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CONFEITARIA Profª. Esp. Karine Diniz Prof. Esp. Murilo Vinicio Tipos de açúcar e sua cocção Açúcares e a Confeitaria Os açúcares possuem uma característica que deve ser compreendida pelos profissionais da confeitaria: açúcares são higroscópicos. Ou seja, possuem a capacidade de atrair e reter água, sendo que alguns açúcares são mais higroscópicos que outros - Ex: A frutose é bem mais higroscópica que a sacarose (açúcar comum). Para alguns produtos essa característica é interessante, para outros nem tanto, como é o caso dos fios de açúcar. É de grande importância saber identificar os principais tipos de açúcares utilizados na confeitaria. Dessa maneira, entendendo as principais características de cada um deles, o profissional poderá optar pelo insumo que melhor se adeque ao seu produto, visto que cada um dos açúcares possui suas particularidades de sabor, granulometria, cor etc. Açúcares e a Confeitaria Açúcares e seus principais tipos Com frequência utiliza-se a nomenclatura "açúcar" para referir-se ao açúcar refinado derivado da cana-de-açúcar ou mesmo da beterraba. Na verdade, o nome químico desses açúcares é sacarose. Há basicamente dois grupos de açúcares: monossacarídeos e dissacarídeos. A sacarose é um dissacarídeo, assim como a maltose (açúcar do malte) e a lactose (açúcar do leite). Já a frutose e a glucose são exemplos de monossacarídeos. Açúcares e seus principais tipos Açúcares são ingredientes bastante comuns na confeitaria e na panificação e que tem por objetivos principais dar sabor, maciez, textura fina (açúcar enfraquece as estruturas do glúten), dar cor às cascas dos produtos, aumentar a validade, conservar umidade, auxiliar na formação de cremes (no método cremoso) e espumas (no método espumoso) e ainda servem de alimentação para fermentos biológicos. Alguns açúcares têm o poder adoçante diferente dos outros, como é o caso da lactose, que adoça bem menos que o açúcar comum, que por sua vez adoça bem menos que a frutose. Açúcares em cristais A forma mais conhecida de apresentação de açúcares são em cristais e os mais conhecidos são: - Açúcar granulado: Usado para decoração de doces, geralmente encontrados coloridos; - Açúcar cristal: Possui grânulos menores que o granulado e maiores de o refinado; - Açúcar refinado: conhecido também como açúcar branco. tem textura mais fina que o açúcar cristal brasileiro; Açúcares em cristais - Açúcar de confeiteiro: Açúcar bastante fino, muito usado para glacês; - Açúcar impalpável: É ainda mais fino que o de confeiteiro e tem amido em sua composição; - Açúcar gelado: Não derrete em contato com a umidade. Tem em sua produção: dextrose, amido de milho, óleo vegetal parcialmente hidrogenado, dióxido de titânio e aromatizante. Açúcar Mascavo É o açúcar em sua versão mais bruta, com coloração entre marrom e dourada, justo por não ter passado pelo processo químico de refinamento dos demais açúcares de cana, tornando-o mais natural. Por ainda apresentar o melaço da cana, o sabor é mais forte, sendo próximo ao da cana-de-açúcar. Melaço Trata-se de uma calda grossa, subproduto do refinamento do açúcar de cana. É o resíduo que resta depois que a maior parte do açúcar da garapa é extraída. Glucose Conhecida também por glicose ou dextrose, é obtida através da hidrólise das cadeias do açúcar. Muitas glucoses são feitas, principalmente, através do amido de milho. Dão viscosidade e aumentam a durabilidade do produto, além de evitar a cristalização. A melhor glucose para a confeitaria é a com alta concentração de maltose, pois não escurece muito, tem pouca viscosidade e menor poder de absorção de água. Elas se diferenciam pela quantidade de vezes que a molécula da dextrose foi quebrada. Açúcar Invertido É um xarope produzido quimicamente a partir da sacarose . A sacarose é aquecida com água, onde ocorre a quebra das moléculas do açúcar através da água e, quando essa reação ocorre, adiciona-se um ácido que transforma o produto em uma espécie de xarope. É bastante doce (cerca de 30% mais que o açúcar comum), tem a capacidade de reter bem a umidade é muito resistente à cristalização. Mel O néctar produzido pelas abelhas é um açúcar invertido natural, pois possuem características muito parecidas. Possui frutose e glicose (dextrose) em iguais proporções. Possui quantidades pequenas de outros açúcares e algumas proteínas que são responsáveis pela sua cor e o seu sabor. Obs: é um substituto ao açúcar