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PULSOS ARTERIAIS Para a semiologia cardíaca, os pulsos mais importantes são o pulso radial, pulso capilar e as pulsações das artérias carótidas. PULSO RADIAL Situa-se entre a apófise estilóide do rádio e o tendão dos flexores. Para palpá-lo, empregam-se as polpas dos dedos indicador e médio, variando a força de compressão até que seja obtido impulso máximo. O examinador usa a mão direita para examinar o pulso esquerdo do paciente, e vice-versa. Ademais, a mão do paciente deve repousar no leito ou na mesa de exame em completa supinação. ● Estado da parede arterial: Em condições normais, a parede do vaso não apresenta tortuosidades e é facilmente depressível. Quando se nota uma parede endurecida, irregular e tortuosa,é sinal de uma arteriosclerose ● Frequência: contar o número de pulsações durante um minuto inteiro, comparando-se este valor com o número de batimentos cardíacos. Em pessoas adultas, considera-se normal a frequência de 60 a 100 bpm. Acima de 100 pulsações, designa-se taquisfigmia. Isso porque nem sempre o número de pulsações periféricas corresponde ao número de batimentos cardíacos. ● Ritmo: Sequência das pulsações. Se elas ocorrem em intervalos iguais, o ritmo é regular. O pulso irregular indica alteração do ritmo cardíaco - arritmia (fisiológica ou patológica) ● Tensão ou dureza: Avalia-se a tensão ou dureza do pulso pela compressão progressiva da artéria. Se for pequena a pressão necessária para interromper as pulsações, caracteriza-se pulso mole. Pulso duro significa hipertensão, e não estenose ● Amplitude ou magnitude: sensação captada em cada pulsação; relacionada com o grau de enchimento da artéria durante a sístole e seu esvaziamento durante a diástole. Quanto à amplitude, classifica-se o pulso em amplo, mediano e pequeno. ● Simetria: Comparação com a artéria homóloga; palpa-se simultaneamente as 2 artérias radiais; deste modo, procura-se comparar a amplitude das pulsações. PULSO CAPILAR Faz-se uma leve compressão sobre a borda de uma unha até que seja identificada uma zona pulsátil que marca a transição da cor rósea para a pálida. Pode-se ver nítida pulsação nos casos de aumento da pressão diferencial, como ocorre na insuficiência aórtica, na fístula arteriovenosa, no hipertireoidismo e na anemia intensa. Em condições normais, a zona pulsátil é muito discreta, às vezes imperceptível. PULSAÇÃO DAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS As pulsações das artérias carótidas podem ser visíveis, principalmente após exercício, emoções e na hipertensão arterial. Contudo, nos pacientes que apresentam aumento da pressão arterial diferencial (Psistólica muito maior que a Pdiastólica),as pulsações carotídeas tornam-se mais evidentes, a ponto de receberem a denominação de "dança arterial". As artérias carótidas são palpadas no ângulo da mandíbula, de cada lado da traqueia, comparando-se entre si, até a fossa supraclavicular. Verifica-se o estado da parede arterial (endurecimento, dilatação, tortuosidade); a amplitude do pulso, tendo valor diagnóstico a diferença entre uma carótida e a outra, que é indicativa de estenose ou oclusão do vaso; a ocorrência de frêmito (estenose ou oclusão). À ausculta das carótidas, é possível encontrar sopros, originados na própria artéria ou irradiados a partir da valva aórtica. Aliás, a irradiação para o pescoço é uma das principais características do sopro da estenose aórtica. Cumpre ressaltar que tanto a palpação como a ausculta deve ser feita ao longo das 2 artérias carótidas, desde a fossa supraclavicular até o ângulo da mandíbula. ÍNDICE TORNOZELO-BRAQUIAL Razão da pressão sistólica da artéria braquial direita ou esquerda (o maior valor; pois o braço com pressão menor perdeu pressão em relação à pressão central) com a pressão sistólica das artérias maleolares tibial anterior ou tibial posterior (o maior valor). Necessita somente de um esfigmomanômetro e sonar Doppler ou estetoscópio. Além de sua utilidade na avaliação da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), também serve como indicador de doença aterosclerótica em outros territórios e como marcador prognóstico para eventos cardiovasculares. Pacientes com índice tornozelo-braquial <0.9 possuem mortalidade 3-6 vezes maior em 5 anos comparados com controles. PULSO VENOSO JUGULAR As pulsações observadas na base do pescoço são chamadas pulso venoso e dependem das modificações de volume que ocorrem nas veias jugulares externas durante o ciclo cardíaco. O pulso venoso reflete a dinâmica do coração direito, e as várias ondas que o constituem expressam as modificações pressóricas nas cavidades direitas do coração. Normalmente, as veias jugulares tornam-se túrgidas apenas quando o paciente se acha em decúbito; na posição semi sentada, sentado ou de pé, as veias jugulares colabam, ficando visível apenas o pulso venoso na raiz do pescoço. Se as veias jugulares permanecem túrgidas quando o paciente adota a posição semi sentada (formando um ângulo de 45° entre o dorso e o leito) ou sentada, está caracterizado o que se denomina ingurgitamento jugular. Este achado traduz hipertensão venosa no sistema da veia cava superior e aparece quando há compressão desta veia, insuficiência ventricular direita ou pericardite constritiva. O pulso venoso é formado por 3 ondas e 2 deflexões que, quando registradas, constituem o flebograma. É possível, mas difícil, reconhecer as ondas de flebograma pela inspeção do pescoço. 1. Onda A: Contração AD. Momento em que a pressão sobe dentro desta cavidade, fenômeno que dificulta o escoamento do sangue drenado pela jugular. Por essa razão, a veia jugular se distende. 2. Onda C: Aumento transitório da pressão dentro do AD que ocorre ao aumentar a pressão ventricular durante a fase de contração isovolumétrica. 3. Onda V: Aumento da pressão sanguínea no AD que se transmite à jugular. 4. Deflexão X (onda negativa): Também chamada de colapso sistólico, traduz o relaxamento atrial. 5. Deflexão Y (onda negativa): Colapso diastólico deve-se à abertura da valva tricúspide e corresponde à fase de enchimento ventricular. Para realizar o exame, o paciente deve permanecer deitado (pois aumenta as pulsações venosas). Quando a pressão venosa for normal, o paciente deve ficar em posição quase horizontal com relação à cama; entretanto, se houver hipertensão venosa, ele deve estar recostado no leito, em um ângulo mais ou menos de 45°. Cada lado do pescoço é inspecionado com a cabeça ligeiramente voltada para o lado oposto. As pulsações são procuradas na parte mais inferior do pescoço; às vezes, são mais notadas entre as 2 inserções do esternocleidomastóideo.