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UNIDADE III OS PRINCÍPIOS ÉTICOS E POLÍTICOS NOS MOVIMENTOS SOCIAIS

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Educação 
Movimentos Populares 
e Transformação
Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Wanderli Cunha de Lima
Revisão Textual:
 Profa. Esp. Márcia Ota
5
• Os Princípios Éticos
• Os Regimes Políticos e a Questão da Ética
• Os Movimentos Sociais 
Nesta unidade, a questão fundamental é a compreensão de como a ética interfere na política 
e como atua nos movimentos sociais. Você também poderá conhecer um pouco mais sobre 
o processo organizativo dos movimentos sociais e as mudanças por eles sofridas.
Faça relações entre o conteúdo dessa unidade e a função da educação (como meio de 
garantir a formação do cidadão crítico e participativo na sociedade).
Daremos a introdução de como vem sendo a organização dos movimentos, mostrando as 
categorizações feitas por Gohn (1997, 2011, 2012) a partir de seus estudos, para que na 
próxima unidade possamos aprofundar nossos conhecimentos sobre o protagonismo da 
sociedade civil. 
Organizamos essa unidade de modo a favorecer a compreensão dos conceitos procedentes 
da política exercida pelo cidadão que representa a sociedade civil.
Novamente, realizaremos um fórum de discussão na atividade de aprofundamento. Lembre-
se que sua participação além de fazer parte da avaliação da disciplina, ainda pode contribuir 
com o aprendizado dos demais colegas. A interação é a “grande chave” para abrir as portas 
neste século! Participe! Não se esqueça de ser claro e objetivo nas suas colocações.
Aproveite a atividade de sistematização do conhecimento, para verificar quais pontos dessa 
unidade ainda merecem sua atenção, beneficie-se da autocorreção!
Aproveite as indicações de sites e leituras para a ampliação do conhecimento, afinal, elas são 
ferramentas imprescindíveis na apropriação do conteúdo em estudo!
 · Saber os princípios éticos da política exercida pelo cidadão 
político representante da sociedade civil.
 · Nessa unidade, serão discutidas questões acerca de como os 
princípios éticos e políticos estão presentes nos movimentos 
sociais. Aproveitem as indicações de leitura a fim de contribuir 
com seus estudos. 
Os Princípios Éticos e Políticos nos 
Movimentos Sociais
6
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Contextualização
Nesta unidade, procuramos contribuir para a elucidação das semelhanças e diferenças 
existentes entre ética e moral, a fim favorecer a compreensão referente aos princípios éticos nos 
movimentos sociais. Também perpassamos pela história dos regimes políticos no Brasil, para 
ilustrar como a ética se faz, ou não, presente. 
A esse propósito, adentramos nos movimentos sociais, mostrando como eles participam das 
transformações em nossa sociedade e, como podem agir a partir da participação de diferentes 
classes e camadas sociais.
Visando fazê-los refletir sobre o conteúdo estudado, propomos que assistam ao vídeo 
“Movimento Novos Líderes – O Brasil do Futuro é Agora”, o qual aponta questões presentes na 
sociedade atual e nos convida a participar das mudanças.
 
Explore
https://www.youtube.com/watch?v=Ls3IoSUQKko
7
1. Os Princípios Éticos
Antes de promovermos uma introdução ao tema desta unidade, vamos relembrar o que já foi 
visto nas unidades anteriores. Assim, Iniciamos nossa conversa acerca da educação, apontando 
seu papel fundamental na transformação social, depois discorremos sobre as lutas pela conquista 
da cidadania e expusemos os movimentos populares no Brasil. Também pontuaremos sobre 
a desigualdade e a injustiça social, ainda existentes em nosso país, mesmo frente todas as 
conquistas já ocorridas, e, por conseguinte, traçaremos uma linha do tempo dos movimentos 
mais “importantes”1 na luta pela igualdade, pela liberdade, e pela democracia, culminando 
no movimento que levou ao o impeachment do ex-presidente Collor, intitulado “Movimento 
pela Ética na Política”. Desta maneira, finalizaremos a Unidade II, mostrando que houve um 
deslocamento das questões econômicas para as questões relativas à ética, as quais adentraram 
os novos movimentos sociais, pensando na revalorização da vida humana.