invertido, o que determina seu uso é o seu sabor, que pode ser, ou não, interessante para o produto. Isomalte É usado como substituto ao açúcar de cana, é feito à partir de açúcar de beterraba. Possui textura extremamente granulosa, porém é um perfeito substituto na produção do caramelo, tendo por vantagem o seu efeito de transparência frente ao açúcar comum, além de não absorver umidade com facilmente. Muito utilizado quando se quer um produto com aspecto de vidro, como pirulitos de cristal. Cocção de açúcar: caldas, caramelos e cristalização. M A S O Q U E S Ã O C A L D A S E Q U A I S S E U S P R I N C I P A I S I N G R E D I E N T E S ? Caldas de Açúcar Preparo bastante comum na confeitaria e na panificação e que tem por objetivos dar umidade, dulçor, estrutura, brilho, sabor etc. Em geral, caldas de açúcar são preparadas através da mistura e/ou cocção de água+açúcar, porém, outras misturas podem ser feitas no intuito de saborizar ainda mais o preparo. Nesse caso, aromatizantes e saborizantes podem ser adicionados. O uso da água pura é mais rotineiro, embora o açúcar possa ser dissolvido em outros líquidos à base de água. Os dois tipos mais comuns são: calda simples (ou básica) e calda simples aromatizada. Tipos de Caldas de Açúcar CALDA SIMPLES (OU BÁSICA): A calda simples, também conhecida por calda básica, é a mistura de partes iguais entre água e açúcar. Geralmente usada para diluir fondant e como base de preparo de caldas para diversas sobremesas. CALDA SIMPLES AROMATIZADA: A calda aromatizada é a calda simples/básica adicionada de saborizantes ou aromatizante. Geralmente utilizada para umedecer os discos de bolos recheados e também é uma boa base de preparo para diversas sobremesas. Caldas de Açúcar Compreender os pontos de calda de açúcar é primordial para o profissional da confeitaria, uma vez que essa preparação é base de diversos outros preparos e o domínio de sua cocção correta é de grande importância para que o resultado final das preparações seja alcançado como se pretende. Tabelas de Caldas de Açúcar Tabelas de Caldas de Açúcar Tabelas de Caldas de Açúcar Tabelas de Caldas de Açúcar Concentração de Caldas de Açúcar Já que a calda é a mistura de açúcar e água, existe mesmo uma medida correta entre esses dois insumos para a obtenção do ponto correto através da cocção? Já parou pra pensar? Concentração de Caldas de Açúcar A concentração de açúcar se dá em relação ou à quantidade presente na calda em seu estágio inicial ou pelo ponto de vista do quanto esta mesma água já evaporou durante a cocção.Todas as caldas de açúcar passarão por todos os pontos de cocção, entretanto, quando a proporção inicial de água for maior que a parte de açúcar, a calda demorará mais tempo para alcançar os últimos estágios de cocção até chegar ao caramelo. Quanto menor a proporção de água, mais rápido o processo de caramelização. Pontos de Caldas O ponto de calda é o indicador da concentração de açúcar existente na calda. O açúcar é facilmente dissolvido no líquido à base de água, porém, em casos em que a a concentração de açúcar é mais alta, é necessário levar a mistura à cocção, já que as altas temperaturas auxiliam a dissolver o açúcar, acelerando o processo. Além do mais, a água quente tem a capacidade de dissolver uma maior quantidade de açúcar que a água fria. Quanto mais alta a temperatura do líquidosolvente (água), mais rápida é a dissolução do soluto (açúcar). Pontos de Caldas Quanto menor a quantidade de água, maior a temperatura. Logo, não há necessidade de adicionar um volume muito grande água para a produção de uma calda, já que a mesma será evaporada durante a cocção, economizando, assim, o tempo de preparo/trabalho e energia/gás. Obs: Um litro de água (1kg) é suficiente para dissolver entre 3 a 4kg de açúcar. IMPUREZAS DO AÇÚCAR: Ao ferver a calda, é provável que uma camada espumosa comece a se formar em sua superfície. Essa espuma deverá ser removida cuidadosamente. Quanto melhor for a qualidade do cristal de açúcar, menor será a quantidade de espuma formada. Estágios de Cocção de Caldas A melhor maneira de aferir a temperatura de uma calda para ter a certeza do estágio em que se encontra é através de um termômetro específico para calda de açúcar. Antes do uso dos termômetros, o método mais utilizado era o de pingar um pouco de calda em um recipiente com água fria para se verificar a consistência, surgindo assim as denominações dos pontos através de nomenclaturas como "bala mole", "ponto