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Produção caseira de geleia de morango, doce de leite e iogurte. N2637C-2 Gabriela de Oliveira Bento de Lima N2333A-0 Gabrielle Bueno Zákia Beltrame C95FCE-2 Pâmela Carneiro da Silva Sampaio D720IJ-O Sara de Oliveira Cardoso DATA: 30/05/2020 Curso: Nutrição Período: Noturno Disciplina: Tecnologia de Alimentos Professor Responsável: Carmen Bazzani Campinas/SP Maio/ 2020 EXPERIMENTO 1: Geleia de Morango Introdução A Legislação Brasileira de Alimentos define as geléias de frutas como “produto obtido pela cocção de frutas inteiras ou em pedaços, polpas ou sucos de frutas, com açúcar e água, e concentrado até a consistência gelatinosa”. A classificação adotada pela Legislação determina que uma geléia pode ser comum ou extra: “Comum: quando preparadas numa proporção de quarenta partes de frutas frescas ou seu equivalente para sessenta partes de açúcar. As geléias de marmelo, laranja e maçã poderão ser preparadas com trinta e cinco partes de frutas frescas ou seu equivalente à fruta fresca e sessenta e cinco partes de açúcar. Extra: quando preparadas numa proporção de cinquenta partes de frutas frescas ou seu equivalente para cinquenta partes de açúcar.” (TORREZAN,1998). As geleias são produtos obtidos através do suco de frutas concentrado, pelo equilíbrio entre pectina, açúcar e acidez. A pectina é uma substância que faz parte da estrutura de parede celular de tecidos vegetais, parte de um grupo complexo derivado dos carboidratos em forma coloidal. Ela é a responsável pela formação do gel, sendo adicionada quando a fruta não é rica nessa substância. Para formar o gel, o açúcar, com sua capacidade higroscópica (reter água), remove a camada de água protetora das moléculas de pectina, permitindo ligações, como a ponte de hidrogênio, entre moléculas de açúcar e pectina que formam uma rede que retém água em sua estrutura. A acidez é a responsável pela flexibilidade dessa rede formada, sendo que meios menos ácidos tornam essas fibras incapazes de suportar o líquido, impedindo a formação do gel. (GAVA, 2008) Uma geléia de boa qualidade tecnológica deve conservar-se bem sem sofrer alterações; quando retirada do vidro, deve tremer sem escorrer, sendo macia ao cortar, porém, firme, e permanecer com os ângulos definidos. Não deve ser açucarada, pegajosa ou viscosa, devendo conservar o sabor e o aroma da fruta original. A Legislação não permite o uso de corantes ou aromatizantes artificiais neste produto. Os elementos básicos para a elaboração de uma geléia são: fruta, pectina, ácido, açúcar e água. A qualidade de uma geléia irá depender da qualidade dos elementos utilizados e de sua combinação adequada, assim como da sua ordem de adição durante o processamento. (TORREZAN, 1998) Objetivo: Aprender a técnica de conservação de alimentos por concentração e uso do açúcar para reduzir atividade de água. Materiais • Morangos • Açúcar • Limões • Colher • Panela • Frasco de vidro com tampa metálica • Solução de água clorada • Bacia Métodos Desinfetou-se a bancada em que seria utilizada com solução álcool 70%. Separou- se os morangos e 2 limões, lavou-se individualmente as frutas sob água corrente. Em uma bacia foi colocado 1 litros de água clorada e 7,5 ml de cloro ativo (água sanitária), colocou-se as frutas em imersão permanecendo de molho por 15 minutos. Escorreram-se as frutas e foi lavado em água corrente. Com o auxílio de uma faca, retirou as partes não comestíveis e picou-se os morangos. Em uma panela foram acrescentados três xícaras de morango, o suco de dois limões e ¾ de xícara de açúcar (para cada xícara de morango). Levou-se a panela ao fogo, cozinhando-se os morangos em fogo moderado, até o ponto de geléia. Par certificar do ponto da geléia, deixou-se que uma gota da calda caísse em um xícara com água fria, e a mesma caiu e logo subiu. Despejou-se os a geléia ainda quente em vidro pasteurizado, retirando-se a bolhas de ar com uma faca de mesa, limpou-se as bordas dos vidros, e tampou-se com as tampas pasteurizadas. Submeteu-se o produto ao tratamento térmico durante 15 minutos, para armazená-lo. Em seguida, resfriou-se em água gelada, antes de retirar os vidros e foi