Destarte, a partir dos anos de 1990, passou a haver um novo olhar dos movimentos sociais 
transferindo as reivindicações de questões econômicas para as de questões de moral.
Mas, o que são princípios éticos?
Poderíamos afirmar que é a base para que haja uma convivência social dentro de um 
ambiente harmonioso pautado pelo respeito mútuo.
É possível observar a existência de princípios éticos em diferentes circunstâncias e relacionados 
a diferentes atividades profissionais como: ética política, ética religiosa, ética médica, ética 
profissional, entre outras. Referindo-se, nesses casos, às normas de conduta de um determinado 
segmento, ou seja, aquilo que deve ser feito dentro da área em que está inserido.
De qualquer forma, quando nos referimos à ética, estamos nos pautando em um conjunto de 
princípios pré-determinados, para reger as ações do “bom” comportamento humano.
1.1 A Ética e a Moral
Muitas vezes, os termos ética e moral parecem 
ser usados como sinônimos, por isso faremos um 
pequeno resgate da origem desses termos.
Etimologicamente, os termos ética e moral 
possuem origens distintas. A palavra ética vem 
do grego “Ethos” que significa o “modo de ser” 
ou “caráter”. E a palavra moral vem do latim 
“Mores” que significa “relativo aos costumes” ou 
“lugar onde mora”.
Alguns autores apontam a distinção entre ambas, 
atribuindo à ética a busca de valores universais, e a 
moral, como código de valores específicos. 
1 Não desmerecendo os demais movimentos e lutas ocorridos ao longo de nossa história, buscamos apontar aqueles que tiveram maior 
repercussão nas mudanças sociais.
Fonte site:http://www.ivancabral.com/2011/09/charge-do-dia-
etica-e-educacao.html
8
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Segundo Cortella (2011), até o século VI a.C., a palavra “Ethos” em grego “significava ‘morada 
do humano’, no sentido de caráter ou modo de vida habitual, ou seja, nosso lugar.” Portanto, é 
aquilo que nos abriga e nos dá identidade. Para o autor, essa noção original da palavra “Ethos” 
não se perdeu com a tradução da expressão “more” para o latim, com o significado de “o lugar 
onde você morava, que era o teu habitus.” (CORTELLA, 2011, p. 138). 
Diante dessa interpretação, os dois termos: ética e moral assumem o mesmo significado, o 
de estar relacionado aos costumes e hábitos sociais. Onde a ética é o princípio, e a moral é a 
prática de uma ética.
Dentro do campo filosófico, ética é diferente de moral, pois ela busca fundamentar 
teoricamente o modo de viver a fim de se encontrar o melhor estilo de vida, abrangendo, dessa 
forma, diversos campos do conhecimento, como: a antropologia, a psicologia, a sociologia, 
a pedagogia, etc.. Já a moral é fundamentada na obediência a normas e regras, costumes e 
mandamentos culturais. 
Segundo Boff (2003), ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações 
que nos orientam e valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade. E 
moral é a concretização de como a ética é vivida dependendo da cultura de cada povo. Então, 
ética é uma só e moral são várias.
Outros autores pontuam a questão da moral como um conjunto de regras e crenças 
que determinam o comportamento das pessoas e, a ética como sendo a reflexão crítica 
sobre a moral.
Boff (2008) aponta algumas fontes que estimulam a existência da ética. Segundo o autor, as 
religiões são fontes permanentes, que dão significado à vida da humanidade a partir dos valores 
e comportamentos ditados. Mas, atenta para o fato de não se fundar em um consenso ético, 
visto que, devido às muitas e diferentes religiões, as normas éticas podem apresentar variações. 
