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HIPERSENSIBILIDADE E TRANSPLANTE

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Julia Paris Malaco – UCT14 
SP5 – febre, inflamação e infecção 
 
Hipersensibilidade 
 
Alergia: A alergia é uma doença que afeta 
diretamente o sistema imunológico. Ela consiste 
em uma reação excessiva a qualquer substância 
que deveria ser normalmente inofensiva ao 
organismo, independentemente de qualquer 
mecanismo. Muitas vezes, esse problema tem um 
componente hereditário. Ou seja, as pessoas 
alérgicas têm similaridades de causa e sintomas 
parecidos com o de seus pais. Ainda, essa frente 
alérgica pode se manifestar de maneiras 
diferentes, mas com uma predisposição devido à 
genética. 
Ninguém nasce alérgico: para que qualquer 
alergia se desenvolva, o indivíduo deve entrar em 
contato pela primeira vez com o agente 
causador. 
As alergias podem ser alimentares, 
dermatológicas, respiratórias, medicamentosas. 
É uma hipersensibilidade do tipo 1 
 
Atopia: A suscetibilidade a reações de 
hipersensibilidade imediata é geneticamente 
determinada. Uma predisposição aumentada 
para o desenvolvimento das reações de 
hipersensibilidade imediata é chamada 
de atopia. 
É uma resposta imunitária exagerada mediada 
pela IgE; todas as doenças atópicas são distúrbios 
de hipersensibilidade tipo I. 
Os indivíduos atópicos tendem a ter níveis séricos 
de IgE mais elevados e mais células TH2 produtoras 
de IL-4 que a população geral. Uma história 
familiar positiva de alergia é encontrada em 50% 
dos indivíduos atópicos. Se observou ligação com 
o 6p, próximo ao complexo do HLA, sugerindo 
que a herança de certos alelos do HLA permite a 
reatividade a certos alérgenos. 
Doenças atópicas afetam mais comumente o 
nariz, olhos, pele e pulmões. 
 
 As reações de hipersensibilidade podem ser 
desencadeadas por antígenos ambientais 
exógenos (microbianos e não microbianos) ou 
autoantígenos endógenos. 
 A hipersensibilidade geralmente resulta de um 
desequilíbrio entre os mecanismos efetores das 
respostas imunológicas e os mecanismos de 
controle que servem normalmente para limitar 
tais respostas. 
 O desenvolvimento de doenças por 
hipersensibilidade (tanto alérgicas quanto 
autoimunes) costuma associar-se à herança 
de genes de suscetibilidade específicos 
(principalmente o gene HLA) 
 Os mecanismos de lesão tecidual nas reações 
de hipersensibilidade são os mesmos que os 
mecanismos de defesa efetores contra 
patógenos infecciosos. 
 
 Tipos 
 Hipersensibilidade tipo 1: Na 
hipersensibilidade imediata, a lesão é 
causada por células TH2, anticorpos IgE, 
mastócitos e outros leucócitos. Os 
mastócitos liberam mediadores que agem 
nos vasos e no músculo liso e citocinas pró-
inflamatórias que recrutam células 
inflamatórias. 
 Hipersensibilidade tipo 2: são distúrbios 
mediados por anticorpos - os anticorpos 
IgG e IgM secretados causam dano 
celular pela promoção da sua fagocitose 
ou lise e dano tecidual pela indução da 
inflamação. Os anticorpos também 
interferem nas funções celulares e causam 
doença sem lesão tecidual. 
 Hipersensibilidade tipo 3: são distúrbios 
mediados por imunocomplexos, os 
anticorpos IgG e IgM ligam-se a antígenos, 
geralmente na circulação, e os complexos 
antígeno-anticorpo depositam-se nos 
tecidos e induzem inflamação. Os 
leucócitos que são recrutados (neutrófilos 
e monócitos) produzem dano tecidual 
pela liberação de enzimas lisossômicas e 
geração de radicais livres tóxicos. 
 Hipersensibilidade tipo 4: são distúrbios 
imunológicos mediados por células, 
linfócitos T sensibilizados (células TH1, TH17 
e CTLs) são a causa da lesão tecidual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT14 
Tipo 
 
Mecanismo 
 
Lesões patológicas 
 
Distúrbios prototípicos 
 
 
Hipersensibilidade 
imediata (tipo I) 
 
 
Produção de anticorpo IgE → liberação 
imediata de aminas vasoativas e outros 
mediadores de mastócitos; recrutamento 
tardio de células inflamatórias 
Dilatação vascular, 
edema, contração de 
músculo liso, produção 
de muco, lesão tecidual, 
inflamação 
Anafilaxia; alergias; asma 
brônquica (formas 
atópicas) 
Hipersensibilidade 
mediada por 
anticorpo (tipo II) 
 
Produção de IgG, IgM → liga-se ao 
antígeno na célula ou no tecido-alvo → 
fagocitose ou lise da célula-alvo por meio 
de complemento ativado ou receptores 
Fc; recrutamento de leucócitos 
Fagocitose e lise de 
células; inflamação; em 
algumas doenças, 
desarranjos funcionais 
sem lesão celular ou 
tecidual 
Anemia hemolítica 
autoimune; síndrome de 
Goodpasture 
Hipersensibilidade 
mediada por 
imunocomplexos 
(tipo III) 
 
Deposição de complexos antígeno- 
anticorpo → ativação do complemento 
→ recrutamento de leucócitos por 
produtos do complemento e receptores 
Fc → liberação de enzimas e outras 
moléculas tóxicas 
Inflamação, vasculite 
necrosante 
(necrose fibrinoide) 
 
LES; algumas formas de 
glomerulonefrite; doença 
do soro; reação de Arthus 
Hipersensibilidade 
mediada por 
células (tipo IV) 
 
 
 
Linfócitos T ativados → (1) liberação de 
citocinas → inflamação e ativação de 
macrófago; (2) citotoxicidade mediada 
por linfócitos T 
Infiltrados celulares 
perivasculares; edema; 
formação de granuloma; 
destruição celular 
Dermatite de contato; 
esclerose múltipla; 
diabetes tipo 1; artrite 
reumatoide; doença 
intestinal inflamatória; 
tuberculose 
Hipersensibilidade imediata – tipo 1 
 
A hipersensibilidade imediata (tipo I) também é 
chamada de “alergia”; é mediada pelos 
anticorpos imunoglobulina E (IgE) direcionados 
contra antígenos específicos (alérgenos). 
É uma reação imunológica rápida que ocorre em 
um indivíduo previamente sensibilizado, e que é 
impulsionada pela ligação de um antígeno ao 
anticorpo IgE na superfície dos mastócitos 
Essas respostas podem ser localizadas em um sítio 
específico ou ter manifestações sistêmicas. 
 
A suscetibilidade às reações de hipersensibilidade 
imediata (atopia) é geneticamente determinada 
e os indivíduos afetados têm títulos mais altos de 
IgE e mais células TH2 produtoras de interleucina-4 
(IL-4) do que a população geral; há uma ligação 
a certos alelos HLA e à região do cromossomo 
5q31 que codifica as citocinas IL-4, IL-5, IL-9, IL-13 e 
o fator estimulador de colônia de granulócitos-
monócitos (GM-CSF). 
 
A síntese de IgE requer respostas de linfócitos T 
auxiliares CD4+ TH2; em particular, IL-4 e IL-13 
induzem e aumentam a síntese de IgE nas células 
B. As células TH2 também produzem outras 
citocinas que contribuem para a resposta de 
hipersensibilidade tipo I; assim, a IL-4 promove o 
desenvolvimento adicional de células TH2 e a IL-5 
está envolvida no desenvolvimento e ativação 
dos eosinófilos – células efetoras importantes nas 
respostas de hipersensibilidade tipo I. 
 
Muitas reações de hipersensibilidade tipo I 
localizadas têm duas fases bem definidas 
 A reação imediata caracteriza-se por 
vasodilatação, extravasamento vascular e, 
dependendo da localização, espasmo 
muscular liso ou secreções glandulares. 
 A reação de fase tardia, 2 a 24 horas depois 
sem exposição adicional ao antígeno, e que 
pode durar vários dias. Essa reação de fase 
tardia se caracteriza por infiltração dos tecidos 
com eosinófilos, neutrófilos, basófilos, 
monócitos e células T CD4+, bem como por 
destruição tecidual, tipicamente sob a forma 
de lesão celular epitelial da mucosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT14 
O primeiro passo para a geração das células TH2 é 
a apresentação do antígeno às células T auxiliares 
CD4+ naive, provavelmente por células 
dendríticas que capturam o antígeno do seu local 
de entrada. 
Em resposta ao antígeno e a outros estímulos, 
incluindo citocinas como a IL-4 produzida no local, 
as células T diferenciam-se em células TH2. As 
células TH2 produzem uma série de citocinas, que 
são a IL-4, IL-5e IL-13. 
 A IL-4 age nas células B estimulando a troca de 
classe para a IgE e promove o 
desenvolvimento de mais células TH2. 
 A IL-5 está envolvida no desenvolvimento e na 
ativação dos eosinófilos, os quais são 
importantes efetores da hipersensibilidade tipo 
I. 
 A IL-3 aumenta a produção de IgE e age nas 
células epiteliais estimulando a secreção do 
muco. 
 Além disso, as células TH2 (bem como os 
mastócitos e as células epiteliais) produzem 
quimiocinas que atraem mais células TH2, bem 
como outros leucócitos, para o local da 
reação. 
 
 Sensibilização e ativação de mastócitos 
Os anticorpos IgE sintetizados em resposta a um 
alérgeno são ligados aos mastócitos via 
receptores específicos de superfície Fc (FcɛR1) de 
alta afinidade. 
À reexposição, o alérgeno liga e faz a ligação 
cruzada de IgE-FcɛR1 - os mastócitos (e sua 
contraparte circulante, os basófilos) são ativados 
por essa ligação cruzada de alta afinidade a 
receptores Fc da IgE - resultando em uma reação 
imediata (minutos), seguida por reações de fase 
tardia (horas) devido ao seguinte: 
 Liberação (degranulação) de vesículas pré-
formadas contendo mediadores primários. 
 Síntese de novo e liberação de mediadores 
secundários 
Os mastócitos também podem ser ativados por 
outros estímulos (que produzem respostas similares 
às deflagradas por alérgenos): 
 Fragmentos C3a e C5a de complemento 
(anafilatoxinas) que se ligam aos receptores 
de superfície. 
 Quimiocinas (peptídeos quimiotáticos, p. ex., 
IL-8) e adenosina. 
 Drogas, como codeína e morfina. 
 Melitina (em veneno de abelha). 
 Estímulos físicos, como luz solar, trauma, 
exercício e calor ou frio. 
 
