de 1950 foi marcante para que o esporte passasse a ser estudado como ciência. Inúmeras eram as questões
levantadas nos diferentes campos que lidavam com os componentes das aptidões físicas sobre a escolha dos melhores
conteúdos tanto da sessão quanto do planejamento dos programas de treinamento em curto, médio e longo prazos. Para
que esses conteúdos possam ser mais bem entendidos, foram estabelecidos princípios norteadores do treinamento:
funcionando como diretrizes, eles consideram não só o sujeito a ser treinado, mas também as demais variáveis que
possam interferir nos resultados almejados.
Nesta aula, apresentaremos esses princípios, utilizando os conhecimentos adquiridos no treinamento esportivo aplicados
ao treinamento de força. Estabeleceremos ainda como a hierarquização deles deve ser proposta. Você será levado a
perceber os principais cuidados na prescrição do treinamento de força em função das características biológicas
individuais, da continuidade das sessões de treinamentos, da especi�cidade dos estímulos, da sobrecarga imposta e da
necessidade de variações dos estímulos para obtenção dos resultados.
Objetivos
Descrever os princípios do treinamento esportivo aplicados ao treinamento de força (treinamento resistido);
Examinar a importância da hierarquização dos conteúdos dentro do planejamento desses programas de treinamento;
Discutir os principais cuidados na prescrição do treinamento resistido em função de seus princípios.
 Os princípios do treinamento esportivo e o treinamento de força
[treinamento resistido (TR)]
Há aproximadamente sete décadas, o treinamento físico desportivo assumiu uma nova condição, pois os achados que eram
meramente empíricos passaram a ser discutidos a partir dos resultados obtidos nas competições e confrontados com os
meios, sistemas e métodos de treinamento utilizados.
Com base nesses achados, foram elaboradas diretrizes que posteriormente passaram a ser chamadas de princípios do
treinamento esportivo e que até a presente data funcionam como orientadores dos conteúdos do planejamento e programas
de treinamentos dos componentes da aptidão física.
Esses princípios tentam contemplar todas as variáveis que podem intervir no alcance dos resultados almejados. Entre tais
componentes, o treinamento neuromuscular com base na força também utiliza esses achados como norteadores do
treinamento.
Vamos conhecer o que diz cada princípio?
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Tem como foco o ser humano a ser treinado, ou seja, o sujeito que busca orientação visando ao alcance de um objetivo
(meta) previamente estabelecido.
 
Dessa forma, busca atender às necessidades especí�cas de cada sujeito; para isso, não só as tarefas ligadas à condição
física deverão ser observadas, mas também os conteúdos de ordem técnica (de execução do movimento), psicológica,
social e cognitiva devem ser considerados durante as avaliações, pois todos esses fatores irão interferir nos resultados.
 
Na prática, as diferenças individuais deverão ser respeitadas em função da tendência de diferenças nas respostas. Por
exemplo, dois alunos de características antropométricas diferentes com o mesmo objetivo deverão ser submetidos a
estratégias de treinamento distintas devido às respostas esperadas para cada um deles.
 
O pro�ssional de Educação Física (PEF) deve conciliar os conhecimentos teóricos e as experiências práticas para poder
elaborar programas de treinamentos seguros, e�cazes e motivantes. É importante reforçar que as respostas obtidas nos
programas de treinamento anteriores devem funcionar como referências para a elaboração de programas futuros.
Princípio da individualidade biológica 
A forma física é adquirida progressivamente em função dos ajustes necessários nos programas de treinamentos desde
que seja respeitada a sequência de sessões de treino em função das QTs estabelecidas.
 
Caso haja ruptura no processo de treinamento, por qualquer que seja o motivo, a forma física tende a ser perdida, ou
seja, haverá diminuição na capacidade de performance.
Princípio da continuidade 
Este princípio indica que as adaptações ocorrem de maneira especí�ca de acordo com as demandas da tarefa motora
executada.
 
Dentro do treinamento neuromuscular, essas adaptações estão relacionadas ao tipo de manifestação da força
solicitada, ou seja, em um treinamento para força máxima, os resultados obtidos atenderão de maneira objetiva a essa
manifestação.
 
Os norteadores básicos do princípio da especi�cidade são: Tipo de manifestação da força objetivada; Grupo muscular
solicitado; Tipo de ação muscular prioritária para resposta ao estímulo; Amplitude, velocidade e trajetória de execução
do movimento.