Ainda parao autor, a razão, o desejo e o cuidado também são fontes de ética, e encontram-se 
presentes em todos os seres humanos.
Essa inclusão do desejo e do cuidado como também sendo fontes de ética são fundamentadas 
no fato de que para Boff (2003), a essência da existência não reside na razão – como foi 
proposta pelos filósofos –, mas antes na paixão.
“A ética, para ganhar o mínimo de consenso, deve nascer da base 
última da existência humana. Esta não reside na razão, como sempre se 
pretendeu no Ocidente. A razão não é o primeiro nem o último momento 
da existência. Por isso não explica tudo nem abarca tudo. Ela se abre para 
baixo de onde emerge, de algo mais elementar e ancestral: a afetividade. 
Abre-se para cima, para o espírito, que é o momento em que a consciência 
se sente parte de um todo e que culmina na contemplação. Portanto, a 
experiência de base não é “penso, logo existo”, mas “sinto, logo existo”. 
Na raiz de tudo não está a razão (“logos”), mas a paixão (“pathos”).” 
(BOFF, 2003).
9
É fato que vivendo em sociedade, faz-se necessário elaborar 
certos consensos, restringir certas ações e desenvolver projetos 
que visem à coletividade a fim de dar sentido e rumo à história. 
Pois, não há sociedade seja no presente ou no passado que 
consiga coexistir sem uma ética. (BOFF, 2008).
Mas, há de se concordar que ambas: ética e moral 
apresentam objetivos muito semelhantes, pois irão alicerçar a 
conduta dos seres humanos, definindo o caráter, favorecendo o 
sentimento de solidariedade e fraternidade dentro de uma vida 
em sociedade.
1.2 A Ética e a Liberdade
Como vimos, a ética está baseada em valores morais, que 
estão a serviço de “dirigir” o comportamento humano para 
a vida em sociedade.
 A respeito da ética, Cortella (2011) afirma que ela é uma 
questão incondicionalmente humana, visto que pressupõe 
a possibilidade da escolha, da decisão, da opção. Então, 
a partir da racionalidade, somos o único animal capaz 
de realizar esta ação conscientemente – por isso, somos 
considerados: animais racionais.
Nessa perspectiva de sermos capazes, Cortella (2011) reforça a impossibilidade de se falar 
em ética sem falar em liberdade. Logo, o livre arbítrio é imprescindível para que o ser humano 
possa tomar para si o poder de decisão. 
Então, para Cortella (2011), todos nós – inicialmente – temos a ética. Assim, para o autor 
só pode ser considerado “aético”, ou seja, uma pessoa que não tem a ética, aquele que não 
é capaz de exercer a plena liberdade de escolha – “como crianças até certa idade e idosos a 
partir de determinada idade, ou ainda pessoas que tenham distúrbios mentais” – ou seja, não 
a possui, devido à sua incapacidade de decidir, julgar e avaliar. Portanto, se a ética está ligada 
aos princípios que regem a sociedade, aqueles que não seguem esses princípios, podem ser 
considerados antiéticos. (CORTELLA, 2011, p.135).
Para o autor, ética é o modo como as pessoas compreendem as três grandes questões da 
vida: eu devo, eu posso, eu quero?
“Tem coisa que eu devo, mas não quero, tem coisa que eu quero, mas 
não posso, tem coisa que eu posso, mas não devo. Aqui, nestas questões, 
vivem aquilo que a gente chama de dilemas éticos; todas e todos sem 
exceção temos dilemas éticos, sempre, o tempo todo: devo, posso, quero?” 
(CORTELLA, 2011, p. 136).
Segundo Cortella (2011), até o século VI a.C., a palavra “Ethos” em grego “significava ‘morada 
do humano’, no sentido de caráter ou modo de vida habitual, ou seja, nosso lugar.” Portanto, é 
aquilo que nos abriga e nos dá identidade. Para o autor, essa noção original da palavra “Ethos” 
não se perdeu com a tradução da expressão “more” para o latim, com o significado de “o lugar 
onde você morava, que era o teu habitus.” (CORTELLA, 2011, p. 138). 
