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SP2_UC_Tutoria – 29/07/21 Questões de aprendizagem 1. Em relação ao câncer de próstata (CaP): a. Epidemiologia Segunda principal causa de morte por câncer entre os homens no Brasil, perdendo somente pelo câncer de pele não-melanoma: carcinomas basocelular e espinocelular (INCA, 2021). Quarta causa de morte por neoplasias no Brasil (INCA, 2002) b. Fatores de riscos Etiopatogênese: grande parte desconhecida. Idade: o Câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. o A sua ocorrência aumenta com a idade, atingindo quase 50% dos indivíduos com 80 anos; e quase todos que viverem até 100 anos. História familiar: o Indivíduos com antecedentes familiares de CaP têm maior chance de desenvolverem a doença. Os riscos aumentam: 2,2 vezes para parente de 1º grau. 4,9 vezes para dois parentes de 1º grau 10,9 vezes quando três parentes de 1º grau têm a doença. o Nos casos hereditários, o câncer manifesta-se mais precocemente, frequentemente antes dos 50 anos. Alterações genômicas: deleção e/ou silenciamento de genes supressores de tumor → p53, pTEN, pRb, Gstp1, Cdkn2A e APC Etnia: 70% maior em negros e 70% menor em índios, quando comparada com a frequência em brancos. Porém, essa diferença parece estar associada a fatores hormonais, dietéticos, socioeconômicos e perfis genéticos dessas populações. Obesidade Dieta rica em gorduras Exposições a aminas aromáticas, arsênio, produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas. Vasectomia ou caso de hipertrofia prostática benigna (HPB) não aumentam o risco para o desenvolvimento de câncer de próstata. c. Fisiopatologia 98% dos tumores da próstata são adenocarcinomas, que em 75% desses casos se localizam na zona periférica da glândula. Os outros casos são sarcomas, carcinoma epidermoide e carcinoma de células transicionais. O tempo médio de duplicação tumoral em câncer da próstata é de cerca de 2 a 3 anos, um dos mais baixos entre tumores sólidos humanos. Alterações nos níveis hormonais (testosterona, dihidrotestosterona, FSH, LH, estradiol) não são carcinogênicos em relação à próstata, apenas aceleram o crescimento de neoplasia se ela já existir, da mesma forma que estimulam e mantêm as condições tróficas do tecido prostático normal. Todo homem nasce com potencial para ter câncer da próstata, visto que carregam em seu código genético proto-oncogenes, que podem instruir uma célula normal a se transformar em outra maligna. Todavia, os proto-oncogenes são neutralizados pelos genes protetores (supressores), tais como o p53, o pRb e o p21, que promovem a apoptose das células toda vez que elas sofrem um processo de degeneração maligna. O CaP surge porque as múltiplas divisões celulares com o passar dos anos, desencadeiam uma discreta fragmentação dos cromossomos, com perdas de genes supressores e de ativação de oncogenes, relacionados com inflamação ou com proliferação celular. Mutação da linha germinativa (G84E) do H0XB13, um gene do fator de transcrição homeobox (importante no desenvolvimento da próstata), tem sido associada ao aumento significativo do risco de câncer prostático hereditário. Fusões de genes conduzem à superexpressão dos fatores de transcrição oncogênicos. Exemplo: fusão de promotores dos genes androgênio-sensíveis (TMPRSS2) com fatores de transcrição oncogênico EVS (E-26), resultam na superexpressão de ERG (genes relacionados com o EVS). Sequência de alterações genéticas identificadas na próstata e que culminam com o aparecimento de câncer local: Fonte: Tratado de oncologia (2013) d. Quadro clinico Assintomáticos nos pacientes com tumor circunscrito à próstata. O aparecimento súbito de obstrução infravesical em um paciente com padrão miccional recente satisfatório é manifestação comum em câncer de próstata, visto que na HPB, os sintomas obstrutivos tendem a evoluir de forma mais lenta. 90% dos casos com obstrução infravesical e hematúria macroscópica indicam infiltração do trígono vesical pelo tumor. Achados incomuns como primeira manifestação da doença: dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema, trombose venosa de membros inferiores ou hemospermia. e. Diagnóstico Marcadores tumorais são substâncias produzidas pelas células neoplásicas (malignas ou benignas) em resposta à presença de malignidade, aparecendo no sangue ou em outros líquidos biológicos, úteis em diferentes situações: Triagem em populações assintomáticas. Diagnóstico diferencial em pacientes sintomáticos. Estágio clínico do câncer. Estimar o volume do tumor. Indicar o prognóstico de progressão da doença. Radiolocalização