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Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 1 Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II Propagação do PA Liberação de Ca2+ Terminal axonal pré-sináptico libera ACh dos receptores nicotínicos da placa motora do m. esquelético, promovendo a abertura dos canais de Na+ dependentes de voltagem (entrada de Na+) e de canais de K (saída de K e, logo, depolarização. Com isso, há propagação do impulso nervoso bidirecionalmente, via PA, do neurônio pré-sináptico para o sarcolema e os túbulos T da fibra muscular. Com a despolarização dos túbulos T (pouco desenvolvido - não possui Ca2 no m. esquelético), o receptor DHP (di-hidropiridina) é ativado e ativa o receptor de rianodina, que está ligado ao retículo sarcoplasmático e promove a abertura dos canais de Ca2 e, logo, a saída de Ca2 para o meio intracelular. Por fim, o Ca2 age nas miofibrilas (troponina C para a contração muscular. No m. cardíaco O PA tem início no nó sinoatrial, percorre o feixe de Bechmann e os ramos internodais, chega no nó AV, passa para o feixe de Hiss e para as fibras de Purkinje. Na fibra muscular cardíaca, o PA trafega pela membrana e pelos túbulos T (possui muco polissacarídeo, que atrai Ca2, o qual possui um canal de Ca2 que é ativado/aberto por esse PA. Com a abertura dos canais de Ca2 dos túbulos T, há entrada de Ca2, proveniente do meio extracelular, para o interior da célula muscular cardíaca. O Ca2 age nas miofibrilas (troponina C para a contração muscular e ativa receptores de rianodina, promovendo a saída de Ca2 do retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma e a contração muscular. Além disso, o Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 2 Ca2 intracelular promove um feedback positivo nos receptores de rianodina (mais Ca2 sai). obs.: retículo sarcoplasmático da fibra cardíaca é menos desenvolvido do que o da fibra esquelética, logo, não possui tanto Ca2 intracelular. O Ca2 extracelular, então, é o principal a promover a contração cardíaca → importância de ter ótimos níveis séricos de Ca2. No relaxamento muscular, com a diminuição da propagação do PA, os receptores de rianodina se fecham (sem não tem mais estímulo de Ca2 e a SERCA2 (bomba de Ca2 do retículo sarcoplasmático) é ativada e bombeia ativamente o Ca2 utilizado para o interior do retículo sarcoplasmático. Ademais, parte do Ca2 também é bombeado para fora da célula, via trocador sódio-cálcio NCX - pode ser rearmazenado no túbulo T. Nesse processo, o Na+ que entra (com a saída de Ca2 pelo NCX é removido para o meio extracelular pela bomba de Na+ e K - gera gradiente de Na+, que tende a entrar na célula novamente pela NCX e tirar mais Ca2. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 3 ex.: DIGOXINA (inotrópico positivo) → promove o aumento da força de contração cardíaca → inibe a bomba de Na+ e K, o que impede a formação de um gradiente de Na+ do meio extra para o intracelular e, logo, o trocador NCX não consegue gerar a entrada de Na+ e saída de Ca2 para o relaxamento cardíaco = aumento da Ca2 intracelular = aumento de saída de Ca2 do retículo sarcoplasmático = aumento da força de contração. PA e suas condutâncias Ritmicidade cardíaca e seus PA M. CARDÍACO → padrão de despolarização rápido, com platô de despolarização e potencial de membrana em repouso 85mV; NÓ SA → padrão de despolarização lento, sem platô de despolarização e potencial de membrana em repouso 60mV. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 4 FASE 0 (FASE DE DESPOLARIZAÇÃO RÁPIDA) = repouso e despolarização da membrana 85mV; aumento da permeabilidade ao Na+ (abertura dos canais de Na+ dependentes de voltagem e influxo de Na+) e levemente do Ca2 (canais de Ca2 do tipo L - lento - CaL; FASE 1 (REPOLARIZAÇÃO TRANSITÓRIA) = pico da despolarização 20mV e leve repolarização (transitória); diminuição da permeabilidade ao Na+ e Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 5 abertura transitória de canais de K (canais de K transitórios); FASE 2 (PLATÔ DO PA) = platô do PA; diminuição da permeabilidade ao K (canais transitórios fechados, mas Ks abertos) e aumenta da permeabilidade ao Ca2 (influxo de Ca2 extracelular na célula para contração via canais CaL; FASE 3 (REPOLARIZAÇÃO) = repolarização; aumento da permeabilidade ao K (saída de K - canais Kr (rapid) e Ks (slow) - "retardados" - e K1 e diminuição da permeabilidade ao Ca2 (canais se fecham); FASE 4 (POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO) = volta ao repouso; aumento da permeabilidade ao K por canal K1/retificador de influxo obs.: limiar de excitabilidade = 60/65mV. obs.: HIPOCALEMIA (diminuição de K na corrente sanguínea) = canais K1 se fecham e impedem a saída de K da célula → muitas cargas + na fibra → muita despolarização → muitas contrações → infarto do miocárdio. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 6 Período refratário do miocárdio INFLUXO = representada para baixo; EFLUXO = representada para cima. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 7 PERÍODO REFRATÁRIO ABSOLUTO → comportas de inativação dos canais de Na+ voltagem dependentes fecham o canal, devido à determina voltagem → NÃO HÁ NOVO PA FASE 1 e 2; PERÍODO REFRATÁRIO RELATIVO → comportas de ativação dos canais de Na+ voltagem dependentes fecham o canal, mas podem se abrir → POSSIBILIDADE DE NOVO PA FASE 3. Geração e condução do estímulo do nó SA (NSA) NÓ SA → padrão de despolarização lento, sem platô de despolarização e potencial de membrana em repouso 60mV. Limiar de excitabilidade = 60/65mV. Como o limiar de excitabilidade é semelhante ao potencial de membrana em repouso do NSA, esse possui canais catiônicos abertos o tempo todo, promovendo a entrada de Na+ na célula e a despolarização lenta (padrão de despolarização lento), até gerar PA. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 8 PP = período pré-potencial AP = período de potencial de ação (despolarização e repolarização) MDP = período de potencial diastólico máximo (ponto máximo de repolarização) ALTERAÇÕES: PP mais curto (mais inclinado) = aumento da FC PP mais longo (mais reto) = diminuição de FC Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 9 NSA não possui fases 1 e 2. FASE 4: Não há repouso, há despolarização lenta. CORRENTES FUNNY → presentes em células autoexcitáveis (autodespolarização); ativadas assim que a célula atinge MDP; correntes de influxo de Na+ (maior) e efluxo de K (menor; voltagem 65mV próxima ao potencial de equilíbrio do potássio) -são canais catiônicos; presente até despolarização de 50mV → depois, há abertura de canais de Ca2 voltagem dependentes (canal de Ca2 do tipo T - lento). FASE 0: DESPOLARIZAÇÃO → canais CaL favorecem a despolarização - entrada de Ca2. FASE 3: REPOLARIZAÇÃO → aumento das correntes Kr e Ks (saída de K; pode ser alterado por canais de K dependente de ACh (fica mais negativo). Alterações da FC provocadas pela alteração do potencial do marcapasso: SNA Efeitos simpáticos Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 10 EFEITO CRONOTRÓPICO POSITIVO → aumento da FC; aumento das correntes funny e de CaT; PP mais inclinado; EFEITO DROMOTRÓPICO POSITIVO → aumento da condutância do sistema condutor (mais contração e mais rápidas); aumento das correntes de CaL no NAV; fase de despolarização de AP 0 mais inclinado EFEITO INOTRÓPICO POSITIVO → aumento da força de contração cardíaca; PKA fosforila canais CaL que promoverão o influxo de Ca2 - sensibiliza receptores de rianodina e saída de Ca2 do RS; PKA fosforila mais receptores de rianodina - mais Ca2 saindo do RS; aumento do Ca2 intracelular. EFEITO LUSITRÓPICO POSITIVO → aumento na recaptação do Ca2 via RS e diminuição da interação do Ca2 com a troponina C (relaxamento muscular); PKA fosforila proteína fosfolamban (sua função é inibir a SERCA2 que deixa de inibir a SERCA2 e, logo, aumenta a recaptação de Ca2 pelo RS; diminuiçãoda interação do Ca2 com a troponina C; PKA diminui a interação do Ca2 com a troponina C; PKA aumenta a atividade da bomba de Na+ e K, favorecendo o trocador NCX e a saída de Ca2 da célula; relaxamento muscular. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 11 Efeito parassimpático EFEITO CRONOTRÓPICO NEGATIVO → diminuição da FC; diminuição das correntes funny e de CaT; PP mais reto - diminui a vel. de despolarização; EFEITO DROMOTRÓPICO NEGATIVO → diminuição da condutância do sistema condutor; ativação de um canal de K dependente de ACh - mais saída de K e célula em maior tempo de repolarização MPD em valores mais negativos); hiperpolarização da célula; EFEITO INOTRÓPICO NEGATIVO → diminuição da força de contração cardíaca; diminui o influxo de Ca2 via CaL durante a despolarização; diminui o Ca2 intracelular; diminui a força de contração (mas não atua tanto quanto o simpático). EFEITO LUSITRÓPICO NEGATIVO → aumento na recaptação do Ca2 via RS; PKA não diminui a interação de Ca2 e troponina C; Gi diminui APMc e PKA; não há fosforilação de proteína fosfolambano, que inibe a SERCA2; diminui a recaptação de Ca2 via RS; diminui a velocidade de relaxamento muscular. Bases do eletrocardiograma (ECG) ECG = registro indireto da atividade elétrica cardíaca. Célula cardíaca gera PA, que gera dipolo - parte da membrana está despolarizada (+) e parte não (ocorre gradualmente); dois pontos muito próximos com cargas elétricas opostas. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 12 Dipolo criado no coração gera um campo elétrico que é captado pelo ECG. Propagação do estímulo e o ECG Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 13 ECG - COMPOSIÇÃO: ONDA P → despolarização atrial. COMPLEXO QRS → despolarização ventricular. ONDA T → repolarização ventricular. INTERVALOS E SEGMENTOS: INTERVALO PR SEGMENTO PR INTERVALO QRS SEGMENTO ST INTERVALO QT INTERVALO ST PA é deflagrado pelo nó SA, passa pelos átrio e chega no nó AV. Após alguns momentos, o PA é propagado pelo feixe de His, ramos de Tawara e fibras de Purkinje. A despolarização do nó AV é pequena e não é captada pelo ECG = SEGMENTO ISOELÉTRICO PR. Contração ventricular gera outro SEGMENTO ISOELÉTRICO ST. Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 14 ALTERAÇÕES: Grande fração do intervalo PR indica alteração na passagem do impulso pelo NAV; QRS prolongado pode indicar bloqueio nas vias de condução ventricular (ex.: bloqueio de ramo E ou D; Desvios significativos de linha isoelétrica ST podem indicar danos isquêmicos (ex.: IAM; Duração do intervalo QT varia inversamente proporcional a FC; Ondas T anormais podem indicar dano miocárdico, distúrbios eletrolíticos ou hipertrofia cardíaca. Defeitos na condução do impulso Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 15 DEFEITOS DE BLOQUEIO Lesão miocárdica não deixa PA trafegar por aquele local. PA chega atrasado no tecido por outra área. Pode gerar aumento no intervalo QRS. DEFEITOS DE REENTRADA Arritmia cardíaca - ritmo cardíaco anormal. Região lesada do m. cardíaco pode transmitir o PA, mas de forma retardada. PA chega atrasado por outra via e, por meio do local lesado, pode trafegar lentamente de volta para seu local de origem (outro potencial é gerado - "reentra"). Defeitos na formação do impulso ARRITMIAS POSSÍVEIS: AUTOMATICIDADE ALTERADA Eletrofisiologia cardíaca e o sistema condutor II 16 ATIVIDADE DEFLAGRADA → pode gerar pós-despolarização precoce PDP ou tardia PDT PDP ocorre no período refratário relativo; geralmente, relacionada com fármacos antiarrítmicos (quinidida), que prolongam o PA PDT - despolarização atrasada; geralmente, relacionada com as Ca2 intracelular Síndrome do QT Longo (SQTL) Relacionada com o PDP. Possui intervalo QT prolongado e pós-potencial precoce → retardo na repolarização do ventrículo. Pode levar à parada cardíaca. Canais de K e Na+ alterados por mutações genéticas (se for adquirido, apenas alteração em canais de K.
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