Mastócitos revestidos por IgE são 
ditos sensibilizados, pois são sensíveis ao encontro 
subsequente com o antígeno específico. 
Quando um mastócito carregado com anticorpos 
IgE previamente produzidos em resposta a um 
antígeno é exposto ao mesmo antígeno, a célula 
é ativada, resultando na liberação de um arsenal 
de mediadores potentes responsáveis pelos 
aspectos clínicos das reações de 
hipersensibilidade imediata. 
 
 Mediadores de Hipersensibilidade Imediata 
Uma resposta inicial rápida (5 a 30 minutos) 
caracteriza-se por vasodilatação, aumento da 
permeabilidade vascular, contração da 
musculatura lisa brônquica e secreções 
glandulares. Isto é impulsionado por mediadores 
pré-formados armazenados em vacúolos 
secretores e tipicamente se resolve em 60 minutos 
 
Os mediadores contidos nos grânulos dos 
mastócitos são os primeiros a serem liberados 
 Aminas vasoativas: (p. ex., histamina) 
contração da musculatura lisa brônquica, 
aumento da permeabilidade e dilatação 
vascular, além de secreção de muco. 
 Enzimas: contidas na matriz granular (p. ex., 
quimase, triptase): geram cininas e 
complemento ativado clivando proteínas 
precursoras 
 Proteoglicanos: (p. ex., heparina) servem para 
empacotar e armazenar as aminas nos 
grânulos. 
 
Uma segunda fase (tardia), com início em 2 a 24 
horas após a exposição inicial ao alérgeno, 
caracteriza-se por infiltrados de células 
inflamatórias e dano tecidual (especialmente o 
epitélio). Ela pode persistir durante dias e é 
impulsionada por mediadores lipídicos e citocinas 
produzidas por mastócitos ativados: 
 
Mediadores lipídicos são produtos do acido 
araquidônico, produzidos a partir de precursores 
liberados das membranas dos mastócitos pela 
fosfolipase A2. 
 Leucotrieno B4: altamente quimiotático para 
os neutrófilos, monócitos e eosinófilos. 
 Leucotrienos C4, D4 e E4: mil vezes mais potente 
do que a histamina para aumentar a 
permeabilidade vascular e a contração da 
musculatura lisa brônquica. 
 Prostaglandina D2: broncoespasmo intenso e 
secreção mucosa 
 Fator ativador de plaquetas (FAP, 
PAF): agregação plaquetária, liberação de 
histamina, broncoconstrição, vasodilatação e 
aumento da permeabilidade vascular; 
quimiotático para neutrófilos e eosinófilos 
podendo causar ativação com 
degranulação. 
Julia Paris Malaco – UCT14 
Citocinas: Mediadores citocínicos recrutam e 
ativam as células inflamatórias; estes incluem 
o fator de necrose tumoral (FNT, TNF), IL-1 e 
quimiocinas. A IL-4 liberada dos mastócitos 
amplifica a resposta TH2. 
 
 Reação de Fase Tardia 
Na reação de fase tardia, os leucócitos são 
recrutados para ampliar e sustentar a resposta 
inflamatória sem exposição adicional ao antígeno 
desencadeante. 
Eosinófilos geralmente são uma população de 
leucócitos abundante nessas reações. Eles são 
recrutados para locais de hipersensibilidade 
imediata através das quimiocinas, como a 
eotaxina e outras que são produzidas por células 
epiteliais, células TH2 e mastócitos. 
A IL-5 do TH2 é a citocina ativadora de eosinófilos 
conhecida mais potente. 
 
 Anafilaxia sistêmica 
A anafilaxia é uma reação de 
hipersensibilidade sistêmica grave que pode incluir 
hipotensão ou comprometimento das vias aéreas. 
A definição mais aceita de anafilaxia é a de 
Sampson e colaboradores, isto é, uma reação 
alérgica séria, que é rápida na sua instalação e 
pode causar complicações graves que incluem a 
morte. 
A gravidade reflete o nível de sensibilização; até 
as doses minúsculas podem induzir ao choque 
anafilático em um hospedeiro sensibilizado. 
Prurido, urticária e eritema ocorrem minutos após 
a exposição, seguidos de broncoconstrição e 
edema laríngeo; isto pode se agravar para 
obstrução laríngea, choque hipotensivo e morte 
dentro de minutos a horas. 
 
 Reações anafilactóides 
Uma questão comum a ser apresentada em 
exames é a diferença entre as reações 
anafiláticas e anafilactóides. As reações 
anafilactóides são reações semelhantes às 
anafiláticas, também resultam da degranulação 
de mastócitos e disseminação da histamina 
liberada. Porém, nestas reações o estímulo inicial 
aos mastócitos não depende da interação com o 
IgE ligado ao antígeno. Ao invés disto, os 
mastócitos são estimulados diretamente por 
certas substâncias. Exemplos de substâncias 
anafilactóides incluem amidos dextranos, 
fluoresceína e contrastes radiopacos. Entretanto, 
estas reações não ocorrem em todos os indivíduos 
expostos a estes compostos. 
 
Exemplos de disturbios causados por 
hipersensibilidade imediata (tipo 1): anafilaxia, 
asma brônquica, rinite alérgica, sinusite, alergias 
alimentares. 
 
Hipersensibilidade tipo 2 
 
A hipersensibilidade mediada por anticorpo (tipo 
II) é mediada por anticorpos contra antígenos 
extrínsecos ou endógenos presentes nas 
superfícies celulares ou na matriz extracelular; 
ativação do complemento também tem um 
papel significativo. 
A lesão subsequente é a consequência de três 
mecanismosos: 
 Opsonização e fagocitose 
As células opsonizadas pelos anticorpos IgG são 
reconhecidas por receptores Fc dos fagócitos, 
que são específicos para as porções Fc de 
algumas subclasses de IgG. Além disso, quando 
anticorpos IgM ou IgG são depositados nas 
superfícies das células, eles ativam o sistema 
complemento pela via clássica. A ativação do 
complemento gera subprodutos, principalmente 
C3b e C4b, que são depositados nas superfícies 
das células e são reconhecidos por fagócitos que 
expressam receptores para essas proteínas. O 
resultado é a fagocitose das células opsonizadas 
e sua destruição. A ativação do complemento nas 
células também leva à formação do complexo de 
ataque à membrana, que desfaz a integridade da 
membrana através da “abertura de orifícios” na 
bicamada lipídica, causando assim a lise 
osmótica das células 
A destruição de células mediada por 
anticorpos pode ocorrer por outro processo 
chamado citotoxicidade celular dependente 
de anticorpo (ADCC, do inglês, antibody-
dependent cellular cytotoxicity). Células que 
são revestidas com o anticorpo IgG são mortas 
por uma variedade de células efetoras, 
principalmente células NK emacrófagos, que 
se ligam ao alvo por seus receptores para o 
fragmento Fc da IgG, e a lise celular prossegue 
sem fagocitose. 
 
 Inflamação 
Os anticorpos (e subsequente ativação do 
complemento) levam ao recrutamento e à 
ativação de células inflamatórias não específicas 
de antígeno (neutrófilos e macrófagos). Estas 
liberam proteases prejudiciais e espécies reativas 
de oxigênio, que induzem a patologia tecidual. 
Os anticorpos depositados ativam o 
complemento, gerando subprodutos, incluindo 
agentes quimiotáticos (principalmente C5a) que 
direcionam a migração de leucócitos 
polimorfonucleares e monócitos e anafilatoxinas 
(C3a e C5a), que aumentam a permeabilidade 
vascular. Os leucócitos são ativados pelo 
Julia Paris Malaco – UCT14 
envolvimento de seus receptores C3b e Fc. Isso 
resulta na produção de outras substâncias que 
lesam os tecidos, como enzimas lisossômicas, 
incluindo proteases capazes de digerir a 
membrana basal, colágeno, elastina e 
cartilagem, e espécies reativas de oxigênio 
 
 Disfunção celular 
Certos anticorpos podem ativar 
inapropriadamente ou bloquear a função celular 
ou hormonal normal, sem causar dano tecidual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de doença mediada por anticorpo: 
anemia hemolítica autoimune, aúrpura 
trombocitopênica autoimune, pênfigo vulgar, 
vasculite causada por ANCA, síndrome de 
goodpasture, febre reumática aguda, miastenia 
gravis, diabetes resistente a insula, anemia 
perniciosa, hipertireoidismo. 
 
Hipersensibilidade tipo 3 
 
A hipersensibilidade mediada por 
imunocomplexos (tipo III) é mediada por 
complexos de antígeno-anticorpo – 
imunocomplexos – que se formam na circulação 
ou em locais de deposição de antígeno. 
Os antígenos podem ser exógenos ou endógenos. 
A doença mediada por imunocomplexos pode ser 
sistêmica ou local. 
 
 Doença por imunocomplexos sistêmica 
Resulta da deposição de imunocomplexos 
circulantes; pode ocorrer em resposta à 
inoculação de um grande volume de antígeno 
exógeno (doença do soro aguda) ou resultar de 
respostas de anticorpos a antígenos endógenos 
(p. ex., lúpus eritematoso) ou a agentes 
infecciosos (p. ex., poliarterite nodosa). O processo 
é dividido em três fases: 
 Formação de 
imunocomplexo: Anticorpos recém-
sintetizados tipicamente surgem cerca de 
1 semana após a inoculação do antígeno; 
esses anticorpos, então, reagem com o 
antígeno ainda presente na circulação e 
formam complexos antígeno-anticorpo. 
 Deposição de imunocomplexos: os 
complexos antígeno-anticorpo circulantes 
são depositados em vários tecidos. 
Os fatores que determinam se a formação 
de imunocomplexos resultará da 
propensão à deposição que depende da 
natureza físico-química dos complexos 
(carga, tamanho) e das características 
vasculares locais (fenestração, 
permeabilidade). A deposição é maior no 
caso de complexos de tamanho médio 
(excesso de antígeno leve) e nos leitos 
vasculares que filtram (p. ex., glomérulo e 
sinóvia). 
 Lesão causada por imunocomplexos: uma 
vez que os imunocomplexos são 
depositados nos tecidos, eles iniciam uma 
reação inflamatória aguda. A deposição 
de imunocomplexos ativa a cascata de 
complemento; a subsequente lesão 
tecidual deriva da inflamação mediada 
por complemento e células contendo 
receptores Fc. 
 
