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Processo Sócioeducativo com Crianças e Adolescentes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ 
 
 
 
VERÔNICA DOS SANTOS GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO SÓCIOEDUCATIVO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO 
ESPAÇO SOCIAL “SONHO MEU” NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ /RO: A 
QUESTAO DOS DIREITOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2012 
 
 
 
 
VERÔNICA DOS SANTOS GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO SÒCIO EDUCATIVO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTE S NO 
ESPAÇO SOCIAL “SONHO MEU” NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ /RO: A 
QUESTAO DOS DIREITOS 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao curso de Serviço Social 
do Centro Universitário Luterano de Ji-
Paraná, como requisito para obtenção do 
grau de bacharel em Serviço Social, sob 
orientação da Prof. Ms. Dulce Teresinha 
Heineck. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VERÔNICA DOS SANTOS GONÇALVES 
 
 
PROCESSO SÒCIO EDUCATIVO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTE S NO 
ESPAÇO SOCIAL “SONHO MEU” NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ /RO: A 
QUESTAO DOS DIREITOS 
 
 
AVALIADORES 
 
_________________________________________________________ 
Prof. Ms. Orientadora Dulce Teresinha Heineck – CEULJI/ULBRA 
 
____________________________________________ 
Profª. Especialista. Mara Adriane Dahmer Hillesheim/CEULJI/ULBRA 
 
____________________________________________ 
 
Assistente Social Glória Maria Paula da Silva Mattara 
 
_____________________________________________ 
 
_______________________ 
Média 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se as riquezas da Nação fossem bem distribuídas 
 Resolveria a questão das pessoas excluídas que 
enfrentam esse castigo de viver em desabrigo em 
marquise de calçada ou em mundos recantos vendo 
uns milhares com tantos e outros milhões sem ter 
nada”. 
 Carlos Aires (2009) 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, que me proporcionou conhecimento e 
esteve presente em todos os momentos e situações boas e ruins, me fazendo 
acreditar que tudo por mais difícil que seja é possível alcançar, basta ter fé e força 
de vontade para que o sonho se torne realidade. Obrigada por ter me conduzido 
com sua orientação divina. 
 
Aos meus pais Arveli e Elza que foram e são o meu maior incentivo, pais 
exemplares em quem eu me espelho, por todas as orações de proteção que 
fizeram por mim, agradeço ao apoio, amor e paciência que sempre tem comigo, 
agradeço por terem caminhado junto comigo nesta longa caminhada, chegamos 
ao fim da tão esperada conquista, mais isto só foi possível porque tenho vocês ao 
meu lado, meu maior presente de Deus. Obrigada amo vocês eternamente. 
 
Ao meu namorado Artur, que contribuiu muito para esta conquista, 
sempre estando ao meu lado me apoiando em todos os momentos, e sempre se 
dispondo a ajudar. Agradeço pela compreensão e amor que sempre me tratou, 
para que eu me sentisse mais confiante diante dos desafios. Obrigada amo você. 
 
Aos meus sobrinhos Alan e Regiane que somaram muito para realização 
deste sonho, agradeço muito pelo esforço que fizeram por mim. 
 
A todos meus irmãos que sempre estiveram presentes na minha vida, e 
sempre torcendo pelo meu sucesso. Amo vocês. Agradeço em especial a minha 
irmã Marilza e sua família que me acolheram em sua casa com muito amor e 
carinho. Obrigada. 
 
 A todos meus sobrinhos e sobrinhas pessoas maravilhosas em minha 
vida que sempre torceram para que alcançasse este sonho. 
 
A minha grande companheira e amiga Eleksandra Fagundes Mendes 
(Sandrinha) que sempre esteve presente ao meu lado em todos os momentos 
 
 
dessa trajetória, pelas trocas de conhecimentos e experiências que contribuiu 
muito para a nossa profissão. 
 
Em especial a minha coordenadora orientadora e mestra Dulce Teresinha 
Heineck mulher apaixonada pela sua profissão, capaz de transmitir 
conhecimentos, com dedicação ética e amor, com apenas um objetivo formar 
seus alunos não só com conhecimentos, mas também pessoas capazes de 
reconhecer com sentimentos as limitações e falhas de cada ser humano. 
 
Aos meus mestres que com muita gratidão agradeço de coração pessoas 
essenciais para realização desta conquista, professora Dalva Felipe, Ivania 
Prosenewicz, Dulce Teresinha Heineck, José Carlos P. dos Santos, Mara A. 
Dahmer Hillesheim, e Odete Rigato Mioto, com sabedoria e conhecimento nos 
conduziram a buscar e acreditar que podemos sim mudar o mundo com 
dignidade, vocês são exemplos de dedicação, Juntos construímos uma profissão. 
Hoje, deixo de ser aluna, mas nunca esquecendo de que vocês sempre serão 
meu espelho. Obrigada se cheguei até aqui é porque deram o melhor de vocês. 
 
A minha patroa Darci que é uma grande mulher que me ajudou muito na 
conclusão dessa etapa da minha vida. Agradeço pela sua bondade e 
compreensão que soube entender todas as vezes que tive que sair do trabalho 
para ir ao estágio. Você é patroa, amiga e mãe, amo muito você. 
 
Ao amigo Junior que com seu coração imenso e bondoso várias vezes 
acalmou minhas aflições. 
 
A minha supervisora de campo Assistente Social Glória Maria Paula da 
Silva Mattara, que me acolheu com muito carinho, agradeço todo o 
profissionalismo e ética com que me recebeu. 
 
Agradeço a pedagoga Angelita do Espaço Social “Sonho Meu” especial, 
que me recebeu muito bem e uma grande amiga. 
 
 
 
A todas as crianças e adolescentes que comigo estiveram presente no 
decorrer do estágio, agradeço pelo carinho que me receberam, pela amizade, e a 
participação que foi essencial para realização do meu trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho é resultado do Estagio Curricular Supervisionado em Serviço Social 
realizado durante o ano de 2010/2 e 2011/1 no Espaço Social "Sonho Meu" 
localizado no bairro Jardim das Seringueiras, no município de Ji-Paraná/RO, este 
que atende crianças e adolescentes na idade de 08 a 17 anos de idade. O 
objetivo foi analisar o processo socioeducativo em questão aos direitos da criança 
e do adolescente com qualidade. Como método de procedimento utilizou-se o 
estudo de caso com as técnicas de coleta de dados, sendo a observação, visita 
domiciliar, entrevista com questionário, pesquisa bibliográfica e documental. 
Como método de análise recorreu-se ao método dialético por este permitir 
analisar a problemática com totalidade e de forma critica e dinâmica examinando 
as contradições que envolvem a temática. Através dessa metodologia foi possível 
visualizar a demanda das crianças e adolescentes inseridos no Espaço Social 
"Sonho Meu", e assim contribuir para melhoria em relação aos atendimentos das 
atividades socioeducativas oferecidas. Podendo perceber também que essas 
crianças e adolescentes estão ainda mais expostas às expressões da questão 
social. Dentro desse contexto o papel do assistente social se torna essencial no 
momento de oportunizar ações e atividades socioeducativas, e no 
acompanhamento da situação social das crianças e adolescentes juntamente com 
seus familiares, e assim buscar ações transformadoras na vida dessas. 
 
Palavras-chave: Crianças e Adolescentes, atividades socioeducativas 
Vulnerabilidade Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The work is a result of Supervised Internship Course in Social Service conducted 
during 2010/2 and 2011/1 in Social Space "My Dream" located in the 
neighborhood of Seringueiras Garden in the city of Ji-Paraná/RO this that helps 
children and adolescents age 08 to 17 years of age. The aim was to analyze the 
socio-educative process in question the rights of children and adolescents with 
quality. As a methodof procedure used the case study with the techniques of data 
collection, and observation, home visit, interview questionnaire, bibliographical and 
documentary research. As a method of analysis we used the dialectical method for 
this opportunity to analyze the problem with full and critically examining the 
dynamics and contradictions surrounding the issue. Through this methodology it 
was possible to visualize the demand of children and adolescents included in the 
Social Space "My Dream", and thus contribute to improving quality of care and 
socio-educational activities offered. May also realize that these children and 
adolescents are more exposed to the expressions of the social question. Within 
this context the role of social worker becomes essential at the time of socio 
oportunizar actions and activities, and monitoring the social situation of children 
and adolescents along with their families, and thus seek the lives of these 
transformative actions. 
 