de massas tumorais. Orientar a quimioterapia. O antígeno prostático específico (PSA) é uma glicoproteína da família das proteases, produzida exclusivamente pelas células epiteliais e ductos da glândula prostática, para liquefazer o coágulo seminal, adicionando vitalidade aos espermatozoides e criando condições para fertilização. É produzido tanto pelos tecidos normais, hiperplásicos e neoplásico. O aumento do metabolismo nos tecidos neoplásicos provoca elevação dos níveis séricos de PSA, que produz cerca de 10x mais PSA que o tecido normal. O PSA é o mais efetivo marcador tumoral para identificação, diferenciação, classificação, estadiamento e localização de CaP; monitorização pré-operatória, pós-operatória e de tumor recorrente; seleção de intervenções terapêuticas ou terapias com agentes citotóxicos; avaliação do tumor a protocolos de tratamento: O PSA também se altera na cirrose, embolia pulmonar, impotência, osteopatia renal, osteoporose, mieloma, metástases ósseas de cânceres não prostáticos, prostatite, ressecção pós-uretral e retenção urinária. A maioria do PSA imunorreativo (85-90%) é ligado ao inibidor de protease α1- antiquimotriptina (PSA-ACT), e cerca de 10-15% circula na forma não complexado, isto é, na forma livre. A relação PSA livre/PSA total (%) ajuda a discriminar o CaP e a HPB, visto que os níveis de PSA se alteram tanto em condições benignas como malignas. Essa relação só é válida quando o PSA total for superior a 4,0 ng/mL. Geralmente, quando um indivíduo tem um valor de PSA total superior a 4,0 ng/ml é recomendado repetir o exame para confirmar o valor e, no caso de se manter é fundamental fazer outros exames para confirmar o diagnóstico e identificar a causa. Na maioria dos casos, quando mais elevado for o valor de PSA total maior é suspeita de câncer de próstata e, por isso, quando o valor é superior a 10 ng/ml as chances de estar desenvolvendo câncer de próstata é de 50%. O valor de PSA pode variar com a etnia, idade e com o laboratório onde o exame é feito, como se pode observar na tabela abaixo: Idade Valores normais para indivíduos: Brancos Negros Amarelos 40 a 49 anos Até 2,5 ng/mL Até 2,0 ng/mL Até 2,0 ng/mL 50 a 59 anos Até 3,5 ng/mL Até 4,0 ng/mL Até 3,0 ng/mL 60 a 69 anos Até 4,5 ng/mL Até 4,5 ng/mL Até 4,0 ng/mL 70 a 79 anos Até 6,5 ng/mL Até 5,5 ng/mL Até 5,0 ng/mL No entanto, em alguns casos, o indivíduo com um PSA de 2 ng/ml e com nódulos no toque retal tem maior risco de ter câncer prostático do que o indivíduo que apresenta apenas o valor mais elevado sem alterações no toque retal e, em doentes jovens, geralmente o valor normal limite de 2,5g/ml. Quando o paciente tem PSA total entre 2,0 e 10 ng/ml o urologista indica a realização do exame ao PSA livre, pois existem elevadas chances de estar desenvolvendo carcinoma de próstata. Assim, quando a relação entre o PSA livre e o total é superior a 25% o paciente normalmente está desenvolvendo doenças benignas, como hipertrofia benigna da próstata ou infecção urinária e é tratadocom a toma de antibióticos. Porém, quando a relação entre estes dois valores é inferior a 10% é provável ter câncer de próstata e, quando mais baixo for o valor maior a chance, sendo necessário fazer cirurgia, e em alguns casos radioterapia e quimioterapia. Fonte: Adaptado, com autorização, do livro Clínica Médica: dos Sinais e Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento. Barueri: Manole, 2007 A determinação da fosfatase ácida prostática é empregada em conjunto com a avaliação do PSA para monitorar a recorrência do câncer de próstata em pacientes com terapia androgênica, visto que, nesses casos, o PSA pode apresentar valores falsamente elevados. A suspeita diagnóstica do câncer de próstata é feita pela observação da elevação dos níveis séricos do antígeno prostático específico (PSA) ou, clinicamente, pelo toque retal, seja por alteração da consistência da glândula, seja pela presença de nodulação. Além das dosagens de PSA e FAP são utilizados outros meios diagnósticos: Biópsia por agulha fina: único procedimento capaz de confirmar o câncer, através da retirada de amostras de tecido da glândula com auxílio da ultrassonografia. Tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea para estadiamento das lesões em regiões circunvizinhas. f. Tratamento e prevenção A estratégia de tratamento dos casos de carcinoma de próstata deve levar em conta as perspectivas de vida do paciente: Tumores restritos no interior da glândula: nem sempre precisam ser tratados. Se necessário, tratado com cirurgia ou à radioterapia. Tumores que se estendem