As exposições a um único antígeno grande 
tendem a induzir doença aguda, autolimitada, 
que se resolve quando o antígeno incitante é 
eliminado. A exposição repetida ou prolongada 
leva à lesão tecidual recorrente crônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT14 
Morfologia: A lesão clássica é a vasculite 
aguda com necrose da parede do vaso e intenso 
acúmulo de neutrófilos. Os acúmulos de tecido 
necrótico e proteína compostos de 
imunocomplexos, complemento e exsudatos de 
proteínas séricas contribuem para a deposição 
eosinofílica maculosa, a chamada necrose 
fibrinoide. Trombose sobreposta e necrose 
tecidual subsequente também podem estar 
presentes. Imunocomplexos e complemento 
podem ser visualizados por imunofluorescência ou 
microscopia eletrônica (depósitos eletrodensos). 
Nas lesões crônicas há espessamento intimal e 
vascular e/ou formação cicatricial do 
parênquima. 
 
 Doença por Imunocomplexos Localizada 
(Reação de Arthus) 
A doença por imunocomplexos locais caracteriza-
se por vasculite localizada e necrose tecidual; 
ocorre quando a formação ou deposição de 
imunocomplexos é extremamente localizada 
(p. ex., injeção intracutânea de antígeno em 
hospedeiros previamente sensibilizados, 
portadores do anticorpo circulante apropriado). 
À medida que o antígeno se difunde na parede 
vascular, ele se liga ao anticorpo pré-formado e 
grandes imunocomplexos são formados 
localmente. Esses complexos precipitam-se nas 
paredes dos vasos, causam necrose fibrinoide, e a 
trombose superposta piora a lesão isquêmica. 
Exemplos de doenças mediadas por 
imnocomplexos: lúpus eritematoso sisemico, 
glomerulonefrite, poliartrite nodosa, artrite reativa, 
doença do soro. 
 
Hipersensibilidade tipo 4 
 
A hipersensibilidade mediada por linfócito T (tipo 
IV) é mediada por linfócitos T específicos de 
antígeno e inclui hipersensibilidade do tipo 
tardio (DTH) (linfócitos T CD4+) e citotoxicidade 
mediada por linfócitos T (linfócitos T CD8+). 
É causado pela inflamação resultante de 
citocinas produzidas pelas células T CD4+ e pela 
morte celular por células T CD8+ 
 
 Inflamação Mediada por Linfócitos T CD4+ 
Nas reações de hipersensibilidade mediadas por 
células T CD4+, citocinas produzidas pelas células 
T induzem a inflamação, que pode ser crônica e 
destrutiva. 
O protótipo da inflamação mediada por células T 
é a hipersensibilidade do tipo retardado (DTH, do 
inglês delayed-type hypersensitivity), uma reação 
tecidual a antígenos fornecidos a indivíduos 
imunes. Nessa reação, um antígeno administrado 
na pele de um indivíduo previamente imunizado 
resulta em uma reação cutânea detectável 
dentro de 24 a 48 horas (daí o termo retardado, 
em contraste com a hipersensibilidade imediata). 
Tanto as células TH1 quanto as TH17 contribuem. A 
reação inflamatória associada às células TH1 é 
dominada por macrófagos ativados, e a 
desencadeada por células TH17 têm um 
componente maior de neutrófilos. 
 
As reações inflamatórias estimuladas pelas células 
T CD4+ são divididas em etapas sequenciais. 
 Ativação das Células T CD4+: as células T CD4+ 
naive reconhecem peptídios apresentados 
por células dendríticas e secretam IL-2, que 
funciona como fator de crescimento 
autócrino, estimulando a proliferação das 
células T responsivas ao antígeno. A 
diferenciação subsequente das células T 
estimuladas por antígenos para as células TH1 
ou TH17 é dirigida pelas citocinas produzidas 
pelas APCs no momento da ativação das 
células T. 
Em algumas situações, as APCs (células 
dendríticas e macrófagos) produzem IL-12, 
que induz a diferenciação das células T CD4+ 
para o subgrupo de TH1. 
O IFN-γ produzido por essas células efetoras 
promove o desenvolvimento adicional de TH1, 
amplificando a reação. Se as APCs produzem 
citocinas inflamatórias como IL-1, IL-6 e um 
parente próximo da IL-12, chamada IL-23, elas 
estimulam a diferenciação das células T no 
subgrupo TH17. 
 Respostas das Células T Efetoras Diferenciadas: 
Como consequência da exposição repetida a 
um antígeno, as células TH1 secretam 
citocinas, principalmente IFN-γ, que são 
responsáveis por muitas das manifestações da 
hipersensibilidade do tipo retardado. Os 
macrófagos ativados pelo IFN-γ 
(“classicamente ativados”) estão alterados de 
vários modos: sua capacidade de fagocitar e 
de matar microrganismos está 
acentuadamente aumentada; eles 
expressam mais moléculas do MHC classe II na 
superfície, facilitando a apresentaçãodos 
antígenos; eles secretam TNF, IL-1 e 
quimiocinas, que promovem inflamação 
(Cap. 3); e eles produzem mais IL-12, 
amplificando assim a resposta de TH1. Desse 
modo, os macrófagos ativados servem para 
eliminar o antígeno agressor; se a ativação for 
mantida, resultarão inflamação e lesão 
tecidual continuadas. 
As células TH17 ativadas secretam IL-17, IL-22, 
quimiocinas e várias outras citocinas. 
Coletivamente, essas citocinas recrutam 
neutrófilos e monócitos para a reação, 
Julia Paris Malaco – UCT14 
promovendo inflamação. As células TH17 
também produzem IL-21, que amplifica a 
resposta de TH17. 
 
 Citotoxicidade Mediada por Células T CD8+ 
Neste tipo de reação mediada por células T, os 
CTLs CD8+ matam células-alvo que expressam 
antígenos. 
A destruição tecidual pelos CTLs é um 
componente importante de algumas doenças 
mediadas por células T, como o diabetes tipo 1. Os 
CTLs direcionados contra antígenos de 
histocompatibilidade da superfície das células 
desempenham um importante papel na rejeição 
do enxerto, que será discutido posteriormente. 
 
O principal mecanismo da morte dos alvos 
mediada por células T 
envolve perforinas e granzimas, mediadores pré-
formados contidos nos grânulos do tipo lisossomo 
dos CTLs. Os CTLs que reconhecem as células-alvo 
secretam um complexo que consiste em perforina, 
granzimas e outras proteínas que entram nas 
células-alvo através da endocitose. No citoplasma 
das células-alvo, a perforina facilita a liberação 
das granzimas do complexo. As granzimas são 
proteases que clivam e ativam caspases, que 
induzem a apoptose das células-alvo (Cap. 2). Os 
CTLs ativados também expressam Fas ligante, uma 
molécula homóloga ao TNF que pode se ligar ao 
Fas expresso nas células-alvo e desencadear 
apoptose. 
 
As células T CD8+ também produzem citocinas, 
especialmente IFN-γ, e estão envolvidas nas 
reações inflamatórias semelhantes à DTH, 
especialmente após infecções por vírus e 
exposição a alguns agentes sensibilizantes de 
contato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de doenças mediadas por células T: 
artrite reumatoide, esclerose múltipla, diabetes 
tipo 1, doença intestinal inflamatória, psoríase, 
sensibilidade de contato. 
 
Anti-histamínicos 
 
Autacoides ou hormônios locais são substâncias 
produzidas no próprio organismo e que exercem 
sua ação principal no próprio local onde são 
liberadas. 
As secreções em nível celular desses autacoides 
podem acontecer de forma autócrina (agindo na 
mesma célula em que foi produzia) ou parácrina 
(agindo em células vizinhas à produtora do 
autacoide). São essas duas formas de sinalização 
celular que caracterizam a ação de um 
autacoide e devem ser diferenciados da 
sinalização sináptica e da endócrina. 
 
Os autacoides são classificados em: 
 Histamina: além de funcionar como 
autacoide, é encontrada ainda na forma de 
neurotransmissor liberado por neurônios 
histaminérgicos em algumas regiões do 
cérebro relacionadas com o estado de vigília, 
termorregulação, etc. Pode ser produzida por 
células mastocitárias e não-mastocitárias. 
 Angiotensina: autacoide produzido a partir da 
conversão do angiotensinogênio (produzido 
pelo fígado) por meio da renina, formando 
angiotensina I. Esta é convertida em 
angiotensina II (por meio da ação da enzima 
conversora de angiotensina - ECA), sendo ela 
a responsável por aumentar a pressão 
sanguínea do indivíduo ao estimular a 
vasoconstricção dos vasos. 
 Óxido nítrico (NO): principal fator relaxante 
produzido pelo endotélio, agindo sobre a 
camada muscular lisa dos vasos. 
 Eicosanoides: Prostaglandinas, prostaciclina 
(substâncias vasodilatadoras, que aumentam 
a permeabilidade celular), Tromboxanos A2 e 
Leucotrienos (substâncias quimiotáxicas). 
 
Histamina 
 
A histamina (formula química: C5H9N3) é uma 
amina biogênica encontrada na maioria dos 
tecidos orgânicos envolvida em processos 
bioquímicos de respostas imunológicas, tendo a 
função de desempenhar função reguladora 
fisiológica intestinal, alem de atuar como 
neurotransmissor. 
Ela é produzida a partir da descarboxilação do 
aminoácido histidina, por ação da enzima L-
histidina descarboxilase. 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150966/epub/OEBPS/Text/B9788535281637000027.xhtml#c0010
Julia Paris Malaco – UCT14 
A histamina é uma substância de aspecto 
cristalino, incolor, solúvel em água, com ação 
vasodilatadora e constritora de músculos lisos. 
Ela age em receptores H1, H2, H3 e H4 centrais e 
periféricos. 
 Na forma de liberação mais comum – a 
liberação imunológica – a secreção de 
histamina é secundária a uma clivagem da 
ligação histamina-proteína intracelular, 
mediada por uma reação imunológica entre 
uma imunoglobulina (como o IgE) e seu 
receptor celular (FcεRI). Esse tipo de liberação 
também necessita de energia e de cálcio. 
Uma descarga sistêmica e disseminada de 
histamina gera um quadro de 
hipersensibilidade caracterizada por choque 
anafilático. A histamina endógena também 
pode desempenhar um papel importante 
numa variedade de respostas inflamatórias e 
imunes. 
 