Keywords: Children, adolescents, social and educational activities, social 
vulnerability 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CF - Constituição Federal 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CONANDA - Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente 
CEULJI - Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná 
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente 
FEBEM - Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor 
FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor 
LBA - Legião Brasileira de Assistência 
PNAS - Política Nacional de Assistência Social 
PROERD- Prevenção de drogas e violência 
SAM - Serviço de Assistência ao Menor 
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SESI – Serviço Social de Indústria 
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizado Comercial 
SESC - Serviço Social do Comércio 
UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância 
ULBRA- Universidade Luterana do Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................14 
CAPITULO I...........................................................................................................15 
 
1. METODOLOGIA................................................................................................15 
 
 1.1. Conceitos de Pesquisa e de Metodologia......................................................15 
 1.2. Método de procedimento...............................................................................16 
 1.3. Técnicas de coleta de dados.........................................................................19 
 1.4. Pesquisa bibliográfica e Documental.............................................................22 
 1.5. Método de Análise.........................................................................................23 
 
CAPITULO II..........................................................................................................26 
 
2. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO DECORRER DA 
HISTÓRIA..............................................................................................................26 
 
2.1. Considerações iniciais a cerca da Infância.....................................................26 
2.2 A História da Infância no Brasil........................................................................32 
2.3 História e Direitos da criança na atualidade.....................................................37 
2.3.1 Estatuto da Criança e do Adolescente..........................................................45 
 
CAPITULO III.........................................................................................................49 
 
3. PROCESSO SOCIOEDUCATIVO VOLTADO PARA AS CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES..................................................................................................49 
 
3.1 Caracterizando o Espaço Social Sonho Meu...................................................49 
3.2 A questão da criança e do adolescente e o processo 
socioeducativo.......................................................................................................51 
3.3 O Processo Sócio Educativo com as Crianças e Adolescentes do Espaço 
Social Sonho Meu..................................................................................................54 
 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................65 
5. REFERÊNCIAS..................................................................................................67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No mundo conflituoso em que se vive, devido ao capitalismo em sua face 
neoliberal, falar de direitos exige tanto a apreensão do conjunto de processos 
econômicos, que se dá ao seu entorno, como a sociedade em que está inserido, 
bem como os interesses da classe dominante e dominada nas expressões da 
questão social. 
 
Na atual conjuntura tendo como modo vigente o capitalista em sua forma 
neoliberal que contribui para a concentração de renda, individualismo e exclusão 
social, elevando assim os índices de desigualdade social e em conseqüência a 
diminuição dos direitos sociais em que a emergência das expressões da questão 
social leva a buscar novas alternativas para efetivar ou validar os direitos sociais 
por meio de serviços de qualidade, e das políticas sociais. 
 
Assim, na relação entre o sistema capitalista e as classes sociais os 
problemas ligados aos direitos de forma geral vêm aumentando no tocante às 
reestruturações econômicas levando a seletividade e burocracia no que se refere 
ao acesso dos direitos. 
 
O primeiro capítulo discorre o processo metodológico para obtenção de 
dados, podendo perceber a problemática de forma critica em um contexto 
contraditório. 
 
O Segundo capítulo é realizado uma retrospectiva histórica, sobre a 
infância da criança e do adolescente, destacando as transformações societárias, 
tendo como objetivo analisar o processo de transformação. 
 
O terceiro e último capítulo relata a prática do Serviço Social no Espaço 
Social “Sonho Meu” na realidade, percebendo o Espaço Social, como instrumento 
de inclusão social para a criança e o adolescente e seu familiares. Relata-se 
também o trabalho desenvolvido e as experiências vivenciadas durante o período 
de Estágio Curricular em Serviço Social. 
15 
 
CAPÍTULO I 
 
METODOLOGIA 
 
 
1.1. Conceitos de Pesquisa e de Metodologia 
 
A pesquisa para que tenha um bom desenvolvimento e seus resultados 
sejam satisfatórios necessita estar baseada em um planejamento cuidadoso, 
reflexões conceituais sólidas e alicerçada em conhecimentos já existentes, 
habilidades, métodos e técnicas. Segundo Gil, (1991, p.43) [...] “o objetivo 
fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o 
emprego de procedimentos científicos”. 
 
Nessa sociedade permeada de conflitos e contradições, precisam-se 
buscar possibilidades concretas para tratar dessa realidade cheia de 
diferenciação. Conforme Minayo (1994, p.17), “é a pesquisa que alimenta a 
atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo”. 
 
A pesquisa científica requer uma metodologia adequada ao objeto para se 
fazer uma análise da realidade em que o mesmo está inserido. Para isso, é 
importante optar por métodos e técnicas que permitam compreender a 
problemática em sua totalidade. 
 
Entende-se por metodologia um conjunto de procedimentos que servem 
como instrumento para alcançar os fins de uma investigação. Nesse trabalho, 
propõe-se demonstrar passo a passo o desenvolvimento da pesquisa, quais os 
instrumentos utilizados e todos os procedimentos usados para a construção da 
análise. 
 
Ao adentrar no mundo da investigaçãocientífica, o investigador busca na 
metodologia a ferramenta fundamental para a execução do desenvolvimento do 
seu trabalho. Sendo assim, o caminho para a estruturação da investigação foi 
escolhido de acordo com uma metodologia adequada ao trabalho proposto. Pode-
16 
 
se definir método, segundo Gil (1999, p. 26), “como o caminho para se chegar a 
determinado fim. É o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados 
para se atingir o conhecimento.” No qual o investigador tem a contribuição de 
pensadores das ciências sociais que através de suas teorias buscam explicar ou 
compreender os fenômenos. Para Minayo (1994, p. 43), 
 
A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo, (escolha 
do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos 
critérios de amostragem de construção de estratégias para entrada em 
campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para a análise 
dos dados. 
 
A Metodologia tem como função “desvendar os caminhos mais 
misteriosos”, a pesquisa, ajuda na reflexão das teorias e ter um novo olhar sobre 
o mundo: um olhar curioso e criativo para poder assim desenvolver a prática 
como uma ação transformadora. 
 
 
1.2. Método de Procedimento Estudo de Caso 
 
O método de procedimento utilizado foi o estudo de caso, o qual abrange 
a totalidade do objeto a ser investigado. O estudo de caso permite investigar de 
maneira mais ampla o contexto histórico e a sociedade na qual o indíviduo está 
inserido. O estudo de caso conforme aponta Yin (2005,p.32) 
 
É uma investigação empírica que investiga um fenômeno dentro de seu 
contexto da vida real, principalmente quando os limites entre o objeto de 
apreensão e o contexto não estão claramente definidos. Trata assim, da 
lógica de planejamento específico à análise da realidade investigada. 
 
O mesmo autor destaca que, como estratégia de pesquisa, o estudo de 
caso insere-se no conhecimento de muitas situações para contribuir com o 
aprofundamento do conhecimento no que se referem aos fenômenos 
organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de assuntos relacionados à 
compreensão das expressões da questão social complexa. 
 
A coleta de dados para um estudo de caso não se trata meramente de 
registrar os dados mecanicamente, como se faz em alguns outros tipos de 
pesquisa. É necessário interpretar as informações à medida que estão 
17 
 
sendo coletadas e saber imediatamente, por exemplo, se as diversas fontes 
de informação se contradizem e levam à necessidade de evidências 
adicionais como faz um bom detetive. (Yin, 2006, p. 86) 
 
Nesse sentido, cada informação adquirida precisa ser confrontada com os 
objetivos propostos para averiguar a sua aplicabilidade e ao mesmo tempo a 
necessidade de busca de novas informações. Esse caminho a ser percorrido 
passa, necessariamente, por uma investigação detalhada, observando todos os 
aspectos da temática para se chegar à totalidade dessa investigação. 
 
O estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma 
diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso 
particular ou de vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e 
crítico de uma experiência ou avaliá-la analiticamente, objetivando tomar 
decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora. (Chizzotti, 
2001, p. 102). 
 
 
O estudo de caso é um método muito usado pelo pesquisador para 
examinar, observar e analisar todos os fatores que influenciaram ou influenciam 
uma determinada temática, tomando o devido cuidado para não fugir do objetivo 
proposto. 
 
 Ao desenvolver o estudo de caso, o pesquisador tem várias opções de 
coletar dados de formas diferentes e em momentos diversos, esses dados irão 
facilitar a análise da problemática investigada, permitindo tomar decisões 
relevantes durante a pesquisa, propondo ao mesmo tempo novas ações que 
visem a transformações na realidade. 
 
O estudo de caso tem como ponto central determinar o foco da 
investigação. Por meio dele é potencializada a compreensão e a avaliação dos 
problemas que envolvem o processo socioeducativo de qualidade em relação aos 
direitos da criança e do adolescente no Espaço Social “Sonho Meu”. 
 
O estudo de caso é adequado para investigar tanto a vida de uma pessoa 
quanto a existência de uma entidade de ação coletiva, nos seus aspectos 
sociais e culturais. Sua importância também está no fato de não fazer do 
conhecimento descritivo o foco, mas de promover a ruptura do senso 
comum, através de um processo de compreensão dos elementos mais 
significativos, investigados profundamente. (Martinelli, 1999, p.46) 
 
18 
 
O estudo de caso na área de ciências sociais é bastatnte utilizado por 
permitir desvendar os fatos que envolvem a questão em estudo de forma direta. 
Segundo Gil (1999,p.73 ), “o estudo de caso é uma técnica mais profunda porque 
explora com mais precisão as situações que ainda não estão claras e consiste 
ainda em descrever todo o contexto para poder interpretar de forma rigorosa.” 
 
 
1.3. Técnicas de coleta de dados 
 
 1.3.1 Observação 
 
 A observação é uma técnica de investigação muito relevante, pois 
permite ao investigador estar atento a tudo o que ocorre e o que vai além das 
aparências. Portanto, define-se uma “observação participante como um processo 
pelo qual um pesquisador se coloca como observador de uma situação social, 
com a finalidade de realizar uma investigação científica”. (Minayo, 2007, p. 70) 
 
O pesquisador nesse contexto desempenha um papel ativo no processo 
da investigação captando as diversas formas de expressão que a realidade pode 
comportar e mesmo de estabelecer prejulgamentos quanto ao objeto. 
 