de fio fino", "bala dura", "vidrada" etc. Estágios de Cocção de Caldas Existem diversas tabelas que definem os pontos de calda e fazem relação com suas temperaturas. Entretanto, muitas dessas tabelas possuem informações bem diferentes umas das outras, devendo o confeiteiro sempre optar por seguir a temperatura indicada na fórmula ao invés de se manter atrelado aos nomes dados às temperaturas por diversas fontes. Por que acrescentar água para fazer caramelo? A água possibilita a cocção do açúcar em calor intenso desde o início sem que corra o risco de queimar. Além disso, a água prolonga a cocção, fazendo com que as reações aconteçam de forma que os sabores se desenvolvam melhor do quando o açúcar é aquecido sozinho e muito rapidamente (caramelo seco). Caramelos Caramelização é o nome dado às reações químicas ocorridas quando o açúcar é aquecido à temperatura em que suas moléculas começam a se decompor. Quanto mais o açúcar é cozido, mais ele perde a doçura e mais se torna escuro e amargo. Quando da evaporação da água, restará apenas o açúcar fundido - a temperatura de caramelização da sacarose é 170°C. Reações de Escurecimento x Maillard Nem toda reação de escurecimento de açúcar é decorrente de uma reação de Maillard! A degradação do açúcar puro em decorrência da exposição à altas temperaturas e suas transformações químicas não é suficiente para que ocorra a reação de Maillard. Para que esta reação aconteça, é necessário que haja reação entre moléculas de carboidrato e de proteína. No caso dos caramelos, a referida reação só ocorrerá quando forem adicionados insumos como leite, creme de leite e manteiga, por exemplo. Reação de Maillard e o Açúcar Cocção de leite condensado: Por conter proteínas concentradas e açúcar, o leite condensado adoçado "carameliza" (sofre, na verdade, a reação de escurecimento de Maillard) em temperatura relativamente baixa (ponto de ebulição da água). Com isso, a lata de leite condensado se tornou um dos atalhos prediletos para a produção de doce de leite - esse tipo de atalho é potencialmente perigoso devido à alta pressão produzida pelo ar que se expande dentro da lata. Cristalização e Inversão A CRISTALIZAÇÃO é o resultado do açúcar que, após cocção, retorna ao formato de cristal. É um efeito indesejado quando da produção de doces e sobremesas, estando ligado à problemas técnicos de produção. Alguns doces são produzidos propositalmente para alcançarem o efeito açucarado, entretanto, a famosa expressão "o doce/a calda açucarou", é temida pelos profissionais da confeitaria e terminam por desperdiçar ingredientes e tempo de processos, além de diminuir o "shelf life" dos produtos afetados pelos erros técnicos de preparo. Cristalização e Inversão Cuidados para não açucarar a calda: 1) Não mexa a calda em nenhuma das técnicas de preparo; 2) Durante o cozimento, limpe as laterais da panela com o auxílio de um pincel molhado com água. Jamais encoste o pincel na calda! Não há problema nenhum com a água que escorrerá do pincel para a calda, ela fará com quê o açúcar respingado para as laterais da panela seja dissolvido, evitando a cristalização; 3) Quando levar a panela ao fogo, tampe-a. A água condensada na tampa irá escorrer pelas laterais da panela, fazendo o papel do pincel molhado. Destampe e termine a cocção. Cristalização e Inversão A cristalização é um processo que tende a ocorrer com caldas que possuem alta concentração de açúcar, principalmente após esfriarem. Esse processo também pode ser evitado através da INVERSÃO. A inversão é uma transformação química do açúcar comum (sacarose) em um açúcar resistente à cristalização através da adição de um ácido (como o cremor tártaro ou limão, por exemplo) antes ou durante a cocção da calda. A glucose ou o xarope de glucose também podem ser usados para evitar/controlar a cristalização do preparo. Meu mundo caiu, tá tudo errado! E quando o popular distorce o técnico? A gente aprende a técnica "tecnicamente errada" ou com nome diverso. Sabia que o nosso "crocante" não é praliné? Conheça as diferenças entre "pralin, praliné, praline e nougatine": Pralin: Farofa feita de açúcar caramelado com amêndoas ou avelãs; Praliné: Pasta cremosa feita a partir do pralin - 50% açúcar e 50% oleaginosa (usada como recheio de barras e bombons ou como base para creme de avelã quando adicionado chocolate); Praline: São amêndoas carameladas; Nougatine: Caramelo adicionado de frutas secas e de consitência maleável por ter glucose