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EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE INTRODUÇÃO É fundamental que a concentração dos íons hidrogênios nos líquidos corporais que vem do metabolismo sejam mantidos em valores muito constante, ou seja, não pode ter alteração, a fim de garantir o adequado e perfeito funcionamento enzimático. Toda enzima para catalisar uma reação possui um pH ótimo de atividade e a velocidade dessa enzima vai diminuindo até parar e a reação que depende dele irá cessar incluindo a formação de ATP. Quando isso não ocorre de maneira aceitável, pode levar o indivíduo a morte, devido à lentificação/cessamento das reações químicas. Assim, a regulação dos íons hidrogênio envolve mecanismos complexos e coordenados, realizado pelos tampões e pelos sistemas respiratório e renal, uma vez que o homem elimina diariamente cerca de 40 a 100 mEq pela urina de H+ (pelos rins) e 13.000 mEq de CO2 (pelo sistema respiratório). O CO2 não é, mas se comporta como um ácido e necessita ser eliminado pelo SR para o controle do Equilíbrio Ácido-Base. IMPORTÂNCIAS: CLÍNICA A maior causa de óbitos são os desvios não corrigidos do pH independente da patologia, mais de 90% dos óbitos advém de perda do controle do Equilíbrio Ácido-Base; quanto mais precocemente for diagnosticado, maior chance terá de salvar o paciente; EXERCÍCIO Fator limitante do exercício físico intenso (acidose não corrigida). Perda do Equilíbrio Ácido-Base; EVOLUTIVAS Adaptações de animais a condições de pH adversas. DEFINIÇÕES ÁCIDO Toda substância que num meio aquoso dissocia-se, formando íons H+ BASE Toda substância que num meio aquoso dissocia-se formando íons OH-. Em função da constante de dissociação o ácido ou base podem ser classificados em forte (constante de dissociação maior) ou fraca (constante de dissociação menor). Portanto, o ácido é forte quando promove grandes variações de dissociação é elevada e forma muitos íons H+ e é fraco quando a constante de dissociação é menor e forma poucos íons H+. Enquanto isso, a base é forte quando forma muitos íons OH- e fraca quando forma poucos íons OH-. Um ácido forte ou uma base forte promovem grandes variações do pH, enquanto ácidos ou bases fracas promovem discretas variações do pH. Os mecanismos de ajustes do Equilíbrio Ácido-Base são os mesmos nas duas condições, porém com magnitudes distintas. Uma alteração muito acentuada do pH leva o indivíduo a óbito. • Ácido forte: constante de dissociação maior, forma muito H+ e leva a grandes variações no pH. • Ácido fraco: constante de dissociação menor, forma pouco H+ e leva as pequenas variações no pH. P: potencial H: íon hidrogênio pH: potencial do íon hidrogênio O pH é o inverso da concentração hidrogeniônica, ou seja, quando existir muitos íons hidrogênio num sistema, o valor do pH é baixo e, se existir poucos íons hidrogênio, o valor do pH é alto. A somatória do pH e da hidroxila sempre resulta em 14, isso advém da dissociação da água pura e é experimental. As origens do íon H+ no organismo são duas: (1) dieta, ingestão de frutas cítricas; e (2) produtos do metabolismo, como ácido hidroxibutírico (advém dos lipídios e dos carboidratos), corpos cetônicos (lipídios), ácido sulfúrico (metionina), ácido hidroclorídrico (lisina, histidina) e outras fontes. A concentração plasmática do H+ é muito baixa (40 nEq/L), e a excreção urinária de 50 a 100 mEq/dia, torna a urina ácida. EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBALCH H2CO3 – ácido carbônico é um acido instável e ele pode dissociar formando H+ e HCO3- Essa equação tem uma constante de dissociação que vai identificar a direção da equação. Essa constante chama K1. No entanto, o mesmo ácido carbônico pode dissociar-se só que agora formando CO2 e H20 e também pode ir de um sentido ou outro através de uma constante que se chama K2 A variação do oxigênio não afeta o equilíbrio ácido-base, pois não existe oxigênio na equação. O acido carbônico pode se apresentar de 2 formas: não dissociada (H2CO3) ou nas suas duas formas dissociadas (H+ e HCO3- e CO2 e H2CO3). Quando se trabalha com concentrações muito pequenas, é mais vantajoso trabalhar na forma logaritma, então: Partindo dessa preposição e aplicando a lei das massas e retirando a molécula de