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Fisiopatologia Aplicada à nutrição Ananda Cabral Esteatose hepática O fígado ➔ Localizado no cruzamento entre o trato digestório e o restante do corpo, o fígado exerce o crítico trabalho de manter a homeostasia metabólica do corpo; ➔ Isso inclui o processamento de aminoácidos, carboidratos, lipídios e vitaminas da dieta, e a síntese de muitas proteínas plasmáticas e a detoxificação e excreção para a bile de produtos de eliminação endógenos e xenobióticos. ➔ O fígado recebe 25% do débito cardíaco diário, o que lhe permite realizar numerosas funções vitais, essenciais à manutenção da homeostasia corporal; ➔ Destaca-se a regulação do metabolismo de diversos nutrientes, papel imunológico, síntese proteica e de outras moléculas, armazenamento de vitaminas e ferro, degradação hormonal e a inativação e excreção de drogas e toxinas; ➔ O fígado possui enorme reserva funcional, e a regeneração sempre ocorre, com exceção da mais fulminante das doenças hepáticas. A remoção cirúrgica de 60% do fígado em uma pessoa normal é acompanhada de descompensação hepática mínima e transitória, com recuperação da maioria de sua massa por regeneração em um intervalo de 4-6 semanas. ➔ A reserva funcional e a capacidade regenerativa do fígado mascaram o impacto clínico da lesão hepática inicial. ● Funções ➔ Regulação do metabolismo de nutrientes: ➔ Metabolismo energético e de carboidratos ➔ O fígado providência energia aos outros tecidos fundamentalmente pela exportação de 2 substratos, a glicose e os corpos cetónicos; ➔ Estes últimos são uma importante fonte de energia providenciada pelo fígado, principalmente em situações em que a utilização de glicose está comprometida como no jejum, ou em situações patológicas como a diabetes; ➔ O fígado tem um papel essencial em manter o nível plasmático de glicose mais ao menos constante e dentro da normalidade. Quando os níveis de glicose estão altos, o fígado capta a glicose através de um processo de difusão facilitada, um mecanismo independente da regulação pela insulina e que ocorre através do transportador GLUT-2 existente na membrana basolateral do hepatócito; ➔ Muita da glicose captada é convertida em glicogênio que funciona como reserva de glicose. Se os níveis estão baixos, o glicogênio armazenado é convertido em glicose – glicogenólise - que por sua vez é libertada para o plasma através do mesmo GLUT-2. É também o sítio principal onde se procede à gliconeogénese, isto é, a conversão de aminoácidos, ou mesmo carboidratos simples (lactato) em glicose. ➔ Armazenamento de substâncias: O fígado armazena várias substâncias como as vitaminas A, D, E, K (lipossolúveis, principalmente armazenadas nas celúlas de Ito), vitamina B12, ferro, ácido fólico, entre outras. Para algumas destas substâncias as reservas hepáticas permitem meses a anos de privação sem consequências clínicas evidenciáveis. ● As doenças hepáticas geram alterações hemodinâmicas devido a redução da albumina. Etiologia ➔ Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) ➔ Condição no qual ocorre o acúmulo de TG (principal forma de armazenamento) dentro dos hepatócitos. Levando um desequilíbrio na síntese e utilização de lipídeos. ➔ A DHGNA é uma condição comum na qual a doença hepática gordurosa se desenvolve em pessoas que não consomem álcool. ➔ O fígado apresenta qualquer um dos três tipos de alterações (esteatose, esteato-hepatite e cirrose). ➔ A DHGNA é consistentemente associada com resistência à insulina e síndrome metabólica ➔ Outras anomalias comumente associadas são: - Diabetes tipo 2 (ou com histórico familiar da condição) - Obesidade, principalmente obesidade central (índice de massa corpórea maior que 30 kg/m2) - Dislipidemia (hipertrigliceridemia, baixa lipoproteína de colesterol de alta densidade, alta lipoproteína de colesterol de baixa densidade) - Hipertensão - Outras: corticóides, esteróides, procedimentos cirúrgicos, hipotireoidismo, SOP, hepatite C e anemia. ➔ Doença hepática alcoólica - A esteatose