armazenado em local fresco ao abrigo de luz. Resultados e discussão IPC = Peso bruto Peso líquido IPC = 496 g = 1,11 446 g Cálculo de rendimento % = Massa final x 100 Massa inicial % Geleia = 656 x 100 = 68,83% 953 Para a preparação utilizamos duas bandejas de morangos (peso de 446g, limpo, sem as partes não comestíveis e cortados em rodelas - referente a três xícaras), ¾ de açúcar (169g) para cada xícara de fruta, totalizando 507g de açúcar final e suco de 2 limões, referente aproximadamente a 90 ml. No momento de homogeneizar todos os ingredientes na panela, devido a grande quantidade de açúcar e pouco líquido, foi um pouco difícil, estava uma massa bem pesada, mas aos poucos quando o morango começou a soltar mais água, foi facilitando a mistura. Deixamos em fogo moderado por 35 minutos, até adquirir a consistência de geléia. Fizemos o teste em água fria, onde a gota afundou e logo em seguida emergiu. Verificamos pelo calculo que o rendimento final da geleia foi de 68,83%, caracterizado pela perda de água do produto, que possui uma atividade de água elevada (0,98 aW), valor esse de acordo com o esperado, devido ao método de conservação. Tabela 1 - Avaliação tecnológica do produto final Avaliação Tecnológica COR Vermelho vivo, característico. SABOR Levemente acidificado, porém característico de geleia de morango. AROMA Doce e característico TEXTURA Presença das sementes do morango, e característico de geleia. BRILHO Muito intenso (com reflexo) CONSISTÊNCIA Ponto ideal, característico. Ao fazer a avaliação tecnológica do produto final, verificamos alguns pontos importantes. A cor do produto final ficou intensa e característica de geléia de morango, comprado a produtos da mesma classe industrializados, assim com a textura muito semelhante aos produtos de mercado. O sabor, verificamos a acentuação de acidez no final, devido ao suco de limão que acrescentamos, aderiu ainda mais a característica ácida ao produto. O aroma era de morango, mas devido ao açúcar, estava ainda mais acentuado. Discussão Questão 1 - Quais as características ideais para formação de uma geléia com ótima consistência? As características ideias para uma geléia com ótima consistência, são as frutas que contribuem com o sabor, aroma e cor, a pectina constitui um elemento fundamental necessário à formação de gel, e deverá ser adicionado quando a fruta não é suficientemente rica em pectina, dentro de certos limites (1,0%). O ácido é também necessário para formação de gel com acidez de 0,1 a 0,5%, para que haja uma diminuição do PH para que se obtenha uma geleificação adequada que realce o sabor e o aroma natural do produto. O açúcar, quando usado em proporções determinantes contribuem para a formação do gel com teor de sólidos solúveis entre 64 a 71%, durante a etapa da concentração da geleia, parte da sacarose adicionada é convertida em açúcar invertido, o que também diminui a possibilidade de cristalização. Questão 2 - Quais fatores com ph pode interferir no processo de geleificação da geleia? A pectina é um coloide carregado negativamente no substrato ácido da fruta. O açúcar adicionado tem influência no equilíbrio pectina-água e desestabiliza a pectina, formando um emaranhado semelhante a uma rede, capaz de suportar líquidos. Quanto maior a concentração de pectina, mais densa são essas fibras. Quanto a maior concentração de açúcar menos água ficará nessa estrutura. A flexibilidade das fibras na estrutura é controlada pela acidez do substrato. Uma acidez elevada traz como resultadouma estrutura flexível do gel. A baixa acidez tornará as fibras débeis, incapazes de suportar o líquido e o gel se rompe. A formação do gel ocorre somente em determinados de pH. A s condições ótimas para formação do gel estão próximas do pH 3,2. Em valores mais baixos que este, a resistência do gel diminui lentamente, enquanto que, em valores maiores que 3,5, não se consegue gel com as quantidades normais de sólidos solúveis. Questão 3 - O que é sinérese em geleias? Como evitar? A acidez total da geléia deve estar entre 0,8 e 0,5. Acima de 1% ocorre sinérese, ou seja, a exsudação do líquido da geléia, como uma acidez excessiva (PH muito baixo, o gel sempre se