A importância dessa técnica reside no fato de poder captar uma variedade 
de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez 
que é observada diretamente na própria realidade vivida pelos participantes do 
Espaço Social “Sonho Meu”. A observação nesse sentido, 
 
É o procedimento que garante maior confiabilidade, as informações obtidas, 
seu alcance, no entanto é limitado, pois não se aplica a tarefa complexa. No 
processo de observação demanda registro e reflexão sobre os fatos 
observados que foram registrados no momento da pesquisa. (Gil, 1991, 
p.312). 
 
 
A observação, às vezes, fala mais do que o próprio relato e terá sempre o 
olhar daquele que observa, uma vez que “[...] o que cada um seleciona para ver 
depende muito de sua história pessoal e principalmente de sua bagagem cultural.” 
(Ludke e André, 1986, p.25) 
19 
 
 
Em função dessa historicidade, a observação permite uma melhor 
compreensão dos significados atribuídos ao objeto. Segundo Neto (1994, p. 59), 
“a técnica de observação se realiza através do contato direto do pesquisador com 
o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores 
sociais em seus próprios contextos”. 
 
A observação durante o período de estágio ocorreu no Espaço Social 
“Sonho Meu” com as crianças e adolescentes participantes das atividades do 
Espaço Social e também com a assistente social em relação ao desenvolvimento 
do trabalho da mesma. 
 
Esse processo demanda registro e reflexão sobre os fatos observados e 
estes cotidianamente são registrados no diário de campo, o qual auxilia bastante 
o profissional na análise institucional, sendo um instrumento fundamental para 
localizar qualquer proposta de inserção interventiva do Serviço Social. É 
importante frisar que se torna necessário separar dos dados selecionados os 
relevantes e os irrelevantes. 
 
A observação desempenha um papel fundamental no processo de 
pesquisa, pois através dela será possível adquirir dados que tornem a pesquisa 
mais evidente, e assim “[...] constitui elemento fundamental para a pesquisa. 
Desde a formulação do problema, passando pela construção de hipóteses, coleta, 
análise e interpretaçãodos dados, a observação desempenha papel 
imprescindível no processo de pesquisa” (Gil, 1999, p. 110). 
 
O observador deve estar sempre atento aos movimentos ao seu redor, 
tendo uma visão crítica para que possa coletar dados para a realização de 
projetos de pesquisas. “Observar não é simplesmente olhar, observar é destacar 
um conjunto, objetos, pessoas, animais, ambientes, algo especificamente [...]” 
(Triviños apud Cardoso 2008, p. 26). 
 
 
 
20 
 
 1.3.2. Visita Domiciliar 
 
A visita domiciliar no percurso da observação e pesquisa possui o 
propósito “de complementar dados observar relações sociais em sua 
singularidade, no ambiente de convivência, seja este o lar, a escola ou outro em 
que se efetivem as relações sociais do usuário” (Magalhães, 2006 p. 54). 
 
A visita domiciliar é um instrumento capaz de aproximar o Serviço Social 
das famílias, das crianças e dos adolescentes, assim, identificando os problemas 
enfrentados pelas mesmas por meio da entrevista e da observação. 
 
A visita domiciliar é um importante instrumento na perspectiva do respeito 
ao usuário para que em seu próprio espaço possa se expressar. “Assim, 
possibilitando conhecer melhor este sujeito, seu percurso, suas conquistas e 
dificuldades, e as respostas que elabora diante das suas vivências, é uma prática 
relevante no Serviço Social” (Silva, 2000, p. 30). 
 
Pode-se utilizar da visita domiciliar toda vez que se entenda indispensável 
aprofundar a situação familiar e domiciliar do usuário com o objetivo de ter 
maiores informações para a busca dos objetivos profissionais. Este instrumental 
durante o processo interventivo se dá na busca dos objetivos definidos para assim 
constatar a verdadeira realidade do sujeito. 
 
A meta do profissional ao visitar, orientando pelo pensamento complexo, é 
explorar a realidade para melhor questioná-la e aproximar-se da verdade 
que ela esconde. Esta visita oferece ao profissional um maior número de 
possibilidades por entrar verdadeiramente na vida do usuário como um 
observador participante. É utilizada dependendo de cada usuário e situação. 
(Giongo, 2003, p. 38). 
 
 
O profissional possui sua formação e sua concepção ética e política as 
quais norteiam o seu agir no dia a dia e permite ter o contato com a vida do 
sujeito no âmbito do lar para contribuir na garantia de seus direitos e na melhoria 
de suas condições de vida na família e na sociedade. A entrevista vem sempre 
junto da observação. 
 
 
21 
 
 1.3.3. Entrevista 
 
A entrevista serve de base para se ter mais conhecimento da realidade, 
buscar informações mais profundas sobre o objeto; é utilizada quando não se 
dispõe de informações suficientes da realidade do usuário. No caso do Serviço 
Social, segundo Giongo (2003, p.14), a “entrevista é o principal veículo de trocas 
e conhecimento no relacionamento entre usuário e assistente social”. 
 
As entrevistas realizadas com os profissionais e usuários é que buscarão 
apreender as reflexões que a pesquisa exige decorrentes da espontaneidade dos 
entrevistados durante o processo de investigação. A entrevista é um dos meios 
que garante a aproximação entre assistente social e usuário, possibilitando um 
processo dialético de construção e desconstrução do problema. 
 
Daí dizer que a entrevista não é um mero jogo de ‘pingue-pongue’, como 
um questionário de perguntas e respostas que inibem e empobrecem uma 
relação que se quer rica e competente. A entrevista precisa ir além de um 
mero ‘bate-papo’, ou de uma conversa informal entre duas ou mais pessoas 
sem traçarem objetivos definidos. Ainda que ocorram busca de dados 
durante a entrevista, ela não se reduz a isso. (Giongo 2003, p.13) 
 
 A entrevista é um espaço de escuta na qual o profissional utiliza toda 
sua habilidade, estratégias, conhecimento e experiência para compreender a 
realidade do usuário, “possibilitando a obtenção de dados referentes aos mais 
diversos aspectos da vida social” (Gil, 1999 p.118). 
 
A entrevista é um espaço para descobertas de novos problemas e 
soluções, por isso foi realizada através de questionários para facilitar a busca de 
maiores informações com as crianças e adolescentes do Espaço Social “Sonho 
Meu”. A entrevista foi focada para saber o que poderia ser melhorado nas 
atividades e no próprio Espaço Social. 
 
 Segundo Gil (1999, p. 124), “o questionário é a técnica de intervenção 
composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por 
escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, 
sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas.” 
 
22 
 
[...] o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita 
medir com uma melhor exatidão o que se deseja. Em geral a palavra 
questionário refere-se a um meio de obter respostas às questões que o 
próprio informante preenche, contendo um conjunto de questões, todas 
logicamente relacionadas com um problema central. (Cervo e Bervian. 2006 
p. 15) 
 
Nesse caso, um questionário precisa também ser bem elaborado e sempre 
ocorrer após observações sistemáticas para que seja bem aproveitado tanto o 
tempo dos pesquisadores e dos pesquisados, quanto a coleta de informações 
adequadas. No caso presente, aplicou-se o mesmo com as famílias do projeto 
“Sonho Meu” no município de Ji-Paraná/RO. 
 
 
1.4. Pesquisa bibliográfica e documental 
 
 A pesquisa bibliográfica é imprescindível num trabalho, pois serve para 
embasar as conclusões obtidas através da observação no campo de estágio, bem 
como a pesquisa documental serve para traçar e nortear as ações com dados 
mais pertinentes à pesquisa. Essa documentação se dá de forma indireta a 
pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental (Maia, 2007, p. 84). 
 
A pesquisa bibliográfica foi fundamental para a construção deste trabalho, 
pois as leituras permitiram a busca do conhecimento aprofundado sobre o 
assunto abordado, incentivando o acadêmico à produção do seu próprio 
conhecimento. 
 
O uso de documentos em pesquisa é muito valorizado, a riqueza de 
informações que deles se pode extrair possibilita ampliar o entendimento de 
objetos. Portanto, em determinados momentos se faz preciso registrar os 
acontecimentos que ocorrem de acordo com as particularidades e as ações dos 
indivíduos com o dinamismo que os atores sociais possuem no seu espaço social. 
 
O autor Richardson (1999) salienta que durante o registro de tais 
acontecimentos ocorre uma relação direta com o evento, o que caracteriza as 
fontes documentais como experiências concretas de um acontecimento que 
23 
 
podem estar marcadas em material escrito tal como transcrições oficiais de uma 
reunião, análises de quadros, gráficos entre outros. 
 
Portanto, a pesquisa documental em determinadas circunstâncias faz-se 
pertinente como o objeto de investigação na procura de apreender por intermédio 
dos registros dos acontecimentos que ocorrem de acordo com as particularidades 
e as ações dos indivíduos com o dinamismo que os atores sociais possuem no 
seu espaço social. 
 
Assim, durante a pesquisa sobre a temática da Criança e Adolescente 
referente ao Espaço Social “Sonho Meu”, a pesquisa documental foi de extremo 
valor, uma vez que propiciou o contato com fontes de registros que caracterizam 
a complexidade da questão. 
 