 Mecanismo de ação da histamina 
A histamina age em um grupo de receptores 
metabotrópicos (proteínas que atravessam sete 
vezes a membrana plasmática e estão acoplados 
a uma proteína G). 
 Receptores H1 da Musculatura Lisa: 
(íleo, brônquios, bronquíolos, útero e, em menor 
concentração, na musculatura lisa dos vasos) 
presença de receptores H1 que promovem a 
contração muscular por intermédio da via de 
transdução de sinal da PLC. Quando a histamina 
se liga aos receptores H1 liberada pelas células 
mastocitárias, a proteína Gq/11 é ativada e sofre 
uma mudança conformacional, de forma que a 
sua subunidade α se desloca até ativar uma 
proteína de membrana: a fosfolipase Cβ (PLC-β). 
Esta é responsável por quebrar fosfolipídeos de 
membrana como o fosfatidil inositol bifosfato 
(PIP2) em duas moléculas distintas: trifosfato 
inositol (IP3, região polar do PIP2) e diacil glicerol 
(DAG, região apolar do PIP2 que permanece na 
membrana). 
Ambos os produtos apresentam funções de 
extrema importância dentro da célula: 
 O IP3, funcionando como segundo 
mensageiro, aumentando a 
concentração intracelular de cálcio ao 
ativar seus receptores presentes na 
membrana do retículo endoplasmático 
liso, organela responsável por armazenar 
este íon e liberá-lo ao citoplasma quando 
interage, justamente, com o IP3. Esta 
excreção de cálcio no citosol é o principal 
evento para a contração celular. 
 O DAG, por sua vez, ativa uma proteína 
quinase C (PKC) que, assim como toda 
quinase, fosforila e promove o aumento 
da atividade catalítica da fosfolipase-A2, 
enzima periférica da face interna da 
membrana que fosforila e ativa canais 
para a passagem de Cálcio do meio 
externo. Além disso, a PKC fosforila 
enzimas que clivam fosfolipídeios de 
membrana e dá início a cascata do ácido 
araquidônico. 
 
 Receptores H1 do Endotélio Vascular: 
A camada endotelial que reveste os vasos 
internamente apresenta receptores H1 que, 
quando ativados, promovem a dilatação dos 
vasos por liberação de óxido nítrico. Quando os 
basófilos presentes na circulação sistêmica 
liberam histamina, os primeiros receptores 
histamínicos dos vasos a sofrerem ação da 
histamina são os receptores H1 do endotélio, por 
ser a primeira camada em contato com o sangue. 
Com isso, há toda aquela sequência de 
transdução do sinal da via da PLC, culminando na 
formação do complexo cálcio-calmodulina. No 
endotélio, entretanto, este complexo não é 
responsável por chegar à camada muscular e 
realizar o encurtamento do sarcômero por meio 
do mecanismo que já conhecemos 
O complexo cálcio-calmodulina, quando 
formado via ativação dos receptores H1 do 
endotélio, ativa a enzima sintase do óxido nítrico 
citoplasmática,formando o NO, o principal fator 
de relaxamento derivado do endotélio. Portanto, 
quando a histamina ativa receptores H1 na 
camada endotelial, a produção de NO é ativada. 
Então, este NO produzido na camada endotelial 
flui em direção à camada muscular, ativa sua via 
de transdução de sinal por meio da via da ciclase 
de guanilil (promovendo a produção de GMPc, 
responsável por inibir os canais de cálcio e a 
MLCK), promovendo eventos citoplasmáticos que 
resultam no relaxamento muscular e, 
consequentemente, em vasodilatação. Este é o 
principal fator que leva à hipovolemia 
característica dos choques anafiláticos. 
 
 Receptores H2 da Musculatura Lisa Vascular: 
Caso a histamina consiga, porventura, atravessar 
a camada endotelial, ela pode ativar receptores 
H2 da camada muscular lisa vascular e, após 
promover uma mudança conformacional da 
proteína Gs e deslocar a sua subunidade alfa, 
iniciar a via de transdução da ciclase de adenilil 
(AC), culminado no aumento citoplasmático dos 
níveis de AMPc. Isso faz com que uma proteína 
quinase A (PKA, que ativa os canais de cálcio) seja 
ativada e promova eventos celulares que 
resultam no relaxamento dos vasos. O sinergismo 
que ocorre com a ativação dos receptores H1 dos 
vasos e H2 da musculatura vascular é um 
Julia Paris Malaco – UCT14 
importante fator para os fenômenos de 
hipovolemia e queda da pressão arterial que 
caracterizam o choque anafilático intermediado 
por liberação de histamina. 
 
 Receptores H2 no Coração: 
Quando a histamina esta chega ao coração, 
ativa os receptores H2 cardíacos, promovendo um 
aumento da frequência (cronotropismo) e força 
de contração (inotropismo) cardíaca. Quando os 
receptores H2 cardíacos são ativados, ocorre uma 
mudança conformacional na proteína Gs que se 
encontram ligados a eles, de modo que a 
subunidade alfa desta proteína ativa a via de 
transdução da ciclase de adenilil. 
Por esta via, a adenilil ciclase é ativada e aumenta 
os níveis de AMPc citoplasmáticos. Este estimula a 
entrada de cálcio extracelular no citoplasma que, 
ao formar o complexo cálcio-troponina C, 
promove o encurtamento do sarcômero muscular, 
aumentando não só a frequência cardíaca, mas 
também, a força de contração do coração. 
 
 Receptores H2 nas células parietais gástricas: 
A principal localização dos receptores H2 é nas 
células parietais secretoras de HCl do estômago. 
No TGI, além do aumento dos movimentos 
peristálticos, a histamina, ao ativar os receptores 
H2 presentes nas células parietais do estômago, 
estimula o aumento da liberação de secreção 
gástrica. As células não-mastocitárias secretoras 
de histamina do estomago, chamadas de 
histaminócitos (células enterocromafins) estão 
presentes no fundo do estômago. Estas células, 
quando são estimuladas por fatores 
parassimpáticos ou endócrinos (gastrina), liberam 
histamina que age nas células parietais do corpo 
do estômago. Ao serem ativados, os receptores H2 
promovem uma mudança conformacional na 
proteína Gs que aumenta os níveis de AMPc 
dentro das células parietais. O AMPc ativa uma 
PKA capaz de fosforilar e ativar a bomba de 
prótons K+/H+ -ATPase, que aumenta os níveis de 
H+ na luz do estômago. Descargas exageradas de 
histamina podem gerar gastrites e úlceras na 
mucosa gástrica por este mecanismo. 
 
 Receptores de histamina na pele: 
Durante uma descarga de histamina que 
acometa a pele, o indivíduo pode apresentar 
sinais de prurido e eritema. O prurido é explicado 
pela irritação e estimulação das terminações 
nervosas sensitivas na região da liberação. O 
eritema, ou seja, a vermelhidão da pele, é 
explicado pela dilatação vascular que acontece 
nos vasos da região estimulada. A pele, como um 
todo, sofre ação da urticária secundária a 
liberação de histamina. Entretanto, regiões 
específicas do corpo – como os olhos, lábios, 
orelhas, palmas das mãos e planta dos pés – 
sofrem mais com os efeitos das reações alérgicas. 
Isso ocorre porque a quantidade de células 
produtoras de histamina nessas regiões é maior, 
predispondo uma maior liberação de histamina 
nessas regiões em particular. 
 
Anti-histamínicos 
 
Viu-se que a liberação de histamina no organismo, 
em geral, causa diversos efeitos como 
taquicardia, vasodilatação, vasodilatação, 
queda da pressão arterial, broncoconstricção 
(dificuldades respiratórias), aumento dos 
movimentos peristálticos (diarreias), enjôos, 
vômitos, aumento da secreção gástrica, 
formação de urticárias na pele, edema, choque 
anafilático, manifestações alérgicas (como na 
rinite, conjuntivite alérgica, gripe com coriza, 
reações de hipersensibilidade), etc. 
 
Os anti-histamínicos são substâncias antagonistas 
dos receptores metabotrópicos de histamina 
administrados no intuito de conter efeitos da 
liberação exagerada de histamina, responsável 
por todos estes eventos indesejáveis. 
Os principais representantes desta classe são 
divididos em grupos, a depender do receptor 
histaminérgico no qual eles agem: 
 Antagonistas H1: na clínica, convencionou-se 
que os receptores H1 são relacionados com 
reações inflamatórias e alérgicas. Seus 
antagonistas agem no intuito de bloquear 
estas reações. Existem dois tipos de 
antagonistas H1: 
o Antagonistas de 1a geração: apresentam 
efeitos sedativos fortes. 
A maioria dos anti-H1 clássicos são 
metabolizados pelo CYP2D6, e alguns 
também pelo CYP3A4.23,27 Estudos 
baseados no uso da difenidramina, como 
exemplo de anti-H1 de primeira geração, 
demonstraram que essas drogas não são 
apenas substratos do CYP2D6, como 
também inibem essa via do citocromo 
P450. 
Ex: Mepiramina (Alergitanil®), 
Difenidramina (Dramin®), Prometazina 
(Phenergan®/Fenergan®), Ciclizina 
(Marezine®), Clorfeniramina 
(Cimegripe®), Dexclorfeniramina 
(Polaramine®), Hidroxizina (Hixizine®). 
o Antagonistas de 2a geração: apresentam 
efeitos sedativos fracos e são mais caros. 
De forma geral, podemos afirmar que a 
segunda geração dos anti-H1 atua como 
substrato da Gp. 
Julia Paris Malaco – UCT14 
Ex: Cetirizina (Zyrtec®), Desloratadina 
(Desalex®), Loratadina (Claritin®), 
Fexofenadina (Allegra®). 
 Antagonistas H2: convencionou-se que 
estes receptores estão principalmente 
relacionados com a secreção gástrica. 
Seus antagonistas agem no intuito de 
diminuir está secreção, podendo ser úteis 
no tratamento de gastrites e úlceras 
pépticas. Os fármacos mais utilizados são 
Cimetidina, Ranitidina e Famotidina. 
Bloqueando os receptores H2 das células 
parietais do estômago, reduz-se a 
secreção de H+ para a luz do estômago, 
reduzindo a agressão do ácido clorídrico à 
mucosa gástrica. 
 Antagonistas H3: os receptores H3 estão 
principalmente localizados no SNC inibe 
liberação do neurotransmissor. 
 Antagonistas H4: esses receptores foram 
recém-descobertos no intestino delgado, 
e seus antagonistas ainda estão em fase 
de ensaios (in vitro/in vivo). 
 
OBS1: A histamina, quanto a sua ação 
neurotransmissora, é classificada como um 
neurotransmissor excitatório. Entretanto, sua ação 
pode ser estimulatória (quando ela age sobre 
neurônios excitatórios, como os colinérgicos) ou 
inibitória (quando ela age sobre neurônios 
inibitórios, ou gabaérgicos). Contudo, em ambos 
os tipos de neurônio, o receptor histamínico é do 
tipo H1 e sofrem ação direta dos antagonistas H1 
de primeira geração. Portanto, se houver o 
bloqueio de neurônios excitatórios, o efeito final 
será a sedação; mas se houver o efeito de 
neurônios inibitórios, o efeito final será a agitação. 
 
