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O diabetes mellitus é um grupo de doenças caracterizado por concentrações sanguíneas elevadas de glicose, resultantes de defeitos na secreção de insulina ou da sua ação. A insulina é um hormônio produzido pelas células beta do pâncreas (única célula do organismo que produz a insulina), que é necessária para o uso ou armazenamento dos macronutrientes. Os indivíduos com um estágio de homeostase da glicose prejudicada, que inclui GJA e TGD, são muitas vezes diagnosticadas com pré-diabetes, indicando seu risco relativamente alto para o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares. A perda de peso é uma meta importante, em casos de sobrepeso/obesidade, já que níveis altos de gordura dietética tem relação com maior resistência à insulina. A ingestão de cereais integrais e fibras está associada a um menor risco de desenvolver diabetes. O consumo de cereais integrais está associado a uma melhora na sensibilidade à insulina, independente do peso corporal e, a ingestão de fibras também está associada a uma melhora na sensibilidade à insulina, além do aumento na capacidade de secretá-la melhor para superar essa resistência. Diabetes é classificado em 2 tipos: Diabetes tipo 1; Diabetes tipo 2; No diabetes tipo 1, é quando ocorre a destruição das células B-pancreáticas, levando a deficiência absoluta de insulina. Sintomas: Hiperglicemia; Poliúria – micção (urina) excessiva; Polidipsia – sede excessiva; Perda de peso; Desidratação; Distúrbio eletrolítico; Complicações: Cetoacidose. Doenças macrovasculares (doença cardíaca coronariana, doença vascular periférica e doença cerebrovascular); Doenças microvasculares (retinopatia e nefropatia); Neuropatia. A taxa de destruição das células beta é variável, podendo ocorrer rapidamente em bebês e crianças e lentamente em adultos. O DM tipo 1 representa cerca de 5-10% dos casos diagnosticados. Os indivíduos com DM tipo 1, dependem da insulina exógena para evitar cetoacidose e morte. Esse tipo apresenta duas formas: Autoimune e idiopático. O autoimune, resulta da destruição autoimune das células B do pâncreas. Os marcadores de autoimunidade são os autoanticorpos anti-insulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65), antitirosina-fosfatases (IA2 e IA2B) e antitransportadores de zinco (Znt) (1ª). O idiopático, corresponde a minoria dos casos e caracteriza-se pela ausência de marcadores de autoimunidade contra as células beta e não associação a haplótipos do sistema HLA (antígeno leucocitário humano). Os indivíduos com essa forma de DM, podem desenvolver cetoacidose e apresentam graus variáveis de deficiência de insulina. Os fatores de risco para DM1 podem ser genéticos, autoimunes e ambientais. Fisiopatologia O DM1 precoce é identificado pelo surgimento de autoimunidade ativa direcionada contra as células beta- pancreáticas e seus produtos. Em torno de 90% dos pacientes com diagnóstico de DM1, apresentam um ou mais anticorpos para as células das ilhotas circulantes, a insulina endógena ou outros antígenos que são constituintes das células das ilhotas. Os anticorpos identificados na destruição das células beta são: Autoanticorpos das células das ilhotas; Autoanticorpos de insulina; Anticorpos contra a tirosina fosfatase (IA2 e IA2B); Autoanticorpos contra descarboxilase do ácido glutâmico (DAG); Infecções virais e exposição a antígenos vem sendo associadas, por mimetismo molecular, que em indivíduos com predisposição genética, pode desencadear o processo autoimune. Terapia nutricional Sabe-se que o tratamento clínico para pacientes com DM1 é a insulina. A nutrição pode auxiliar da seguinte forma: Integra o regime de insulina na rotina da alimentação e atividades físicas; Ajusta a dose de insulina antes da refeição com base nas proporções de insulina para carboidrato; Alimentação individual para evitar o ganho de peso em excesso; Intervenção nutricional cardioprotetora. O DM2 é a forma presente em 90-95% dos casos diagnosticados e caracteriza-se por defeitos na ação e na secreção de insulina. Ambos os efeitos estão presentes quando a hiperglicemia se manifesta. Nesse caso, os pacientes não dependem de insulina exógena, porém podem necessitar de tratamento com insulina para obter controle metabólico. Fatores de risco Dentre os fatores de risco para DM2 estão os fatores genéticos, ambientais, história familiar de diabetes, idade avançada, obesidade, histórico anterior de diabetes gestacional e pré-diabetes e, etnia. Sintomas Hiperglicemia; Fadiga; Sede excessiva; Micção frequente; Complicações Padrões anormais da secreção e ação da insulina; Captação celular diminuída de glicose e glicose pós-prandial