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Semiologia do Aparelho Cardiovascular

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MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 
1 
PAPM V – PEDIATRIA 
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR 
Joana de 4 anos foi levada pelos pais a consulta no ambulatório de pediatria da Universidade de Vassouras pois o 
médico da unidade básica de saúde auscultou um “sopro”. 
O que fazer? Anamnese + Exame Físico Completo = Diferenciar o normal da doença 
 Anamnese 
 Anamnese completa. Como será a primeira consulta: Identificação, queixa principal, HDA, História gestacional e 
do parto, História Neonatal, História do crescimento e desenvolvimento, história alimentar, HPP, HF, HS, história 
vacinal, história emocional e Rotina. 
 Atenção aos sinais de alarme como 
 Cansaço: diferencia o normal do cansaço exagerado. Ex: não jogar bola com os amigos, não aguentar subir 1 
lance de escada, não consegue mamar de forma continua mamando muitas vezes ao dia. 
 Grande esforço para mamar 
 Cianose: diferenciar da cianose central da periférica. Cianose central pode indicar malformações 
circulatórias graves, como persistência do canal átrio ventricular. Cianose Periférica geralmente é fisiológica 
na pediatria
 
 Síncope/lipotimia 
 Outros sinais: dor torácica (geralmente é de origem muscular), palpitações, sudorese fria, dispneia e atraso 
no crescimento 
 
 Exame Físico 
1. Dados Antrométricos 
 São todos os dados os quais se mede: peso, crescimento, perímetros cefálico, abdominal e torácico 
 Avaliar se há sinais de desnutrição, baixo peso para a idade, déficit no crescimento, pois indicam doenças 
crônicas. 
 Aumento patológico do perímetro cefálico pode indicar mal formações cerebrais, que geralmente são associadas 
à outras malformações, como as do sistema circulatório 
 ATENÇÃO: qualquer malformação encontrada na criança, é indicação para um exame mais detalhado em busca 
de outras malformações, geralmente, um ultrassom transfontanela, um ECO, ultrassom abdominal e 
mapeamento genético (caso mais algum sinal de síndrome genética seja identificado) 
 
2. Exame físico do cardiovascular 
 Roteiro: Ectoscopia, Sinais Vitais, Inspeção de tórax, palpação (do tórax e dos pulsos) e ausculta 
a. Ectoscopia 
 Buscar característica de síndrome genéticas (S. Down, Marfan e Síndrome de Turner) pois estão muito 
associadas a malformações cardiovasculares 
 Cianose: Periférica (normal no recém-nascido por uma hiperatividade vascular, geralmente nas mãos, pés 
ou pontas dos dedos. Mas, a boca do bebe tem coloração avermelhada) ou Central (geralmente, discreto 
arroxeado ao redor da boca da criança ou olhar dentro da boca e abaixo da língua durante o exame físico) 
PERSISTÊNCIA DO CANAL 
ATRIO VENTRICULAR 
MISTURA DO SANGUE 
ARTERIAL COM O 
VENOSO 
CIANOSE CENTRAL 
Cianose Central 
MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 
2 
 Posição: observar se é um hábito ou se é uma posição patológica em busca de conforto. Ex: cócoras (em 
patologias que cursam com aumento da pressão pulmonar, como persistência do canal atrioventricular, a 
posição de cócoras aumenta a resistência periférica, o que aumenta o retorno venoso mandando mais 
sangue para o pulmão, aliviando a dificuldade respiratória) ou prece maometana 
 