OBS2: Os antagonistas H1 de primeira geração são 
caracterizados pelos seus efeitos sedativos e por 
diminuir a coordenação motora nos adultos. 
Inclusive, psiquiatras utilizam anti-histamínicos H1 
de primeira geração para tratar a insônia de 
pacientes depressivos para não prescrever 
benzodiazepínicos. 
Contudo, quando administradosem crianças, 
acontece efeito contrário. Este fato é explicado 
da seguinte maneira: estudos mostraram que, 
independente da dose, há pacientes em que os 
anti-histamínicos apresentam maior tropismo por 
neurônios inibitórios (o que acontece com alguns 
adultos e a maioria das crianças), resultando em 
um efeito final estimulatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abuso de medicamentos 
 
AINES 
 
Os AINEs precisam de uma atenção especial, por 
exemplo, porque diminuem a produção de 
prostaglandinas, que são substâncias naturais em 
nosso organismo envolvidas no processo da dor, 
inflamação, febre, proteção do estômago, 
trabalho de parto, controle de pressão arterial, 
menstruação, entre outros. 
No geral, o uso abusivo de anti-inflamatórios pode 
estar associado a problemas como gastrite, 
úlceras, insuficiência renal e hepatite 
medicamentosa. 
 
A insuficiência renal é um dos problemas mais 
graves acarretado pelo uso excessivo, já que com 
a redução de prostaglandinas, o processo de 
filtragem do sangue pelos rins fica comprometido 
e reduz a eliminação do sódio pelo órgão. 
Além disso, os AINEs ainda podem aumentar o 
risco de sangramentos/hemorragias quando 
usados por pessoas tratadas com 
anticoagulantes, ou pacientes com dengue. 
Também podem diminuir o efeito dos anti-
hipertensivos (medicamentos para pressão alta). 
Em casos de cirurgias e fraturas, ou extrações de 
dente, podem prejudicar o processo de 
cicatrização/restauração e aumenta a chance 
de hemorragias. 
 
A maioria dos efeitos colaterais relacionados com 
o uso de AINEs é devida à inibição da COX-1. 
 Dispepsia (“indigestão”); 
 Hemorragia gástrica; 
 Em administração prolongada, risco de úlcera 
gástrica; 
 Náuseas; 
 Vómitos; 
 Alergias como urticária na pele, eritemas e até 
raros casos de choque anafilático; 
 Insuficiência renal reversível com a cessação 
da medicação; 
 Nefropatia associada ao uso de analgésicos e 
anti-inflamatórios: por vezes irreversível, 
decorre do uso contínuo de aspirina, 
Julia Paris Malaco – UCT14 
paracetamol, indometacina, ibuprofeno, 
diclofenaco. O consumo crônico (por mais de 
três anos) de AINEs pode levar a formas 
irreversíveis de nefrotoxicidade. 
 Síndrome de Reye - grave condição causada 
raramente pela aspirina em crianças. 
 A overdose de aspirina causa acidose 
metabólica. 
 
Um dos principais efeitos colaterais dos AINEs é o 
desenvolvimento de gastrites e úlceras gástricas. 
Isso ocorre porque inibindo a COX-1, há uma 
diminuição nas concentrações da prostaglandina 
E2 (PGE2), responsável por estimular as células 
principais do estômago a produzirem muco e 
bicarbonato que recobre e protege as paredes 
do estômago do próprio ácido clorídrico (liberado 
pelas células parietais do estômago). Por este 
motivo, a administração dos AINEs deve ser feita 
junto à refeição, evitando-se utilizá-los durante o 
jejum. Este fato está relacionado com a função da 
COX-1 que, dentre outras funções, é responsável 
pela produção de muco no estômago. Daí a 
importância de se administrar AINEs durante as 
refeições: o alimento, por si só, diminui o pH do 
estômago e causa um efeito protetor à mucosa 
gástrica, o que diminui a ação corrosiva do ácido 
à mucosa. 
 
Em adultos e adolescentes (≥ 12 anos de idade), 
pode ocorrer hepatotoxicidade após a ingestão 
de mais que 7,5 a 10 g em um período de 8 horas 
ou menos. Fatalidades não são frequentes (menos 
que 3 - 4% de todos os casos não tratados) e 
raramente foram relatadas com superdoses 
menores que 15 g. Uma superdose aguda de 
menos que 150 mg/kg em crianças (< 12 anos de 
idade) não foi associada a hepatotoxicidade. Os 
sinais e sintomas iniciais que se seguem a uma 
dose potencialmente hepatotóxica de 
paracetamol são: perda de apetite, náusea, 
vômito, sudorese intensa, palidez e mal-estar 
geral. 
 
A nefrotoxicidade dos AINHs está relacionada à 
inibição das PGs comprometendo a perfusão 
sanguínea renal – pois as PGs vasodilatadoras 
antagonizam os efeitos vasoconstritores da 
angiotensina e das catecolaminas – e pode 
causar insuficiência renal aguda ou crônica, 
síndrome nefrótica, necrose de papila, necrose 
tubular aguda e nefrite intersticial aguda. O uso 
prolongado e o abuso de associações entre mais 
de um AINHs se relacionam à maior 
nefrotoxicidade. As formas de injúria renal incluem 
necrose papilar e nefrite intersticial crônica. 
 
 
 Lesão renal por AINES 
Os rins são importantes órgãos para a função 
excretora do corpo, por receberem por volta de 
25% de todo o débito cardíaco. Para que 
desempenhem adequadamente a sua função de 
filtração, esses órgãos dispõem de mecanismos 
regulatórios, como a síntese de prostaglandinas, 
que atuarão na manutenção da taxa de filtração 
glomerular (TFG) e da homeostase renal. 
O uso de AINEs inibe a cascata do ácido 
aracdônico, de maneira seletiva ou não, 
causando efeito não permissivo para a formação 
de prostaglandinas. 
Nos rins, as prostaglandinas - principalmente 
prostaciclina, PGE2, PGD2 - atuarão como 
vasodilatadoras na arteríola aferente, 
aumentando a perfusão renal, com distribuição 
do fluxo do córtex para os néfrons na região 
medular renal. Essa vasodilatação atua como 
uma contrarregulação de mecanismos, como a 
atuação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona e do sistema nervoso simpático, 
culminando com uma compensação para 
assegurar o fluxo adequado ao órgão. O uso de 
AINEs inibe esse mecanismo, podendo resultar em 
vasoconstrição aguda e isquemia medular, que 
podem levar a uma lesão renal aguda. 
 
Além da atuação vasodilatadora, a PGE2, 
mediante a estimulação de receptores tubulares, 
vai agir na inibição do transporte de sódio e 
cloreto na alça ascendente de Henle e nos ductos 
coletores, por meio da estimulação do receptor 
EP1, levando à natriurese. Ademais, a PGE2 exerce 
ação antagonista nos receptores do hormônio 
antidiurético (ADH), também promovendo a 
diurese. 
O uso de AINEs, diante desse quadro, pode 
acarretar maior retenção de sódio e água, por 
inibir a produção de PGE2, levando à formação 
de edema, que muitas vezes é subclínico.8 Ensaios 
clínicos comparando diferentes AINEs evidenciam 
o desenvolvimento de hipertensão, sobretudo 
com o uso de doses altas e por tempo 
prolongado, sendo o ibuprofeno mais implicado. 
Além da sua atuação nos rins, as prostaglandinas 
desempenham diversas funções relacionadas à 
homeostase, como proteção da mucosa 
gastrointestinal, ativação plaquetária, atuação no 
processo de inflamação, broncodilatação, entre 
outras.2 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-28002019000100124&script=sci_arttext&tlng=pt#B8
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-28002019000100124&script=sci_arttext&tlng=pt#B2
Julia Paris Malaco – UCT14 
 AINES e lesão renal aguda 
A injúria (ou lesão) renal aguda compreende uma 
síndrome caracterizada por redução abrupta da 
TFG, levando à retenção de ureia, creatinina e 
outras escórias nitrogenadas que normalmente 
são depuradas pelos rins. Essa condição é 
clinicamente definida quando pacientes elevam 
os níveis de creatinina em poucos dias (ou 
apresentam um valor 1,5 x maior em relação a um 
resultado recente ou presumido) ou que evoluem 
com oligúria/anúria, justificando alta 
morbimortalidade no pronto-socorro. 
Praticamente todos os AINEs podem cursar com 
LRA. 
 Muitas vezes, a gasometria arterial é o exame de 
admissão essencial se o paciente 
apresentar status de síndrome urêmica, como 
declínio progressivo do status mental e convulsões, 
ou apresentar sinais de lesão renal aguda (como 
a oligúria), causando acidose metabólica 
provocada pela ingestão excessiva de AINEs 
Altas doses de AINEs têm sido implicadas como 
causas de LRA, especialmente em 
idosos. Entretanto, a LRA mediada por AINEs é 
uma condição rara. 
 
A principalforma de lesão renal aguda por AINEs 
é a hemodinamicamente mediada. Em contraste, 
em situações de doença renal crônica, 
insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, 
choque hipovolêmico e outras condições que 
reduzam o volume arterial circulante, a secreção 
desses hormônios aumenta, a fim de preservar a 
perfusão renal e a TFG. A quebra desse processo 
pelos AINEs gera redução da perfusão renal 
intramedular e isquemia, aumentando o risco de 
necrose tubular aguda (NTA). Algumas evidências 
sugerem menor potencial nefrotóxico nas drogas 
COX não seletivas em baixas doses, como o AAS e 
o ibuprofeno, em relação às COX-2 seletivas. 
 
A segunda forma de apresentação da LRA 
induzida por AINEs é a nefrite intersticial aguda 
(NIA) com síndrome nefrótica. É descrita 
proteinúria nefrótica em torno de 80% dos 
pacientes, mais associada aos AINEs fenoprofeno, 
naproxeno e ibuprofeno. Pode-se também 
observar a ocorrência de NIA sem síndrome 
nefrótica. 
 