Diante dessa interpretação, os dois termos: ética e moral assumem o mesmo significado, o 
de estar relacionado aos costumes e hábitos sociais. Onde a ética é o princípio, e a moral é a 
prática de uma ética.
Dentro do campo filosófico, ética é diferente de moral, pois ela busca fundamentar 
teoricamente o modo de viver a fim de se encontrar o melhor estilo de vida, abrangendo, dessa 
forma, diversos campos do conhecimento, como: a antropologia, a psicologia, a sociologia, 
a pedagogia, etc.. Já a moral é fundamentada na obediência a normas e regras, costumes e 
mandamentos culturais. 
Segundo Boff (2003), ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações 
que nos orientam e valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade. E 
moral é a concretização de como a ética é vivida dependendo da cultura de cada povo. Então, 
ética é uma só e moral são várias.
Outros autores pontuam a questão da moral como um conjunto de regras e crenças 
que determinam o comportamento das pessoas e, a ética como sendo a reflexão crítica 
sobre a moral.
Boff (2008) aponta algumas fontes que estimulam a existência da ética. Segundo o autor, as 
religiões são fontes permanentes, que dão significado à vida da humanidade a partir dos valores 
e comportamentos ditados. Mas, atenta para o fato de não se fundar em um consenso ético, 
visto que, devido às muitas e diferentes religiões, as normas éticas podem apresentar variações. 
Ainda para o autor, a razão, o desejo e o cuidado também são fontes de ética, e encontram-se 
presentes em todos os seres humanos.
Essa inclusão do desejo e do cuidado como também sendo fontes de ética são fundamentadas 
no fato de que para Boff (2003), a essência da existência não reside na razão – como foi 
proposta pelos filósofos –, mas antes na paixão.
“A ética, para ganhar o mínimo de consenso, deve nascer da base 
última da existência humana. Esta não reside na razão, como sempre se 
pretendeu no Ocidente. A razão não é o primeiro nem o último momento 
da existência. Por isso não explica tudo nem abarca tudo. Ela se abre para 
baixo de onde emerge, de algo mais elementar e ancestral: a afetividade. 
Abre-se para cima, para o espírito, que é o momento em que a consciência 
se sente parte de um todo e que culmina na contemplação. Portanto, a 
experiência de base não é “penso, logo existo”, mas “sinto, logo existo”. 
Na raiz de tudo não está a razão (“logos”), mas a paixão (“pathos”).” 
(BOFF, 2003).
Fonte: http://prasersincera.blogspot.com.
br/2009/03/como-fundar-etica-hoje.html
10
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
 
 Explore
Para melhor entendimento dessas três grandes questões, assista ao vídeo “Filosofia explica o que é a 
ética” que apresenta uma entrevista com Mario Sérgio Cortella no programa do Jô Soares.
https://www.youtube.com/watch?v=L_V0Y0lFJUs
Logo, a questão de liberdade de escolha está atrelada à ética, ou diretamente relacionada à 
ética. Mas, observe que essa liberdade está condicionada ao bem-estar coletivo, já que vivemos 
em sociedade. Como afirma Boff (2003):
“Faz-se mister uma ética comum, um consenso mínimo no qual todos 
possam se encontrar. E, ao mesmo tempo, respeitar as maneiras diferentes 
como os povos organizam a ética. [...]. A ética e as morais devem servir à 
vida, à convivência humana...” (BOFF, 2003, p. 13,14). 
E, ainda, a ética e a moral estão relacionadas aos tempos históricos, por isso, algo que 
possa ser considerado antiético ou imoral em um determinado momento histórico, pode 
não o ser em outro.