elevada; Liberação elevada de glicose pelo fígado; Obesidade central; Hipertensão; Dislipidemia. Fisiopatologia No DM2, há a resistência à insulina nas células, que gera um aumento da demanda de síntese da insulina na tentativa de compensar o déficit em sua ação. Inicialmente, por conta disso, há um hiperinsulinismo, sendo representada pela acantose. A manutenção desse quadro, causa uma exaustão das células beta pancreáticas, explicando parcialmente o déficit na secreção da insulina, quando a doença já está avançada. O hipoinsulinismo relativo, devido a produção insuficiente para a alta demanda sistêmica, não consegue manter os níveis glicêmicos normais, e portanto, há uma hiperglicemia persistente. Terapia nutricional A TN requer uma abordagem individual e educação nutricional para um autocontrole nutricionalmente efetivo. Os objetivos da TN para diabetes enfatizam o papel do estilo de vida na melhoria do controle glicêmico, perfil lipídico e lipoproteico e, da pressão arterial. Para estabelecer as necessidades nutricionais do indivíduo, o primeiro passo é realizar uma avaliação nutricional detalhada, incluindo antropometria com avaliação da proporção entre massa magra e adiposa, determinação do IMC e circunferência abdominal. Além da avaliação do consumo alimentar e a avaliação dos exames bioquímicos. O consumo contínuo de dietas e alimentos ricos em colesterol e gorduras (ácidos graxos saturados e trans), está associado à inflamação e redução da sensibilidade à insulina. O plano alimentar deve fornecer um valor energético total (VET) compatível com a obtenção ou manutenção do peso corporal desejável. Para portadores de DM obesos, a dieta deve ter uma redução energética, com o objetivo de promover perdas ponderais de 0,5-1Kg por semana. Recomenda-se não utilizar dietas com valor energético inferior a 800Kcal, pois, não são efetivas para a redução de peso e não contemplam as recomendações nutricionais. Carboidratos Recomenda-se a ingestão de carboidratos, entre 45-60% do VET, monitorados por meio de quantidades fixas por refeição, quando em uso de antidiabéticos orais e/ou doses constantes de insulina, e por contagem de carboidratos, quando em insulinização intensiva. A quantidade total de carboidratos ingeridos em uma refeição, independemente de se a maior fonte é amido ou sacarose, é a principal determinante dos níveis de glicose. Os amidos são rapidamente metabolizados em 100% de glicose durante a digestão, ao contrário da sacarose, que é metabolizada em aproximadamente 50% de glicose e aproximadamente 50% de frutose. Embora diversos fatores influenciem a reposta glicêmica aos alimentos, o monitoramento do total de gramas dos carboidratos, seja pelo uso da contagem de carboidratos, das trocas ou da estimativa combase na experiência, permanece uma estratégia-chave no alcance do controle glicêmico. Nas pessoas com DM1 e 2, que ajustam suas doses de insulina com o horário das refeições ou que fazem a terapia com bomba de insulina, as doses de insulina devem ser ajustadas para combinarem-se com a ingestão de carboidratos, conhecida como “proporções insulina para carboidratos”. Na contagem de carboidratos, as porções de alimentos que contribuem com 15g de carboidratos são consideradas como uma porção de carboidratos. Consumir alimentos que contenham de 25- 30g de fibras por dia, principalmente as fibras solúveis, é recomendado como parte da terapia nutricional cardioprotetora. As ingestões de sacarose de 10-35% da ingestão de energia total não tem efeito negativo sobre as respostas glicêmicas ou lipídicas, quando substituídas por quantidades isocalóricas de amido. Os adoçantes com redução energética aprovados pelo U.S. Food and Drug Administration (FDA), incluem os açúcares alcoólicos: eritritol, sorbitol, manitol, xilitol, isomalt, lactitol). Sacarina, aspartame, neotema, acessulfame de potássio e sucralose são adoçantes não nutritivos. Proteínas Aminoácidos também são estimuladores da secreção de insulina, e a ingestão diária de 15-20% do VET a partir de proteínas, não aumenta a glicemia em portadores de DM controlados. Porém, não é indicado o consumo de dietas com alto teor proteico e baixo teor de carboidratos. Lipídeos Os ácidos graxos saturados (SFA) induzem maior síntese e secreção de insulina do que os ácidos graxos monoinsaturados (MUFA). No pós-prandial tardio, os SFA promovem aumento mais acentuado de ácidos graxos livres circulantes e da resistência periférica à insulina do que MUFA. A exposição prolongada e crônica das ilhotas pancreáticas ao ácido palmítico (SFA), prejudica a secreção de insulina estimulada pela glicose, levando gradual e progressivamente à deterioração da habilidade da célula