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Princípios do processamento de carnes Profa. Lucyana Vieira Costa Zootecnista – Mestranda em Ciência Animal Processamento Qualquer alteração nas propriedades intencionalmente induzida por meios físicos, químicos ou biológicos. Com respeito à carne, variam os tratamentos, com efeito na natureza do produto cárneo, como nos cortes, na embalagem, etc Processamento • O processamento não modifica de forma significativa as qualidades nutricionais originais, no entanto, atribui características como, cor, sabor e aroma, próprias de cada processo • O que mais se destaca no processamento da carne é a agregação de valor ao produto com a utilização de cortes que não são aproveitados para o consumo in natura, gerando alternativas para a sua comercialização • Com isso, estimula o desenvolvimento da industrialização de produtos derivados, contribuindo para a geração de empregos e aumentando a receita e oferta de produtos disponíveis comercialmente Carne Carne in natura • Descoloração, putrefação e decomposição • Operações que previnam ou retardem as mudanças naturais Carne mecanicamente separada (CMS) • Carne que fica presa nos ossos e cartilagens das peças de carne e a indústria remove de aves, bovinos e suínos • É uma forma de aproveitamento extremo da carcaça dos animais • É um produto seguro para consumo mas é uma fonte de proteína de baixa qualidade • Pela legislação: 12% de proteína e até 30% de gordura • Como é composto pela carcaça prensada tem bastante cálcio • CMS = aditivos alimentares estabilizantes, emulsificantes e proteínas vegetais • Os aditivos além de compensar a falta de proteína ainda conferem ganho de peso em água • Os emulsificantes facilitam a ligação da gordura com a água • Os principais agentes emulsificantes nos produtos cárneos são as proteínas cárneas solúveis em soluções salinas, ou seja, as proteínas miofibrilares (actina e miosina) • Essas proteínas não são solúveis em água e em soluções salinas diluídas, entretanto quando aumenta-se a concentração salina elas tornam-se solúveis • Logo, a principal função do sal em embutidos emulsionados é solubilizar as proteínas, fazendo com que fiquem disponíveis para agir como emulsificantes Carne mecanicamente separada (CMS) Princípios da preservação dos alimentos 1) Métodos pelos quais a natureza do alimento é levemente modificada e os alimentos permanecem desfavoráveis à multiplicação de microrganismos. 2) Métodos pelos quais microrganismos não são inativados, mas o ambiente é modificado, de tal forma que a taxa de crescimento é reduzida, ou inibida. 3) Combinações de métodos descritos em ambos grupos. Processamento da carne • A carne pode ser processada em condições inalteradas em duas formas: • i) cortes, fatias, quartos • ii) moída • E ainda, carnes de diferentes espécies de animais podem ser combinadas a outras formas de mistura Embalagens • Varejo embalagens de oxigênio permeável • Melhor manutenção da cor • Cadeias comerciais vácuo ou em atmosfera modificada • 20 a 30% CO2, 70-80% O2 • Carnes frescas (embaladas) devem ser armazenadas e transportadas • refrigeração Shelf life O crescimento de microrganismos é inibido quase que na totalidade na temperatura de -10oC. Tabela 1: Técnicas antimicrobianas existentes empregadas na preservação de alimentos Classificação dos produtos cárneos 1 – Produtos cárneos apertizados/esterilizados com considerável shelf life • A vida de prateleira desses produtos é primariamente baseada na intensidade de seus tratamentos de calor • Variação intensidade de aquecimento = variação na qualidade dos produtos • HTST (processos de altas temperaturas em curto tempo) • Aquecimento dos alimentos de melhor qualidade, sem prejudicar sua segurança • Dois grupos: • Carne moída (carne enlatada e pasta de fígado) • Partes diferenciadas do animal (como coxa, língua, etc) 2 – Produtos cárneos pasteurizados com “vida de prateleira” limitada, em consequência do tratamento mais brando de aquecimento • Medidas adicionais: temperaturas inferiores à refrigeração, diminuição da atividade de água, ou do pH • Durante a pasteurização, o centro dos produtos cárneos atinge temperaturas ao redor de 65-80oC, dependendo do tipo de produto • Linguiças defumadas, linguiças de fígado • Presunto cozido e fígado cozido Classificação dos produtos cárneos 3 – Produtos cárneos crus