rompe), excesso de açúcar invertido, deficiência de pectina, deteriorada, ou mal dissolvida, teor de sólidos muito baixo, por insuficiência de ebulição. Para evitar é necessário efetuar a determinação do teor de sólidos solúveis, da acidez livre, do PH, da porcentagem de inversão do açúcar e do grau de geleificação a fim de evitar a falha ocorrida no processamento. Questão 4 - Quais microorganismos podem crescer em uma geléia produzida sem boas práticas de fabricação? O processo de produção de geleias deve ser realizado em condições adequadas, assim como seu acondicionamento e armazenamento, para garantir a qualidade e integridade do produto, dentre os microrganismos de contaminação estão os Coliformes, estafilococos, bolores e leveduras, que entram em contato com o alimento quando exposto ao local de preparo inadequado e sem adoção de técnicas higiênicas, ou até mesmo durante o cultivo da fruta, outro tipo de microorganismos são os coliformes totais são um grupo de bactérias que apresentam forma de bastonetes gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, os estafilococos que são bactérias mesófilas produtoras de enterotoxinas, este microrganismo quando presente e em condições favoráveis pode se multiplicar e atingir números elevados, capazes de causar toxinfecção alimentar, sua enterotoxina é termoestável, permanecendo no alimento mesmo após o cozimento, e os fungos são grandes responsáveis pela deterioração de alimentos, principalmente os alimentos com baixo pH, que propiciam o crescimento e multiplicação destes microrganismos. Figura 1 - Geleia de morango Figura 2 – Consistência da geleia Figura 3 – Fluxograma do processo Conclusão O preparo de geleias em geral, é uma das formas de conservação de frutas, pois além de trabalhar o uso do calor, também sofre aumento da concentração de açúcar, com alteração da pressão osmótica e, com isso, aumentando o tempo de vida útil do produto. As vantagens por aplicar esse método, além de aumentar a vida de prateleira de um produto in natura, intensificar o sabor, que ocorre em muitos casos, podemos avaliar a redução da umidade comparada ao produto inicial, verificando também a redução da atividade de água (Aw), impedindo a proliferação de microrganismos e agregando valor ao alimento final. EXPERIMENTO 2: Doce de leite Introdução O doce de leite, também encontrado em referências internacionais como dulce de leche, é um importante alimento produzido e comercializado principalmente na Argentina e no Brasil. Trata-se de um produto obtido pelo cozimento de leite adicionado de sacarose, que adquire coloração, consistência e sabor característicos em função de reações de escurecimento não enzimático [7, 9], sendo muito apreciado pelos consumidores. É amplamente empregado como ingrediente para a elaboração de alimentos como confeitos, bolos, biscoitos, sorvetes e também consumido diretamente na alimentação como sobremesa ou acompanhado de pão, torradas ou de queijo, seu consumo está em expansão na Europa e nos Estados Unidos (DEMIATE, 2001). No Brasil apesar de ser um produto amplamente consumido, podemos destacar que grande parte desta produção é artesanal tratando-se de um produto que depende muito da habilidade individual de cada fabricante, embora pode-se ressalvar a condição de equipamento, que na maioria das vezes são limitados (tachos de cobre em fogão à lenha, tachos mecânicos abertos). A produção de doce de leite no Brasil é feita por muitas empresas, desde as caseiras até as grandes, com distribuição em todo o país (CARMO, 2013). O doce de leite é basicamente leite concentrado adicionado de açúcar. Apresenta elevado valor nutricional por conter proteínas e minerais, além do conteúdo energético. É um alimento menos perecível que o leite e de grande aceitação sensorial. A sacarose empregada na obtenção do produto e a quantidade máxima admitida é de 30Kg/100L de leite (DEMIATE, 2001; CARMO, 2013) Além da sacarose, costuma-se adicionar cerca de 2,0% de glucose, em relação ao peso do leite, que contribui para a textura e brilho do produto. O conteúdo de lipídios é importante para o rendimento e textura (DEMIATE, 2001). O tratamento térmico aplicado na fabricação