para outros órgãos: castração, cirúrgica ou química, ou hormônios antiandrogênicos. o Tumores resistentes à terapia hormonal: quimioterapia. Prevenção: efeito protetor Redução de ingestão de gordura Aumento da ingestão de proteína de Consumo de frutas, vegetais ricos em carotenoides (como o tomate e a cenoura) e leguminosas (como feijões, ervilhas e soja) Consumo de vitaminas (A, D e E) e minerais (selênio). g. Classificação de Gleason Como os tumores da próstata são bastante heterogêneos, ou seja, áreas de maior e menor diferenciação, a classificação histológica da neoplasia é feita considerando-se as áreas de maior anaplasia. O sistema de graduação histológico mais utilizado é o proposto por Gleason, que valoriza principalmente o padrão glandular e a relação entre as glândulas e o estroma prostático. Nesse sistema, os tumores são classificados em 5 graus, denominando-se grau 1 as lesões mais diferenciadas e grau 5 as mais indiferenciadas. Como os adenocarcinomas da próstata apresentam mais de um padrão histológico, o diagnóstico final na escala de Gleason é dado pela soma dos graus do padrão primário (predominante) e do padrão secundário (segunda maior área representada), o que faz com que as neoplasias mais diferenciadas sejam classificadas como escore 2 (1+1) e as mais Escore: 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Diferenciados Bem Moderadamente Indiferenciados Sobrevida após 15 anos de tratamento 80% 40% 10% h. Estadiamento Estadiar um caso de neoplasia maligna significa avaliar o seu grau de disseminação pelos tecidos, permitindo ao oncologista propor o tratamento mais adequado para cada paciente, uma vez que dois pacientes com o mesmo tipo de câncer, mas com estadiamentos diferentes, podem ter diferentes propostas de tratamento. A disseminação do câncer de próstata se faz por via linfática (para os gânglios ilíacos e obturatórios) e hematogênica (principalmente para os ossos da coluna, bacia, crânio e costelas). O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e a sua relação com o hospedeiro. Assim, além do TNM, a classificação das neoplasias malignas deve considerar também: localização, tipo histopatológico, produção de substâncias e manifestações clínicas do tumor, além de sexo, idade, comportamentos e características biológicas do paciente. Extensão anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário Características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza Presença ou a ausência de metástases a distância T N M T0 T1 T2 T3 T4 N0 N1 N2 N3 M0 M1 TNM Definição T0 Sem evidencie de tumor prostático T1a Tumor não palpável: < 5 % do tecido ressecado na ressecção transuretral. T1b Tumor não palpável: > 5 % do tecido ressecado na ressecção transuretral. T1c Tumor não palpável e PSA alterado T2a Nódulo < ½ lobo T2b Nódulo > ½ lobo T2c Nódulo bilateral T3a Extensão extraprostática mínima T3b Invasão do colo vesical T3c Invasão de vesículas seminais T4 Invasão de parede pélvica e/ou bexiga N0 Sem metástases em linfonodos N1 Metástases em linfonodos ilíacos N2 Metástases em linfonodos aórticos N3 Metástases em linfonodos aórticos M0 Sem metástases sistêmicas M1 Metástases sistêmicas a: linfonodo(s) ilíaco(s); b: osso(s); c: outras localização(ões) M1a Linfonodo(s) não regional(ais) M2b Osso (s) M1c Outras(s) localização(ões) Fonte: Tratado de oncologia. São Paulo, SP: Atheneu, 2013 2. Entenda sobre os diagnósticos diferenciais: a. Prostatite A prostatite é geralmente um diagnóstico clínico baseado em sinais e sintomas que decorrem da inflamação da glândula prostática, impactanto a qualidade de vida do homem. O sistema de classificação atual define vários tipos de prostatite com base no fato de esta ser aguda ou crônica, associada a infecção ou associada a dor pélvica: I - Prostatite bacteriana aguda: por infecção aguda da glândula prostática (geralmente por Escherichia coli e o Enterococcus spp.) o Manifestações clínicas: dor pélvica, perianal, peniana ou ejaculatória, bem como sintomas irritativos ou obstrutivos da micção e disfunção sexual. Pacientes graves podem apresentar febre e arrepios e tornar-se sépticos. o Tratamento: quinolonas (levofloxacino) e sulfonamidas (sulfametoxazol + trimetoprima). II - Prostatite bacteriana crônica por infecção recorrente ou recidivante causada pelo mesmo organismo (Escherichia coli e o Enterococcus spp); não aguda e por Chlamydia trachomatis, o Ureaplasma urealyticum, o Mycoplasma genitalium e o Mycoplasma hominis. o Manifestações clínicas: pacientes tendem a estar muito desconfortáveis durante cada episódio e geralmente apresentam