 AINES e distúrbios hidroeletrolíticos 
Como já explicitado acima, as prostaglandinas 
(PGs) têm função importante na manutenção da 
atividade renal. A vasodilatação renal induzida 
por PGs é crítica para a manutenção de uma 
adequada perfusão renal, por meio de PGE2 e 
PGI2. As principais alterações hidroeletrolíticas e 
acidobásicas provocadas por essa classe são a 
retenção sódica (causando edema e 
hipertensão), hipercalemia e acidose metabólica 
decorrentes da menor atividade de COX-1 e COX-
2. 
A inibição da vasodilatação mediada pelas 
prostaglandinas (PGE-2) impede uma perfusão 
renal adequada. Em situações de desregulação 
do volume arterial circulante, em que há maior 
estímulo do SRAA, a produção de prostaglandinas 
(PGE-2, PGI-2) pelo endotélio da arteríola aferente 
é elevada. Essas prostaglandinas constituem um 
mecanismo autorregulador em casos de 
diminuição da perfusão renal, como na 
insuficiência cardíaca e em condições de 
hipovolemia, a exemplo da vasodilatação 
compensatória da arteríola aferente mediada por 
PGE2 que ocorre em resposta à ação da 
norepinefrina ou da angiotensina II. 
Ocorre aumento da síntese na doença 
glomerular, na insuficiência renal 
(TFG<60mL/minuto/1,73m2), na hipercalemia, na 
insuficiência cardíaca, na cirrose e no choque 
hipovolêmico, estados de redução do volume 
arterial circulante, que implica em maior estímulo 
da síntese de PGs. Se a produção está reduzida, é 
natural que ocorra retenção de plasma 
decorrente da vasoconstricção arteriolar 
aferente, levando a distúrbios hidroeletrolíticos e 
acidobásicos, sendo o principal deles a retenção 
de água (consequente de maior reabsorção de 
sódio) e a hipercalemia. Logo, pacientes com tais 
condições associadas ao uso de AINES têm maior 
vulnerabilidade para desenvolver 
nefrotoxicidade. 
 
Os AINEs podem diminuir em cerca de 20% a 
resposta aos diuréticos, principalmente os 
diuréticos de alça, cujo efeito pode se expressar 
mais comumente em retentores crônicos de sódio, 
como os portadores de insuficiência cardíaca 
congestiva. 
 
A aldosterona é capaz de aumentar a excreção 
de potássio. Visto que a prostaglandina PGI2 
estimula as células justaglomerulares renais a 
liberar renina e, consequentemente, aldosterona 
(um estado de hiporreninemia com 
hipoaldosteronismo), a inibição da produção 
dessa molécula pelos AINES pode provocar menor 
fluxo tubular distal, que resulta em hipercalemia, 
além de acidose metabólica. Evidências recentes 
de casos-controle e estudos retrospectivos 
sugerem não haver correlação entre maior 
incidência de hipercalemia com inibidores 
seletivos da COX-2 (os coxibes), como já descrito 
em ensaios clínicos da década de 1980, sendo 
assim proporcional a incidência de hipocalemia 
em quaisquer classes de AINEs. 
Julia Paris Malaco – UCT14 
A COX-1 atua primariamente no controle da TFG 
renal, enquanto a COX-2 intervém na excreção 
de sódio e água. O bloqueio de ambas as enzimas 
impede a produção de PGE2. Essa enzima regula 
a reabsorção de sódio e água nos túbulos renais 
(efeito diurético e natriurético), além de otimizar a 
perfusão sanguínea à medula renal, que contribui 
para tal efeito. PGE2 é considerada uma PG 
tubular, enquanto a PGI2, vascular. No entanto, 
em situações fisiológicas, tais enzimas não são 
componentes primários na homeostase 
hidroeletrolítica gerada nos rins, já que a taxa de 
produção basal de prostaglandinas é 
relativamente baixa. 
Tem sido sugerido que a retenção aguda de sódio 
por AINEs em idosos saudáveis é mediada pela 
inibição da COX-2, enquanto a diminuição brusca 
da TFG deve-se pela inibição da COX-1. 
 
Logo, AINEs com pouco ou nenhum efeito sobre a 
COX-2, como a aspirina, raramente provocam 
retenção evidente de sódio e hipertensão. Nos 
estudos SUCCESS VI e VII, houve aumento 
significativo no número de pacientes com 
elevação da pressão arterial numa população 
idosa (> 65 anos), em uso de coxibs, sobretudo o 
rofecoxib. 
 
Hiponatremia induzida por AINES está 
possivelmente correlacionada à menor liberação 
de PGE2 e PGI2, que antagonizam a ação da 
vasopressina em realizar absorção de água em 
túbulos coletores, apesar de haver mecanismo 
AINE-mediado contrarregulatório de retenção de 
sódio por inibição de prostanoides, principal 
responsável pelo efeito de "overfilling", por 
ocasionar hipertensão arterial e edema. É 
sugerido que a retenção de sódio por AINEs seja 
mediada pela COX-2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antibióticos 
 
 Resistência bacteriana 
A resistência bacteriana é a capacidade dos 
microrganismos em resistir aos efeitos de um 
antibiótico ou antimicrobiano. Esta resistência 
pode ser adquirida por via natural ou adquirida, a 
qual pode acontecer por meio de quatro 
mecanismos: transformação, conjugação, 
transdução e/ou mutação. 
 Natural (primária ou essencial): não 
constitui um problema clínico significativo. 
Neste caso, a bactéria já apresenta um 
fator genético resistente a um dado 
antibiótico e não é capaz de propagar 
este seu fator. Na maioria dos casos, o 
micro-organismo simplesmente não 
expressa o alvo de ação de uma 
determinada droga (como ocorre no caso 
do Mycoplasma pneumoniae, que não é 
afetado pelos β-lactâmicos por não 
possuir parede celular, que é a estrutura-
alvo de ação desses antibióticos). 
 Adquirida (secundária): constitui um 
problema clínico significativo, pois o fator 
genético responsável pela resistência a 
um dado antibiótico pode ser propagado 
para outras bactérias. Neste caso, a 
resistência é desenvolvida por um micro-
organismo (antes sensível), principalmente 
devido ao uso inadequado de um 
antibiótico ou utilização de uma dosagem 
errada. O mecanismo da resistência pode 
acontecer por mutação ou por 
transferência gênica (conjugação, 
transformação e transdução). 
o Mutação: alteração genética 
causada após a exposição ao 
fármaco que ocorre entre os micro-
organismos, gerando uma resistência. 
Os microrganismos Staphylococcus 
aureus e Escherichea coli são 
resistentes a ação das quinolonas, cujo 
alvo é a topoisomerase II. Isso porque 
estas enzimas, no caso desses 
microrganismos, apresentam 
diferenças estruturais das enzimas 
convencionais. Tal mutação é devida 
a um contato prévio com o antibiótico, 
que adentrou no núcleo da bactéria e 
alterou a transcrição desta enzima. 
o Conjugação: passagem de genes de 
uma célula doadora para outra 
receptora através de contato direto 
(por meio de fímbrias). Este mecanismo 
acontece principalmente com os 
Bacilos Gram-negativos. O 
Haemophilus influenzae é uma 
bactéria resistente a penicilina capaz 
de sintetizar a β-lactamase, enzima 
responsável por clivar e inativar os 
antibióticos β-lactâmicos. Sugere-se 
que este fator de resistência tenha sido 
adquirido por esta bactéria via 
conjugação e que ainda pode ser 
Julia Paris Malaco – UCT14 
passadopara outras bactérias por 
meio deste mesmo mecanismo. 
o Transdução: o gene de resistência 
captado em uma bactéria é 
transferido por meio de um 
bacteriófago para outra bactéria. O 
Staphylococcus aureus pode receber 
os genes de produção da β-lactamase 
por meio da transdução. 
o Transformação: incorporação de DNA 
do meio para o interior da bactéria. Os 
Pneumococos são capazes de realizar 
este mecanismo. Eles são resistentes à 
penicilina não pela produção da β- 
lactamase, mas por apresentarem 
genes que fazem com que o 
microrganismo deixe de expressar a 
proteína ligante de penicilina (PLP), 
impedindo a ligação e a ação da 
penicilina. 
 
O modo pelo qual a bactéria manifesta resistência 
a um dado antibiótico se dá por meio de três 
mecanismos: 
 O fármaco não atinge o seu alvo: este 
mecanismo pode ocorrer por alterações de 
porinas (poros aquosos) ou das bombas de 
efluxo. 
o Alterações das porinas: partindo do 
pressuposto que os antibióticos são 
fármacos hidrossolúveis eles necessitam 
de um canal para entrar na célula 
bacteriana e agir em seu sítio de ação. 
Estes canais são as porinas. Alterações 
conformacionais nestes canais, via 
indução genética, garantem resistência 
da bactéria aos antibióticos. Este 
mecanismo é comum aos organismos 
Gram-negativos, o que garante resistência 
à tetraciclina e aos aminoglicosídeos, por 
exemplo. 
o Alteração da bomba de efluxo: esta 
bomba é capaz de captar o fármaco que 
entrou via porina e imediatamente lançá-
lo para fora da célula. Alterações nesta 
bomba, mimetizando-a, auxiliam no 
mecanismo de resistência bacteriana que 
ocorre principalmente com a tetraciclina 
e as quinolonas. 
 O fármaco é inativado: neste caso, a bactéria 
passa a produzir enzimas que inativam o 
fármaco antes que este chegue a agir em seu 
órgão alvo. As principais enzimas são: 
o β-lactamases produzidas por 
estafilococos, gonococos e Haemophilus: 
inativam a penicilina G; 
o Acetiltransferases e fosfotransferases 
produzidas por E. coli: inativam os 
aminoglicosídeos; 
o CAT produzida por E.coli, H. influenzae: 
inativa o cloranfenicol. 
 O alvo é alterado: assim como ocorre com o 
mecanismo de resistência dos Pneumococos, 
o sítio alvo de um determinado fármaco pode 
ser alterado, impedindo a sua ligação e ação 
na célula bacteriana. No caso do 
Pneumococos, ocorre alteração na proteína 
ligante de peniclina, dificultando a interação 
entre o fármaco e seu sítio de ação. 
 
Resistência cruzada. Um dado microrganismo, já 
resistente a um certo antibiótico, pode se tornar 
resistente a outras drogas através do processo 
denominado resistência cruzada. Neste processo, 
o microrganismo pode aumentar seu espectro de 
resistência por meio de dois mecanismos: 
 Semelhança química e espacial entre as duas 
drogas; 
 Drogas com o mesmo mecanismo ou sítio de 
ação. 
 
 Hepatite medicamentosa 
Lesão hepática medicamentosa  aumento de 
TGP 
A hepatite medicamentosa é uma grave 
inflamação do fígado causada pelo uso 
prolongado de alguns tipos de medicamentos, 
especialmente aqueles que têm capacidade 
para causar irritação do fígado. 
Os antibióticos são os mais frequentes, incluindo 
aqueles utilizados para o tratamento da 
tuberculose, seguidos pelos anticonvulsivantes e 
anti-inflamatórios. 
Dentre os fatores de risco estão: idade avançada; 
uso associado de álcool e várias medicações; 
existência de doenças hepáticas prévias; 
consumo de extrato de plantas e doses elevadas 
de medicamentos. 
A maioria dos casos são assintomáticos e 
descobertos em exames rotineiros. Mas podem se 
manifestar como hepatite aguda com náuseas, 
vômito, cansaço, falta de apetite, seguidos por 
vezes de icterícia (olhos e pele amarelados), urina 
escura com cor de coca-cola. A evolução para 
cura ocorre na maioria dos casos. Mais raramente 
podem evoluir com insuficiência hepática grave 
(quando o fígado para de funcionar de forma 
aguda) com necessidade de cuidados intensivos 
e avaliação para transplante de fígado! Alguns 
casos podem progredir para hepatite crônica, e 
mesmo cirrose hepática (tipo de cicatrização no 
fígado levando a doença hepática terminal). 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT14 
Colchicina 
 
É um fármaco anti-inflamatorio destinado ao 
tratamento das crises agudas de gota e na 
prevenção das crises agudas nos pacientes 
com artrite gotosa crônica. 
A colchicoterapia pode ser indicada 
na Febre Familial do Mediterrâneo e em casos de 
escleroderma, poliartrite associada 
à sarcoidose e psoríase. 
A Colchicina é eficaz no tratamento clínico da 
Doença de Peyronie nos casos com tempo de 
evolução inferior a um ano, atuando na redução 
do processo inflamatório que vai dar origem à 
placa fibrosa. Não tem seu uso bem estabelecido 
nos casos com longo tempo de evolução, quando 
a placa de fibrose já está plenamente formada. 
 