água, pois o meio já é aquoso, tem- se: O normograma de Gamble vai informar a forma iônica plasmática, que é controlada pelo sistema renal. Para cada molécula de CO2, tem-se 20 de bicarbonato, sendo que o primeiro (CO2) é controlado pelo sistema respiratório e, o segundo (bicarbonato), pelo sistema renal. Valor de pK: é determinado por um nomograma chamado de Gamble que informa sobre a forca iônica plasmática. Quem é responsável pelo pK é o sistema renal. Na hipóxia, apenas, sem afetar o equilíbrio, não há variações de pH, pois o sistema respiratório é pouco sensível às variações de oxigênio. VALORES ARTERIAIS NORMAIS • pH = 7,40 (7,35 a 7,45) • pCO2 = 40 mmHg (38 a 42) • BE = 0 (-2 a +2) – (Base Excess) • (pO2 = 100 mmHg) • (pH venoso: 7,28 a 7,38) O CO2 total no denominador da equação, pode ser substituído pelo pCO2 arterial multiplicado pelo valor da solubilidade do CO2, que é 0,02: Em condições de normalidade: HCO3 = 24 mmol/L e a PCO2 = 40 mmHg. Portanto, no sangue arterial, tem-se um pH de 7,40. Valores menores do que 7,40 indicam acidose e valores maiores indicam alcalose. FAIXA DE VARIAÇÃO DO PH A vida só é possível numa faixa muito pequena do pH, entre o mínimo 7 e máximo 14, fora disso, o indivíduo vai à óbito. Se, por alguma razão, esse valor do pH for diminuindo em direção do 0 significa que está deslocando para o lado ácido (acidose). Acidose é a redução do valor do pH arterial. Ou pode-se ter uma elevação do pH em direção a 14, ou seja, um deslocamento para o local básico (alcalose). Alcalose que eleva o pH acima de 7,8 vai à óbito. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE Para a manutenção do equilíbrio ácido-base, tem-se 3 mecanismos: tampões plasmáticos (agem em segundos – muito rápido, mas sozinho não consegue corrigir o pH, apenas amenizar variações bruscas). Já o sistema respiratório, este age em minutos (rápido, porém mais lento que o primeiro, mas já traz o pH para mais próximo do equilíbrio); e o sistema renal (age em horas/dias – demora, mas o ajuste é mais fino/preciso). • Tampões Plasmático: agem muito rapidamente no plasma, eles amortecem as variações do pH, mas não corrigem. • Sistema Respiratório: age em minutos, trazendo o pH mais próximo da normalidade. • Sistema Renal: o mais lento de todos, demora horas ou dias, mas ele que faz o ajuste preciso do equilíbrio ácido-base. AÇÕES DOS TAMPÕES PLASMÁTICO Tampão Plasmático: é constituído sempre por um ácido e uma base fracas que amortecem e não corrigem variações bruscas do pH, é uma via rápida. São 3 tipos de tampões: ÁCIDO CARBÔNICO E BICARBONATO DE SÓDIO É o mais importante e o mais abundante. Segue um exemplo do ácido carbônico em contato com uma base forte hipotética: Note que amorteceu a variação brusca do pH ao substituir uma base forte por uma mais fraca, formando H2O. Agora, segue um exemplo de bicarbonato em contato com um ácido forte hipotético: Note que amorteceu a formação brusca ao formar um sal e o ácido carbônico, sendo que, este último, por ser muito instável, vai logo se transformar em H2O + CO2, sendo este CO2 metabólico e não respiratório. Agora, em um exemplo real, formando ácido lático. Durante um exercício físico, há hiperventilação para eliminar o CO2 metabólico, a fim de reestabelecer o equilíbrio ácido- base, além de eliminar o CO2 respiratório. O CO2 respiratório, somado com o CO2 metabólico, vai resultar em uma hiperventilação para conseguir eliminar esse excesso. Vale destacar e relembrar que, o sistema respiratório é muito sensível às variações das concentrações de dióxido de carbono. FOSFATO MONOSÓDIO OU MONOBÁSICO E FOSFATO BISÓDICO OUBIBÁSICO (MAIS PRÓTON É O ACIDO) Esse é um sistema auxiliar, mas não o mais importante, estando em baixa concentração no plasma. Segue um exemplo do fosfato monosódico em contato com uma base forte hipotética: Note que, novamente, há transformação de uma base forte em uma fraca, liberando água. Como uma base forte traria muitas alterações para o pH, ela precisa ser convertida em uma base fraca. Agora, segue um exemplo do fosfato bisódico em contato com um ácido forte: PROTEÍNAS (REUNIÃO DE AMINOÁCIDOS ANIÔNICOS E CATIÔNICOS) O tampão plasmático mais eficiente é o tampão bicarbonato, uma vez que a sua concentração plasmática é elevada (24 mmol/L) e