1.5. Método de Análise 
 
 1.5.1 Dialético 
 
Empregou-se como linha de raciocínio a dialética para uma apreensão da 
totalidade quanto ao objeto. O método de análise permite captar a síntese e a 
essência dos fenômenos econômicos e sociais por ser um método de 
interpretação dinâmico, vendo a vida social enquanto realidade em permanente 
transformação e permitindo observar as contradições presentes na sociedade 
com uma visão ampla. 
 
Com base em Marx (1859), podemos compreender que a dialética tem 
como condição prévia e efetiva o começo pelo real e peloconcreto. Parte das 
observações para sínteses mais complexas. O concreto é parte da síntese de 
múltiplas determinações, sendo também unidade de diversidade. Desse modo, os 
processos de caráter histórico econômico e material se elevam do mais simples 
ao mais complexo correspondendo ao processo social inteiramente ligado as 
relações de forças presentes no modo de produção econômico. 
 
24 
 
A dialética preza as contradições e as estruturas que interagem 
desenvolvendo novas contradições e a visão de conjunto sendo sempre 
provisória, procurando analisar as dimensões da realidade em constante 
mudança tornando compreensível a estrutura e as transformações sociais. 
 
De acordo com Konder (2004, p.36), “dialeticamente qualquer objeto que 
o homem possa perceber ou criar é parte de um todo onde se pensa as partes 
contendo as contradições que está por natureza inseparavelmente ligada à 
totalidade.” Na qual a apreensão da realidade social a partir de análises críticas 
se dá na procura da compreensão e de interpretações à luz de uma teoria. 
 
Neste caso, possui a intencionalidade de ultrapassar a aparência do 
objeto em estudo, do seu conteúdo simplificado e buscar a realidade com a 
complexidade. 
 
Segundo Gil (1989, p. 32), [...] “fica claro também que a dialética é 
contrária a todo conhecimento rígido. Tudo é visto em constantes mudanças, 
sempre há algo que nasce e desenvolve, e algo que se desagrega e se 
transforma.” Na qual ocorre uma contradição e uma transformação, isto quer dizer 
que tudo existe em constante mudança, o fazer e o refazer estão em evidências. 
 
A sociedade também passa por constante transformação e 
desenvolvimento o que é preciso adaptar-se e acessar às necessárias 
ferramentas para o enfrentamento de tais mudanças. 
 
A dialética conduz o pesquisador caminhar em um processo contínuo de 
buscas e questionamentos a respeito da temática em discussão, o que permite a 
melhora e o aprofundamento da construção do conhecimento, contribuindo para o 
entendimento melhor da questão do processo socioeducativo de qualidade com 
as crianças e adolescentes participantes do Espaço Social “Sonho Meu” no 
município de Ji-Paraná/RO. 
 
A dialética para Demo (1987, p.85) “é a mais correta para as ciências 
sociais, porque é aquela que, sem deixar de ser lógica, demonstra sensibilidade 
25 
 
pela face social dos problemas.” O método dialético permite uma interpretação 
crítica da realidade, contribui e compreende o fenômeno em sua totalidade. 
Optou-se então pelo método de análise dialético porque ele permitiu averiguar as 
contradições que envolvem a problemática e direcionou melhor a compreensão 
da relação de conflitos vivenciados pelas crianças e adolescentes no Espaço 
Social “Sonho Meu”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
CAPITULO II 
 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO DECORRER DA HISTÓRIA 
 
2.1. Considerações iniciais a cerca da Infância 
 
A questão da história em relação as crianças e adolescentes, está 
inserida na realidade social de uma forma ampla. Essa história pode ser 
entendida em seu movimento. 
 
Áries (1981) considera as diferentes formas de existência de uma 
associação historicamente complexa, em relação às crianças, a família e a 
sociedade, nas quais os comportamentos sociais foram ao longo do tempo 
envolvidos e moldados por diversas instituições sociais e por níveis contraditórios 
que englobam desde agressões, doutrinamentos e instâncias de afeto. Conforme 
aponta Rizzini; 
No decorrer do tempo, a infância foi tratada de diversas maneiras. As 
relações sociais com a família, com a igreja, com o Estado e com outros 
estamentos da sociedade perpetuavam valores morais, religiosos e culturais 
reproduzindo dominadores e subjugados em seus papéis. (2009, p.15) 
 
As crianças e adolescentes estiveram à margem da sociedade capitalista 
sendo encaixadas nas relações sociais, sendo reprimidas, vítimas de exploração, 
crueldade e tratadas com indiferença pela sociedade. 
 
Esta pesquisa traz uma visão com base nos pensamentos sobre a 
infância em um período medieval e moderno, logo no final do século XIII, quando 
o que se entende primeiramente é uma grande falta de sentimento com a infância, 
principalmente pela família, e o que chama mais atenção neste período é o 
desconhecimento e a ausência de uma verdadeira infância, sendo a criança o 
principal instrumento das expressões da questão social. Período este conhecido 
pelos pesquisadores de Idade Média em países como a França e Inglaterra, que 
abre portas para uma interpretação das chamadas sociedades tradicionais 
ocidentais. (Ariés, 1981). 
 
27 
 
a criança sempre foi reservada uma condição de incapaz, por não ser 
reconhecida como um indivíduo ou um sujeito. Neste sentido, por um longo 
período da história, a criança restou sem nenhum – ou muito pouco – valor, 
notadamente a pobre. Nasciam e, por suas naturais condições de fraqueza 
e dependência, morriam em grandes proporções, vítimas da fome, das 
doenças, da opressão, da exploração, da violência, da negligência [...] (dos 
adultos). (Karst. 2002, p. 9) 
 Pode-se dizer que, recorrendo aos autores, percebe-se que a história da 
infância da criança e do adolescente foi tortuosa, sendo esses os alvos principais 
dos problemas sociais. Compreende-se que a vida da criança até a fase da 
juventude não passou por um desenvolvimento saudável, sem serem 
asseguradas por qualquer tipo de direito, essas tiveram sua infância impedida e 
completamente marcada pelo trabalho precoce na procura de garantir meios a 
sua sobrevivência e de sua família. Sendo essas privadas até mesmo de afeto, 
amor, carinho e direitos essenciais na vida e no crescimento de uma criança. 
A pobreza é destituição e desproteção. Destituição dos meios de 
sobrevivência física, marginalização no usufruto dos benefícios do 
desenvolvimento econômico e no acesso às oportunidades de emprego, 
consumo e desproteção por falta de amparo público na garantia dos direitos 
básicos de cidadania. Ser pobre significa consumir todas as energias 
disponíveis exclusivamente na luta contra a morte e sobreviver por um triz. 
(Abranches, 1987, in Abreu, 2001, p.45). 
 
Sem poder construir seu próprio contexto histórico, as crianças não eram 
vistas como um ser indefeso e frágil, sujeito de direito e valor, que precisava de 
um espaço diferenciado na sociedade, mas sim como adultos que eram obrigados 
a vender sua mão-de-obra para o mercado de trabalho de maneira precoce e em 
condições desumanas, para ajudar no complemento da renda familiar. Sujeito 
insignificante com uma vida de desigualdades, sendo rejeitadas pela família e 
sociedade, servindo de objeto para o mundo dos adultos, foi assim a infância de 
inúmeras por um longo período do tempo. 
 
Percebe-se que por um período do século XIII existiu um sentimento 
aparente pela criança chamado de “paparicação”, que esta recebia durante os 
seus primeiros meses de existência. Por um momento, a criança teve atenção e 
alguma expressão de afeto, o que tornava sua ingenuidade, inocência e 
graciosidade objeto de diversão para os adultos. Quando alguma criança chegava 
a falecer, devido às condições precárias de sobrevivência, havia de imediato um 
28 
 
sentimento de substituição, logo outra criança nasceria e a substituiria (Ariés, 
1981). 
“Era extremamente alto o índice de mortalidade infantil que atingia as 
populações e, por isso, a morte das crianças era considerada natural [...]” 
(Kramer, 1992, p. 37). Era uma espécie de sentimento obscuro frente à infância. 
Esse contexto faz compreender a posição secundária da infância para a 
sociedade, condição que perdurou ainda por vários séculos. 
 
Vale ressaltar que nesse contexto da Idade Média, a infância terminava 
para a criança ao ser desmamada, o que acontecia por volta dos seis a sete anos 
de idade.A partir dessa idade, ela passava a conviver como um adulto, o que 
nascia era denominado infant (criança), aquilo que não fala (Ariès 1981). 
 
De criancinha pequena, ela se transforma imediatamente em homem jovem, 
sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes 
da Idade Média e que se tornaram aspectos essenciais das sociedades 
evoluídas de hoje. (Ariés, 1981, p. 10) 
 
A concepção de criança situava-se como seres sem personalidade, algo 
desprovido de cuidados especiais. A criança estava inserida no mesmo contexto 
que os adultos, a educação das crianças era garantida pela aprendizagem junto 
aos adultos, a partir dos sete anos as crianças eram transferidas para o convívio 
social com outra família, cortando os vínculos afetivos de origem. (Áries 1981). 
 
Segundo (Steinberg e Kincheloe, 2001, p. 11), atestam sobre o conceito 
de infância como uma classificação específica de seres humanos, necessitadas 
de um tratamento especial, diferente daquele fornecido aos adultos, ainda não 
havia sido desenvolvido na Idade Média. 
 
