Prévia do material em texto
Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -1 04.05.21 Aterosclerose ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS Três camadas: • Íntima: Camada única de células endoteliais, separada da média por uma limitante elástica; • Média: Quantidades variáveis de musculatura lisa e fibras elásticas, separada da adventícea pela limitante elástica externa; • Adventícea: Tecido conjuntivo contendo filetes neurais e pequenos vasos (vasa vasorum → fornecimento energético/irrigação das artérias); A integridade do vaso é fundamental para que a coagulação não aconteça. Quando há lesão, há início do processo de coagulação. A camada média tem uma musculatura proeminente porque os vasos arteriais são vasos de alta capacitância. Assim, tem uma inervação (oriunda do sistema nervoso autônomo), regulada tanto por simpático como parassimpático conforme as necessidades. Fazemos vasoconstrição quando há necessidade de aumentar a perfusão, quando a demanda por energia é maior (prática de esportes). ARTERIOESCLEROSE Etimologicamente- endurecimento das artérias Três tipos: 1. Aterosclerose 2. Médioesclerose de Mönckeberg. Comum em pessoas que envelhecem; calcificações da camada média; 3. Arterioesclerose hialina e hiperplásica. Afeta principalmente vasos de menor calibre; relacionados com a sobrecarga; ATEROSCLEROSE OMS define como: “Doença das artérias de grande ou médio calibre, caracterizada por alterações representadas pelo acúmulo, na íntima, de lipídios, carboidratos complexos, componentes do sangue, células e material intercelular.” Ou seja, é uma doença caracterizada por dislipidemia e inflamação. Paciente que tem dislipidemia (aumento de triglicerídeos, colesterol alterado, aumento LDL), esses lipídeos aumentados circulam através das lipoproteínas. Essa lipoproteína faz um invólucro na gordura e transporta na corrente sanguínea. Quando há níveis aumentados de LDL e triglicerídeos, a chance de ter uma aterosclerose é maior porque tem mais lipídeos circulantes. Eles podem se depositar na região subintimal dos vasos. Para que se acumulem, é preciso ter um processo de oxidação das lipoproteínas. O tabagismo aumenta a oxidação das lipoproteínas. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Acomete principalmente a íntima, podendo afetar secundariamente a média. 1. Lesão inicial (tipo 1) • Lipoproteínas e macrófagos contendo lipídios na íntima e atraem macrófagos que fagocitam lipídeos; • Artéria é macroscopicamente normal 2. Estria lipídica (tipo II) • Áreas amareladas e planas sobre a íntima • Grande número de macrófagos espumosos, lipídios livres e linfócitos • Não trazem malefícios ainda 3. Placa pré-ateromatosa (lesão intermediária ou tipo III) Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -2 • Acúmulos maiores de lipídios livres, mas sem formação de um grande núcleo central 4. Placa ateromatosa (tipo IV) • Lesão arredondada ou ovóide (0,3 cm-2,0 cm) • Massa amorfa, composta por material necrótico e lipídico (colesterol e seus ésteres) Há uma expansão por conta do material necrótico que se forma por conta do processo inflamatório. 5. Placa fibroateromatosa (tipo V) • Fibroblastos e musculatura lisa • Pequena quantidade de lipídios Processo inflamatório atinge um picodiminui a inflamação, há recrutamento de fibroblastos, que começam a produzir e depositar colágeno. Esses fibroblastos se transformam fenotipicamente em musculatura lisa. 6. Placas complicadas (tipo VI) • Ulceração ou rupture - Grande centro lipídico, rico em ésteres de colesterol. Geralmente acontece no ombro da placa. O fluxo sanguíneo é laminar (trafegam mantendo um padrão linear), quando encontram obstáculos, se chocam e o fluxo passa a ser turbilhonado. Expõe a região subendotelial (trombogênica). • Trombose - Endotélio que reveste as placas produz menores quantidades de NO e prostaciclina. A placa é rica em fatores pró-coagulantes, como os fatores teciduais produzidos por monócitos e macrófagos. Trombo pode se tornar um embolo. • Hemorragia na intimidade da placa - Ruptura da capa fibrosa, permitindo entrada de sangue em seu interior. • Ruptura