representa 98% da concentração dos tampões no sangue, além de permitir a ação do sistema respiratório. O tamponamento de um ácido pelo bicarbonato gera a formação do ácido carbônico, que é instável e rapidamente se dissocia em água e dióxido de carbono; os pulmões eliminam este excesso de CO2 de maneira rápida e eficiente. O tampão proteico plasmático é lento, pois para haver equilíbrio das reações de tamponamento, pode demorar até 60 minutos. O tampão fosfato bisódico apresenta reduzida concentração plasmática (2%) e não permite a ação respiratória, pois não gera dióxido de carbono. AÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório atua nas correções do equilíbrio ácido-base, com ação em minutos, através dos ajustes ventilatórios, age no denominador da equação de Henderson-Hasselbalch, regulando a pCO2-. As correções respiratórias, frente às variações químicas do sangue, permitem atuar no equilíbrio ácido-base fazendo através da hiper e da hipoventilação. Nos gráficos a seguir, a ventilação basal = 1 representa a normoventilação, que, em humanos, é cerca de 10 L/min. Valores menores do que 1, tem-se a hipoventilação, e maiores do que 1, tem-se a hiperventilação. Como já dito anteriormente, o sistema respiratório é muito sensível às variações da pCO2. Note que o sistema respiratório, é pouco sensível às variações da pO2, sendo preciso ter uma hipóxia muito grande para começar a afetar. Além disso, o sistema respiratório é muito sensível às variações de pH/concentração de íons hidrogênio. • Hipocapnia induz uma hipoventilação; • Hipercapnia induz hiperventilação; • Hipohidria induz uma hipoventilação; • Hiperhidria induz uma hiperventilação. AÇÕES DO SISTEMA RENAL O sistema renal atua lentamente (horas/dias) nas correções do equilíbrio ácido-base, mas é o responsável pelos ajustes precisos e finos do pH. Esse sistema, não tem uma ação boa na correção de alcalose, exceto na alcalose por altitude. Então, esse sistema está preparado na correção de acidose, eliminando o íon hidrogênio na urina, tornando-a ácida e retendo a base bicarbonato de sódio no organismo. Portanto, os rins atuam na correção de uma acidose através da eliminação de urina ácida (contendo um ácido fraco nela) e da manutenção no organismo da base bicarbonato de sódio. Na alcalose por altitude, os rins eliminam na urina o bicarbonato de sódio, sem eliminar os componentes ácidos, em excesso (urina alcalina ou urina básica). CAMINHO DA URINA O caminho da urina nos rins é: cápsula de Bowwmann no Glomérulo Renal à túbulo contorcido proximal à alça de Henle à túbulo contorcido distal à ducto coletor. Ao redor dos túbulos, existem os capilares peritubulares. MECANISMOS RENAIS FILTRAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO Há excreção de próton na forma de água, eliminando-o sem causar alterações no pH. FILTRAÇÃO DE FOSFATO BI SÓDICO Há eliminação de fosfato monosódico (ácido fraco) na urina, o que fax com que seja uma urina ácida, o que seria uma correção da acidose. • AC é a anidrase carbônica FILTRAÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO O NH3 irá se ligar ao H+ e formar NH4+ para se juntar ao cloro (cloreto de amônio – ácido fraco), de modo que o H+ não consiga se juntar ao CL- e formar ácido clorídrico (ácido forte), que, caso seja formado, destruiria néfrons. EXCREÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO (NA ALCALOSE) Para corrigir uma alcalose, o rim vai excretar uma urina básica. TIPOS DE ACIDOSE E ALCALOSE: Todos nós temos no plasma um conjunto de tampões básicos. Esse conjunto dos tampões denomina-se de DP - Duffler Base. Esse conjunto pode ou não estar dentro da normalidade (Normal buffer base) a diferença entre eles se chama de base excess. BE = BB – NBB BE = Excesso de bases (Base Excess) BB = Buffer Base à conjunto de tampões básicos NBB = Normal Buffer Base à é o valor de normalidade do conjunto de tampões básicos Existem mais componentes/tampões básicos do que ácidos. Seja por um excesso de base ou por uma falta de ácido. Existem mais componentes ácidos do que básicos. Seja por um excesso de ácido ou por uma falta de base. BE = ZERO Significa que a quantidade de tampões ácidos e tampões básicos estão em equilíbrio. BE = POSITIVO Significa que a quantidade de tampões