Nesse sentido, ressalta-se que as crianças saíam muito rápido da 
presença da família ocasionando a perda do sentimento afetivo entre pais e filhos. 
A família se enquadrava como realidade moral e social, mais que sentimental. 
Para Costa (1989, p.155), “entre o adulto e a criança as ligações existentes eram 
da propriedade e da religião, não dando lugar a afetividade paternal ou familiar”. 
 
29 
 
As crianças não possuíam caracterizações pessoais, o que havia era o 
uso de imagens de crianças aparentando homens em miniatura. A infância da 
Criança nesta época foi limitada aos santos, Jesus, Maria, depois aos discípulos 
etc. De acordo com Ariés (1981, p.55), “salientamos aqui apenas o fato de que a 
criança se tornou uma das personagens mais freqüentes dessas pinturas 
anedóticas [...]”. 
 
Foram surgindo temas diversos sobre a infância que contribuíram para a 
descoberta desta na sociedade e na arte do século XV e XVI. A criança se torna 
um instrumento da arte para os adultos, “mas nunca um modelo de um retrato de 
uma criança real” (Ariès, 1981, p.56), e sim apenas um ser desconhecido pela 
sociedade adulta, que estaria se encaixando conforme era util. 
 
Entretanto de acordo com Ariés (1981 p.58), “o aparecimento do retrato 
da criança morta no século XVI marcou um momento importante na história dos 
sentimentos”. Em função disso, o advento do fim da Idade Média nos séculos XVI 
e XVII, a criança conseguiu conquistar um lugar junto à família. 
 
A criança retorna a conviver no lar com os pais, sendo este um elemento 
indispensável da vida quotidiana, sendo que os adultos passaram a se preocupar 
com sua educação e seu futuro, tornando-se peça fundamental na família. Isto 
contribuiu para que no período moderno no início do século XVII, na França, 
tivesse o início das mudanças na mentalidade e na maneira da família se 
relacionar, retomando os vínculos de afetividade que trouxeram um sentimento de 
dó pelo ser infantil, passando a perceber a criança real e a utilizarem um 
sentimento real quanto a este ser na sociedade. (Ariés, 1981). 
 
A partir dessa reflexão, pode-se dizer que a infância na França 
contemporânea foi um período construído por um pensamento do imaginário 
artístico e religioso no período que se compreende do século XIII e se estende até 
o século XVII. Esse período foi um período desumano, pois não houve um 
sentimento de infância foi um tempo de homens jovens. (Ariés, 1981). 
 
30 
 
Esses acontecimentos impulsionaram os primeiros passos de uma 
sociedade que estaria caminhado para se tornar tutora de uma criança que agora 
era percebida como frágil e real. Percebe-se que a própria arte que elevou uma 
infância mística traz no decorrer dos séculos uma visão da infância real para as 
sociedades, trazendo uma nova percepção de infância. Teóricos e estudiosos 
passam a separar esta criança em primeiro da vida adulta e depois da vida 
adolescente, até que esta passasse a ter seu próprio lugar (Ariés, 1981). 
 
O estudo histórico de Ariés (1981) destacou que, durante parte da Idade 
Média, as crianças eram consideradas como meros seres biológicos, sem 
estatuto social nem autonomia. Sabe-se também que a ideia contemporânea de 
infância, como categoria social, surge com a Modernidade e tem como principal 
berço a escola e a família. 
 
Sarmento (2001, p. 4) “reitera que, junto com a emergência da escola de 
massas, a nuclearização da família é a constituição de um corpo de saberes 
sobre a criança”. A modernidade elaborou um conjunto de procedimentos 
configuradores de uma administração simbólica da infância. Sarmento (2003) 
refere-se às normas que coagiram a vida das crianças na sociedade, exemplos 
como: delimitação dos lugares frequentados pela criança, cuidados com 
alimentação, horas da participação da criança junto com os adultos e, finalmente, 
algumas delimitações de uma vida normal de criança. 
 
A infância partindo desta visão é um processo de construção social que 
parte de uma família que também foi se moldando com o decorrer da história, 
juntamente com toda sociedade que vai do fim da Idade Média ao início da Idade 
Moderna (Ariés, 1981). Nesta moldagem, além da família, a sociedade e inúmeros 
elementos que a compõe são mudados por conta de uma adequação destes 
termos, tais como educação, comportamento afetivo, escola, arte, trabalho, 
elementos da família como pai, mãe e a própria igreja em sua aplicação da 
educação religiosa tornando assim possível a mudança que daria origem à 
infância moderna (Costa, 1989). Concepções sobre a infância variam 
historicamente e as crianças estão em contínua mudança. 
 
31 
 
Compreende-se uma realidade em constante transformação construções 
decorrentes de mudanças socioculturais regidas por visões de mundo distintas. E 
Conforme pontua Ariès (1981), ressaltando em seus estudos que os costumes 
morais dos grupos sociais e a maneira de viver são expressos nas relações de 
poder em infinitos espaços do cotidiano de acordo com a ótica político-econômica, 
cultural e social. A infância é parte da sociedade, melhor dizendo, é uma 
contribuição imensa para a mudança da sociedade. Pode-se compreender com 
base em Pinto e Sarmento; 
 
Que olhar das crianças permite revelar fenômenos sociais que o olhar dos 
adultos deixa na penumbra ou obscurece totalmente. Assim, interpretar as 
representações sociais das crianças pode ser não apenas um meio de 
acesso à infância como categoria social, mas as próprias estruturas e 
dinâmicas sociais que são desocultadas no discurso (1997, p.25). 
 
Esta afirmação é contraditória ao analisar o contexto histórico da infância 
das crianças. Percebendo que as crianças não eram apenas rejeitadas, mas sim 
exploradas pela sociedade. A atenção e dedicação dada à infância foram 
mínimas, ainda assim as crianças eram entendidas como responsáveis pela sua 
infância, na qual somente a única era o objeto de negligência, fazendo parte de 
uma sociedade como apenas um complemento para o mundo dos adultos e não 
como um ser que constrói sua própria história e contribui muito para a sociedade. 
 
Com o advento da República (final do séc. XIX e início do séc. XX), a 
instituição da Escola Pública inicia no Brasil uma mudança de visão da sociedade 
sobre a infância. A responsabilidade sobre esses pequenos sujeitos que era 
somente da família, também passa a ser dever do Estado, o Estado assume essa 
atenção apenas para uma parte da sociedade, a classe média e rica. Aqueles que 
eram pobres não possuíam a mesma atenção que as crianças da elite, neste 
contexto, o ser pobre era aquele merecedor de piedade. Este contexto social 
incluía e ao mesmo tempo excluía crianças e adolescentes cidadãos de direitos 
(Áries 1981), deixando claro que a concepção da vida infantil não existia era um 
tempo caracterizado na vida adulta, isso só vem mudarem meados do século XX. 
 
 
 
 
32 
 
2.2 A História da Infância no Brasil 
 
A história da infância no Brasil não é menos traumática do que a de 
outros países, ela está repleta de preconceito, de exploração e de abandono, 
pois, desde o início houve diferenciação entre as crianças segundo sua classe 
social, com direitos e lugares diversos no tecido social. “A desigualdade social 
assume, entre nós, múltiplas expressões, quer se refiram à distribuição de terra, 
de renda, do conhecimento, do saber e, mesmo, ao exercício da própria 
cidadania” (Fontes, 2001 p. 30). 
 
A forma como estas concepções modernas de sujeito atingem setores 
diferenciados da sociedade, no entanto, não é homogênea. Visando discutir a 
questão do sujeito na infância como um projeto da modernidade, destaca-se 
sobre concepções de infância e direitos conquistados no decorrer da história no 
Brasil em diversos momentos. 
 
A problemática da infância e adolescência enquanto alvos das 
desigualdades não é novidade, nem menos dramática do que no início do século. 
Surge daí a importância deste trabalho, visto que, analisando o passado, pode-se 
readquirir parte da história com proveito de repensar as práticas institucionais, 
principalmente aquelas referentes às práticas e discursos sobre a infância, 
estendendo da década de 1923 a 1970. 
 
Com base em (Rizzini, 1995), a partir de 1923 houve um aumento no 
volume de leis que procuravam cobrir mais amplamente os pontos relativos à 
assistência à infância. É Criado no Brasil o Juizado de Menores, Mello Mattos foi 
o primeiro juiz de Menores da América Latina. Aqui começa uma reorganização 
do Poder Judiciário iniciando um debate de quem seria atribuição da 
administração do “problema do menor”. De sujeito abandonado, passa-se a 
perceber a criança sem assistência familiar como menor infrator e do tratamento 
caridoso dado pela igreja e posteriormente tutelar pelo Estado, passa-se cada vez 
mais a vê-las como seres tortos a serem reformados por instituições judiciárias. 
 
33 
 
Este foi o primeiro decreto-lei brasileiro específico sobre a infância 
abandonada e delinquente, dado que, anteriormente, as deliberações a esse 
respeito restringiam-se a artigos do Código Penal, não havendo leis específicas. 
Desenvolveu-se sob a compreensão de que se deveria atribuir aos infratores 
menores de 18 anos medidas educativas, diferenciadas da pena aplicada ao 
adulto, como castigo. Essas medidas deveriam ser impostas por juízes especiais 
e não por juízes criminais (Rizzini, 1995). 
 
