AULA 01 -MACHADO DE ASSIS O GÊNIO I - LITERATURA BRAS

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Exercício: CEL0638_EX_A9_201902581441_V1 
	07/03/2021
	Aluno(a): SANDRA REGINA PEREIRA 
	2021.1 EAD 
	Disciplina: CEL0638 - LITERATURA BRASILEIRA II  
	201902581441
	
	 
		1
        Questão 
	
	
	Leia o fragmento abaixo, no qual o narrador de Dom Casmurro esclarece como lhe ocorreu a ideia de escrever um livro e depois escolha a opção que correta.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal. Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.  [ . . . ]  Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras?... (ASSIS, Machado. Capítulo II - Do livro. Dom Casmurro. Obras Completas, vol. I, Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.)
		
	
	a exatidão das memórias é diretamente proporcional à intensidade das emoções vividas; somente o que é importante é relembrado, o que foi esquecido não era na verdade relevante.
	
	o passado consegue ser fielmente reconstruído graças ao método científico objetivo, exato e preciso aplicado pelo narrador em seu resgate.
	
	o distanciamento do narrador com relação ao passado vivido, atenua tanto a felicidade quanto os sofrimentos, levantando certa desconfiança sobre a veracidade da narrativa.
	
	na ausência de qualquer fio condutor na reconstrução do passado, o narrador justapõe flashes da memória, como em uma colcha de retalhos, de forma totalmente aleatória e desprovida de qualquer propósito.
	
	o verdadeiro passado encontrando-se irremediavelmente perdido, resta apenas ao narrador revivê-lo pela via da imaginação.
	Respondido em 07/03/2021 04:30:00
	
Explicação: 
A resposta correta é: o distanciamento do narrador com relação ao passado vivido, atenua tanto a felicidade quanto os sofrimentos, levantando certa desconfiança sobre a veracidade da narrativa.
	
	
	 
		2
        Questão 
	
	
	Em seu célebre artigo, O palimpsesto de Itaguaí (Pensando nos trópicos. Rio de Janeiro: Rocco, 1991, pp. 253-265), o crítico literário Luís Costa Lima propôs pensar a escrita machadiana como resultante em um palimpsesto, isto é, um texto sob o qual outro texto pode ser entrevisto e lido. Na verdade, mais do que ler nas entrelinhas, o palimpsesto supõe uma leitura em várias e diferentes camadas, nem sempre concordes, nem sempre consoantes. Escolha a alternativa que caracteriza corretamente o palimpsesto machadiano.
		
	
	o romance machadiano obteve pronta consagração de público e da crítica, porque o palimpsesto era uma estratégia conhecida do grande público através dos romances de folhetim.
	
	para além da superfície narrativa, frívola e aparentemente inofensiva, se entrevê /se entrelê uma narrativa subterrânea, na qual uma contundente e mordaz crítica à sociedade é desfiada, com a mais fina ironia, que, simultaneamente, seduz e espicaça o leitor.
	
	a ironia machadiana resulta em boa parte da escrita palimpséstica do romance, o que arrebatou o público leitor da época, fã incondicional dessas estratégias literárias.
	
	as diferentes camadas do texto conduzem a uma unívoca visão desencantada do homem e da sociedade, o que gerou a pouca receptividade do público da época.
	
	Machado de Assis conheceu o palimpsesto no teatro de boulevard e de vaudeville, muito apreciados pela burguesia da época; Machado, então, transpôs a estratégia para o romance a fim de distrair o leitor burguês, interessado na literatura como divertimento ou entretenimento. 
	Respondido em 07/03/2021 04:33:04
	
Explicação: 
A resposta correta é: para além da superfície narrativa, frívola e aparentemente inofensiva, se entrevê /se entrelê uma narrativa subterrânea, na qual uma contundente e mordaz crítica à sociedade é desfiada, com a mais fina ironia, que, simultaneamente, seduz e espicaça o leitor.
	
	
	 
		3
        Questão 
	
	
	A obra de Machado de Assis tem por contexto histórico-social um período de visceral importância para a história do Brasil, que marca a transição entre: 
		
	
	a colonização e a independência.
	
	a República Velha e o Estado Novo.
	
	a era JK e o governo militar.
	
	o Estado Novo e a era JK.
	
	a monarquia e a república.
	Respondido em 07/03/2021 04:40:41
	
Explicação: 
A resposta correta é: a monarquia e a república.
	