do doce de leite sujeita esse às reações de escurecimento, as quais ocorrem não apenas durante o processamento, mas também ao longo do armazenamento, sendo um importante fator de determinação de sua qualidade, dentre as reações de escurecimento existentes, tem destaque a reação de Maillard, a qual tende a ocorrer em uma grande variedade de alimentos, como no doce de leite, causando importantes alterações de cor, sabor, valor nutricional, propriedades antioxidantes e textura do alimento. São fatores determinantes para o curso da reação o processamento a temperaturas acima de 40°C, o pH entre 6 e 8 e a atividade de água de 0,4 a 0,7 (FRANCISQUINI, 2016). A reação de Maillard pode ser dividida em três fases. A inicial consiste na condensação da carbonila de um aminoácido e de um açúcar redutor, culminando na formação do primeiro composto estável da reação de Maillard, o produto de Amadori. Prolongando-se o aquecimento ou o armazenamento, inicia-se a segunda fase, caracterizada por reações químicas a partir dos compostos de Amadori, como desidratação, enolização e retroaldolização, gerando a formação de compostos dicarbonílicos, redutoras, derivados do furfural, como o 5-hidroximetilfurfural, além de produtos da degradação de Strecker. Esses produtos correspondem a compostos químicos com ampla variação da massa molar e ocorrem tanto nos alimentos submetidos a qualquer tipo de tratamento térmico, quanto no organismo humano, neste caso, denominada de reação de Glicação. A última fase da reação de Maillard consiste na reação dos compostos intermediários com resíduos de lisina ou de arginina em proteínas, formando compostos estáveis, além de reações de fragmentação e polimerização, gerando melanoidinas e estruturas fluorescentes. Uma forma de reduzir o teor de produtos da reação de Maillard consiste na utilização de métodos mais brandos de cozimento e com alta atividade de água (FRANCISQUINI, 2016). Objetivo Aprender a técnica de conservação de alimentos por concentração e uso do açúcar e avaliar a reação de Maillard em produtos lácteos. Materiais • 1 litro de leite pasteurizado semidesnatado • 300g de açúcar • 1 g de bicarbonato • 1 g de cloreto de sódio • 50g de glicose • Balança • Panela • Colher Métodos Colocou-se numa panela de aço-inoxidável, 1 litro de leite pasteurizado semidesnatado. Aqueceu-se o leite até cerca de 70° e foi adicionado o bicarbonato de sódio em um pouco de água, mexendo até que se inicie a fervura. Deixou-se ferver por 5 minutos, e foi adicionado metade da quantidade de açúcar, mexendo-se bem para dissolvê-lo. Foi mantido a fervura intensamente e sob agitação constante por 15 minutos. Após esse tempo juntou-se o restante do açúcar, e mexeu-se de forma mais rápida por todo o volume do leite. Dissolveu-se o sal em um pouco água e despejou-se sobremistura. Adicionou-se a glicose mexendo-se sem parar em fogo alto, a evaporação é intensa. Mexeu-se vigorosamente sobre todo o leite, no qual foi ficando-se mais denso, ficando-se no “ponto de fio”. Resultados e discussão Tabela 2 - Avaliação Tecnológica do produto final Avaliação Tecnológica COR Marrom claro para escuro- “café com leite” característico SABOR Sabor doce acentuado AROMA Doce e característico TEXTURA Pasta, cremosa Ao fazer a avaliação tecnológica do produto final, o doce de leite caseiro, como grupo verificaram alguns pontos importantes. A cor do produto caseiro final ficou clara para escura, parecida realmente com o produto industrializado. O sabor, verificamos a acentuação de doçura, mas devido ao tempo de fogão, porém nada tão alarmante que foi aproximadamente 1h10 minutos, no qual caracterizou o produto na forma de pasta. O aroma era de leite doce, devido a introdução do açúcar e da glicose de milho. A textura era de pasta, cremosa, dava pra comer de colher igual quando se retira do pote. Possíveis erros de fabricação do produto: ocorreu pouca cristalização ao paladar, textura um pouco arenosa pouco imperceptível, pode ser devido à formação de cristais de lactose. Reação Maillard A RM é representada por uma complexa cascata de reações, que surge principalmente durante o aquecimento e armazenamento prolongado de produtos alimentícios