Desde a colonização até os dias atuais, o Brasil passou por diferentes regimes políticos. Na 
época do Brasil Colônia, o regime político estava baseado na Monarquia, isto porque a forma 
de governar visava à realeza – um só para todos. No Brasil Império, a forma de governar passou 
a ser de alguns para todos – aristocracia. E no Brasil República, a forma de governo tornou-se 
constitucional – de todos para todos, portanto, regime democrático.
Mas, será que podemos afirmar o Brasil passou a viver em plena democraciaapós 
a proclamação da República em 1889? 
A palavra democracia vem do grego: “demo = povo”, “kracia = governo”. Então, um 
sistema político do povo para o povo, ou seja, o povo tem soberania sobre o poder legislativo 
e executivo do país.
2. Os Regimes Políticos e a Questão da Ética
11
Para Pensar
O que você acha da atitude da Mafalda (da tirinha) frente o significado da palavra DEMOCRACIA? 
Há fundamento para esse comportamento?
Aristóteles já alertava para o fato de que muitos modos de governar não tinham em vista o 
bem comum. 
É fato que o regime democrático no Brasil passou por vários momentos históricos e em muitos 
deles ainda se via envolto das influências do poder econômico, apresentando inclusive fraudes 
eleitorais. Desde a proclamação da República até os dias de hoje, foi possível ver avanços e 
retrocessos no regime democrático. 
 
Atenção
Não podemos esquecer que na época do Regime Militar, a democracia foi substituída 
pela autocracia instituída durante esse regime político
 
Contudo, o movimento das “Diretas-Já” – apesar da derrota da 
emenda das “Diretas-Já” em 1984, na Câmara dos Deputados, 
fazendo com que as eleições para presidente fossem mais uma vez 
realizadas pelo colégio eleitoral – resgata o real sentido do regime 
democrático, com o início da “Nova República” e a promulgação 
da Carta Magna em 1988.
Como se deu a questão da ética nos diferentes regimes?
Como já pontuamos anteriormente, os princípios éticos modificam-se com o passar do tempo, 
de acordo com as mudanças econômicas, sociais e tecnológicas. (VÁZQUEZ, 2000).
Na Unidade I, ressaltamos a mudança da luta pela sobrevivência (Homem X Mundo) pela 
luta de interesses (Homem X Homem), ou seja, o “poder político”. 
Carta Magna: 
No texto representa 
a Constituição da 
República Federativa do Brasil.
12
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Analisando o termo “política”, temos sua origem na Grécia Antiga com a organização das 
cidades-estados em “polis”, fazendo referência à organização da vida urbana. O dicionário 
Aurélio define “política” como: a arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos.
Dessa maneira, podemos dizer que a busca pelo bem estar coletivo é algo que se encontra no 
princípio tanto ético, quanto político. 
Entretanto, há que se convir a contradição existente entre política e ética. Pois o que vemos 
na política – desde os tempos da colonização do Brasil – não é a prática do bem comum, mas 
o bem próprio dos detentores do poder. Inclusive, muitas vezes, daquele que elegemos como 
nossos representantes.
Para Pensar
Ora, se no regime monárquico a forma de governo era de um só para todos, onde se concentrava 
o principio ético?
É fato que desde os tempos da colonização de nosso país, assistimos a política de privilégios, 
se nessa época esta se dava com a divisão das capitanias hereditárias aos nobres indicados 
pelo próprio Rei português aqui no Brasil. No período Imperial, o favorecimento continuou e a 
vontade da maioria da população não foi levada em conta. 
No período Republicano, desde o início, o que se viu foi a elite 
governando para a elite. Além do “coronelismo” que garantiu durante 
muito tempo a dominação social através da alienação, mantendo o 
poder econômico nas mãos de poucos. Foram anos da política “café 
com leite” até que se conseguiu colocar um civil para governar nosso 
país. E, infelizmente, ainda hoje, vemos essa política de apadrinhamento 
e de coronelismo acontecer em nosso país, garantindo um poder 
elitista e antiético.