Efeitos colaterais 
 Comuns: Diarreia, vômitos, náuseas, cólicas, 
Fadiga, cefaleia, Dor faringolaríngea. 
 Incomuns: 
Alopecia, depressão medular, dermatite, 
coagulação intravascular disseminada, 
hepatotoxicidade, reações de 
hipersensibilidade, aumento 
da creatina fosfoquinase (CPK), intolerância à 
lactose, mialgia, miastenia, oligospermia 
(reversível com a interrupção do 
tratamento), púrpura, rabdomiólise, doença 
neuromuscular 
tóxica, neutropenia, leucopenia, azoosperma. 
 
A colchicina apresenta um índice terapêutico 
estreito, sem distinção clara entre as doses não 
tóxicas, as doses tóxicas e as doses letais, diante 
disso não recomendamos a ingestão de doses 
acima de 7mg. A sintomatologia da superdose 
inicia-se de 2 a 5 horas após a dose tóxica ter sido 
ingerida e inclui sensação de queimação na boca 
e garganta, febre, vômitos, diarreia, dor 
abdominal e insuficiência renal. Doses entre 0,5 e 
0,8mg/kg podem induzir falência medular 
resultante de reação aplástica por hiperinibição 
da mitose e resultar em morte. O inicio da falência 
de múltiplos órgãos pode ocorrer em 24 a 72 horas 
e cursar com choque hipovolêmico resultante de 
dano vascular e da perda de fluidos pelo trato 
gastrointestinal. Adicionalmente, insuficiência 
renal, leucopenia, anemia, fraqueza muscular e 
falência respiratória podem ocorrer. A 
recuperação pode começar em 6 a 8 dias. 
 
Alopurinol 
 
Alopurinol é indicado para redução da formação 
de urato/ácido úrico nas principais manifestações 
de depósito dessas duas substâncias – o que 
ocorre em indivíduos com artrite gotosa, tofos 
cutâneos e nefrolitíase ou naqueles que 
apresentam um risco clínico potencial (por 
exemplo, que estão em tratamento de tumores 
que podem desencadear nefropatia aguda por 
ácido úrico). 
 
Foi relatada ingestão de até 22,5 g de alopurinol, 
sem efeitos adversos. Sinais e sintomas como 
náusea, vômito, diarreia e tonteira foram relatados 
em um paciente que ingeriu 20g de alopurinol. 
Houve recuperação após medidas gerais de 
suporte. A absorção maciça de alopurinol pode 
conduzir a uma considerável inibição da 
atividade da xantina oxidase, a qual não deve 
produzir efeitos indesejáveis, a não ser afetar o 
efeito de alguma medicação concomitante, 
especialmente a mercaptopurina e/ou 
azatioprina. A hidratação adequada do paciente 
para manter uma diurese ideal facilita a excreção 
do alopurinol e de seus metabólitos. Se for 
considerada necessária, pode ser utilizada 
hemodiálise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://consultaremedios.com.br/doencas-dos-ossos/gota/c
https://consultaremedios.com.br/doencas-dos-ossos/artrite/c
https://consultaremedios.com.br/dor-febre-e-contusao/c
https://minutosaudavel.com.br/sarcoidose-o-que-e-tipos-sintomas-tratamento-tem-cura/
https://consultaremedios.com.br/pele-e-mucosa/psoriase/c
https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-fadiga-muscular-cronica-adrenal-etc-e-como-tratar/https://consultaremedios.com.br/dor-febre-e-contusao/dor-de-cabeca-e-enxaqueca/c
https://consultaremedios.com.br/saude-do-homem/queda-de-cabelo-e-calvicie/c
https://minutosaudavel.com.br/depressao/
https://consultaremedios.com.br/pele-e-mucosa/dermatites/c
https://consultaremedios.com.br/fitness/ganho-de-massa/proteinas/creatina/c
https://minutosaudavel.com.br/intolerancia-a-lactose/
https://minutosaudavel.com.br/intolerancia-a-lactose/
https://minutosaudavel.com.br/purpura/
https://minutosaudavel.com.br/rabdomiolise/
https://consultaremedios.com.br/doencas-dos-ossos/artrite/c
Julia Paris Malaco – UCT14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Insuficiência renal 
https://arquivos.sbn.org.br/uploads/Diretrizes_Insuficiencia_Re
nal_Aguda.pdf 
 
IRA é definida como a redução aguda da função 
renal em horas ou dias. Refere-se principalmente a 
diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou 
do volume urinário, porém, ocorrem também 
distúrbios no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico 
e acidobásico. Recentemente, uma rede 
internacional de especialistas propôs uma nova 
definição e classificação de IRA, a fim de 
uniformizar este conceito para efeitos de estudos 
clínicos e principalmente, prevenir e facilitar o 
diagnóstico desta síndrome, na tentativa de 
diminuir a alta morbidade e mortalidade ainda 
encontrada nos dias atuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Insuficiência renal aguda 
É a perda súbita da capacidade de seus rins 
filtrarem resíduos, sais e líquidos do sangue. 
Quando isso acontece, os resíduos podem chegar 
a níveis perigosos e afetar a composição química 
do seu sangue, que pode ficar fora de equilíbrio. 
Também chamada de lesão renal aguda, a 
insuficiência é comum em pacientes que já estão 
no hospital com alguma outra condição. Pode 
desenvolver-se rapidamente ao longo de algumas 
horas ou mais lentamente, durante alguns dias. 
Pessoas que estão gravemente doentes e 
necessitam de cuidados intensivos estão em maior 
risco de desenvolver insuficiência renal aguda. 
Insuficiência renal aguda pode ser fatal e requer 
tratamento intensivo. No entanto, pode ser 
reversível. Tudo depende do estado de saúde do 
paciente. 
 
Sinais e sintomas de insuficiência renal aguda 
podem incluir: 
 Diminuição da produção de urina, embora, 
ocasionalmente, a urina permaneça normal 
 Retenção de líquidos, causando inchaço nas 
pernas, tornozelos ou pés 
 Sonolência 
 Falta de fome 
 Falta de ar 
 Fadiga 
 Confusão 
 Náusea e vômitos 
 Convulsões ou coma, em casos graves 
 Dor ou pressão no peito. 
 
As causas da insuficiência renal aguda podem ser 
podem ser classificadas como pré-renal, 
intrarrenal e pós-renal: 
 Pré-renal: as causas da insuficiência renal são 
classificadas como pré-renais quando se 
originam antes dos rins, como hemorragias, 
sepse, entre outras. 
 Intrarrenal: as causas da insuficiência renal são 
classificadas como intrarrenais quando se 
originam de lesões no parênquima renal ou 
nos glomérulos. Essas lesões podem ser 
decorrentes, por exemplo, de processos 
infecciosos. 
 Pós-renal: as causas da insuficiência renal são 
classificadas como pós-renais quando se 
originam após os rins, por exemplo, uma 
obstrução no trato urinário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://arquivos.sbn.org.br/uploads/Diretrizes_Insuficiencia_Renal_Aguda.pdf
https://arquivos.sbn.org.br/uploads/Diretrizes_Insuficiencia_Renal_Aguda.pdf
Julia Paris Malaco – UCT14 
História Clínica – É importante para estabelecer a 
causa subjacente (diminuição do volume 
extracelular, drogas, contrastes radiológicos, 
sepse), os fatores de risco (idade, disfunção renal 
prévia, co-morbidades) e a gravidade da IRA. 
Manifestações clínicas específicas são incomuns, 
mas febre, mal estar, “rash” cutâneo e sintomas 
musculares ou articulares podem estar associados 
a nefrites intersticiais, vasculites ou 
glomerulonefrites. Dor lombar ou supra-púbica, 
dificuldade de micção, cólica nefrética e 
hematúria podem sugerir IRA pósrenal. 
 
Exame físico – Sinais e sintomas da IRA dependem 
da causa e do grau de comprometimento da 
função renal, sendo frequentemente inespecíficos 
e mascarados pela doença de base. A 
observação de sinais de hipovolemia e 
hipotensão arterial ou sinais de obstrução do trato 
urinário auxiliam o diagnóstico diferencial de IRA 
pré ou pós-renal. Devem-se procurar sinais 
associados com a etiologia e complicações da 
IRA. A presença de livedo reticular e micro-infartos 
digitais podem sugerir doença renal 
ateroembólica. Pacientes com dispnéia, 
ortopnéia, edema, turgência jugular e 
estertoração pulmonar podem estar 
hipervolêmicos, enquanto aqueles com fraqueza 
muscular ou paralisia ascendente podem estar 
com hiperpotassemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Insuficiência renal aguda é mais frequentemente 
diagnosticada durante uma internação hospitalar 
para outra causa. Se você já está no hospital, 
exames realizados por outros problemas podem 
encontrar a doença renal. 
Se você não está no hospital, mas tem sintomas de 
lesão renal, o médico irá perguntar sobre seus 
sintomas, quais medicamentos você toma, e quais 
exames você fez. Seus sintomas podem ajudar a 
apontar a causa do seu problema renal. 
Entre os exames que fazem o diagnóstico de 
insuficiência renal aguda estão: 
 Medições da produção de urina 
 Exames de urina 
 Exames de sangue 
 Exames de imagem, como ultrassom 
e tomografia computadorizada 
 Remoção de uma amostra de tecido de rim 
para o teste (biópsia). 
 
Tratamento 
Dialise: Esse procedimento envolve o desvio de 
sangue para fora do seu corpo em uma máquina 
que filtra os resíduos. O sangue limpo é então 
devolvido ao seu corpo. Se os níveis de potássio 
são perigosamente altos, a diálise pode salvar 
vidas. A diálise pode ser necessária, mas não é 
sempre necessária. É usada se houver mudanças 
em seu estado mental ou se você parar de urinar. 
A diálise também pode ser necessária em casos 
de pericardite, uma inflamação do coração. A 
diálise também pode ajudar a eliminar resíduos de 
produtos de nitrogênio do corpo. 
 