resultando em modificações na qualidade dos alimentos, favorecendo a formação de compostos responsáveis pelo aroma, sabor e cor dos alimentos tratados termicamente. Esta reação é subdividida em três estágios: estágio inicial, estágio intermediário e estágio final (BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; MEHTA; DEETH, 2016; RODRIGUEZ, et al., 2016). A) Estágio inicial: consiste na condensação do grupo carbonila do açúcar redutor com o grupamento amino livre de aminoácidos, peptídeos ou proteínas, o que ocorre através do ataque nucleofílico do par de elétrons do nitrogênio do grupo amino, levando ao início da reação. Como consequência desta condensação há formação da base de Schiff instável que libera água e forma uma glicosilamina. Assim, esta base de Schiff sofre rearranjos sequenciais produzindo uma aminocetose razoavelmente estável conhecida como produto de Amadori (açúcar aldose) ou produto de Heyns (açúcar cetose). Estes produtos, desenvolvidos no estágio inicial, são estáveis e não possuem cor, fluorescência ou absorção na região ultravioleta resultando em uma enorme variedade de produtos em distintas proporções (BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; MEHTA e DEETH, 2016). B) Estágio intermediário: com o prolongamento do aquecimento ou armazenamento inicia-se a segunda fase. Os produtos de Amadori ou produtos de Heyns são fragmentados e originam uma série de reações como desidratação, enolização e retroaldolização. Nesta etapa intermediária, surgem os compostos dicarbonílicos, redutonas, derivados do furfural e produtos da degradação de Strecker, podendo ocorrer o aparecimento de um derivado furano que origina uma hexose comumente conhecida por 5- hidroximetilfurfural (KEENEY; BASSETTE, 1959) C) Estágio final: os compostos originados na fase intermediária são fluorescentes e com capacidade de absorção da radiação na região ultravioleta. Os mesmos são cíclicos e altamente reativos, se polimerizando junto com resíduos de lisina ou arginina em proteínas, resultando em compostos estáveis e culminando na formação de pigmentos escuros conhecidos como melanoidinas. Estes pigmentos levam à coloração dos alimentos sendo desejáveis ou indesejáveis e fazendo parte do estágio final da RM (BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; LIU et al., 2014). O controle da formação de produtos de Amadori é o ponto chave para limitar a intensidade da RM em lácteos. De acordo com Troise et al. (2016), o emprego da frutosamina oxidase (Faox) em leites UHT baixa lactose (< 0,1% de lactose) reduziu a velocidade da RM, assim como, a adição de flavonóides (epicatequinas – EC eepicatequinas gallate – ECG) foi efetiva no controle da RM durante o processamento e estocagem de leite UHT (SCHAMBERGER; LABUZA, 2007). A reação de Maillard pode ser afetada por diversos fatores entre eles a temperatura e o pH. A velocidade desta reação é lenta a temperaturas mais baixas e praticamente duplica a cada aumento de 10 ºC entre 40 ºC e 70 ºC. O pH também exerce efeito sobre a intensidade da reação, assim a velocidade máxima ocorre na faixa alcalina entre pH 9 e 10 (SHIBÃO J; BASTOS, 2011) Figura 4 - Inicio da fervura Figura 5 - Alteração da cor depois de 10 minutos com todos os ingredientes Figura 6 - Alteração da cor após 30 minutos de cozimento. Figura 7 - Ponto de doce de leite, depois de 40 minutos de cozimento. Figura 8 - Teste ponto de fio Figura 9 - Doce de leite caseiro, característica de pasta. Figura 10 - Envase do produto final Figura 11 - Fluxograma do processo Conclusão O conhecimento das propriedades físico-químicas e reológicas dos alimentos é necessário, uma vez que essas propriedades são úteis no controle de qualidade de processos, definição de transporte e condições de armazenamento. A determinação das características de textura dos alimentos em geral é de extrema importância, uma vez que essa propriedade tem a capacidade de afetar a percepção e aceitação dos consumidores. Dentre as reações de escurecimento existentes, tem destaque a reação de Maillard, a qual tende a ocorrer em uma grande variedade de alimentos, como no doce de leite apresentada neste trabalho, causando importantes