Em 1924 é criado o primeiro juizado de menores do Brasil, na cidade do Rio 
de Janeiro, graças as incansáveis lutas em favor da criança desvalida, pelo 
jurista e legislador Mello Mattos. A criação deste juízo privativo de menores 
se deu através do Decreto n°. 16.272, de 20 de deze mbro de 1923. 
(Veronese, 1999, p.23) 
 
Esse juizado tinha como função a promoção, solicitação, 
acompanhamento e orientação em todas as ações judiciais que envolvessem 
interesses de menores, sobretudo, os que se encontravam internados nos 
institutos do Governo Federal e nos particulares subvencionais pelo Estado. 
 
Percebe-se que apesar da criança e do adolescente não serem mais 
entendidas dentro dos artigos penais, ainda eram postos como culpados pela sua 
situação e vistos como pessoas que ofereciam risco à sociedade. O problema era 
do menor e não do contexto em que a sociedade se encontrava. 
 
Em função disso, pode-se compreender, com base em Rizzini (1995), é 
instituído o Código de Menores, em 1927, também conhecido como Código Mello 
Matos, pautando-se na Doutrina da Situação Irregular, na qual os menores 
tornavam-se sujeitos de direito apenas no momento em que se encontrassem em 
estado prejudicial à sociedade. 
 
A intenção desse Código era “resolver” o problema dos menores, embora 
fosse marcante a vigilância sobre eles. Assim, embora os menores de 14 anos 
estivessem imunes a qualquer tipo de processo penal, sua vida e de sua família 
seriam devassadas conforme fosse julgado necessário. Uma questão importante 
a observar nesse Código é o dispositivo que tratava da internação de menores 
abandonados, pervertidos ou que estivessem “em perigo de o ser”. 
 
34 
 
 Rizzini (1995, p. 131) destaca que “bastaria qualquer desconfiança ou 
suspeitas de alguma autoridade para que o menor fosse privado de sua 
liberdade”. O problema das crianças e adolescentes era resolvido de forma 
imediata, melhor dizendo, era abafado, sem levar em conta seu contexto histórico, 
não era dado nenhum tipo de voto de confiança para que esses pudessem se 
tornar pessoas melhores e confiáveis. 
 
O Código de Menores brasileiro era representativo das visões em vigor na 
Europa com elaboradas práticas discriminatórias que desconsiderou as condições 
econômicas como fatores importantes na condição de exclusão. Para 
supostamente resolver os maus da delinquência, do abandono e da desocupação, 
esta doutrina apresentava propostas focalizadas nas consequências dos 
problemas sociais, isolando totalmente a condição de exploração econômica. 
 
O código Mello Matos inaugurou um modelo de assistência pública herdado 
da ação policial, com funções relativas à vigilância, regulamentação e 
intervenção diretas sobre os menores abandonados e delinquentes, 
primando pela sua institucionalização, sistema este que vigorou até meados 
da década de 1980 no país (Rizzini, 2004, p. 224). 
 
Com essa lei em vigor, designou-se o termo "menor", mas não com o 
entusiasmo de indicar aqueles que tinham idades inferiores, mas sim para 
distinguir todos aqueles que viviam em extrema pobreza consequente da 
vulnerabilidade social, as qual estavam submetidos pela má distribuição de renda 
atribuída pelo capital. Custódio (2007) destaca que a partir desta doutrina são 
criadas as Delegacias de Menores em 1930. 
 
Menor não é apenas aquele indivíduo que tem idade inferior a 18 ou 21 
anos conforme mandava a legislação em diferentes épocas. Menor é aquele 
que, proveniente de família desorganizada, onde imperam os maus 
costumes, a prostituição, a vadiagem, a frouxidão moral, e mais uma 
infinidade de características negativas, tem a sua conduta marcada pela 
amoralidade e pela falta de decoro, sua linguagem é de baixo calão, sua 
aparência é descuidada, tem muitas doenças e pouca instrução, trabalha 
nas ruas para sobreviver e anda em bandos com companhias suspeitas. 
(Rizzini, 1993, p.96). 
 
A autora traz que não deve referir-se ao menor e a criança com 
indiferença sem analisar com um olhar crítico todo seu contexto histórico, levando 
em conta a infância excludente e discriminadora que vivenciaram. 
 
35 
 
Em função disso, “percebe-se um aumento na utilização de termos 
psiquiátricos e uma maior preocupação com a saúde mental”. (Rizzini, 1993. p. 
87). O SAM (Serviço de Assistência ao Menor), criado em 1941, guiava-se por 
tais preceitos na tentativa de uma elaboração teórica sobre o "problema da 
criança" e a "ação social do Juízo de Menores", nos vários instrumentos do Juízo 
de investigação do Menor, era priorizado o levantamento dos seus antecedentes 
morais e de sua família (Rizzini, 1993) 
 
Por trás da idéia do SAM estão presentes representações amplamente 
aceitas e discutidas: a imagem da criança pobre enquanto abandonado 
física e moralmente; uma concepção de infância enquanto uma idade que 
exige cuidados e proteção específicos; as grandes cidades como lócus de 
vadiagem, criminalidade e mendicância; os espaços públicos (ruas, praças, 
etc.) como espaços da socialização da marginalidade. Por fim, a idéia de 
que cabe a instituições especializadas a "recuperação" e a formação de 
uma infância “moralizada". Recuperando a "infância desvalida", o Estado 
contribuiria para a formação de indivíduos úteis à sociedade, futuros bons 
trabalhadores. (Alvin e Valladares, 1988, p.08) 
 
A partir dessa reflexão, pode-se dizer que começa a se terum novo olhar 
em relação à problemática da infância, cujos objetivos começam a ser a 
orientação, sistematização e fiscalização dos estabelecimentos oficiais e 
particulares para menores internados, quando a assistência pública à infância 
toma novos rumos. Aponta-se, então, a necessidade de desconstrução destas 
práticas e deste “olhar” sobre a infância objeto da assistência, indispensável à 
reflexão e ao enfrentamento desta problemática. 
 
Observa-se que as preocupações relacionadas à infância trazem um 
progresso para a busca de uma nova sociedade, a condição da criança vai se 
redefinindo e passa de um papel secundário e rejeitado para uma condição 
principal. 
 
A partir da criação do SAM, com as mesmas ideias de fundo visando ao 
controle social, surgem diversas instituições públicas privadas que se voltam para 
o atendimento às crianças e jovens das camadas populares, porém privilegiando 
diferentes formas de atuação. Incluem-se aqui a LBA (Legião Brasileira de 
Assistência), SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizado Comercial), 
36 
 
SESC (Serviço Social do Comércio) - reformar e educar para o trabalho eram 
objetivos de tais instituições. 
 
Vale ressaltar que em 1942 é criada a LBA que tem por objetivo promover 
todas as formas de serviços de assistência social, prestados diretamente ou em 
colaboração com o poder público e as instituições privadas, principalmente à 
maternidade e a infância. A LBA consolidou sua posição entre as obras 
assistenciais brasileiras durante vinte anos. A partir da sua atuação surgem 
centros de proteção à criança e à mãe (creches, postos de puericultura, hospitais 
infantis e maternidades) (Kramer, 1992). 
 
 É instalado no Brasil também o primeiro escritório do UNICEF (Fundo das 
Nações Unidas para a Infância) em 1950, em João Pessoa, na Paraíba. O 
primeiro projeto realizado no Brasil destinou-se às iniciativas de proteção à saúde 
da criança e da gestante em alguns estados do nordeste do país (UNICEF 1946). 
O UNICEF tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar 
a dar resposta as suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno 
desenvolvimento. 
 
Com as inúmeras acusações ao SAM enquanto "escola do crime", a partir 
de meados de 1960, formula-se uma política nacional de atendimento e com ela a 
criação da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) que em 
termos federais, estaduais e as FEBEMS (Fundações Estaduais do Bem-Estar do 
Menor) tinham como base a "reeducação do menor, não pautada exclusivamente 
na internação, mas no apoio à família e à comunidade" (Alvin, e Valladares 1988, 
p. 09). 
A partir da revisão do Código de Menores, Militto e Silva (1995), citam 
algumas das categorias criadas em 1970 que implicariam na internação do 
menor, tais como: situação irregular; família desestruturada; criança abandonada 
sem família (burguesa); criança carente, menor infrator, deficientes físicos e 
mentais e menor "perambulante" (sem ofício, expulso da escola, fugitivo do lar). 
 
Os autores chamam atenção para o fato que essa categorização, que era 
feita inicialmente por assistentes sociais e depois por equipe multidisciplinar da 
37 
 
própria FUNABEM, implicariam "necessariamente o enquadramento da pobreza". 
(Militto e Silva 1995, p. 21). O internamento ainda era visto como o meio propício 
à reeducação, reestruturação e ressocialização dessa infância desassistida. 
(Militto e Silva, 1995). 
 
Na prática de tais instituições não ocorreram mudanças significativas nas 
concepções da infância pobre, mas essas continuavam sendo objetos de reforma 
e exploração e continuaram as denúncias de maus tratos a crianças e 
adolescentes em tais instituições. O sistema de Garantia de Direitos é uma 
conquista recente e que ainda carece de maior proteção, efetividade e qualidade 
no Brasil. 
 
