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A1 - TEORIA DA BUROCRACIA DE MAX WEBER

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BUROCRACIA APLICADA A GESTÃO PÚBLICA
O conceito de burocracia tem sido amplamente estudado em todas as áreas do conhecimento, contudo, é evidente que a grande contribuição sobre o tema tenha sido realizada por Max Weber (1982). 
Segundo Motta (1975, p. 46), a preocupação de Weber está na racionalidade, entendida como a adequação dos meios aos fins. E uma organização é racional quando é eficiente. Assim, para Weber, a burocracia era a forma mais eficiente de uma organização. 
Burocracia é o oposto de autonomia, tanto individual como coletiva. O próprio pensamento da atualidade encontra-se refém da burocratização. No interior das organizações, os trabalhadores – do operário ao executivo – são condicionados pelas determinações de que a burocracia impõe. Para Tragtenberg, “a burocracia materializa a face perversa do capital; resulta num problema real com origem na expansão do sistema de capital”. 
Para abordar melhor as questões acerca da Burocracia na gestão pública, usarei como exemplo o Ministério da Saúde. Aqui trarei as discussões e resultados de um estudo qualitativo descritivo realizado no período de 1990 a 2014, juntamente com algumas considerações pessoais sobre o assunto. 
Trata-se de um estudo empírico que mostra as particularidades da estrutura burocrática do Ministério da Saúde (MS), tendo por referência a importância dessa agência de governo no papel de gestor nacional da política de saúde, em termos de sua regulação, formulação e coordenação. 
Sabemos que nos dias de hoje, os representantes de saúde Federais, Estaduais e Municipais, optam por terceirizar o setor da saúde, ou seja, transferir a reponsabilidade na execução de tarefas ou fornecimento de produtos, para redução de custos, impactando diretamente na melhoria nos serviços prestados, incremento da produtividade e competitividade. Para que a longo prazo obtenha-se resultados positivos no que se refere a promoção da saúde e prevenção de doenças, tratamento e reabilitação. 
No âmbito da saúde pública devido à redução de gastos no setor administrativo e principalmente no déficit de recursos para investimentos, a terceirização passou a ser vista como um interessante modelo de estratégia por parte da administração. No entanto ainda é muito comum encontrar nos setores públicos, colaboradores efetivos com suas funções habilitadas por meio de concursos públicos, homologados e publicados em Diário Oficial.
Para os processos administrativos e burocráticos na gestão pública, a terceirização do setor possibilita a redução do desperdício de insumos, melhor e maior qualidade no controle dos processos, aumento de produtividade, otimização da administração do tempo da empresa, agilização no processo de tomada de decisões e minimização de conflitos, otimização de serviços, liberação da criatividade, redução do quadro direto de empregados, desmobilização dos trabalhadores para reivindicações e greves, eliminação das ações sindicais e eliminação das ações trabalhistas. 
De acordo com dados divulgados departamento Intersindical de Estáticas e Estudos Sócios Econômicos (SE/MTE/2003), é possível afirmar que com a terceirização das unidades prestadoras de serviço à saúde é possível reduzir o custo na área física da empresa, nos investimentos em instalações, na manutenção das instalações, nos custos com água, energia e telefone, em investimentos em equipamentos e softwares, na manutenção e calibragem de equipamentos , na substituição e upgrade de equipamentos , aquisição, armazenamento e controle de insumos; nos problemas enfrentados com variados fornecedores, nos seguros, na administração burocrática da atividade, na seleção, contratação e demissão de funcionários; nos encargos trabalhistas , custos com treinamento de pessoal, nas férias, faltas, doenças e licenças de funcionários, em abonos, 13º salário, gratificações e horas extras; nos problemas sindicais, negociações, greves e problemas judiciais com funcionários.
A terceirização na Administração Pública tem como principal intuito economizar e ter eficiência na prestação dos serviços públicos, não basta contratar os serviços faz-se necessário o acompanhamento das etapas do serviço e de acordo com  as normas da Lei de Licitações e Contratos da Administração Pública nº 8.666/93, o Estado deve designar um representante para tal, que tenha capacidade para executar a função.