Daí, há de se concluir que a marginalização e a divisão da sociedade em classes faz parte 
desse processo político que deixou à margem os princípios éticos e morais.
E, onde, reside a mudança dessa realidade senão na educação?
A escola tem como grande desafio, nos dias de hoje, resgatar valores morais e éticos na luta 
por uma sociedade igualitária e justa, recuperando, ou seria melhor dizer, inserindo a junção 
entre política e ética.
Não será, nessa expectativa, a afirmação de Mario Sérgio Cortella? 
“...qualidade tem a ver com quantidade total, qualidade é uma noção social, qualidade 
social só é representada por quantidade total, qualidade sem quantidade não é qualidade, 
é privilégio.” (CORTELLA, 2011, p. 139). 
Coronelismo : 
Forma de poder 
político consiste 
na figura de uma liderança 
local – o Coronel - que 
define as escolhas dos 
eleitores em candidatos 
por ele indicados.
13
3. Os Movimentos Sociais
Os movimentos sociais partem do princípio do 
compromisso ético e de propostas que tenham como base a 
participação social como parte integrante do desenvolvimento 
da sociedade. Antigamente, os movimentos contrapunham as 
opressões e a exploração dos governos, lutando por melhorias. 
Na atualidade, os movimentos apresentam-se como forma de 
denunciar as contradições existentes na sociedade capitalista.
Os movimentos sociais “possuem identidade, têm opositor e articulam-se ou fundamentam-
se em um projeto de vida e de sociedade” (GOHN, 2011, p. 336), apresentam-se como formas 
de reivindicações sociopolíticas na busca por reformas que visem à qualidade das relações 
sociais. Essas são representadas por interesses comuns e projetos sociais.
“A educação de um povo consiste no processo absorção, elaboração 
e transformação da cultura existente, gerando a cultura política de 
uma nação. [...]... vários elementos da cultura política brasileira do 
final do século XX foram gerados no período colonial e constituem, 
atualmente, obstáculos para a modernização das relações sociais no 
país.” (GOHN, 2012, p. 174).
Os movimentos sociais podem ter uma organização formal ou informal. Muitos, inicialmente, 
ocorrem de maneira informal e à medida que vão se tornando mais consistente torna-se, também, 
necessária maior formalização das ações dentro desses movimentos. Nessa estruturação dos 
movimentos sociais, é possível observar que eles não se realizam no vácuo, ao contrário, são 
iniciados a partir de projetos, possuem ideologia e apresentam certa organização. Porém, não 
queremos com isso fazer uma generalização, visto que há singularidades na constituição de 
cada movimento social e como já estudamos nas unidades anteriores, muitos apresentavam 
problemas em sua organização.
Gohn (1997) atenta para o fato de haver movimentos de diferentes classes e camadas sociais, 
sendo que o caráter do movimento será indicado pelo tipo de ação envolvida podendo-se 
assim, separá-los em categorias. 
Assim, a autora realiza a seguinte categorização: 
• Os movimentos sociais que são construídos a partir da origem social da instituição (a igreja, 
o partido, o sindicato, a escola, etc.).
• Os movimentos sociais construídos a partir das características presentes na natureza 
humana: sexo, idade, raça e cor.
• Os movimentos sociais construídos a partir de determinados problemas sociais (saúde, 
transportes, habitação, etc.).
• Os movimentos sociais construídos em função de questões da conjuntura das políticas de uma 
nação sejam elas socioeconômica, cultural, etc. (insurreições, revoltas, motins, revoluções, etc.).
• Os movimentos sociais construídos a partir de ideologias. (o anarquismo, o marxismo, o 
cristianismo, etc.).