 
2.3 História e Direitos da criança na atualidade 
 
Pode-se perceber que, numa perspectiva histórica de milhares de anos, 
em que predominou o total desconhecimento da criança e uma série de 
dificuldades, ela tem conseguido se firmar. Hoje, o estudo do desenvolvimento da 
criança é necessário e indispensável para quem deseja falar sobre essa fase da 
vida humana. Estuda-se a criança e a infância como categorias construídas 
historicamente, o que abre possibilidades de compreendê-las de modo visível, na 
sua expressão de vida e perceber que a infância e a vida da criança não se 
deram de forma linear. Figueiredo afirma; 
 
É preciso contar a história de uma vida sem dar a impressão de se estar 
diante de uma sucessão linear, unidirecional e necessária de momentos, 
cada um deles sendo tomado como um simples e plenamente significativo 
"agora". É preciso garantir nesta história lugares para acasos e 
imprevisíveis, lugares para rupturas, lugares para saltos adiante, para 
retornos e ressignificações; é preciso evitar a tentação de fazer da 
existência de alguém um processo meramente aditivo ou subtrativo de 
atributos que se agregariam ou descartariam de uma substância 
permanente. (1995, p. 9) 
 
As contribuições discutidas permitem olhar a infância hoje empreendendo 
um esforço para percebê-la na sua concretude, no seu contexto vivido, 
entendendo-a como sujeito de direitos, direito de se expressar, manifestar 
38 
 
vontades, interagir em diferentes espaços e culturas, construir a sua história em 
constante transformação. 
 
Sanches (2004) destaca que o desenvolvimento de uma cultura em que a 
visão de criança adquire novos significados, sendo considerada cidadã de 
direitos, deixando de ser apenas propriedade da família, mas também 
componente da nação, de responsabilidade de todos, cria condições para 
emergência de novas posturas em relação a esta etapa de vida humana. 
 
No entanto vão sendo criadas políticas sociais como estratégias para 
atender às necessidades desse segmento da população, especialmente a que 
vive em extrema pobreza ou desamparada, e traz implícita a concepção de 
soluções imediatas. 
 
Para Vieira; 
 
O que na atualidade tem sido chamado de políticas sociais (e comumente 
de políticas públicas) resume-se quase sempre em programas tópicos, 
dirigidos a determinados focos, descontínuos, fragmentados, incompletos e 
seletivos, com atuação dispersa, sem planejamento, esbanjando esforços e 
recursos oferecidos pelo Estado, sem controle da sociedade”. (2004; p.113) 
 
A sociedade implora por políticas que sejam verdadeiramente universais e 
não cada vez mais burocráticas, que possam realmente beneficiar toda a 
população para quem ela é voltada. E não uma política dimensionada apenas 
para parte desse segmento da sociedade, selecionando classe social e 
econômica, mas sim políticas igualitárias que verdadeiramente alcancem todas 
suas dimensões de forma efetiva. Podendo assim promover uma presente e 
futura infância e juventude saudáveis. 
 
Não existe algo como a criança ou a infância, um ser e um estado essencial 
esperando para ser descoberto, definido e entendido, de forma que 
possamos dizer a nós mesmos e aos outros, [...] “Em vez disso, há muitas 
crianças e muitas infâncias, cada uma construída por nossos entendimentos 
da infância e do que as crianças são e devem ser. (Dahlberg; Moss; Pence, 
2003, p. 63) 
 
As diferentes concepções de criança e de adolescente são deste modo 
construídas a partir de visões distintas. Os saberes vêm sendo produzidos a partir 
de discursos dominantes localizados nos limites do projeto da modernidade, 
39 
 
incorporados muitas vezes sem críticas. É importante saber mais sobre essa 
parte da população para poder compreendê-la de modo contextualizado. 
 
 Uma importante conquista para a criança e o adolescente ocorreu na 
década de 80 quando foi inaugurada uma nova visão da sociedade em relação à 
infância e juventude. A sociedade civil mobilizou-separa amparar, auxiliar e 
cobrar do Estado à responsabilidade por essa parte da população que não pode 
ser negligenciada em virtude do modelo econômico adotado no país. Isto deu 
abertura para a promulgação, em 1988, da Constituição Federal – (CF) (Rizzini 
(1995). 
 
A legislação foi implementada para reafirmar à criança o princípio da 
dignidade da pessoa humana na busca de garantir com prioridade os direitos 
fundamentais da criança e do adolescente para que não haja o descumprimento 
ou falhas na efetivação desses direitos, sendo assim, reconhecidos como sujeitos 
de direitos a serem protegidos e garantidos pelo Estado, pela sociedade e pela 
família com prioridade absoluta. 
 
Após um longo e árduo caminho, em 1988 l o Estado brasileiro reconhece 
a criança e o adolescente como pessoas de direitos, afirmando a necessidade de 
se garantir a toda criança e adolescente proteção integral para o seu pleno 
desenvolvimento. Expressa esse reconhecimento, no Art. 227; 
 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (Brasil, 2010. p.116) 
 
 O artigo constitucional vem reafirmar o princípio da dignidade da pessoa 
humana, repetindo o Artigo primeiro da Carta que o traz como um dos 
fundamentos do Estado brasileiro. O referido princípio é, antes, fundamento 
basilar do Estado de Direito e não se realizará se não for garantido com primazia 
à criança e ao adolescente. 
 
40 
 
O princípio da dignidade não pode ser negligenciado e deve ser garantido 
com prioridade à criança e ao adolescente e o seu exercício revela a satisfação 
da proteção integral para qual é voltado. Deixando claro a amplitude e plena 
eficácia em seu cumprimento. Qualquer omissão ou falha desses direitos, quando 
implementados, revela o descumprimento de direitos fundamentais. E cabe ao 
Estado Democrático de Direito a tarefa primordial de atuar na promoção da 
dignidade da pessoa humana, sua razão de ser. Sobre o princípio da dignidade 
da pessoa humana Wolfang; 
 
Como tarefa (prestação) imposta ao Estado, a dignidade da pessoa reclama 
que este guie as suas ações tanto no sentido de preservar a dignidade 
existente, quanto objetivando a promoção da dignidade, especialmente 
criando condições que possibilitem o pleno exercício e fruição da dignidade, 
sendo, portanto dependente (a dignidade) da ordem comunitária, já que é 
de se perquirir até que ponto é possível ao indivíduo realizar, ele próprio, 
parcial ou totalmente, suas necessidades existenciais básicas ou se 
necessita, para tanto, do concurso do estado ou da comunidade (este seria, 
portanto, o elemento mutável da dignidade) (2004, p. 65). 
 
É importante ressaltar que quando se trata do assunto relacionado à 
criança e ao adolescente não se deve considerar apenas a sua condição especial 
de pessoa em desenvolvimento, mas também o que está agregado a sua volta e 
que muitas vezes é o que vulnerabiliza grande número de famílias brasileiras e 
que lhes são individualmente prejudiciais. 
 
O reconhecimento constitucional da criança e do adolescente como 
sujeitos de direitos, a serem protegidos e garantidos pelo Estado, pela sociedade 
e pela família com prioridade absoluta, implica, não apenas na sua consagração 
como direitos fundamentais, direitos humanos, mas sim a prioridade de sua 
garantia, como sujeitos de valor e dignidade, tendo como condição absoluta o 
respeito as suas necessidades enquanto pessoas em desenvolvimento. 
 
 Vale ressaltar que o Estado, a sociedade e a família são as três esferas 
principais de quem exige uma ação por completo e não uma ação secundária ou 
apenas de complemento. Essas três esferas precisam atuar essencialmente 
juntas para que se consiga com efetividade a garantia dos direitos. 
 
 
41 
 
No respeito ao princípio da prioridade absoluta à garantia dos direitos da 
criança e do adolescente, o Estado deve se responsabilizar por oferecer 
serviços adequados e suficientes à prevenção e superação das situações 
de violação de direitos, possibilitando o fortalecimento dos vínculos 
familiares e sócio-comunitários, o apoio às famílias e seus membros deve 
ser concretizado na articulação eficiente da rede de atendimento das 
diferentes políticas públicas, garantindo o acesso a serviços de educação, 
de saúde, de geração de trabalho e renda, de cultura, de esporte, de 
assistência social, dentre outros. (PNAS, 2004, p.69) 
 
As políticas sociais precisam ser de boa qualidade e destinadas sem 
distinção a toda população e não serem privatizadas e nem de melhor qualidade 
para quem pode pagar, na qual o que sobra para as classes mais baixas é uma 
política desigual e desumana. O dever do Estado é proporcionar políticas com 
nível de qualidade de igual para igual a todo cidadão que vier a necessitar da 
proteção estatal, independentemente do motivo, todo cidadão é digno de receber 
do Estado a satisfação de seus direitos sociais. 
 
A legislação dá abertura ao (Estatuto da Criança e do Adolescente) – 
(ECA ) criado em 1990, a Lei que revolucionou o Direito Infanto-Juvenil adotando 
a Doutrina da Proteção Integral com a intenção de regulamentar direitos previstos 
pela Constituição de 1988. Essa doutrina se baseia na ideia de que a criança e 
adolescente encontram-se em condição peculiar de pessoas em 
desenvolvimento, necessitando, portanto, de proteção diferenciada, especializada 
e integral. 
 