hepática induzida pelo etanol é uma das primeiras lesões a se desenvolver nos hepatócitos nos indivíduos em consumo excessivo de álcool. O etanol induz o aumento da síntese de ácidos graxos e triglicerídeos e reduz a excreção das lipoproteínas. Classificação Graus: são de acordo com a magnitude da gordura infiltrada no tecido hepático Grau 1: 10 a 25% (leve) Grau 2: 25 a 50% Grau 3: > 50% (grave) Alterações morfológicas ➔ Microscópicas: ➔ Hepatócitos centrolobulares; ➔ Núcleo na periferia ➔ Macroscópicas: ➔ Bordas arredondadas; ➔ Aumento de volume = hepatomegalia ➔ Amarelado ➔ Infiltrado gorduroso: ➔ Microvesicular; ➔ Macrovesicular. Fisiopatologia ● Resistência insulínica: ➔ A insulina é um hormônio lipogênico, ou seja, aumenta a produção de gordura no tecido adiposo. ➔ Em casos de resistência à insulina, ocorre o inverso, ativando a lipólise. ➔ Como ocorre? ➔ ↑ Tecido adiposo: leva a produção excessiva de AGL (são lipotóxicos ocasionando redução da atividade de proteínas fundamentais da sinalização insulínica), TNF-α, e outras citocinas pró inflamatórias → Ocasionando a resistência à insulina. ➔ O TNF-α sinaliza para o hepatócito desencadear a resistência à insulina; ➔ Incapacitando o fígado de captar glicose; ➔ Ocasionado a lipólise para a via de gliconeogênese; ➔ Liberando AGL para serem são captados pelo fígado, e no fígado são incorporados na forma de TG; ➔ Esse acúmulo de gordura ocasiona a esteatose hepática, e a longo prazo a esteato hepatite. ● Possíveis mecanismos causadores da esteatose também incluem redução da síntese de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL, very low density lipoprotein); ● E aumento na síntese hepática de triglicerídeos (possivelmente resultado de redução na oxidação de ácidos graxos ou aumento da deposição hepática de ácidos graxos livres). ● A inflamação pode resultar em lesão peroxidativa lipídica nas membranas celulares. Essas alterações podem estimular as células estreladas hepáticas, levando à fibrose. Quando em estágios avançados, a esteato-hepatite não alcoólica pode provocar cirrose e hipertensão portal. Complicações ↓ O aumento de gordura dentro dos hepatócitos, constante e por tempo prolongado, está relacionado com a inflamação e morte celular, fibrose (cicatrização) e tem maior potencial de progressão, ao longo dos anos, para cirrose e para o carcinoma hepatocelular (CHC). Sinais e sintomas ➔ A maioria dos pacientes é assintomática; ➔ Entretanto, nos quadros severos os pacientes podem apresentar: fadiga, mal-estar, desconforto ou inchaço no hipocôndrio direito, enjoos, pele e olhos amarelados. Diagnóstico ➔ História (presença de fatores de risco, ausência de consumo excessivo de álcool); https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/fibrose-e-cirrose/cirrose https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/abordagem-ao-paciente-com-doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica/hipertens%C3%A3o-portal ➔ Transaminases: Pacientes com EH podem ter elevações leves ou moderadas (2 a 5 vezes o valor de referência) nas aminotransferases: AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase), embora os níveis normais de aminotransferase não excluem EH; ➔ Especificamente na doença gordurosa alcoólica, a razão AST/ALT é > 1, mas fases avançadas da esteatose não-alcoólica podem apresentar essa desproporção; ➔ A fosfatase alcalina e a gamaglutamiltransferase (γGT) estão frequentemente elevados na esteatose alcoólica e podem estar elevadas em menos da metade dos casos de esteatose não-alcoólica; ➔ Aumento da CC (suspeita); ➔ Ultrassonografia abdominal; ➔ Ressonância magnética; ➔ Biópsia do tecido hepático. Tratamento ➔ O tratamento da Esteatose não-hepática consiste no controle dos fatores de risco (dislipidemia, obesidade e diabetes), perda de peso; ➔ Para pacientes com esteatose associada ao álcool que não progrediram para cirrose, a abstinência do álcool tem sido associada a umarápida melhora na esteatose hepática.
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