dos capilares neoformados; • Calcificação - Comum em idosos ou indivíduos com aterosclerose em grande extensão da aorta • Mais comum na Aorta • Porção abdominal e ramos principais o Artérias coronárias o Artérias carótidas o Artérias ilíacas e femurais o Óstio das artérias renais e das mesentéricas o Vasos do polígono de Willis Paciente que tem história de um infarto agudo do miocárdio, angina, dislipidemia ou fatores de risco para aterosclerose. Caso apresente dor abdominal pós-prandial, é preciso obrigatoriamente afastar a possibilidade de isquemia mesentérica. Paciente que faz quadro renal, é necessário afastar possibilidade de arterosclerose no óstio das artérias renais. No SNC, pode ter êmbolos que se originam das artérias carótidas fazendo uma isquemia cerebral e um AVC. O trígono de willis funciona como um mecanismo de segurança, há várias conexões protegendo mais, porém, não impedindo. FATORES DE RISCO • Hiperlipidemia • Dieta pobre em antioxidantes. Dieta rica em antioxidantes diminui a chance. • Hipertensão arterial: aumento da pressão faz com que o impacto do fluxo laminar no ombro das placas seja maior, causando maior probabilidade de úlceras e rupturas. • Tabagismo. Cigarro fornece radicais livres, aumentando a oxidação. • Álcool • Diabetes melito: maior chance de dislipidemia. • Agentes infecciosos, como a Clamídia aumenta a chance de oxidação; • Etnia PATOGÊNESE Endotélio normal • Resistência ao contato prolongado de leucócitos • Produção de substâncias vasodilatadores e antitrombóticas - NO e prostaglandina • Estímulo da fibrinólise • Produção de superóxido dismutase (enzima que tem como função a destruição dos radicais livres → antioxidantes) O coágulo forma uma malha de fibrina que protege a região lesionada até que o processo inflamatório e cicatricial corrija a ferida. No caso dos vasos quem destrói a fibrina é um estímulo do próprio endotélio. Disfunção/Lesão endotelial Consequências: 1. Aumento da permeabilidade endotelial Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -3 2. Aumento da expressão de moléculas de adesão: apreende mais plaquetas, ativam coagulação e endotélio deixa de produzir fatores anticoagulantes, ou são produzidos de maneira ineficiente. 3. Adesão e agregação plaquetária 4. Diminuição de fatores anticoagulantes • Acúmulo de lipoproteínas (LP) no espaço subendotelial • LP atraem monócitos • Monócitos/Macrófagos possuem receptores para LDL e VLDL modificados As LP é a forma de transportar os lipídeos. Os lipídeos da dieta que são oriundos após alimentação são transportados por quilomícrons, e os lipídeos que são armazenados principalmente no fígado são transportados pelas LP de baixa densidade, muito baixa densidade e alta densidade. As LP estão transitando na corrente circulatória, vão se acumulando na região subendotelial, acabam oxidando nessa região e quando oxidam se fixam fazendo com que se atrais mais células inflamatórias aumentando o processo inflamatório na região. Reação inflamatória • Agressão ao endotélio • Liberação de quimiocinas e citocinas • Exsudação de leucócitos Tripé da aterosclerose: lipidose (acúmulo de lipídeos na subíntima) + disfunção endotelial + processo inflamatório. DOENÇA ISQUÊMICA DO CORAÇÃO Principal causa de óbito nos pacientes idosos (> 60 anos) Principais fatores de risco: • Genética • Tabagismo • Hipercolesterolemia • Hiperlipidemia • Hipertensão arterial • Diabetes • Fatores ambientais: relacionados ao microambiente do indivíduo. Por exemplo: má alimentação e sedentarismo. ETIOPATOGÊNESE 1. Velocidade de progressão, duração, extensão e causada obstrução coronariana 2. Estado do miocárdio 3. Presença de circulação colateral: “shunts” 4. Condições circulatórias e capacidade de transporte de O2 Pacientes diabéticos e mais idosos, podem ter infarto do miocárdio silencioso (sem dor). Ou tem sintomas não relacionados com sintomas cardiovasculares, por exemplo, podendo apresentar uma pirose. Por isso, é importante fazer ECG. Definem o tempo do diagnóstico, manejo e prognóstico do paciente. Quanto mais crítico for, mais rápido precisa agir. CAUSAS DE OBSTRUÇÃO