Manter um elenco de colaboradores efetivo gera estabilidade e autonomia, em contrapartida é possível notar alguns impasses que impactam negativamente na qualidade da gestão do SUS no âmbito do MS, sendo eles: instabilidade do quadro administrativo decorrente dos vínculos temporários de trabalho; ausência de investimento na capacitação dos funcionários (contratados e efetivos); não fixação na saúde dos servidores de carreiras transversais devido à baixa remuneração dos cargos; engessamento da carreira restrita a um único cargo, e, por fim, o preenchimento dos cargos de direção por funcionários externos.
No estudo realizado os colaboradores que atuam na sede, bem como os que estão alocados e unidades de saúde como centro de pesquisas, hospitais, departamentos de atenção básica, vigilâncias e outros departamentos, alegam perceber uma estrutura burocrática frágil, na qual a seleção por meio de concurso público não predispõe a composição do quadro administrativo da saúde. 
De acordo com os autores do estudo “uma estrutura de Estado compatível com uma administração democrática, no caso do Brasil, encontra-se em construção, o que sinaliza para o risco da orientação de reformas apoiadas no modelo gerencialista, sem a devida preocupação com a implantação dos fundamentos da burocracia weberiana”. 
A implementação de seleção por meio de concurso público é indicativa de avanço institucional no sentido meritocrático e se expressa no aumento do pessoal efetivo lotado no órgão. Todavia, a abertura de concursos gera maior investimento em profissionalização e incentivos aos servidores a fim de obter redução na instabilidade organizacional do MS, dada a alta rotatividade dos recém-concursados e a permanência de um quadro administrativo desmobilizado. 
A falta de mecanismos de promoção interna, associada ao preenchimento praticamente exclusivo dos cargos comissionados de direção por profissionais externos às carreiras, provoca um clima de tensão e competição entre o pessoal de carreira e os funcionários externos, o que reforça uma divergência no âmbito da estrutura administrativa do Ministério. 
Por outro lado, a presença de um do quadro político-administrativo composto por profissionais externos, de elevado grau técnico, tanto em relação à formação acadêmica quanto na gestão pública, e ainda com ideias e valores convergentes aos preceitos básicos do SUS, reforçou a institucionalidade do MS, reduzindo os efeitos deletérios de uma burocracia pouco desenvolvida. 
Em síntese, os processos administrativos estão bem fundidos, mas quando se refere à estrutura organizacional, principalmente relacionado à recursos humanos, podemos perceber que não há motivação externa por falta de capital, educação continuada, plano de carreira e questões políticas quanto à ocupação de cargos comissionados e terceirizados.
REFERENCIAS
1. BOLETIM ESTATÍSTICO DE PESSOAL. Brasília: MP, 2011. Disponível em: Acesso em: 05 mai. 2021. 
2. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 out. 1988.
3. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Boletim estatístico de pessoal. Brasília, 2010. Disponível em: Acesso em: 10 mai. 2021.
4. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Revisada e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
5. COSTA, L.A., ROCHA, D.F. Burocracia e Gestão Pública: uma análise do MS. Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 26, n. 3, p. 632-645, 2018. Acesso em: 15 mai. 2021.
6. Departamento Intersindical de Estáticas e Estudos Sócios Econômicos -SE/MTE – O Processo de Terceirizaçãoe seus Efeitos Sobre os Trabalhadores no Brasil – 2003. Disponível em: http://ftp.medicina.ufmg.br/osat/arquivos/6-07082015.pdf. Acessado em: 04 mai. 2021.
7. DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
8. GIOSA, L. A. Terceirização: uma abordagem estratégica. São Paulo: Pioneira, 2008.
9. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Serviço público federal brasileiro no século XXI: “inchaço” ou modernização e profissionalização? Brasília, 2015. Disponível em: Acesso em: 2 mai. 2021.
10. MAXIMIANO, A. C. Teoria geral da administração: da escola científica a competitividade em economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2000.
11. MOTTA, F. C. P. Teoria Geral da Administração: uma introdução. São Paulo: Pioneira, 1975.
12. QUEIROZ, C. A. R. S. Manual e terceirização. 9. ed. São Paulo: STS, 1998.
13. TRAGTENBERG, Maurício. Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática,1974.

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