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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS SAÚDE DA MULHER II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Sangramentos da Segunda Metade Descolamento prematuro da placenta: descolamento espontâneo total ou parcial da placenta a partir de 20 semanas de gestação ou durante o primeiro (dilatação) ou segundo (expulsivo) período do parto Fisiopatologia: hemorragia na decídua basal gerando um hematoma que vai separar a placenta do útero, comprimindo cada vez mais. Então esse coágulo que começa a se formar vai dissecando e separando a placenta da camada da decídua basal onde era o endométrio e vai formando um grande lago venoso que vai fazer com que a função de troca fique prejudicada e separando a placenta do útero. No doppler: ver uma quantidade de sangue significativa entre a placenta e a cavidade endometrial. Epidemiologia: ocorrem em 1 a 2% das gestações com alto índice de mortalidade materna (1%) e perinatal (15/20%). O risco de recorrência é de 10 vezes. Etiopatogenia: - Síndromes hipertensivas: principal causa, que constitui mais ou menos 50% dos casos → aumenta-se o fluxo de repente, formando um lago venoso que coagula e disseca a placenta - Fatores mecânicos: quedas, acidentes, distensão, deslocamento, trauma (descompressão intra-uterina busca) - Tabagismo e abuso de drogas (cocaína e crack fazem pico hipertensivo) - Deficiência nutritiva - ácido fólico - Movimentação fetal excessiva e cordão umbilical curto (menos de 30cm): tracionamento pode desencadear o descolamento - Multiparidade - Trombofilias Complicações: - Maternas: hemorragia e coagulopatia (depende do tempo que o coágulo está retido) - Fetais: depende do grau da separação placenta/útero, cada vez há menos troca, oxigenação, podendo levar a acidose e evoluindo com a morte. Diagnóstico: dor abdominal súbita e intensa, hipertonia/taquissistolia uterina (duro e não relaxa ou aumento de contrações), sangramento genital - coagulopatia, à ausculta do bebe pode haver sofrimento/morte fetal, Formas Clínicas: hemorragia externa clássica, hemorragia interna (oculta), obstrução do colo pela parte em apresentação Tipos: I. Diagnóstico após o parto, coágulos fazendo crateras no leito placentário → parto corre normalmente e só se descobre depois II. Sangramento externo + hipertonia discreta → fica-se de prontidão e se faz a monitorização III. Sangramento externo abundante + sofrimento fetal ou morte → resolver pela via mais rápida IV. Hemorragia retroplacentária, hipertonia e morte fetal → perda do feto, aumento da mortalidade… OBS: Útero de Couvelaire → miométrio repleto de sangue que se infiltra, separando as fibras o que gera dificuldade na contração (não fecha os vasos), ficando relaxado e sangrando abundantemente. Muitas vezes perde-se o bebê, o útero e há grande risco de morte. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS SAÚDE DA MULHER II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Tratamento: urgência absoluta na mulher grávida. Deve-se considerar a extensão, a mãe, o feto e a idade gestacional. Deve-se fazer a estabilização materna e resolução do parto ao mesmo tempo, se quase nascendo amniotomia, se não, rompe a bolsa e opera, parto vaginal se for iminente e tratar as complicações como hemorragia e atonia uterina. - CIVD: tem-se o consumo rápido de fibrinogênio por causa do hematoma e uma liberação rápida de tromboplastina placentária. Isso tudo culmina em uma coagulopatia precoce. OBS: perda sanguínea estimada → com perda fetal e sinais clínicos de hipovolemia podem significar perda volêmica de 2000 a 3000 ml de sangue. Placenta Prévia: a placenta se interpõe entre o polo cefálico/pélvico (dependendo da apresentação) e o colo uterino. Ocorre em 1:200-250 das gestações, sendo mais comum em multíparas (1:20) do que em primíparas (1:1500). 90% das placentas com implantação baixa serão normais na avaliação da 30 semana, mas a medida que o útero cresce a placenta "sobe". É a principal causa de sangram Etiopatogenia: - anormalidades do ovo - anormalidades do endométrio, principalmente cicatrizes cirurgias prévias (placenta adere) Fatores de Risco: parto cesáreo prévio (4-8%), tabagismo, multiparidade, curetagem e cirurgia prévia, gemelaridade (grande). Complicações: hemorragia materna, anemia, dificuldades cirúrgicas no parto, acretismo placentário, prematuridade → Tipos: - Placenta prévia central ou total: oclui totalmente o colo - Placenta prévia parcial: oclui parcialmente o colo - Placenta prévia marginal: chega ao colo mas não oclui - Inserção baixa da placenta Diagnóstico: US e RNM para ter certeza e identificar a placenta e sua localização, além de observar se ela invade outras estruturas. Apresentação clínica: sangramento vivo, início e