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Comportamento do consumidor: o consumo como expressão social Vivemos em uma sociedade em que o consumo representa a própria vida em sociedade. Desde o momento em que acordamos, estamos consumindo: da água para o banho e ou assepsia bucal ao café da manhã. Consumimos gêneros alimentícios, roupas, serviços bancários, médicos, transporte e tantos outros para a nossa sobrevivência. Consumimos produtos e serviços que suprem nossas necessidades básicas até aqueles que suprem nossas necessidades emocionais. Quando vamos a um restaurante de luxo, por exemplo, não vamos para saciar nossa necessidade de fome. Da mesma forma, quando compramos uma roupa de grife, queremos algo mais do que uma peça para tapar nossa nudez. Em outras palavras, o ato de consumir possui dimensões simbólicas, produtos e serviços representam algo para seus usuários, que frequentemente são percebidos e avaliados pelas organizações. Assim, as empresas utilizam os valores simbólicos atribuídos às suas marcas como oportunidade para persuadir e seduzir ainda mais os consumidores. A elaboração dos planos de comunicação de marketing só é possível quando o perfil do consumidor é plenamente compreendido. No processo de comunicação empresa / cliente, é necessário desenvolver códigos (conjunto de palavras, sons, imagens etc.) que tenham significados para os consumidores, somente assim as marcas são capazes de estabelecer vínculos com seu público-alvo. É comum as empresas desenvolverem planos de marketing e de publicidade, fazendo uso da imagem de personalidades famosas como artistas, atletas, esportistas etc., no entanto, a escolha destas personalidades deve ser realizada com cuidado e esmero, pois é fundamental que o público-alvo reconheça tal celebridade como referência e sua imagem inspire credibilidade à marca, serviço ou produto. O público deve perceber a pessoa como alguém que não estaria disposto a enganá-lo, como um estímulo ao consumo da marca em questão. A decisão de fazer uso da imagem de personalidades para fins publicitários, bem como a escolha de uma determinada marca pelo cliente, são escolhas que podem ser mais bem compreendidas por meio da teoria do Efeito de Halo. Este conceito foi criado pelo psicólogo americano Edward Lee Thorndike. Formado pela Universidade de Harvard, Thorndike dedicou-se à psicologia educacional e, em 1920, criou o conceito "efeito de halo", que consiste no seguinte propósito: criada uma primeira impressão sobre uma pessoa, temos a tendência para captar as características que vão confirmar essa mesma impressão, ou seja, para Thorndike, a primeira impressão sempre afeta nossas avaliações em relação à pessoa observada. Isto significa que um indivíduo pode ser avaliado sob uma determinada perspectiva que geralmente interfere em outras dimensões e pode comprometer o resultado geral. Ou seja, quando consideramos alguém íntegro, é provável que iremos construir outras associações positivas sobre esta pessoa, considerando-o simpático, sábio, inteligente etc. No universo do marketing, isso significa que quando alguém usa uma marca sofisticada como a Lacoste, essa pessoa estimula que o mundo crie sobre ela associações positivas como elegância, bom gosto, sucesso pessoal e financeiro, por exemplo. Assim, na comunicação publicitária, quando uma celebridade usa, indica ou aprova um produto ou serviço, ela está transferindo parte de sua reputação para a marca. Por meio do comportamento de compra, é manifestado o estilo de vida das pessoas, as identidades sociais, bem como o valor que todos atribuem em relação às marcas. Diversos autores consideram que as organizações mais competitivas atualmente têm toda sua estratégia de marketing orientada para a satisfação de necessidades e desejos dos consumidores-alvo. Para que esta estratégia tenha êxito, é fundamental que elas procurem compreender como os consumidores se comportam e como poderão reagir aos estímulos que são criados para persuadi-los a comprar delas e não de seus concorrentes. Obter a preferência dos consumidores é uma tarefa que exige esforços significativos e constantes, especialmente pela maior complexidade do ambiente corporativo. A concorrência ganhou dimensões jamais vistas e, concomitantemente a esse movimento, os consumidores ficaram também mais exigentes e o seu poder de barganha aumentou. De fato, em um mundo cuja diversidade cultural é cada vez mais intensa, uma alternativa para as organizações prosperarem é compreender como, em um mercado amplo, os grupos reagem de forma semelhante aos produtos e/ou serviços ofertados, bem como às comunicações de marketing necessárias a criar demanda. Neste sentido, percebemos que a segmentação de mercado é praticamente uma decorrência da compreensão do comportamento de compra. Naturalmente os consumidores divergem muito quanto ao seu comportamento, pois são inúmeras as variáveis que devem ser consideradas. Assim, a alternativa que o profissional de marketing tem para melhor compreender o comportamento de compra é identificar o seu público ou mercado-alvo. Dessa forma, é possível concentrar consumidores que possuam algum comportamento mais homogêneo e desenvolver ações integradas para persuadi-los, bem como criar produtos e bens que possam atender às suas necessidades e desejos. O processo de fragmentação do mercado de massa em micromercados significa que dificilmente um único produto poderá satisfazer a todos os consumidores. Mesmo uma marca global e amplamente conhecida como a líder no segmento de refrigerantes "cola" não é ofertada de maneira homogênea nos mercados de consumo do mundo. O famoso refrigerante é oferecido nos sabores tradicional, ligth e zero, acondicionado em diferentes embalagens: lata, copo, garrafa de vidro e PET. E ainda em volumes muito diversos, desde de 200 ml até a embalagem de 3 litros (mais vendida no Natal, ocasião em que o consumo de grandes volumes é maior), representando economia para o consumidor e para a empresa. Por trás de tudo isto fica evidente o comportamento de compra que pode variar de acordo com a época do ano. No mercado de consumo, é mais sensato compreender a forma com que certos grupos consomem do que considerar que "todos" consomem de forma semelhante. Enquanto o estudo do comportamento do consumidor se atém a compreender os impactos dos fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos de forma geral; a segmentação de mercado tem por premissa aglutinar grupos de consumidores que tenham necessidades e/ou desejos comuns, levando em conta como os consumidores reagem aos estímulos de marketing. Portanto, o segmento de mercado escolhido pela organização como seu público-alvo pode decorrer, por exemplo, de uma orientação religiosa, uma profissão, ou uma região. A opção por qualquer um deles implica conhecer como tais grupos podem se comportar no processo de compra. Desse modo, o comportamento do consumidor e a segmentação de mercado são conceitos complementares, que têm o propósito geral de tornar as organizações mais competitivas potencializando os estímulos de marketing e oferecer um conjunto de produtos e serviços que tenham maior valor agregado para melhorar a qualidade de vida dos consumidores, seja no plano concreto, seja no plano do valor simbólico.
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