	
	 
		4
        Questão 
	
	
	(FUVEST 2008) Considere o texto abaixo:
Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.
Machado de Assis, Dom Casmurro.
Considerando-se o contexto desse romance de Machado de Assis, pode-se afirmar corretamente que, no trecho acima, ao comentar o próprio estilo, o narrador procura: 
		
	
	 revelar sua adesão aos padrões literários estabelecidos pelo Romantismo.
	
	 conferir autoridade à narrativa, ao basear sua argumentação na História Sagrada.
	
	provocar o leitor, ao declará-lo incapaz de compreender o enredo do livro.
	
	 demonstrar que os assuntos do livro são mero pretexto para a prática da metalinguagem.
	
	afiançar a credibilidade do ponto de vista que lhe interessa sustentar.
	Respondido em 07/03/2021 04:45:48
	
		
	Gabarito
Comentado
	
	
	 
		5
        Questão 
	
	
	Uma das estratégias exploradas por Machado de Assis e que tornaram justamente célebre sua técnica narrativa, encontra-se nos apelos que o narrador dirige ao leitor. Construindo e desconstruindo expectativas sobre personagens e acontecimentos, disseminando pistas que serão posteriormente negadas, a escrita machadiana exige do leitor uma atenção redobrada sobre o que é dito, mas muito mais ainda sobre como é dito. Podemos concluir, por conseguinte, que: 
		
	
	a escrita machadiana acaba por romper com a ilusão do espelhamento da realidade pretendida pelo realismo.
	
	incorporando à sua escrita as rigorosas técnicas de observação científica da realidade concreta, Machado de Assis preconizava a identificação do trabalho do escritor ao do cientista.
	
	não tendo logrado emancipar-se da influência do modelo narrativo romântico, Machado de Assis manteve-se fiel ao enredo de aventuras, mediante as quais seus heróis e heroínas afirmavam seu embate com os valores e visão de mundo burgueses.
	
	manipulando habilmente os ideais coletivos, a escrita machadiana deu expressão às grandes causas que mobilizavam o povo brasileiro na segunda metade do século XIX.
	
	a escrita machadiana reproduz as estratégias conhecidas e consagradas da narrativa folhetinesca, daí o seu sucesso e consagração pelo grande público.
	Respondido em 07/03/2021 04:58:07
	
Explicação: 
A resposta correta é: a escrita machadiana acaba por romper com a ilusão do espelhamento da realidade pretendida pelo realismo.
	
	
	 
		6
        Questão 
	
	
	Todas as afirmativas sobre o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, estão corretas, exceto:
		
	
	Mantém um compromisso com a verdade ao retratar fielmente a realidade dos fatos.
	
	Usa de alegorias para discorrer sobre o tempo, o amor e a miséria humana. 
	
	Interrompe com frequência o fluxo da narrativa para conversar com o leitor.
	
	Faz constantes referências ao processo de construção do livro.
	
	Assume a condição de defunto autorpara rever sarcasticamente a sua própria vida.
	Respondido em 07/03/2021 05:02:01
	
		
	Gabarito
Comentado
	
	
	 
		7
        Questão 
	
	
	FUVEST -2018
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto*como nos primeiros dias. Naquela ocasião,cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
II. Meu caro crítico,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: ¿Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias¿. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente.
Valha-me Deus! é preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
FUVEST (1a. FASE) - NOVEMBRO/2018
Entre os dois trechos do romance, nota-se o movimento que vai da memória de vivências à revisão que o defunto autor faz de um mesmo episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que melhor sintetiza essa duplicidade narrativa, é:
		
	
	Não havia ali a atmosfera somente da águia e do beija-flor; havia também a da lesma e do sapo
	
	Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito do livro és tu, leitor
	
	Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil perceber o que poderá sair desse conúbio
	
	A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que multiplica a espécie, e o nariz, que a subordina ao indivíduo
	
	Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática
	Respondido em 07/03/2021 05:04:33
	
Explicação: 
Os dois textos abordam uma experiência qualificada como negativa: o envelhecimento. No entanto, o narrador assume um tom entre o humorístico (galhofeiro) e o triste (melancólico). Esse estilo, que combina humor  e um riso amargo é sintetizado no par galhofa e melancolia, presente não só no prefácio de Memórias póstumas de Brás Cubas, mas também de maneira recorrente no corpo do romance.
	
	
	 
		8
        Questão 
	
	
	Para Antonio Candido, a obra machadiana apresentaria alguns traços que a ligariam a uma estética literária moderna.Dentre esses traços está a reificação das relações sociais, que significa:
		
	
	animalização
	
	coisificação
	
	delação
	
	dissimulação
	
	humanização
	Respondido em 07/03/2021 05:05:34