alterações de cor (café com leite), sabor (doce, devido a presença do açúcar), aroma, textura do alimento pastosa ou ponto de corte. É observado também que o aumento de açúcares redutores na presença de aminoácidos é o “cheque mate” para a reação, visto que ocorre apenas na presença destes compostos, influenciados por variações de temperatura (ou não), diferentes meios de pH, umidade, açúcares redutores e aminoácidos. Sabe-se que podem ocorrer erros no processo da fabricação como a Cristalização (presença de cristais de açúcar ao paladar, decorrente da formação de cristais de lactose); Talhado (acidez elevada demais, a proteína pode precipitar por isso a importância do bicarbonato de sódio para reduzir essa acidez); Erro de cor (branco ou escuro); Decantação (separação de fases do produto). EXPERIMENTO 3: Iogurte Introdução A fermentação do leite é feita em muitos países do mundo, por diferentes métodos, resultando em vários produtos de leite fermentado, sendo o iogurte o mais comum e também o mais consumido. Os produtos variam, consideravelmente, em composição, flavor e textura, de acordo com a natureza dos microrganismos fermentadores, do tipo de leite e do processo usado na fabricação (RAMOS, 2009). Iogurte é um produto fermentado elaborado com leite enriquecido com alto teor de sólidos, usando uma cultura mista de Lactobacillus delbrueckii ssp., bulgaricus e Streptococcus salivarius ssp., Thermophilus. O produto contém componentes fundamentais para a saúde do nosso organismo e frequenta cardápios dos mais variados (SANTANA, 2006; ROBERT, 2008) Apesar da origem exata do iogurte ainda ser um mistério para os pesquisadores, alguns acontecimentos ao redor do mundo dão boas pistas de como ele pode ter surgido na Antiguidade. Uma teoria data do período neolítico, entre 5.000 a 3.500 a.C, quando pastores passaram a se alimentar com o leite de animais domesticados. Armazenado em marmitas de barro, o leite ficava exposto às altas temperaturas do deserto, fermentava e virava um tipo de iogurte. Outra ideia sobre a origem vem da Turquia, onde o leite fresco era guardado em sacosfeitos de pele de cabra. Transportados por camelos, os sacos em contato com o calor do corpo do animal favoreciam a produção de bactérias ácidas e transformavam o leite em iogurte (ROBERT, 2008). Nos últimos 20 anos, a fabricação de iogurte no Brasil cresceu de maneira considerável, registrando atualmente uma produção média de 400 mil toneladas por ano, o que representa 76% do total de produtos lácteos. E dentro deste contexto, verifica-se que a produção de iogurte light vem crescendo de forma exponencial, ocupando importante fatia do mercado. No entanto, o consumo de iogurte no Brasil, que é de 3 kg por ano, apresenta-se pequeno quando comparado a países como a França, Uruguai e Argentina, onde o consumo per capita do produto é de 7 kg a 19 kg ao ano. Um incremento do consumo deste produto pode ser promovido com o emprego de técnicas sensoriais que ajustem as características fundamentais deste alimento, de forma que atenda às expectativas do consumidor (SANTANA, 2006). O iogurte constitui uma rica fonte de proteínas, cálcio, fósforo, vitaminas e carboidratos. O consumo deste produto está relacionado à imagem positiva do alimento saudável e nutritivo, associado a suas propriedades sensoriais. Esse consumo também pode ser atribuído à preocupação crescente das pessoas em consumirem produtos naturais, e os benefícios que o iogurte traz ao organismo, tais como: facilitar a ação das proteínas e enzimas digestivas no organismo humano, facilitar a absorção de cálcio, fósforo e ferro, ser fonte de galactose – importante na síntese de tecidos nervosos e cerebrosídeos em crianças, bem como ser uma forma indireta de se consumir leite. (RAMOS, 2009) A tendência para os próximos anos é de um grande crescimento do consumo desse produto devido à sua imagem positiva de alimento saudável e nutritivo e também às variações que ele vem apresentando, tais como iogurte congelado tipo sorvete, em forma de bebidas, com os mais diversos sabores, etc. Nesta última década, houve uma expansão muito grande na produção de iogurte líquido e de bebidas lácteas, as