básicos é maior que os tampões ácido, porque o indivíduo ganhou tampões básicos ou perdeu tampões ácidos. BE = NEGATIVO Significa que a quantidade de tampões ácidos é maior que os tampões básicos, porque o indivíduo ganhou tampões ácidos ou perdeu tampões básicos. GASOMETRIA ARTERIAL Para o conhecimento do equilíbrio ácido-base, nos aspectos fisiológicos e clínicos, realiza-se uma punção arterial e é coletada uma amostra de sangue, que permite mensurar os valores do pH, pCO2, pO2 e BE. Conhecendo-se o pH, pCO2 e o BE, determina-se a existência de uma acidose ou alcalose, o tipo do desvio do pH (origem respiratória ou metabólica) e se há mecanismos de compensação entre eles. VERIFICAR O VALOR DO PH • 7,40: normal; • Menor que 7,40: acidose; • Maior que 7,40: alcalose. VERIFICAR O TIPO DE DESVIO DO PH • Se a alteração primária for na pCO2 à respiratória; • Se a alteração primária for no BE à metabólica, VERIFICAR SE HÁ MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO PARA CORRIGIR O DESVIO DO PH (Alteração secundária ou compensatória) LEMBRETE: • pH maior que 7,40; BE positivo; e pCO2 baixa à alcalose mista; • pH menor que 7,40; BE negativo; e PCO2 alta à acidose mista. INTERPRETAÇÃO DA GASOMETRIA CAUSAS PRIMÁRIAS ACIDOSE METABÓLICA Principais à exercício intenso, acidose lática (IAM ou exercício), cetoacidose (diabética, alcoólica, jejum prolongado), alterações iônicas (valor do pK) Outras à insuficiência renal (inabilidade de excreção de H+), insuficiência hepática (redução do ciclo de Cori), uso de drogas tipo AZT ACIDOSE METABÓLICA Principais à vômito frequente ou diarreia (perde de H+ e CL- ), hipovolemia (redução da excreção renal e bicarbonato), alterações iônicas (valor do pK). Outras à excesso de aldosterona (aumento da secreção renal de H+), diuréticos de alça (tiazídicos), terapia com antiácidos (ingesta excessiva de bicarbonato), ingestão e base forte (soda cáustica). ALCALOSE RESPIRATÓRIA Principais à hiperventilação (por altitude, febre, psicogênica ou ansiedade), anemia severa (gera hipóxia), dor intensa. Outras à insuficiência cardíaca congestiva (ICC), tumores pontínuo, ventilação mecânica elevada. CONCLUSÃO O adequado e rápido controle do equilíbrio ácido-base é fundamental para a manutenção da vida e é realizado por uma ação integrada dos tampões plasmáticos e dos sistemas respiratório e renal. EXERCÍCIOS 1. Um paciente internado na UTI, em coma, respirando com o auxilio de ventilação mecânica invasiva, com 10 L/min, em condição estável, apresentou os seguintes resultados de uma gasometria arterial às 19h do dia 05. Discuta: Dia Hora V l/min pH pCO2 pO2 BE Condição 05 19:00 10 7,38 41 90 -1 Equilíbrio ácido-base normal (controlado) 2. Logo após a esta gasometria, o ventiladorfoi ajustado incorretamente para 6 l/min e a nova gasometria na manhã seguinte revelou os seguintes resultados. Discuta estes resultados: Dia Hora V l/min pH pCO2 pO2 BE Condição 06 07:00 6 7,35 53 83 +3 Acidose Respiratória com discreta comp. por alcalose metabólica. Excreção urinária de ácidos 3. O ventilador foi ajustado, então, para 15 l/min e a nova gasometria foi analisada às 19h e revelou os seguintes resultados. Discuta estes resultados: Dia Hora V l/min pH pCO2 pO2 BE Condição 06 19:00 15 7,44 31 93 -2 Alcalose respiratória com discreta comp. por acidose metabólica. Excreção discreta de NAHCO3 4. O ventilador foi ajustado corretamente às 19h (10 l/min), porém às 23h foi novamente ajustado para 20 l/min, por 15 minutos, e a nova gasometria revelou os seguintes resultados: Dia Hora V l/min pH pCO2 pO2 BE Condição 06 23:15 20 7,59 21 95 0 Alcalose respiratória SEM comp. metabólica (não houve tempo) pH Pco2 Be Condição Exemplo 7,32 62 +4 Acidose respiratória comp. alcalose metabólica Pneumopatias 7,30 32 -10 Acidose metabólica comp. Alcalose respiratória Exercício intenso >7,40 <40 < negativo Alcalose respiratória comp. Acidose metabólica Grandes altitudes a longo prazo >24 horas >7,40 <40 = 0 Alcalose respiratória sem comp. Grandes altitudes a curto prazo <6 horas <7,40 >40 < negativo Acidose respiratória e metabólica Pneumotórax bilateral >7,40 >40 >positivo Alcalose metabólica comp. Acidose respiratória Diarreia intensa não controlada
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