b. Sinais Vitais 
 FC: não é necessário decorar o normal, mas saber o máximo tolerável (tabela). 
 Choro, Febre e outros estados hipercinéticos, podem aumentar a FC sem indicar patologias. Nos 
casos de febre, sinal de alarme é a criança febril com FC normal. 
 Durante o sono é normal diminuir a FC. 
 FR: Saber se está normal para idade 
 Temperatura: excluir febre das causas de taquicardia. Mas, em crianças febris deve-se examinar em busca 
de sinais de alarme. A criança deve ser reavaliada após o termino da febre para avaliar a FC. 
 Oximetria de pulso (saturação): referência para avaliação do respiratório é 
normal entre 92-100% e para avaliação cardíaca entre 95-100% é considerada 
normal, por que doenças pulmonares a saturação avalia a qualidade das 
trocas gasosas, mas nas avaliações do circulatório, a saturação avalia se há 
mistura de sangue arterial com venoso. Deve ser aferida nos membros 
superiores e inferiores com diferença de no máximo 3% entre MMII e MMSS, caso seja maior considerar 
malformações vasculares que cursam com hipoxemia do MMII. 
 Pressão arterial: Toda criança a partir de 3 anos deve ter a pressão aferida em todas as consultas. Nas 
crianças menores de três anos, só aferir em situações especiais pela dificuldade em na realização da técnica 
correta do exame. 
Como aferir? 
 É preconizado que a pressão seja aferida nos 4 membros em busca de malformações vasculares, 
principalmente da aorta, que cursam com diferença pressórica entre os membros. É tolerável uma 
diferença de 10 mm no MMII em relação ao MMSS. 
 “O ideal é que a criança esteja sentada ou deitada, tranquila, descansada por mais de 5 minutos, com a 
bexiga vazia e sem ter praticado exercícios físicos há pelo menos 60 minutos”. Não acontece na prática. 
Mas a relação médico paciente é importante, explicando bem o que vai acontecer para a criança. 
 Técnica preferencial é a auscultatória com manômetro de mercúrio, mas o manômetro aneroide é o 
mais usado. O aferidor eletrônico for de braço também pode ser usado. Nunca aferir com o aferidor 
eletrônico de pulso. 
 Onde Aferir? Na artéria braquial, na radial, na poplítea ou tibial posterior. Mas, o ideal é na braquial e na 
tibial poplítea. 
MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 
3 
 Como saber se o manguito está adequado? O manguito deve cobrir 2/3 do comprimento do braço da 
criança e envolver completamente o diâmetro do braço sem muita sobra. Além disso, cada bolsa tem um 
nome que corresponde à idade adequada para ela, o que pode ajudar na escolha. 
 