quais são produzidas a custo baixo, a partir do aproveitamento do soro que normalmente é jogado fora, mas apresenta alto valor nutricional. (ROBERT, 2008) Objetivo Obter o iogurte batido a partir do leite integral e observar as transformações ocorridas durante o processo. Materiais • 1 litro de leite de vaca integral pasteurizado • Iogurte natural integral • Bananas • Maças • Panela • Recipiente pequeno • Termômetro • Forno doméstico Métodos Aqueceu-se o leite integral pasteurizado no fogão até atingir a temperatura adequada de 40 a 42° C, com o auxílio de um termômetro. Foi adicionado ao leite pasteurizado aquecido, um potinho de iogurte natural integral, mexendo-se bastante até formar uma mistura homogênea. Em seguida, colocou-se a mistura em uma vasilha pequena e tampada, e forrou-se a vasilha com um pano de prato. Levou-se a mistura ao forno doméstico já aquecido a uma temperatura de 40 a 42 ° C, onde permaneceu em repouso por 12 horas, observando-se a firmeza característica do iogurte. Após o tempo necessário para a fermentação do iogurte, foi acrescentado maçã e banana, batendo-se no liquidificador por alguns minutos, em seguida foi servido. Resultados e discussão Tabela 3 - Avaliação tecnológica do produto final Avaliação Tecnológica CONSISTÊNCIA Fluído SABOR Característico, próprio do produto. AROMA Característico, próprio de iogurte. COR Branco VISCOSIDADE Muito viscoso HOMOGENEIDADE Característico do iogurte integral natural Ao fazer a avaliação tecnológica do produto final, iogurte natural como grupo verificaram alguns pontos importantes. A consistência do produto apresentou-se fluído, pode ser devido ao forno (no qual varia dependendo da sua potência para aquecimento), no caso, talvez não tenha atingido uma temperatura tão elevada para cumprir o processo de fermentação dentro do mesmo. Ou, devido ao leite utilizado, pois utilizamos UHT e não o pasteurizado de garrafa. A viscosidade do produto foi bem marcante, assim como a homogeneidade que apresentou adequada, semelhante ao produto industrializado. O sabor, aroma e cor do produto apresentaram-se característico de iogurte natural sem adição de fruta. Figura 12 - Ingredientes e materiais utilizados Figura 13 - Aquecer o leite na panela, sem deixar fervê-lo. Figura 14 - Na hora que aparecer bolhas ao redor da panela, desligar. Figura 15 - Adiciona-se o iogurte e mexer até que fique homogênea a mistura Figura 16 - Transfira o produto para um pirex e cobrir com plástico filme Figura 17 - Embrulhe-o em um pano e coloque-o dentro do forno pré-aquecido de 8 a 12 horas Figura 18 - Iogurte Natural após 11 horas Figura 19 - Fluxograma do processo Conclusão Os produtos variam, consideravelmente, em composição, sabor e textura, de acordo com a natureza dos microrganismos fermentadores, do tipo de leite e do processo usado na fabricação. Nesse trabalho pode-se observar que devido à temperatura do fogão ou ao tipo de leite utilizado, a característica do produto apresentou-se fluida. Entretanto, quanto ao seu aroma, sabor, apresentou-se característico, próprio do iogurte natural. Não adicionamos nenhuma fruta no processo, entretanto, para pessoas que gostam de um sabor mais específico pode acrescentá-las. O consumo deste produto está relacionado à imagem positiva do alimento natural por ser um produto saudável e nutritivo, associado as suas propriedades sensoriais e os benefícios que o iogurte traz ao organismo. Referências Bibliográficas BASTOS, D. H. M. et al. Produtos da reação de Maillard em alimentos industrializados. Nutrire, v. 36, n. 3, p. 63-78, 2011. BRIÃO, V. B. et al. Cinética do escurecimento não-enzimático com soluções modelo de açúcares e aminoácidos em pH neutro e ácido. Acta Scientiarum Technology, v. 33, n. 1, p. 87-93, 2011. CARMO, Priscila Souza do. CONTROLE DE QUALIDADE DE DOCE DE LEITE PRODUZIDO COM E SEM SORO POR PRODUTORES DE CAMPO GRANDE – MS. 2013. 13* Congresso Nacional de Iniciação Cientifica CONIC. Disponível em: http://conic-semesp.org.br/anais/files/2013/trabalho-1000015834.pdf. Acesso em: 17 maio 2020. DEMIATE, Ivo Mottin; KONKEL, Francisco Eneias; PEDROSO, Ricardo Alexandre. 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