Fonte site: http://www.anticapitalistes.net/spip.
php?article2872
14
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
As formas de ação dos movimentos sociais podem variar de uma simples denuncia passando 
pela pressão direta com mobilizações, concentrações, passeatas e etc., e podem chegar até a 
pressão indireta. Na atualidade, as lutas estão relacionadas a um ideário civilizatório contra a 
exclusão e por novas culturas de política de inclusão. Eles possuem grande poder de controle 
social, pois tematizam e redefinem a esfera pública, além de realizar parcerias comoutras 
entidades da sociedade civil e política, construindo modelos de inovação social. (GOHN, 2011).
Surgem outras formas de organização popular, a partir dos anos de 1990, como os Fóruns – 
nos quais se definem metas e objetivos para solucionar problemas sociais, a partir dos grandes 
diagnósticos – com encontros nacionais em larga escala; outra forma de organização popular 
são as parcerias entre sociedade civil organizada e poder público – atuando nas questões 
relacionadas à gestão dos negócios públicos com a participação dos cidadãos. (GOHN, 2011).
Essas mudanças organizacionais vêm crescendo nas ultimas décadas. Segundo Gohn (2012), 
na primeira década do século XXI a estrutura dos principais movimentos sociais apresenta-se 
em três formatos organizativos:
• os movimentos identitários;
• os movimentos de luta por melhores condições de vida e de trabalho;
• os movimentos globais ou globalizantes.
Optamos por fazer uma sucinta exposição desses formatos – de acordo com os estudos da 
autora –, isto porque os mesmos serão revistos de forma mais intensa na próxima Unidade.
Segundo a autora, nos movimentos identitários – chamados de “Novos Movimentos Sociais” 
(NMS) – a luta é por direitos sociais, econômicos, políticos e, mais recentemente, culturais. São 
compostos pelos segmentos sociais excluídos, os quais podem, ou não, pertencer às camadas 
populares. Incluem-se “nesse formato as lutas das mulheres, dos afrodescendentes, dos índios”, 
entre outros. (GOHN, 2012, p. 226).
O segundo formato diz respeito à luta demanda do acesso às condições de moradia, por terra, 
alimentação, emprego, salário, educação, entre outros. Também se enquadram no movimento 
de luta por melhores condições de vida, os movimentos e organizações sociais contra a violência 
e em favor da paz. E, ainda, “os movimentos sociais, criados a partir da conjuntura atual, 
articulados com ONGs e voltados para as questões relativas à democratização do Estado ou das 
políticas públicas.” (GOHN, 2012, p. 230).
Os movimentos globais ou globalizantes são pertencentes ao novo milênio e foram 
estruturados ao longo dos anos de 1990, com a internacionalização de muitas lutas sociais. 
Esses movimentos atuam virtualmente em “redes sociopolíticas e culturais por intermédio de 
fóruns, plenários, colegiados e conselhos”, extrapolando as fronteiras nacionais e apropriando-
se das transformações tecnológicas. (GOHN, 2012, p. 231). 
Portanto, os movimentos sociais abarcam uma série de questões sociais através das lutas, 
denotando o compromisso com que adentram na sociedade trazendo consigo um inalienável 
caráter ético e político. Isto porque, carrega em seu cerne o princípio do “bem comum”.
15
Material Complementar
Para complementar seu estudo, visite o site abaixo e leia o artigo sobre a 
importância dos movimentos sociais para o fortalecimento da democracia.
http://migre.me/ex1mP
 
 Explore
Explore um pouco mais sobre a ética e a política no Brasil, a partir do texto de Ludmila Coelho 
Loiola, visitando o site: 
http://www.webartigos.com/artigos/etica-e-politica-brasileira/5829/#ixzz2KnN4werU
Para conhecer um pouco mais sobre a ética e a moral, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=SJ-KxHrF4vo&list=PLF004C1BA81FF0F0E 
E assista a um vídeo do Novo Telecurso Ensino Médio - Filosofia 
16
Unidade: Os Princípios Éticos e Políticos nos Movimentos Sociais
Referências
BOOF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
_________. Como fundar a ética hoje? – Folha de São Paulo –UOL. Disponível em: www1.
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Anotações
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