Kraemer e Fleck (2009) a�rmam que as adaptações �siológicas causadas por um determinado programa de treinamento
resistido são especí�cas a ele.
Na prática, cabe ao PEF estabelecer as prioridades ao longo dos programas de treinamento e, assim, determinar
conteúdos que ofereçam respostas especí�cas.
Por exemplo, caso seja necessária uma maior estimulação da região do core para melhoria dos movimentos dos MMII e
MMSS, é importante deixar claro que os ganhos de força serão especí�cos para os músculos da região do core, não
bene�ciando diretamente aqueles dos demais segmentos corporais.
Princípio da especi�cidade 
Os estímulos propostos nas sessões de treinamento, em função do programa de treinamento elaborado e de acordo com
o planejamento, tendem a promover a adaptação dos componentes neurais e morfológicas.
Para que um treinamento possa ser considerado e�caz, faz-se necessário que todas as variáveis relacionadas ao tipo
executado e às QTs sejam constantemente manipuladas. Portanto, é importante observar que, uma vez adaptado a um
estímulo – e caso ele não seja manipulado –, existe tendência à estagnação ou até à regressão na performance.
Princípio da adaptação 
Uma vez alcançados os resultados desejados, a adaptação do organismo aos estímulos tende a não provocar mais
nenhuma adaptação positiva; para que estas adaptações continuem ocorrendo, há uma necessidade de aumento
progressivo na sobrecarga das QTs.
Usualmente, a variável da QT mais manipulada é a intensidade (carga), mas, na atualidade, todas as demais variáveis
podem ser trabalhadas visando ao aumento na sobrecarga de maneira progressiva, ou seja, o volume (nº de séries e
repetições), a densidade (intervalos) e a velocidade de execução de movimento.
Vale destacar que o sucesso desse princípio não está associado somente aos componentes �siológicos, mas também
às manifestações psicológicas, que deverão ser observadas, pois treinamentos mais intensos exigem maior
predisposição para superação.
Outro ponto importante é o planejamento do treinamento a partir de ciclos, pois isso fará com que seja estabelecido um
prognóstico do que deverá ser alcançado a cada fase.
Princípio da sobrecarga progressiva 
Como visto nos dois últimos princípios, existe uma tendência à adaptação do organismo aos estímulos propostos; por
isso, há a necessidade de que progressivamente as sobrecargas sejam manipuladas.
Dessa forma, o princípio da variabilidade reforça a tese de que, uma vez adaptado, o organismo deverá ser submetido a
novos estímulos. A variação dos estímulos, de acordo com o planejamento, atende a um processo de sistematização e
hierarquização dos conteúdos.
A observação aos aspectos acima citados permite potencializar as variáveis agudas e crônicas do processo de
treinamento.
É importante salientar que o princípio da variabilidade não atende apenas às tarefas do componente físico, pois ele
permite quebrar o tédio e a monotonia que tendem a existir nos programas de treinamento.
Dicas para atender a este princípio sugerem variar:
Tipo e ordem dos exercícios no programa de treinamento;
QTs;
Meios, métodos e sistemas de treinamento;
Velocidade e amplitude de movimento;
Sistema de interação (pesos livres, máquinas guiadas, resistênciaelástica, etc.).
Princípio da variabilidade 
Este princípio considera não só a fase de estímulo (sobrecarga), mas também a fase de recuperação como uma relação
contínua e ideal para que os objetivos sejam alcançados. Após o estímulo, ocorre uma diminuição na capacidade de
rendimento, que tende a ser normalizada durante a fase de recuperação.
Contudo, como processo de adaptação ao treinamento, o organismo passa, durante a fase de recuperação, a apresentar
um aumento na capacidade de performance se comparado ao momento anterior àquele primeiro estímulo. Esse ganho
adicional é chamado de supercompensação.
Princípio da relação ideal entre sobrecarga e recuperação (supercompensação) 
Segundo Prestes e outros autores (2016), este princípio ocorre quando um indivíduo atinge o resultado esperado de um
programa de treinamento e pretende mantê-lo.
No caso dos esportes, isso muitas vezes acontece nos períodos em que não há necessidade de melhoria da forma física,
embora ela também não possa ser mantida.
Muitos praticantes de treinamento neuromuscular buscam a musculação tendo em vista saúde e qualidade de vida, o
que não os obriga a buscar performances máximas ou de alto rendimento.
Para que o princípio da manutenção possa ser implementado na prática, há necessidade de manipulação de QTs, meios,
métodos e sistemas de treinamento, além dos ajustes na frequência semanal de treino. 