sintomas miccionais e dor. o Tratamento: sulfas, macrolídeos (azitromicina), tetraciclinas e aminoglicosídeos. III - Prostatite crônica/síndrome dolorosa pélvica crônica (90% dos casos são não bacterianas): o IIIa - SDPC inflamatória (presença de leucócitos no sêmen, na urina colhida pós-massagem prostática ou nas secreções prostáticas) o IIIb - SDPC não inflamatória Manifestações clínicas: desconforto pélvico ou dor durante mais de 3 meses dos 6 que precederam a avaliação clínica com uroculturas repetidamente negativa IV - Prostatite inflamatória assintomática com ausência de sintomas de prostatite e presença de leucócitos ou células inflamatórias presentes no tecido prostático, no sêmen ou nas secreções prostáticas espremidas. o Manifestações clínicas: assintomáticos e presença de leucócitos ou células inflamatórias no tecido prostático, no sêmen ou nas secreções prostáticas espremidas. Os tratamentos para prostatites III e IV são: Combinação de α-bloqueadores, antagonistas adrenérgicos e agentes anti- inflamatórios (ibuprofeno) Uso de antibióticos somente se o teste de PCR nas secreções prostáticas espremidas for positivo. O diagnóstico de prostatite necessita de histórico, exame físico e exame de urina com urocultura rigoroso. O exame físico deve incluir um exame abdominal, genital externo, perineale toque retal. b. HPB A hiperplasia prostática benigna é uma doença que pode originar sintomas do trato urinário inferior, causando um impacto negativo significativo na qualidade de vida. Os principais sintomas associados ao trato urinário inferior são: Dificuldade em eliminar a urina devido a obstrução direta ao fluxo da urina (comprometendo o esvaziamento da bexiga) o Hesitação urinária o Jato urinário fraco o Esforço ao urinar o Micção prolongada Dificuldade em controlar o armazenamento da urina devido ao aumento do tônus muscular da próstata: o Polaciúria o Urgência miccional o Noctúria o Incontinência de urgência o Esvaziamento de pequenas quantidades o Pós-miccional: Gotejamento pós-miccional Esvaziamento incompleto) Alterações na vascularização da próstata ou da bexiga A glândula prostática é composta por quarto zonas: periférica, central, de transição e o estroma, além de ser dividida em lobos: anterior, posterior, lateral e mediano. A HBP é um diagnóstico histológico definido pela proliferação de músculo liso e de células epiteliais dentro da zona de transição prostática. O diagnóstico histológico de HBP ocorre em aproximadamente 50% dos homens com mais de 40 anos, devido ao a hipertrofia estromal e hiperplasia glandular, principalmente na zona central Fonte: Brasileiro Filho (2016) Diagnóstico: Avaliação do histórico do paciente - causa que possa originar disfunção vesical: o Doença cerebrovascular o Procedimentos cirúrgicos anteriores o Histórico de doença prostática Revisão da medicação do paciente: o Diuréticos o Descongestionantes nasais o Anti-histamínicos o Ingesta hídrica, cafeína, álcool e adoçantes artificiais Exame físico: o Abdominal: identificar bexiga palpável o Exame prostático (toque retal): avaliar o tamanho e a presença de possíveis nódulos na próstata o Exame neurológico: diagnóstico diferencial de doença de Parkinson e esclerose múltipla Estado mental Marcha Função neuromuscular das extremidades inferiores Tonicidade do esfíncter anal Ultrassonografia (avaliação do resíduo pós-miccional) Achados laboratoriais: o Hematúria o Infecção do trato urinário o Nível sérico do PSA (antígeno prostático específico) Diagnóstico diferencial de câncer de bexiga, doença de Parkinson, esclerose múltipla, estenoses uretrais e cálculos vesicais. Tratamento: Antagonistas α-adrenérgicos (alfuzosina e doxazosina): relaxamento do músculo liso uretral e do tônus do esfíncter estriado, diminuindo a resistência do trato de saída da bexiga. Inibidores da 5α-redutase (finasterida e dutasterida): supressão da testosterona e da produção de di-hidrotestosterona. Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (tadalafila) Anticolinérgicos (oxibutina): reduzem a hiperatividade do músculo detrusor Tratamento cirúrgico 3. Entenda como ocorre a metástase prostática. Metástase é a disseminação de célula neoplásicas malignas para locais que são anatomicamente distantes do tumor primário, através da invasão e penetração nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades do corpo, que fornecem oportunidades de propagação. Dessa forma, quanto mais anaplásica e maior for a neoplasia primária, mais provável é a disseminação metastática. Cascata Metástica: I - Transição epitelial-mesenquimatosa: Alterações proteínas integrinas (↑ N-caderina e ↓ E-caderina) e metaloproteínas, diminuem a adesão entre célula-célula, promovendo uma transição entre uma célula de origem epitelial (boa adesão e baixa mobilidade) para uma célula com características mesenquimais (↑ interação célula-matriz e ↑ mobilidade celular), facilitando o desprendimento do tumor primário e invasão dos tecidos vizinhos. Degradação e invasão da membrana basal: produção de colagenases e proteases pelas células neoplásicas malignas que levam a degradação de MEC. Fonte: Felin (2016) II – Intravasamento: nas células neoplásicas malignas há o angiogênese, porém com vasos tortuosos e com baixa interação entre as células endoteliais, facilitando o intravasamento dessas células na luz dos vasos sanguíneos. III - Sobrevida na corrente sanguínea: as células cancerosas na luz dos vasos revestem-se de plaquetas para superar: Baixa ancoragem a substratos sólidos com tendências a indução de apoptose. Forças hemodinâmicas dos vasos sanguíneos. Interação como o sistema imune, o que facilitaria sua fagocitose. IV – Extravasamento de células cancerosas nos tecidos com possibilidade de metástase. A diapedese das células neoplásicas malignas depende da ação de quimiotáticos produzidos no estroma do órgão alvo V - Formação de micrometástase: 1 em cada 10.000 células cancerosas que se desprendem do tumor primário, consegue se desenvolver colônia no órgão alvo. VI - Angiogênese e crescimento de tumor secundário: para essa nova colônia de células neoplásicas malignas se desenvolverem no órgão alvo, há necessidade de produção de fatores de crescimento e da indução de angiogênese pelos próprios tecidos do órgão alvo. Fonte: Tratado de oncologia (2013). As metástases ocorrem em órgãos específicos por duas teorias: Teoria semente e solo: as células tumorais precisam de órgãos que ofereçam condições necessárias para sua sobrevivência e proliferação. Teoria anatômica/mecânica: aparecimento das metástases nos órgãos secundários são consequência do fluxo sanguíneo. Exemplos: Mama → metástase pulmonar; Colo e reto → metástase hepática e Próstata → metástase óssea. As metástases aparecem anos após a erradicação do tumor primário, pois algumas dessas células cancerosas mediante sinais de estresse ou mitógenos do microambiente, entram em estados de dormência (estado de quiescência em G0) através de dois mecanismos: Dormência da massa tumoral: vascularização sanguínea limitada em torno do tumor, portanto, a célula apresenta uma baixa taxa de proliferação contrabalanceada pela taxa de apoptose. Dormência imune: o sistema imune adaptativo, células T e citocinas da resposta Th1 não conseguem eliminar o tumor, todavia evita que progride. Quando essas células em estado de dormência conseguem condições apropriadas para sua proliferação, surge as metástases após anos da excisão cirúrgica do tumor primário. Sítios metastáticos do CA de Próstata: Via linfática: Linfonodos regionais (Nodos obturadores e nodos para-aórticos). Via hematogênica: ossos. As metástases ósseas podem resultar em fraturas patológicas ou compressão de medula óssea. Os ossos envolvidos em ordem descendente de frequência das metástases são: coluna lombar → fêmur proximal → pelve → coluna torácica → costelas. Embora as metástases viscerais sejam raras como forma de apresentação de câncer da próstata, existe uma incidência crescente de metástases pulmonares, hepáticas, pleurais, peritoneais e do sistema nervoso central, que parecem emergir do tratamento. SP2 – UC10 – 2º ANO JEFFERSON FERNANDO FIRMINO GOMES – RA: 25153 Referências bibliográficas: BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto nacional de Câncer. Tipos de Câncer. Câncer de próstata - versão para Profissionais de Saúde. Acesso em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de- prostata/profissional-de-saude. Acesso em 31 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer. 5. ed. rev. atual. ampl. – Rio de Janeiro: Inca, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Programa nacional de controle do câncer da próstata: documento de consenso. Rio de Janeiro: INCA, 2002. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo, patologia. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. FELIN, Izabella Paz Danezi. Patologia geral em mapas conceituais.1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. GOLDMAN, L. & SCHAFER, A. I. Goldman-Cecil tratado de medicina. 25.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. V.1. p. 1395. LABORATÓRIO São Geraldo – Análises Clínicas. 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