adicionada. Merengue: técnicas de preparo e aplicação Merengue É a mistura de claras em neve e açúcar batidos. Considerado um dos cremes básicos da confeitaria, é usado para rechear e cobrir bolos e tortas, além de dar leveza e volume a outros tipos de cremes, como o creme de manteiga e outras preparações aeradas (musses e suflês doces), além de suspiros. A relação entre Clara e Açúcar O merengue é uma espuma obtida quando batidos o açúcar com as claras. Ao serem batidas, a albumina presente nas claras forma uma fileira estável de pequenas bolhas de ar, aumentando o volume das claras em até oito vezes. Por sua vez, a função do açúcar é a de dar estabilidade à essa rede formada ao mesmo tempo em que esse mesmo açúcar acaba atrapalhando no ganho de volume, visto que as claras perdem a sua leveza por causa da densidade do açúcar. Cuidados no Preparo de Merengue 1) Gordura: Todos os utensílios e equipamentos utilizados devem estar perfeitamente desengordurados, assim como as claras não podem estar com partículas de gema (gordura). A gordura impede que as claras espumem como devem; 2) Temperatura: Claras em temperatura ambiente têm melhor desempenho que geladas. Para que espumem como devem, retire os ovos da geladeira 1 hora antes; Cuidados no Preparo de Merengue 3) Batimento: Só bata o suficiente! A clara (em neve) deve manter sua característica úmida e brilhante, assim como o resultado final do merengue - se batido demais, ficará quebradiço e com aparência seca; 4) Formação de espuma: Ácidos leves ajudam na formação de espuma. Cremor de tártaro um pouco de suco de limão acrescentado às claras ajudam a dar mais estabilidade e volume - usar em média 15g de cremor de tártaro por kg de claras. Se liga no Merengue! 1) Para colorir: deve-se usar corante à base de água, pois corantes à base de gordura desestruturam o merengue; 2) Variações de merengue: o merengue pode ser saborizado com baunilha, chocolate em pó (25% do total da fórmula), pasta e suco de frutas etc; 3) Consistências: A quantidade de açúcar nos merengues pode ser alterada. Para merengues moles, usados em coberturas (de sobremesas, bolos e tortas) as quantidades de açúcar e água podem ser iguais. Já para merengues mais consistentes, utilizados em produtosassados como os suspiros, a quantidade de açúcar deve ser o dobro da de água para manterem seu formato mesmo após toda a evaporação da água - claras são formadas por cerca de 85% de água. Tipos de Merengue Os merengues são divididos em três categorias: 1) Francês 2) Suíço 3) Italiano Merengue Francês O merengue francês, também conhecido como merengue comum, é feito à base de claras de ovos em temperatura ambiente batidas com açúcar. É relativamente estável em razão da alta quantidade de açúcar, mas devem ser utilizados o quanto antes. Técnica de Preparo: As claras em neve são batidas com metade do açúcar até que quadrupliquem o seu volume. Só após o restante do açúcar deve ser adicionado pouco a pouco. Através desse procedimento é possível garantir que o açúcar se dissolva por completo e evite a produção de um merengue granuloso. Merengue Francês Deve ser assado, não pode ser consumido cru, devido ao risco de contaminação por salmonella, já que durante a sua técnica de preparo a mistura de claras e açúcar não passou por cocção - exceção: se for preparado com claras pasteurizadas. Uso: Ideal para fazer suspiros, cobertura de sobremesas tradicionais que vão ao forno etc. Merengue Suíço O merengue suíço é feito da mistura de claras e açúcar, aquecidos em banho-maria e batido para que ganhe estabilidade e volume. É uma técnica de preparo intermediária - entre o francês e o italiano. Técnica de preparo: As claras são levadas ao banho-maria com o açúcar até atingirem 60°C. A tigela com a mistura de claras e açúcar não deve tocar na água quente e deve ser mexida constantemente para que o açúcar se dissolva por completo e as claras não coagulem. Após, o xarope de claras deve ser batido até resfriar. Uso: Pode ser aplicado em bolos, tortas, recheios etc. Merengue Italiano O merengue italiano é feito a partir do acréscimo de calda de açúcar às claras batidas em neve. É considerado o mais estável e denso entre os merengues. Técnica de preparo: As claras são batidas em neve e a calda de açúcar é acrescentada em fio à 121°C, com a batedeira em movimento. A mistura deve ser batida até resfriar. Uso: Pode ser aplicado em bolos, tortas, recheios etc.
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