Princípio da manutenção 
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 A hierarquização dos conteúdos de performance
Conforme foi visto ao longo dos nossos encontros, as adaptações oriundas dos treinamentos devem atender a duas etapas
distintas: os períodos de curta duração, em que o foco são as adaptações neurais, e – a partir dele – o de longa duração, que
visa às modi�cações objetivas na estrutura locomotora, em especial no sistema miotendíneo.
Devemos destacar que as manifestações da força, que são a força máxima, a hipertro�a, a resistência muscular localizada
(RML) e a potência, devem ser treinadas de maneira planejada, sistematizada e hierarquizada, para que os resultados sejam
alcançados.
Durante muitas décadas, quase todos os treinamentos neuromusculares eram iniciados a partir da RML, isto é, um volume (nº
de repetições) variando entre 15 a 25 Reps e a intensidade em torno de aproximadamente 50% a 60% de 1RM.
Porém, o Colégio Americano de Medicina Esportiva- ACSM (2007) passou a sugerir a inclusão da força dinâmica que propõe de
8 a 12 Reps, com intensidade variando de 60% a 80% de 1RM.
Saiba mais
A grande contribuição dessa diretriz do ACSM é permitir adaptações progressivas das estruturas miotendíneas, já que o
componente ativo do processo de contração (�bra muscular, mio�brilas e sarcômeros) tende a apresentar mais rápida
adaptação quando comparada às estruturas passivas (tecido conjuntivo), tipo os tendões.
Ainda na fase de curta duração do processo de treinamento, o pro�ssional de Educação Física (PEF) deve manter o foco nas
capacidades de prescrição dos exercícios a partir do potencial do executante na realização das tarefas. Na prática, os
estímulos são propostos dos mais fáceis para os mais difíceis e dos menos complexos para os mais complexos.
Já na fase de longa duração, usualmente a partir de 12 semanas, a hierarquização passa a seguir as manifestações da força,
de acordo com a etapa do planejamento e em função dos objetivos estabelecidos e prognosticados.
Por exemplo, na divisão do ano em meses e sendo o objetivo principal a hipertro�a muscular, o PEF pode optar por iniciar com
estímulo para força máxima e posteriormente manipular as QTs para metodologias hipertró�cas, optando, ainda, por incluir ou
excluir manifestações de RML e potência, de acordo com a etapa do treinamento, em cada uma das fases do planejamento
(aulas 9 e 10).
Fica como destaque que a não observação à hierarquização dos conteúdos tende a fragilizar toda a estrutura do
treinamento, aumentando o risco de lesões e a incapacidade de realização das tarefas propostas.
 Cuidados na prescrição do treinamento resistido
Ao longo desta aula, você aprendeu oito princípios do treinamento físico-esportivo que podem ser aplicados ao treinamento
neuromuscular. Porém, por serem conceitos e diretrizes, é muito importante que o PEF mantenha constante observação dos
sujeitos que estão sob sua supervisão, pois, caso contrário, os resultados objetivados podem não ser alcançados.
Com relação ao sujeito, um aspecto inicial e fundamental para a �uidez do processo de treinamento é a prontidão para o
treino. Na prática, isso tende a ser observado a partir de estruturas concretas, quando ocorre menor predisposição para o
treinamento, como a diminuição na capacidade de performance devido à necessidade de redução nas QTs, em especial a
intensidade, e também da análise das atitudes comportamentais, como, por exemplo, uma menor assiduidade, maior
irritabilidade e aumento do isolamento na sala de musculação.
Um dos fatores que podem contribuir para a redução dessa
prontidão é o excesso de treinamento, pois, caso o PEF não
tenha controle e as QTs e frequência de treinos semanais
estejam descalibradas, o sujeito poderá apresentar um
estado de overtraining (excesso de treinamento).
 Overtraining (Fonte: Shutterstock).
Vamos a um exemplo: O sujeito está acostumado a realizar o exercício supino reto com barra longa (HBL) para uma QT de 3
séries de 8 a 12 RMs com 80kg e intervalo de 1’30”.
Contudo, ele entende que, para uma maior e mais rápida hipertro�a da musculatura de peitoral maior, é importante realizar este
exercício cinco vezes por semana em sessões contínuas. No segundo dia de treino da segunda semana, nas condições acima
expostas, ele já não consegue suportar os 80kg para um número mínimo de 8 RMs, e, ao longo da semana, esta carga continua
a ser reduzida.