cessar súbito e repetitivo, ausência de dor, tônus uterino normal e ausência de sofrimento fetal. Diagnóstico se confirma pela propedêutica. Acretismo placentário: anormalidades da placentação, pode apresentar hematúria, hematoquesia… A placenta pode ser: - Acreta: ausência completa ou parcial da decídua basal e da camada esponjosa - Increta: As vilosidades coriais ultrapassam as camadas da decídua e invadem o miométrio - Percreta: as vilosidades coriais invadem e ultrapassam a serosa uterina Conduta: Assintomáticas ou com sangramento discreto: Repouso e abstinência sexual, avaliação periódica do hemograma, suplementação de ferro. Com sangramento importante: hospitalização e transfusão sanguínea Tocolíticos: usados em casos de hemorragia e contrações em idade gestacional precoce, progesterona (?) Via de Parto: - PP total: cesariana - PV se borda placentária a mais de 2 cm do OI (USRV >36 semanas) FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS SAÚDE DA MULHER II GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A - Placentas anteriores + cesária prévia = risco de acretismo - Se sangramento importante e <34 sem = transfusão, estabilização 48h e corticóide - Lembrar de se sangramento intenso fazer imunoglobulina anti RhD a cada 12 semanas Rotura Uterina: é emergência obstétrica com expressiva morbimortalidade materna e fetal, na qual ocorre lise dos músculos da parede do útero durante a gravidez ou parto. Têm ocorrência mais exacerbada após 28 semanas e durante o parto e sua incidência é de 1 : 2.500 partos. Os fatores etiológicos mais frequentes são: - Hipercontratilidade uterina por uso indiscriminado de ocitocina e prostaglandinas. - Cesariana anterior (principalmente com histerotomia corporal). - Cirurgias pélvicas anteriores (0,3-1,7%) - Traumatismos abdominais. - Manobras de versões internas e externas - Multiparidade - Trabalho de parto prolongado Complicações: hemorragia com anemia, rotura vesical, histerectomia e morte. Sinais: De iminência → mostra sinais característicos como as contrações subentrantes intensas e excessivamente dolorosas. - Sinal de Bandl (útero em ampulheta), - Sinal de Frommel (retesamento dos ligamentos) De rotura uterina incompleta → é precedida dos sinais de iminência de rotura uterina e diagnosticada no momento da cesárea, quando se visualizam partes fetais através do peritônio visceral íntegro. ● De rotura uterina completa: - Dor muito intensa e lancinante na região hipogástrica, seguida de alívio doloroso transitório. - Deformação abdominal, mostrando útero vazio e feto presente na cavidade abdominal. - Sinais de choque hipovolêmico consequente à hemorragia e irritação peritoneal. - Paralisação do trabalho de parto (parada das contrações uterinas). - Sinal de Clark: crepitação à palpação do abdome, devido à entrada de ar na cavidade abdominal através do fundo de saco vaginal. - Sinal de Recaséns: indica subida da apresentação. Não se consegue tocar o colo uterino. Esse sinal está presente, principalmente após a 28 semana de gestação. Tratamento: cirúrgico e a conduta dependerá das características da rotura e poderá varias desde uma simples sutura (histerorrafia) até histerectomia. Nos casos de histerectomia, a mais indicada é a subtotal, devido ao mínimo tempo cirúrgico e ao baixo risco de complicações, tais como ligadura do ureter, lesões de bexiga e intestinais.Rotura Vasa Prévia: o cordão umbilical sai na periferia da membrana ao invés de centralmente. Ocorre em 1:3000 gestações e o risco de morte fetal no momento da amniotomia é de 50%. A mortalidade fetal da vasa prévia não diagnosticada aproxima-se de 60% e, por isso, o diagnóstico deve ser feito precocemente pela ultrassonografia com doppler. A via transvaginal favorece a observação de vasos sobre o colo e na frente da apresentação fetal. A realização de cesariana eletiva após confirmação, antes do início do trabalho de parto e da rotura de membranas, evita o rompimento da vasa prévia. Os casos de rompimento são pouco comuns e consistem em grandes hemorragias e óbito fetal. Normalmente ocorre lesão da artéria umbilical. Se a lesão for de apenas uma artéria, a circulação fetal poderá ser mantida pela outras artéria e o diagnóstico poderá ser precoce, levando à antecipação do parto e evitando-se o decesso fetal. Rotura de Seio Marginal: o seio marginal da placenta é formado pela borda periférica do corpo placentário (espaço interviloso), que circunda toda a placenta, coletando sangue venoso materno. O diagnóstico é de exclusão e se assemelha ao da placenta prévia, com sinais e sintoma mais discretos. A conduta na rotura do seio marginal é a mesma da PP. Além disso, é importante ressaltar que a rotura de seio marginal pode evoluir para DPP.
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