beta em secretar insulina. O ácido oleico (MUFA), protege as células beta, atenuando o efeito pró-apoptótico do ácido palmítico, o que sugere que a resposta insulinêmica elevada no pós- prandial melhore progressivamente com o aumento de MUFA e redução de SFA na dieta diariamente. Menos de 10% da ingestão energética diária deve ser derivada de gorduras saturadas e indivíduos que apresentam fração LDL-c maior ou igual a 100mg/dL podem se beneficiar reduzindo a ingestão de gordura saturada para menos de 7% do VET. A ingestão de poli-insaturados deve ser de aproximadamente 10% do VET e a série ômega-3 pode ser benéfica, em especial no tratamento da hipertrigliceridemia grave em pessoas com DM2. É aconselhável aumentar a quantidade de ácidos graxos monoinsaturados, na hipertrigliceridemia ou quando a fração HDL-c for inferior ao desejável. A ingestão de colesterol deve ser menos que 300mg/dia. Os ácidos graxos trans devem ser evitados, já que aumentam os níveis de LDL-c e de triacilgliceróis e, reduzem o HDL-c. Vitaminas e Minerais Minerais como zinco, cromo, magnésio e potássio estão relacionados à homeostase glicêmica, e deficiências desses nutrientes podem agravar o quando de intolerância à glicose. A deficiência de vitamina D, está associada a redução da secreção de insulina pelas células beta e tem-se a presença da resistência à insulina. A ingestão de sódio deve ser limitada a 5g por dia, controlando a adição do sal de cozinha e evitando os alimentos ultraprocessados. Bebidas alcoólicas A ingestão alcoólica acima de 3 doses diárias aumenta a incidência de DM2. No fígado, a enzima álcool-desidrogenase é a principal via de oxidação do álcool em acetaldeído e depois em energia. O álcool não é convertido em glicose, bloqueia a gliconeogênese e potencializa os efeitos da insulina, levando à hipoglicemia. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a ADA (Associação americana de diabetes), deve ser limitado a uma dose/dia ou menos para mulheres e duas doses/dia para homens, evitando-se o consumo diário. Uma dose equivale a 15g de álcool e representa, 350ml de cerveja; 150ml de vinho e 50ml de bebida destilada. As duas complicações agudas relacionadas ao diabetes, são: Hipoglicemia; Cetoacidose diabética devido a hiperglicemia; Hipoglicemia Nível de glicemia abaixo de 70mg/dL. Baixo valor sanguíneo de glicose, é um efeito colateral comum da insulinoterapia. Os sintomas autônomos surgem da ação do sistema nervoso autônomo e são os primeiros sinais de hipoglicemia leve. Os sintomas adrenérgicos incluem tremores, sudorese, palpitações, ansiedade e fome. Os sintomas neuroglicopênicos, relacionados ao fornecimento insuficiente de glicose ao cérebro, podem também ocorrer em níveis sanguíneos de glicose similares aos dos sintomas autônomos, além da lentificação no desempenho e dificuldade de concentração e leitura. A medida que os níveis de glicose caem, os seguintes sintomas ocorrem: Confusão mental; Desorientação; Dificuldade na fala; Comportamentos irracionais; Fadiga excessiva; Letargia; Convulsões; Inconsciência. O tratamento da hipoglicemia requer ingestão de glicose ou alimentos que contenham carboidratos. A ingestão de 15-20g de glicose é um tratamento efetivo, porem temporário. A glicemia deve ser medida novamente após 1 hora da administração de glicose. Também existe a forma de administrar carboidratos líquidos ou sólidos. Caso o indivíduo esteja incapaz de deglutir, pode ser necessária a administração intramuscular de glucagon. Hiperglicemia e Cetoacidose diabética A hiperglicemia (níveis altos de açúcar no sangue), pode levar à cetoacidose diabética (CAD), uma complicação reversível, porém caracterizada por desequilíbrios graves no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos. A CAD é resultante da quantidade insuficiente de insulina para o uso de glicose. Como resultado, o corpo depende de lipídeos para o fornecimento de energia e as cetonas são formadas. Ela é caracterizada por glicemia levada maior que 250mg/dL e presença de cetonas no sangue e na urina. Os sintomas incluem: poliúria, polidpsia, hiperventilação, desidratação, odor cético e fadiga. Se não tratada, a CAD pode levar ao coma e à morte. O tratamento inclui insulina suplementar, reposição de fluidos e eletrólitos e monitoramento clinico. Hipoglicemia de origem não diabética A hipoglicemia de origem não diabética foi definida como uma síndrome clínica com diversas causas na qual os baixos níveis plasmáticos de glicose podem levar à neuroglicopenia. Complicações tardias Doenças macrovasculares: Dislipidemia; Hipertensão; Doenças microvasculares: Nefropatia; Retinopatia;
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