Cabe ao PEF reestruturar o planejamento do treinamento, pois, a priori, somente a tarefa física estará prejudicada, mas, caso
essa condição seja mantida, os componentes psicossociais também tendem a �car comprometidos.
Kraemer e Fleck (2009) sugerem que, no caso acima, o PEF deve também tentar determinar o que causou esse dé�cit no
desempenho – talvez uma alta intensidade no treinamento, estresse psicológico ou físico.
Independentemente do que seja, uma redução da intensidade da carga e um monitoramento mais atento dos outros exercícios
durante a sessão podem ser cruciais para determinar se o problema é geral, de um grupo muscular especí�co ou de uma
determinada parte do corpo.
Fica destacado aqui que o treinamento neuromuscular tem dois focos bem distintos, que são os músculos e os movimentos,
pois a ação conjunta (sinérgica) de vários músculos para a realização de estímulos multiarticulares exige que isoladamente a
atividade de cada um desses músculos envolvidos com o movimento seja plena, pois, caso contrário, há também uma
tendência à incapacidade de resposta ao estímulo, o que gera menor prontidão para o treinamento.
 Músculos do quadríceps necessários para a execução do agachamento livre com
barra. (Fonte: Shutterstock).
Veja o exemplo: O exercício agachamento livre com barra,
usualmente proposto nos treinamentos, pode ter sua
performance prejudicada, não por falta de força dos
músculos dos MMII, mas sim por desequilíbrio dos
músculos da região do core, o que inviabiliza a estabilidade
dinâmica da região do tronco.
Uma estratégia que pode e deve ser utilizada é a adaptação de Kraemer e outros autores (2000) para a �gura abaixo:
De acordo com a etapa do planejamento, o PEF deverá veri�car junto ao treinando se a percepção de esforço está de acordo
com o previsto e, caso necessário, fazer os ajustes.
Outro ponto importante a ser destacado é o controle das variáveis antropométricas a partir dos resultados obtidos na
avaliação. Uma maior atenção deve ser dada quando, por exemplo, o percentual da massa muscular estiver abaixo do
preconizado pela literatura, que é de 40% a 45% da massa corporal total.
Neste caso, haverá a necessidade de um planejamentoprogressivo de maneira linear, ou seja, sem mudanças abruptas nas
QTs, para que a aquisição da força possa ser progressivamente alcançada, para um mínimo critério de autonomia do sistema
locomotor.
Viu como não é só o percentual de gordura que deve ser priorizado como um
indicador e saúde?
Aumento linear da intensidade do treinamento. Não há necessidade de y = 1,08.
Você deve estar lembrado de que o nível de condicionamento físico de um sujeito afeta a sua capacidade de rendimento. Daí a
classi�cação em iniciante, intermediário e avançado. Deve também lembrar de que, de acordo com a classi�cação, programas
únicos com séries simples podem promover adaptações positivas, mas à medida que o treinamento evolui em bases sólidas,
os programas parcelados (duplo ou triplo) e as séries múltiplas deverão ser propostas para o sucesso do planejamento.
Na prática, o exposto acima obriga a uma agenda do treinamento, o que permitirá todos os registros das sessões de treino e
a possíveis alterações que, porventura, tenham ocorrido.
Vamos reforçar:
Iniciantes
2 ou 3 sessões por semana; programa
único; séries simples ou múltiplas. 
Intermediários e avançados
3 a 6 sessões por semana; parcelamento
duplo ou triplo; séries múltiplas.
É importante destacar que a proposta de frequência semanal de
treinamento, independe do objetivo da manifestação da força.
Kraemer e Fleck (2009) a�rmam que, independentemente da ênfase dada à força, potência, hipertro�a ou resistência muscular
localizada, as frequências de treinamento semanais recomendadas seguem as recomendações do ACSM (2002).
Comentário
Caso um aluno intermediário ou avançado opte por treinar três vezes por semana, o programa pode ser único, desde que o
controle do tipo e ordem dos exercícios seja manipulado por dia de treino. Exemplo: Segunda– Iniciar treino pela região Tronco;
quarta– Iniciar treino pelos MMII; sexta– Iniciar treino pelos MMSS.
 Fatores endógenos e exógenos
Os fatores endógenos estão relacionados à característica do indivíduo, como sexo, idade, constituição física.
 Fonte: Shutterstock.
Já os fatores exógenos correspondem aos fatores externos ao sujeito, mas que irão interferir no treinamento, como
alimentação, sono, ambiente de treinamento.