 Como é feita a leitura? Olhar as tabelas de valores pressóricos normais considerando: altura, idade e 
sexo. 
 Em casos de alterações, a hipertensão só devem ser confirmadas em 3 aferições em dias diferentes ou 
até em horários diferentes, aferida nos 4 membros, sendo acima dos parâmetros do gráfico de 
percentual normal. 
Técnica Correta para aferir a pressão arterial (Teoria) 
1º Remover a roupa da criança, para expor os membros inferiores e superiores 
2º Medir a distância do acrômio ao olecrano 
3º Identificar o ponto médio da distância entre o acrômio e o olecrano 
4º Medir a circunferência do braço nesse ponto médio. A partir dessa medida, seleciona-se o manguito 
adequado para a medida, que deve cobrir 40% da largura e 80 a 100% do comprimento. 
5º Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital 
6º Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial 
7º Estimar o nível da PAS (pressão arterial sistólica) pela palpação do pulso radial; 
8º Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem 
compressão excessiva 
9º Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da PAS obtido pela palpação 
10º Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg/segundo) 
11º Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff) e, após, aumentar ligeiramente a 
velocidade de deflação 
12º Determinar a PAD (pressão arterial diastólica) no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff) 
13º Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois 
proceder à deflação rápida e completa 
14º Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase IV de 
Korotkoff) e anotar valores da PAS/PAD/zero 
15º Anotar os valores exatos sem “arredondamentos”, lembrando que, pelo método auscultatório, o intervalo 
entre os valores marcados no manômetro e de 2 mmHg 
MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 
4 
3. Inspeção de Tórax 
 Formato da caixa torácica 
 Abaulamentos 
 Ictus de ventrículo esquerdo, é fácil de ser visualizado 
 Pulso venoso: é mais comum em doenças congestivas, máximo 
9cm, com a criança à 45°, em repouso, sem chorar ou gritar. 
4. Palpação de Tóraxe de Pulsos 
a. Pulsos arteriais 
 Devem ser avaliadas: amplitude (normalmente os pulsos centrais terem maior amplitude que os periféricos), 
simetria (entre o lado esquerdo e direito, central e periférico e de membros inferiores com superiores), 
frequência e regularidade 
 Geralmente são palpados com dois dedos. Sempre na ordem craniocaudal 
 Periféricos: Pulso radial, braquial, poplíteo, pedioso e tibial posterior 
 Centrais: carotídeo (é difícil de palpar em crianças menores, não deve ser palpado os dois ao mesmo tempo), 
femoral e axilar 
b. Precórdio: 
 Ictus VE: geralmente é palpado na linha hemiclavicular no 5 EIC. Deve-se avaliar a localização, o tamanho, a 
mobilidade, a propulsividade, a forma e se é sustentado. 
 Ictus de VD: é mais difícil de ser palpado, mas é palpado no apêndice xifoide 
 Frêmitos: nos mesmos focos de ausculta cardíaca em buscas das vibrações que acompanham o sopro. 
5. Ausculta 
 Como escolher o estetoscópio? Sempre o adequado ao tamanho da criança, de forma a conseguir diferencias os 
focos de ausculta cardíaca. 
 Focos de ausculta: 
 Foco mitral: Localização do ictus 
 Foco tricúspide: 5º EIC linha paraesternal esterno 
 Foco aórtico: 2º EIC na linha paraesternal direita 
 Foco Pulmonar: 2º EIC linha paraesternal esquerda 
 Foco aórtico acessório: 3º EIC linha paraesternal esquerda 
 Bulhas fonemas e sopros: 
 B1: fechamento das válvulas atrioventriculares, iniciando a sístole. 
 B2: Fechamento das válvulas semilunares, iniciando a diástole. 
 B3: significa que havia resquício de sangue no ventrículo quando iniciou a diástole, ou seja na fase de 
enchimento rápido. É comum em ritmos acelerados, ou em estados hipercinéticos, ou seja, pode ser 
fisiológica 
 B4: Contração vigorosa do átrio, acontece um pouco antes de iniciar a sístole. Geralmente é patológica, 
SINAL DE ALARME. 
 Abaulamento Tórax escavado 
MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 
5 
 Desdobramento fisiológico de B2: Inspiração aumenta o retorno venoso e retarda o fechamento das válvulas 
pulmonar da B2, ou seja, relacionado aos movimentos inspiratórios. Só consigo identificar em FC mais brandas. 
 Devo papar o pulso enquanto ausculto, mesmo sendo muito difícil classificar os sopros pediátricos em função da 
alta frequência cardíaca das crianças. 
 Irregularidades do ritmo cardíaco: acelera na inspiração e reduz a expiração, extra sístoles são comuns e 
geralmente fisiológicas. São causadas por imaturidades do sistema nervoso autônomo. 
 
Casos clínicos 
 Joana de 4 anos foi levada pelos pais a consulta no ambulatório de pediatria da Universidade de Vassouras pois o 
médico da unidade básica de saúde auscultou um “sopro”. 
 Anamnese: Os pais relatam que a criança está bem, sem alterações na aceitação da dieta ou no ganho de peso, 
dorme bem e nunca apresentou nenhuma doença. Gestação, parto e história neonatal sem alterações. Bom 
desenvolvimento neuropsicomotor. 
 Exame físico: mucosas coradas, extremidades com enchimento capilar adequado, pulsos de boa amplitude e 
simétricos entre os membros. FC: 100bpm FR: 25irpm PA: 80x68mmHg. Ausência de frêmitos torácicos. Ictus de 
ventrículo esquerdo palpável no quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerda com uma polpa 
digital. Ausculta com ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas com sopro sistólico em foco 
mitral (+/6+) sem irradiação. O sopro desaparece quando lactente é colocado em posição ortostática. 
 O Sopro de Joana tem todas as características de um sopro fisiológico. A conduta é só tranquilizar a família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTIAS DOS SOPROS FISIOLÓGICOS 
 Sopro sistólico ou diastólico? Nunca puramente diastólico 
 Melhor audível em estados hipercinéticos? Sim 
 Duração? Curta 
 Intensidade? Baixa 
 Frêmito? Estalido ou click? Não 
 Irradia? Não 
 Altera a sonoridade das bulhas? Não 
 Some com a mudança de posição? Sim 
 Exames de imagem normais? Sim