com longa “vida de prateleira”, primariamente obtidos pela redução da atividade de água, às vezes em combinação com baixo pH • Produtos com baixo pH são, de maneira geral, fermentados e derivados da carne moída • Salame e as carnes curadas Classificação dos produtos cárneos 4 - Produtos crus com limitada “vida de prateleira” • Essencialmente produtos levemente desidratados, não necessariamente fermentados e/o salgados • Linguiças e carnes defumadas Classificação dos produtos cárneos Envoltórios derivados de animal • Linguiças cruas - tradicionalmente a carne moída é envolvida em pele, ou em envoltórios derivados de animais. • Estômagos, intestinos (“tripas”), bexiga, etc • Suínos, ovinos e bovinos • Envoltórios manufaturados de colágeno, ou alternativamente a celulose, são materiais com uso crescente na indústria Embutidos • Os embutidos são obtidos a partir do processo de moagem da carne em uma granulometria que varia de grossa a fina, conforme o tipo de produto, condimentado e embutido • No processo de embutimento, a massa cárnea é acondicionada em envoltórios/tripas, naturais ou artificiais, a fim de proteger os produtos de influências externas, além de lhe dar forma e estabilidade • Geralmente, a carne utilizada na preparação dos embutidos é a suína ou bovina • Frangos e outras aves • Presunto de peito de peru Tipos de embutidos • De acordo com o modo de preparo e a indicação de consumo • Embutidos processados: salsichas e mortadelas • São feitos a partir de diversas carnes e geralmente não exigem cozimento • Embutidos cruz ou cozidos: Presuntos e apresuntados • Podem ir direto para a mesa do consumidor Tipos de embutidos Presunto X Apresuntado Ambos são feitos de carne suína Presunto é feito da carne do pernil (corte mais nobre do suíno) e o apresuntado pode levar também a paleta Apresuntado contém mais gordura e menos proteína que o presunto Durante a produção: salmoura + especiarias e água + a carne (que depois é picada) O presunto é formado, curado e cozido No presuntado a carne é massageada, embutida e cozida Há diferença nos procedimentos para que os pedaços sejam maiores no presunto, do que no apresuntado • Embutidos fermentados: salames • Utiliza o crescimento controlado de micro-organismos selecionados, resultando na modificação da textura, do sabor e do aroma Tipos de embutidos • Dentre os tipos de fermentação utilizadas para produtos cárneos, a láctica é a mais empregada • O ácido láctico é produzido pela ação das bactérias sobre os açúcares, abaixando o pH e fornecendo sabor característico ao produto • Nesse processo, as proteínas e gorduras são transformadas em moléculas que conferem ainda mais sabor ao produto Tipos de embutidos • Embutidos frescos: linguiças • Precisam ser levados ao fogo antes do consumo e possuem prazo de validade mais curto • Não passam por processos de cura, secagem, fermentação ou defumação Tipos de embutidos Cura • Produtos cárneos curados são aqueles conservados por tempo mais longo, adicionados de sal, nitratos e/ou nitritos, açúcar e condimentos, resultando na melhora das propriedades sensoriais • O tipo de cura utilizado é escolhido conforme o tamanho da peça • O importante é que o método de cura escolhido deve garantir a distribuição uniforme dos ingredientes adicionados ao produto, pois falhas ocorridas nessa etapa resultam em defeitos como, coloração desuniforme, falta de estabilidade e até putrefação. • O salame e a linguiça são exemplo de produtos curados quetambém podem ser defumados após a cura Defumação e conservação de alimentos • É uma das técnicas culinárias mais antigas e confere aos alimentos um sabor marcante e especial • A defumação é utilizada como uma medida complementar da cura, conferindo características organolépticas (aspecto, odor e cor) especiais, podendo ser associada à ação de conservação • A técnica consiste basicamente em adicionar fumaça a uma carne ou mesmo a um produto embutido Desidratação ou secagem • A carne ovina possui em torno de 70 a 75% de umidade • Removendo-se grande parte dessa água, a deterioração torna-se mais lenta • Salga ou secagem natural • A secagem deve ser realizada de forma cuidadosa e uniforme para que atinja os melhores resultados, podendo ser obtida carne aliando-se as condições de clima seco com muito vento • Uma das vantagens da secagem é que ela concentra também os componentes do sabor • A defumação foi durante muito tempo fundamental para a conservação de alimentos, já que há na fumaça mais de 300 tipos de componentes, entre elas os hidrocarbonetos, substâncias orgânicas, fenóis, benzóis, cinzas de CO2 • Além disso, o produto defumado torna-se inviável para a proliferação de micro- organismos, já que a carne é parcialmente desidratada a uma temperatura constante de 75°C. Defumação e conservação de alimentos • A fumaça tem um efeito conservante e associado ao calor, resulta na redução da umidade, essencial no controle do desenvolvimento de micro-organismos • O contato com o calor e a fumaça provoca a perda da água, a superfície fica ressecada e a coloração estabilizada • O efeito dos fenóis, antioxidativo, inibe a oxidação das gorduras e evita o sabor de ranço • A defumação associada ao uso de sais como o cloreto de sódio e o nitrito de sódio, além da secagem, auxilia na redução e controle de micro-organismos, com consequente aumento da vida de prateleira dos produtos Defumação e conservação de alimentos • Este processo valoriza ainda mais os cortes nobres como o lombo, o qual pode ser transformado em lombo canadense, lombo com ervas, lombo com páprica, entre outros • Também valoriza e agrega valor a outros produtos menos nobres como toucinho e costela Defumação e conservação de alimentos O papel do sal na defumação • Todo produto defumado é necessariamente curado previamente, ou seja, temperado • Pode-se aplicar a salga a seco ou a salga molhada, quando se injeta tempero líquido na carne • A curagem do produto é importante para que a carne inicie seu processo de desidratação e siga saborizada para o processo de defumação Tipos de defumação • Defumação a frio: a fumaça apresenta baixa temperatura, entre 20 e 40 graus • O objetivo não é cozinhar o alimento, e sim ajudar na conservação e adicionar sabor. • É aplicada a produtos cozidos ou embutidos, como mortadela e salame • Defumação a quente: um dos objetivos é cozinhar o alimento e a temperatura pode chegar a 120 graus • Esse processo é mais rápido que o anterior e o resultado é um sabor marcante Bacon • Separação do corte a ser utilizado: barriga, paleta ou costela, todos respeitando a padronização do respectivo corte • Preparo, cura, cozimento, defumação natural, resfriamento, embalagem primária e embalagem secundária • Depois de prontos, são acondicionados em ambientes adequados de armazenagem e distribuição Bacon • A cura da matéria prima é o ponto de partida para se obter o bacon ideal • Após a cura tem-se o processo de cozimento nas estufas • Requer rígido controle, respeitando o programa de secagem e o escalonamento da temperatura, que possibilitam a homogeneidade do cozimento • Também são controlados a umidade e a intensidade de fumaça para defumação • Após o bacon sair da estufa, deve ser resfriado até a adequada temperatura para embalagem do produto • Esta condição é determinante na conservação do bacon, que é embalado a vácuo Linguiças • As linguiças variam, principalmente, em dois aspectos: A carne utilizada e processo de preparação • A carne utilizada, junto com os temperos, define boa parte do sabor. • Entre as opções disponíveis: porco, gado, carneiro, frango e mista. • Linguiça pura X mista • Frescas: são os tipos de linguiça utilizados nos churrascos: macias e obrigatoriamente precisam ser cozidas de alguma forma antes do consumo • Curadas: são banhadas em uma mistura de sal, açúcar e salitre • Defumadas: passam por um processo de cozimento por fumaça ou defumação, deixando-as com sabor marcante • salame, paio, e calabresa. Linguiças Linguiça frescal • Toscana: Campeã dos churrascos, a linguiça toscana é feita com 100% carne de porco, adicionada de temperos e condimentos • Na hora de comprar atente para a aparência geral do produto: a carne deve estar com uma coloração bastante natural, indo do rosado ao avermelhado, para garantir o frescor Linguiça frescal • Linguiça de frango: Sabor suave e textura diferenciada • O produto in natura tem uma cor clara e na maioria das vezes é comercializada no formato fino. Linguiça defumada • Linguiça paio: muito utilizada em diversas receitas, mas é fundamental para completar o sabor da famosa feijoada. • Linguiça calabresa: Linguiça calabresa é um tipo de linguiça condimentada com pimenta calabresa. Dúvidas?!
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