 Fonte: Shutterstock.
Dessa forma, todas as variáveis relacionadas a esses fatores deverão ser observadas para o planejamento consistente e
construção de um programa e�caz de treinamento.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Ainda dentro dos aspectos que devem ser observados durante as sessões
está a dor .1
Segundo Kraemer e Fleck (2009), dentro do conceito de dor prevista está a lesão muscular aguda, criada pela própria tensão
das �bras musculares, em especial, o estresse da tensão excêntrica, sendo a dor muscular resultante de lesão química que
acompanha os eventos mecânicos, e a hipóxia tecidual, quando um exercício é realizado em condições anaeróbicas.
Quanto ao controle da intensidade (sobrecarga) utilizada, é importante que ocorra uma preparação do sistema locomotor para
a assimilação da carga proposta para o treinamento. Por isso, a fase de aquecimento é necessária, para que seja possível
progredir com a carga, minimizando o risco de lesão. Este cuidado torna-se ainda maior para sujeitos iniciantes, quando
comparados a intermediários e avançados.
 Quanto à faixa etária
 Fonte: Shutterstock.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0130/aula4.html
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Conceitualmente, sênior signi�ca mais antigo, mais velho. Na prática, é difícil determinar uma idade precisa para a
aplicação deste conceito. As propostas de treinamento neuromuscular são feitas em função dos fatores endógenos e do
grau de aptidão física apresentado pelo praticante.
Para tentar estabelecer uma noção de balizamento cronológico, iremos assumir a idade de 50 anos como referência para
esta faixa etária.
Quais são os cuidados que devem ser tomados para esta faixa etária?
Vamos listar alguns pontos, sem hierarquizá-los, mas todos devem constantemente ser lembrados:
As estruturas passivas envolvidas com o sistema locomotor tendem a perder em elasticidade e aumentar sua
plasticidade, o que tende a limitar a amplitude de movimento;
Os músculos tendem a apresentar maiores níveis de sarcopenia, o que concorre para a diminuição na capacidade de
geração de força, o que, na prática, exige um maior controle das sobrecargas utilizadas;
Tarefas múltiplas tendem a ser realizadas com maiores di�culdades e, assim, devem ser propostas tarefas com
menor grau de complexidade; e
O processamento e a velocidade de condução dos estímulos nervosos tendem a ser mais lentos, o que obriga ao
PEF explicar bem e de maneira lenta o exercício a ser realizado.
Na prática, é válido propor para uma frequência de 3 vezes por semana que as intensidades de cada sessão de
treinamento da semana sejam diferentes.
Por exemplo, Kraemer e Fleck (2009) propõem que um dia muito intenso deve abranger uma zona de 6 a 8 RMs (segunda-
feira), um dia intenso uma zona de 9 a 11 RMs (quarta-feira), um dia moderado de 12 a 14 RMs (sexta-feira).
Vale destacar que a sensação de fadiga, proposta pelas RMs, deve ser constantemente checada pelo PEF, durante a
sessão de treinamento, pois muitas vezes o objetivo a ser alcançado pode não necessitar de tal intensidade, como no
caso da manutenção temporária da autonomia do sujeito para realização das tarefas do dia a dia.
Sênior 
Assim como na categoria sênior, na prática, a determinação para uma faixa etária juvenil é difícil, pois fatores relacionados
ao crescimento, desenvolvimento e maturação das estruturas biológicas devem ser considerados.
Usualmente, costuma-se considerar esta faixa variando dos 10 aos 18 anos, pois, assim, um maior número de sujeitos
será envolvido.
Todos os cuidados devidos a sujeitos adultos e sêniores também devem ser considerados para as crianças.
O sistema locomotor envolvendo a estrutura musculoesquelética e o sistema ósseo devem ocorrer de maneira
harmônica quanto ao crescimento e ao desenvolvimento.
Nessa linha de pensamento, essas estruturas devem ser entendidas a partir do ventre muscular, seguindo para os
tendões, daí para as inserções e, por último, os ossos.
Dessa forma, a progressão do treinamento deve observar de maneira mais rigorosa o aprendizado da técnica de execução
do movimento, que, nessa fase, assume maior importância, buscando prevenir lesão em quaisquer das estruturas citadas.
Lembre-se de que, até a puberdade, as alterações morfológicas na estrutura musculoesquelética são difíceis de serem
con�rmadas, pois �siologicamente o corpo humano irá passar por uma série de transformações.
