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JUSTICA RESTAURATIVA E MEDIACAO PENAL

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Vitória Fogaça da Silveira e Leonardo da Rosa Ibaldo 
Estágio e Prática em Mediação, Conciliação e Arbitragem 
Atividade A2 
 
 
JUSTIÇA RESTAURATIVA E MEDIAÇÃO PENAL COMO ALTERNATIVA À 
JUSTIÇA CRIMINAL TRADICIONAL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO 
 
A exposição realizada pelo Prof. Dr. Daniel Achutti, trouxe como tema central 
a Justiça Restaurativa e Mediação Penal, em confronto com a política criminal 
adotada atualmente no Brasil. Observou-se que o início da justiça restaurativa no 
Brasil ocorreu nos anos 2000, sobretudo na área da Infância e Juventude. 
A justiça restaurativa surgiu em um contexto de insatisfação geral com a 
justiça criminal, uma vez observado que as pessoas que saiam do sistema 
carcerário, após cumprirem suas penas, saíam ainda piores do que entraram. Então, 
a partir de uma crítica ao sistema penal, busca-se alternativas, onde são dados os 
primeiros passos para consolidar a justiça restaurativa, que desenvolve-se muito 
devagar, sobretudo no hemisfério norte e na Europa. 
Interessante perceber de que, quando o legislador se dá conta de que o que 
acontece num cenário de justiça criminal é de fato um conflito entre duas ou mais 
pessoas, é feita uma categorização diferenciada dos tipos de conflitos aos quais as 
pessoas ficam sujeitas na sociedade. A justiça restaurativa, em suas diversas 
técnicas, que dentre elas pode estar a mediação penal, busca ir no sentido contrário 
do modelo de justiça criminal atual, recolocando a vítima no cenário do conflito, 
buscando encontrar o pano de fundo da questão, identificando cada parte como 
seres humanos, tornando a resolução do conflito muito mais eficaz. 
Conflito é conflito, da perspectiva da justiça restaurativa, alguns mais graves, 
enquanto outros menos graves, o que em nada impediria a realização concomitante 
da justiça restaurativa e das sanções da justiça criminal. O fato da mediação cível ter 
se desenvolvido em número expressivamente maior no Brasil, de maneira mais 
rápida, não é empecilho para que desenvolva-se uma mediação penal efetiva no 
Brasil. 
Cumpre destacar que a mediação penal é apenas uma ferramenta para 
colocar em prática todas as teorias da chamada Resolução Alternativa de Conflitos. 
A pergunta a ser respondida pelos diversos estudos em andamento, é: esse modelo 
realmente funciona melhor? É possível deixar para trás todos os problemas da 
justiça criminal? E a resposta ainda está em construção, de acordo com o Prof. Dr. 
Achutti. 
A bem da verdade é que, é necessário que se conheça em profundidade os 
modelos e sistemas adotados atualmente no Brasil no âmbito penal e de política 
criminal, para que se possa auferir a viabilidade da aplicação das técnicas da justiça 
restaurativa. 
A mediação penal envolve algumas premissas, das quais destaca-se: (a) 
necessidade de um ambiente seguro para as partes; (b) partes frente a frente para 
um diálogo; (c) cada parte deve poder falar com o seu ponto de vista. O que é 
evidente que em alguns crimes violentos pode-se encontrar resistência justificada da 
vítima em encontrar com o seu agressor, onde então poderia-se oferecer os 
métodos convencionais para o andamento do processo criminal, nestes casos. 
A justiça criminal convencional, no entanto, em nada está preocupada com a 
vítima, a discussão em torno da vítima no Direito Penal praticamente é inexistente. 
Há, em mesmo sentido, um processo de revitimização, onde exige-se que a vítima 
rememore os fatos, contando a sua versão ao Delegado (em casos em que há 
investigação policial) e contando sua versão ao juiz novamente. 
Em contraponto, a Justiça Restaurativa coloca a vítima no palco da justiça, 
podendo trazer a sua versão e então envolvendo-se em um diálogo com aquele 
ofensor. Um dado trazido pelo Prof. Dr. Achutti é que, em países onde é 
implementada a justiça restaurativa, em 50% dos casos, as pessoas optam por se 
encontrar para realizar a mediação. Por detrás do processo de mediação, há um 
pré-encontro, onde se explicam as regras, a segurança envolvida etc. 
A partir dos 50% dos casos em que optam pela justiça restaurativa, 50% 
optam pela mediação indireta (onde não há contato entre as partes). Ou seja, dos 
100% dos casos totais, somente 25% optam pela mediação direta. Ocorre que 
muitas das vezes as partes têm medo, por ignorância de como funciona etc. 
No encontro restaurativo, o fato jurídico irrelevante torna-se relevante para 
as partes, o que pode por vezes não importar para o juiz de Direito, importa para a 
Restauração, diferentemente dos atores jurídicos (MP e Juiz). 
 
Dessa forma, o papel atual dos operadores do Direito é de buscar medidas 
alternativas para a resolução dos conflitos, visando desconstruir uma relação 
belicosa entre as partes e afastando o modelo tradicional arbitrário da justiça 
criminal, de modo que seja trazida uma ideia de reparação, tornando o processo 
penal mais eficaz. Ademais, o objetivo do modelo de justiça restaurativa, por meio da 
mediação, é o de restabelecer a harmonia entre ofensor e vítima, para que o conflito 
causado seja solucionado por meio do diálogo entre as duas partes, trazendo-as ao 
debate. 
Sendo assim, a aplicação deste novo modelo transforma a maneira como de 
enxergamos e tratamos com o crime, afastando o modelo tradicional da justiça 
criminal, no que couber.

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