 
 Insuficiência renal crônica 
A insuficiência renal crônica, mais corretamente 
chamada de doença renal crônica (DRC), é uma 
doença caracterizada pela perda lenta e 
continuada da função dos rins, fato que provoca, 
entre outras alterações, o progressivo acúmulo de 
toxinas e lixos metabólicos no sangue. É 
atualmente um problema de saúde pública 
mundial, pela incidência cada vez mais elevada 
na população. 
 
Sinais e sintomas 
Como a instalação da insuficiência renal crônica 
costuma se dar de forma lenta, o nosso organismo 
tem tempo para ir se adaptando a este mau 
funcionamento do rins, fazendo com que não 
tenhamos sinais ou sintomas até fases bem tardias 
da doença. A principal característica da DRC é 
ser uma doença silenciosa. 
Muitas pessoas acham que podem identificar um 
rim doente pela dor ou pela diminuição do volume 
de urina. Nada mais falso. O rim apresenta pouca 
inervação para dor e por isso só dói quando está 
inflamado ou dilatado. Como na maioria dos 
casos de insuficiência renal crônica nem um nem 
outro ocorrem, o paciente pode muito bem 
descobrir que precisa de diálise sem nem sequer 
ter sentido uma única dor renal na vida. 
O volume de urina também não é um bom 
indicador da saúde dos rins. Ao contrário da 
insuficiência renal aguda (IRA), na qual a redução 
da produção de urina é um fator quase sempre 
presente, na insuficiência renal crônica, como a 
perda de função é lenta, o rim adapta-se bem, e 
a capacidade de eliminar água mantém-se 
estável até fases bem avançadas da doença. Na 
verdade, a maioria dos pacientes que precisam 
Julia Paris Malaco – UCT14 
entrar em diálise ainda urinam pelo menos 1 litro 
por dia. 
Portanto, na maioria dos casos,até fases bem 
avançadas da doença, a insuficiência renal 
crônica não causa nenhum sintoma ou sinal. 
Os pacientes com IRC em fases avançadas 
podem apresentar anemia e agravamento dos 
valores da pressão arterial e edemas dos membros 
inferiores. Quando o rim entra em fase terminal, os 
sintomas que surgem são cansaço aos esforços, 
náuseas e vômitos, perda do apetite, 
emagrecimento, falta de ar, hálito forte (com 
cheiro de urina) e edemas generalizados. 
 
A insuficiência renal crônica pode ser dividida 
em seis fases, como pode-se observar a seguir: 
 Fase de função renal normal sem lesão renal: 
estão incluídos indivíduos que estão no 
chamado grupo de risco, ou seja, apresentam 
os fatores de risco citados no tópico anterior, 
como indivíduos hipertensos e diabéticos, no 
entanto, ainda não apresentam lesões renais. 
 Fase de lesão com função renal normal: 
essa fase é caracterizada pelo início das 
lesões, mas sem alteração na filtração 
glomerular. A taxa de filtração glomerular 
encontra-se acima de 90 ml/min/1,73m2. 
 Fase de insuficiência renal funcional ou leve: 
essa fase da insuficiência renal crônica é 
caracterizada pelo início da perda da função 
renal e só pode ser detectada com exames 
específicos. A taxa de filtração glomerular 
encontra-se entre 60 e 89 ml/min/1,73m2. 
 Fase de insuficiência renal laboratorial ou 
moderada: essa fase é caracterizada por 
alterações nos níveis de ureia e creatinina, 
entretanto, o paciente apresenta-se bem. A 
taxa de filtração glomerular encontra-se entre 
30 e 59 ml/min/1,73m2. 
 Fase de insuficiência renal clínica ou severa: 
essa fase é caracterizada pelo aparecimento 
de sintomas de uremia, ou seja, do aumento 
de ureia no sangue. Entre esses sintomas 
podemos citar a hipertensão arterial, fraqueza, 
mal-estar, anemia, náuseas e vômitos, entre 
outros. A taxa de filtração glomerular 
encontra-se entre 15 e 29 ml/min/1,73m2. 
 Fase terminal de insuficiência renal crônica: 
essa fase caracteriza-se pelo grande 
comprometimento renal, em que os rins já não 
conseguem realizar suas funções e o 
organismo encontra-se bastante afetado. 
Nessa fase, os tratamentos recomendados são 
os dialíticos ou o transplante renal. A taxa de 
filtração glomerular encontra-se inferior a 15 
ml/min/1,73m2. 
 
 
Diagnostico 
Como não há sintomas até fases avançadas da 
doença, a insuficiência renal crônica 
normalmente é detectada através de análises de 
sangue, através da dosagem da ureia e da 
creatinina. 
A creatinina é o melhor marcador da função 
renal. Quando os rins começam a perder função, 
seus valores sanguíneos se elevam. No entanto, 
um valor elevado de creatinina pode ocorrer em 
contextos agudos e isoladamente não é suficiente 
para definir o diagnóstico de doença renal 
crônica. 
Para confirmação da DRC, é preciso que existam 
alterações da função ou da estrutura renal, 
mantidas por pelo menos três meses. Dentre estas 
alterações podemos destacar: 
 Presença de perda de proteínas pela urina 
(proteinúria ou albuminúria) 
 Alterações no exame simples de urina como 
hematúria 
 Alterações da estrutura dos rins detectadas 
em exames de imagem ou anomalias em 
biópsia renal 
 Alterações de eletrólitos no sangue 
relacionadas à doença renal tubular 
 Presença de redução da taxa de filtração 
glomerular abaixo de 60ml/min 
 Presença de transplante renal 
A pesquisa de ureia e creatinina no sangue nos 
dão informações a respeito da função renal, 
enquanto os exames de urina, de imagem e a 
biópsia renal nos fornecem dados importantes a 
respeito de mudanças estruturais, do tecido renal, 
que quando estão presentes por período maior 
que três meses, também são suficientes para 
enquadrar o paciente como insuficiente renal 
crônico. 
 
As análises laboratoriais também permitem 
detectar complicações da IRC precocemente, 
como graus iniciais de anemia, alterações dos 
eletrólitos (principalmente cálcio, fósforo e 
potássio), alterações do hormônio PTH (que 
controla a saúde dos ossos), dos valores de pH do 
sangue, etc. 
A ultrassonografia dos rins também é um exame 
importante, pois ela mostra a morfologia renal, 
podendo indicar se os rins já têm sinais de atrofia 
ou anomalias como a doença renal policística. 
Todavia, é importante ressaltar que uma 
ultrassonografia renal sem alterações de modo 
algum é suficiente para se descartar a hipótese de 
DRC. 
Finalmente, temos a biópsia renal que pode 
confirmar o comprometimento do tecido renal 
mesmo quando os valores de ureia e 
creatinina encontram-se ainda em níveis normais. 
Julia Paris Malaco – UCT14 
 
Indicações de hemodiálise 
 Pericardite ou pleurite → Diálise de urgência 
 Encefalopatia ou neuropatia urêmica 
progressiva → Diálise de urgência 
 Diátese hemorrágica clinicamente 
significativa atribuída à uremia → Diálise de 
urgência 
 Sobrecarga volêmica refratária a diuréticos 
 Hipertensão não responsiva a anti-
hipertensivos 
 Distúrbios metabólicos refratários 
 Náuseas e vômitos persistentes 
 Desnutrição 
 TFG 5-10 ou 15 em diabéticos 
 
Existem 3 critérios que pautam a decisão de iniciar 
a diálise: a impossibilidade de manejo clínico das 
alterações metabólicas e da volemia, a presença 
de sinais e sintomas urêmicos que indicam falência 
renal e a deterioração do estado nutricional. Esses 
indicativos ocorrem, geralmente, com a TFG entre 
10 mL/min/1,73 m² e 5 mL/min/1,73 m². E 15 mL/min 
paciente diabético 
 
As principais indicações dialíticas são: 
 Hiperpotassemia – acima de 5,5 meq/L com 
alterações ao ECG ou maior que 6,5 meq/L; 
 Hipervolemia: edema periférico, derrames 
pleural e pericárdico, ascite, hipertensão 
arterial e ICC; 
 Uremia: sistema nervoso central (sonolência, 
tremores, coma e convulsões) sistema 
cardiovascular (pericardite e tamponamento 
pericárdico), pulmões (congestão pulmonar e 
pleurite), aparelho digestivo (náuseas, vômitos 
e hemorragias digestivas); 
 Acidose metabólica grave; 
 Outras: hipo ou hipernatremia, hipo ou 
hipercalcemia, hiperuricemia, 
hipermagnesemia, hemorragias devido a 
distúrbios plaquetários, ICC refratária, 
hipotermia e intoxicação exógena. 
 
 
 
As indicações para terapia dialítica, a grosso 
modo, podem ser divididas em agudas, 
potencialmente letais e que demandam 
tratamento imediato e, aquelas mais insidiosas em 
que sejam pesados os benefícios da modalidade 
de terapia dialítica escolhida, sempre objetivando 
aumentar a sobrevida e propiciar reais melhorias 
na qualidade de vida do paciente. Dentre os 
vários e amplos parâmetros clínico-laboratoriais 
aos quais todo paciente candidato à terapia 
dialítica deverá ser submetido ressaltam-se as 
seguintes avaliações: 
 Função Renal 
 Estado Nutricional 
 
Função renal - Taxa de Filtração Glomerular: A 
importância da medida do clearance de 
creatinina a partir da coleta de urina de 24h, 
especialmente nas fases mais precoces da DRC, é 
indiscutível . No entanto é importante ressaltar que 
em estágios finais da DRC, o cálculo da TFG é mais 
fidedigno quando estimado através das fórmulas 
de Cockcroft-Gault, MDRD ou CKD-EPI , fórmulas 
essas especialmente desenvolvidas para estágios 
avançados de DRC ( < 60ml/min). Isso se deve ao 
alto grau de comprometimento da filtração 
glomerular nessas fases terminais, o que favorece 
a secreção de creatinina pelos túbulos 
contorcidos proximais provocando assim, uma 
interpretação equivocada e superestimada do 
resultado do clearance da creatinina em urina de 
24h. Assim, em fases avançadas da DRC os níveis 
séricos de creatinina, uréia , entre vários outros 
parâmetros clínico- laboratoriais somados às 
fórmulas citadas para cálculo do clearance 
estimado, melhor retratam o real estado do 
paciente. 
 
Estado nutricional: Diversos estudos têm 
demonstrado uma relação direta entre 
mortalidade e concentração

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