CORONARIANA Aterosclerose e trombose • 90% dos casos • Manifestações clínicas- 75% da luz ocluída para demanda aumentada de O; 90% da luz ocluida para isquemia de repouso (angina instável) • Ruptura da placa- exposição de substâncias pró-coagulantes Cocaína inalada + whisky pode formar um dímero e potencializar um evento embólico, e o paciente apresentar morte súbita ou IAM de grande extensão. CLÍNICA • Aumento súbito do trabalho cardíaco • Melhora ao repouso • Dor torácica desencadeada por pequenos esforços ou repouso • Geralmente precede o Infarto do miocárdio • Dor precordial • Sinais de choque circulatório A situação mais comum é a obstrução da descendente anterior (ramificação da coronária esquerda). Justamente a artéria descendente anterior irriga a maior parte do coração (parede anterior do ventrículo esquerdo). Nesses pacientes, é normal ter uma dor precordial de forte intensidade. Normalmente essa dor vem acompanhada de uma sensação de morte iminente. Quando o paciente tem essa sensação de morte iminente, ele faz uma descarga adrenérgica importante e acaba liberando muita adrenalina e noradrenalina, que vão aumentar a frequência cardíaca e a intensidade da contração do miocárdio, fazem vasoconstrição, e nesse cenário é ruim. Por isso, é dado ansiolítico para tentar amenizar essa descarga adrenérgica. O coração começa a falhar e há outros sinais de choque circulatório. Outra situação é um edema de pulmão (choque cardiogênico). Então, é dado diurético para diminuir o edema pulmonar para aumentar a Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -4 capacidade de troca gasosa e enxugar o pulmão. Paralelamente a isso, depois que estabiliza o paciente, é feito o tratamento da causa da obstrução. • Complicação comum a qualquer uma das condições descritas; HIPERTENSÃO ARTERIAL, ATEROSCLEROSE E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) HEMORRÁGICO • Grave • Bifurcações de ramos arteriais do SNC • Hemorragia intra-parenquimatosa • Hemorragia subaracnóide Não tem relação com a aterosclerose. Na maioria das vezes é hereditário. Paciente que chega com confusão mental, obnubilado, rigidez de nuca, vômitos em jato, mas sem febre e hemograma infeccioso, provavelmente é uma hemorragia subaracnóidea que é decorrente de um aneurisma de Charcot que se rompeu. Não se pode fazer punção lombar, com risco de fazer uma hérnia de uncus e parada respiratória, então antes de fazer uma punção em um paciente com essas características, é necessário tomografar para afastar hemorragia subaracnóidea. ISQUÊMICO • Obstrução aguda de suprimento vascular • Quadro de I.C.C. • Dilatação atrial • Gravidade depende do binômio tempo-extensão Acontece ou no paciente que tem ICC ou paciente que tem uma doença aterosclerótica significativa principalmente de artérias carótidas. É importante fazer doppler das artérias carótidas. Pacientes jovens também podem ter principalmente do sexo feminino e jovens que fazem uso de anticonceptivos orais (aumenta a chance de coagulação intravascular). Neoplasias malignas também podem fazer trombos, alterando a cascata de coagulação. Paciente que tem ICC, geralmente tem aterosclerose associada porque os fatores de risco também se sobrepõem. A ICC é a principal causa porque em um quadro de insuficiência cardíaca congestiva há uma dilatação atrial, que acompanhada de estase sanguínea acaba fazendo com que forme coágulos na parede interna do átrio, e como está dilatado, ele pode distender e comprometer o sistema nervoso intrínseco (nó sinoatrial, atrioventricular...) causando arritmias. A principal arritmia que ocorre nesses pacientes é a fibrilação atrial. A fibrilação atrial é quando a parede do átrio ao invés de contrair, ela “treme”, e assim, desprende os coágulos da parede, eles atingem o ventrículo esquerdo, e são ejetados, podendo acabar se alojando em vasos no SNC. Carótida → carótida comum → carótida interna → artéria oftálmica (primeiro ramo da carótida interna). Normalmente os pacientes acabam tendo como uma das manifestações a diminuição da acuidade visual e depois, dependendo de onde se aloja causa os sintomas do AVC.