Com a aprovação do ECA é abandonado o termo “menor” passando a 
definir todas as crianças como sujeito de direitos, com necessidades específicas, 
decorrentes de seu desenvolvimento peculiar, e que, por conta disso, deveriam 
receber uma política de atenção integral a seus direitos construídos social e 
historicamente. Aqui as crianças e os adolescentes passam a ser vistos como 
cidadão de direitos e deveres e voltam a ocupar o seu lugar de ser humano. 
(Rizzini, 2005). O Conselho Federal de Serviço Social - CFESS aponta: 
 
A proteção integral, explicitamente tratada no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), é o paradigma que rege o sistema que, contrariando a 
anterior concepção menorista, assistencialista e tutelar, é inspirado em 
convenções e pactos internacionais e reconhece crianças e adolescentes 
como prioridade absoluta, sujeitos de direitos e pessoas em condição 
peculiar de desenvolvimento (2009, p. 47). 
 
42 
 
Com base em Costa (1993), cria-se também no ano de 1990 A Fundação 
Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, fundada com a finalidade de 
promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania da criança e do 
adolescente. 
 
Em 1992, cria-se o CONANDA - O Conselho Nacional dos Direitos da 
Criança e do Adolescente - por lei federal. Uma importante atribuição deste órgão 
é a formulação de políticas públicas e o controle de recursos destinados ao 
cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Sua constituição se dá de 
forma paritária entre membros do governo e membros da sociedade civil 
organizada, o que dá abertura para ampliar a discussão relativa aos direitos da 
criança e do adolescente acontece a I Conferência Nacional dos Direitos da 
Criança. O CONANDA propôs a realização da primeira Conferência Nacional dos 
Direitos da Criança e do Adolescente. As conferências passariam a acontecer a 
cada dois anos, de maneira sequencial, nos níveis regionais (no caso das 
metrópoles), municipais, estaduais e nacionais (Costa 1993). 
 
 Com base em (Vannuchi, 2006), apresenta-se a seguir o Plano 
Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, que prioriza o respeito à 
legislação expressa na Constituição Federal de 1988 e no Estatutoda Criança e 
do Adolescente - ECA. 
 
O plano apresentado observa ainda os acordos internacionais relativos à 
criança e ao adolescente ratificado pelo Brasil no Congresso Internacional sobre 
os Direitos da Criança de 1989 e, particularmente, na Seção Especial pela 
criança, realizada pela ONU em 2002, que estabeleceu no documento “Um 
Mundo para as Crianças” os seguintes compromissos: 
 
• Promover Vidas Saudáveis; 
• Promover Educação de Qualidade; 
• Proteção contra Abuso, Proteção e Violência e 
• Combate a HIV/AIDS. 
 
43 
 
O mesmo autor Vannuchi (2006) descreve que para garantir o 
cumprimento desses compromissos foram definidos 16 desafios que o Governo 
se propõe a enfrentar por meio de um conjunto de mais de 200 ações 
desenvolvidas por diversos Ministérios. 
 
A responsabilidade pela implementação do Plano foi de uma Comissão 
Internacional, coordenada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e 
composta por representantes dos seguintes órgãos: Ministério da Assistência 
Social; Ministério da cidade; Ministério da Educação; Ministério Extraordinário da 
Segurança Alimentar e Combate à Fome; Ministério da Integração Nacional; 
Ministério da Justiça; Ministério do Planejamento; Orçamento e Gestão; Ministério 
da Saúde; Ministério do Trabalho e Emprego; Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente. Trata-se de 
um amplo esforço de articulação e integração intergovernamental entre as várias 
ações que afetam a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes. A 
proposta orçamentária desse plano perfaz um montante de R$ 55,9 bilhões, 
distribuídos ao longo do período: 2004 e 2007. Assumido como uma das 
dimensões de um processo transparente e transformador rumo à construção de 
um futuro melhor para a nação. (Vannuchi, 2006). 
 
É importante ressaltar também que ocorreu em Brasília de 7 a 10/12/2009 
a 8ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente cujo principal objetivo 
foi a elaboração de um Plano Decenal para as crianças e adolescentes 
brasileiros. 
 
O Plano Decenal é um documento que prevê as diretrizes da Política 
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente para os próximos dez 
anos. Sua principal finalidade é orientar e cobrar do poder público na esfera 
federal a implementação de políticas que efetivamente garantam os direitos 
infanto-juvenis, assim como os planos estaduais devem orientar os 
governos estaduais e os planos municipais, as prefeituras. (CONANDA, 
2009) 
 
Ao final de todas as Conferências de Direitos da Criança e do 
Adolescente são construídos planos de ação voltados para a promoção, defesa e 
garantia dos direitos de meninos e meninas até o período da conferência 
seguinte, que acontece após dois anos. A grande novidade da última edição é 
44 
 
que, pela primeira vez, o país está vivenciando um planejamento de políticas 
públicas para meninos e meninas em médio prazo através da formulação de um 
plano com ações previstas para os próximos dez anos. 
 
 Na prática, isso significa que as ações previstas terão mais tempo para 
serem executadas pelo poder público e, consequentemente, poderão ter um 
caráter mais aprofundado. Outro aspecto importante é que o plano está além do 
planejamento de um governo, uma vez que o seu tempo de execução perpassa 
três mandatos de presidência. Assim, a proposta do plano é que ele tenha uma 
continuidade de políticas públicas, independentemente do partido político que 
estiver ocupando a cadeira da presidência. 
 
A Conferência reúne entidades não governamentais, órgãos públicos e a 
sociedade em geral em discussões e mobilizações sobre o Sistema de Garantia 
de Direitos de Crianças e Adolescentes. Os resultados da 8ª Conferência 
Estadual subsidiarão a lX Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente que acontece em julho de 2012, em Brasília. 
 
 As conferências estaduais passam a limpo necessidades na defesa dos 
direitos infanto-juvenis e a estrutura do Estado em atender a essas demandas, 
permitindo assim que sejam identificadas eventuais falhas na "rede de proteção" e 
a busca de soluções para a garantia dos direitos. 
 
Uma recente conquista importantíssima em termos nacionais para a 
criança e o adolescente é a campanha de Combate ao Abuso e à Exploração 
Sexual contra Crianças e Adolescentes que vem sendo realizada todo dia 18 de 
maio com o objetivo de sensibilização, panfletagem, adesivagem, palestras, rodas 
de conversação, divulgação de spots em rádios e apresentação de filmes 
promovidos pela Comissão, pelo Comitê, instituições locais e parceiros. 
 
O abuso é qualquer ato que ofenda a pessoa, extrapolando os limites do 
desenvolvimento ou exercício autônomo e sadio de sua sexualidade, 
visando unicamente à satisfação de um desejo sexual próprio do agressor. 
Ou seja: no abuso sexual o agressor procura unicamente satisfazer seus 
desejos mediante a violência sexual. Por sua vez, a exploração é a 
obtenção de alguma vantagem, financeira ou não, diversa do prazer oriundo 
45 
 
da violência. Caracteriza-se por ser uma relação mercantil, em que o 
agredido é considerado mera mercadoria. (CONANDA, 2009) 
 
Apesar das dificuldades, inúmeras iniciativas têm sido desenvolvidas pelo 
governo brasileiro e pela sociedade civil organizada no sentido de erradicar essa 
prática. São planos, programas e projetos com objetivos e metas bem definidas 
que visam à erradicação dos crimes sexuais cometidos contra crianças e 
adolescentes. É muito importante essa conscientização da população em relação 
a esse crime desumano cometido a milhares de crianças. Passa-se a ter novas 
perspectivas para a infância a partir de 1988. 
 
 2.3.1 Estatuto da Criança e do Adolescente 
 
A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei 
8.069/90) ocorreu em 13 de Julho de 1990. A sua construção se deu por 
resultados da mobilização civil, a qual deseja ter a criança e o adolescente como 
prioridade para a nação, na busca de respostas concretas as necessidades e 
problemas sociais que envolvem a criança e o adolescente. É uma legislação que 
marca ruptura com os estigmas e as diferenciações da população infanto-juvenil. 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente destaca a proteção de forma 
integral à criança (até 12 anos incompletos) e ao adolescente (entre 12 e 18 anos 
de idade), sujeitos de direitos civis, humanos e sociais. E por isso que o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA) em seu Artigo 3º deixa claro que: 
 
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata 
esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios todas as 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
 
Segundo os Artigos 3º e 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), a criança e o adolescente são pessoas humanas inseridas num processo 
especial de desenvolvimento e que têm direitos à vida, saúde, alimentação, 
cultura, lazer, moradia, profissionalização, dignidade, respeito e liberdade. Devem 
exercer um importante e necessário papel a família, a sociedade e o Estado. De 
acordo com Artigo 5º; 
46 
 
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais. 
 
O Art. 4º do ECA transcreve o Art. 227 da CF, o qual determina que em 
primeiro lugar é de responsabilidade da família e depois do estado e da sociedade 
assegurar por todos os meios, formas e com absoluta prioridade, todos os direitos 
inerentes à constituição de um homem civilizado. Para Liberati (1991, p. 4), 
“devemos entender que a criança e o adolescente deverão estar