Kraemer e Fleck (2009) a�rmam que somente após a puberdade é que esses ganhos podem se tornar realidade.
Quanto à aplicação dos recursos materiais que serão utilizados durante o treinamento, ou seja, pesos livres, máquina
guiada ou resistência elástica, caberá ao PEF eleger o que melhor se adéqua à fase do planejamento e a etapa do
programa de treinamento.
Juvenil 
 Variáveis cinemáticas que podem afetar a performance
É comum que todas as atenções para a construção do programa de treinamento sejam voltadas para as QTs. Contudo, a
escolha do tipo de exercício, que é uma das variáveis mais importantes do programa de treinamento, deve observar três
componentes cinemáticos para uma melhor relação do corpo com o espaço.
Estes componentes são:
Amplitude de movimento - Deve ser observada a partir do grau de mobilidade da articulação solicitada. Maiores amplitudes
de movimento apresentam maiores necessidades de controle motor e tendem a vir acompanhadas de aceleração do
movimento.
Por exemplo, no exercício de �exão da articulação do ombro (elevação frontal), a amplitude máxima de movimento é de
aproximadamente 180º. Para que ela seja realizada de maneira segura, pode ser necessário o fracionamento desta amplitude
durante a fase de aprendizado. Assim, durante as seis primeiras sessões, o movimento será executadoaté aproximadamente
90º, o que facilitará uma futura evolução para maiores amplitudes.
Trajetória de movimento – É uma variável que tem como base a estrutura corporal, pois qualquer alteração nesta estrutura
concorre para que a trajetória de descolamento do segmento corporal no espaço possa vir a comprometer a articulação
associada a esse segmento.
Por exemplo, sujeitos que apresentem um desalinhamento das escápulas, na condição de escápula alada, tendem a apresentar
di�culdade no exercício de abdução dos ombros (elevação lateral). Assim, pode ser necessário ajustar os segmentos
escapulares anteriormente aos estímulos para os ombros.
Velocidade de execução do movimento – Vale relembrar que, na condição dinâmica, a ação concêntrica tende a vir
acompanhada de aceleração do movimento e as ações excêntricas, por desacelerações. Porém, quanto menos experiente for
o praticante, mais difícil tende a ser o controle da velocidade.
 Ação concêntrica valorizada. | Ação excêntrica valorizada para controle do movimento. (Fonte: Shutterstock).
Portanto, caberá ao PEF chamar a atenção do executante quanto à velocidade ideal para cada ação. Essa orientação deverá
ser intencional, pois, caso contrário, o aprendizado do movimento �ca comprometido, o que impactará negativamente em um
maior e melhor incremento dos conteúdos em programas futuros.
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Quem nunca ouviu em uma sala de musculação as famosas frases “controla
a volta” e “desce devagar”?
Atividade
1. Dois pro�ssionais de Educação Física discutem sobre a demanda de um cliente da academia onde trabalham, pois ele reclama
que treina regularmente, de acordo com os programas de treinamentos previstos, há 12 meses, e até agora não houve nenhuma
alteração morfológica. De acordo com os princípios do treinamento, como os pro�ssionais devem conduzir essa conversa?
2. Após um mês de treinamento neuromuscular realizado de maneira regular, com base na RML, um cliente iniciante passa a se
queixar de dor muscular, mais precisamente na região do tendão, próximo à articulação. Por que essa queixa ocorre nesta região,
passando a ser algo preocupante?
3. Um cliente classi�cado como avançado dispõe de três dias por semana para treinar e gostaria que o PEF elaborasse o
programa baseado no triplo parcelamento, com séries simples, pois atualmente ele dispõe de, no máximo, 40 minutos para cada
sessão. Visando à continuidade do aumento do rendimento, você pensa ser possível atender ao cliente a partir da proposta feita?
Notas
dor1
Dor é uma percepção subjetiva e deve ser encarada como um aspecto positivo quando corresponde a uma manifestação
prevista em função dos treinamentos realizados ou de maneira negativa quando estiver fora do previsto e, porventura, for
persistente.
Referências
FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
GOMES, T. M. Metodologia da musculação. Rio de Janeiro: SESES, 2018.
KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J. Otimizando o treinamento de força: programas de periodização não linear. Barueri: Manole,
2009.
MCARDLE, W. J.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício - nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed.
Guanabara Koogan, 2016.
PRESTES, J. et al. Prescrição e periodização do treinamento de força em academias. 2. ed. Barueri: Manole. 2016.
RIBE, D. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
Próxima aula
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