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A INCLUSÃO DE JOVENS E ADULTOS NA ESCOLARIZAÇÃO Elana Almeida Moraes Debora Jackeline Benker RESUMO Este trabalho está pautado na temática da Educação de Jovens e Adultos, foi traçado um pequeno contexto histórico dessa modalidade no Brasil, importante ressaltar que esse contexto foi bastante sintetizado, esse é o motivo de muitos movimentos e campanhas estarem omisso no texto. No decorrer dessa obra é possível analisar os insucessos na investida de implantar uma educação de jovens e adultos que pudesse obter os resultados esperados, da mesma forma é notório que todo esse engajamento de politicas educacionais estavam principalmente focados em solucionar o problema do analfabetismo. Dessa maneira a EJA foi se incorporando até chegar em uma metodologia inclusiva que tinha como base a abordagem freiriana que privilegia a educação dialógica, de modo que o aluno pudesse ser envolvido na construção do seu aprendizado, nessa abordagem é possível utilizar os meios sociais que envolvem o publico da EJA em sala, desse modo a educação se torna mais próxima desse público. Palavras-chave: educação; jovens; adultos; inclusão; escolarização. 1. INTRODUÇÃO A Educação é um direito constitucional e um fator imprescindível na vida do ser humano, no entanto, muitas pessoas são privadas desse direito por diversos fatores negativos que estão atrelados a desigualdade social, desse modo esses indivíduos perderam a oportunidade de cursa a escola na idade apropriada. Ao pensar em uma modalidade de ensino que atendesse as pessoas que não obtiveram escolaridade na idade própria a lei 9.394/96 estabelece na seção V a Educação de Jovens e Adultos que “(...)será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Além disso fica a cargo Estado há uma nova oportunidade para essas pessoas, todavia surge o desafio de incluir essas pessoas na escolaridade novamente. Diante disso é necessário atender a necessidade desse grupo de pessoas, é preciso pensar em quais estratégias, organizações, espaços, estruturas físicas, ou seja, é preciso pensar e proporcionar Elana Almeida Moraes Debora Jackeline Benker Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso Pedagogia (3326PED) – Prática do Módulo VI – 26/06/2021 2 ambientes e condições apropriados. Além disso, vale ressaltar que essas pessoas tem toda uma bagagem de vivências e experiência, portanto as instituições de ensino deverão promover esta educação de forma inclusiva que se adeque ao estilo de vida dessas pessoas, a Educação de jovens e adultos além de ser política educacional, é principalmente uma política social. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Educação de Jovens e Adultos no cenário nacional traz uma bagagem de movimentos e programas que foram criados ao longo do tempo para que o problema do analfabetismo fosse solucionado, todavia constou-se um grande insucesso ao longa dessa jornada. Vale ressaltar que houve um preconceito muito grande com esse grupo de pessoas, que por questões sociais pararam ou mesmo não iniciaram seu percurso escolar, com efeito notou-se um percentual elevadíssimo do analfabetismo no Brasil. A princípio a primeira iniciativa pública, visando especificamente o atendimento do segmento de adolescentes e adultos, ocorreu em 1947 com o lançamento da Primeira Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos (ALMEIDA e CORSO, 2015), todavia as justificativas eram de cunho pejorativo com relação ao público a ser atendido, não obstante é notável o descaso com o profissional a exercer a função de educador, o mesmo poderia ser qualquer pessoa, portanto a campanha não obteve resultados significativos. Alguns movimentos semelhantes a este ocorreram nos anos posteriores com destaque para os movimentos de educação e cultura popular nas décadas de 50 e 60, em sua grande maioria foram inspirados em Paulo Freire, utilizando seu método, que propunha uma educação dialógica que valorizasse a cultura popular e a utilização de temas geradores (BESERA, BARRETO, 2014), outro foi Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que foi criado durante o período do Regime Militar no Brasil, segundo Almeida e Corso (2015) distante de prosseguir o que era realizado anteriormente pelos movimentos de alfabetização, o MOBRAL centralizou as iniciativas, como órgão de concepção e execução, restringindo o conceito de alfabetização à habilidade de ler e escrever. Este movimento estendeu-se por mais de uma década, sem obter grandes resultados, pelo contrário este movimento ficou caracterizado por fraudes de resultados. Em 1985 o MOBRAL foi substituído pela FUNDAÇÃO EDUCAR, que tinha como objetivo “promover a execução de programas de alfabetização e de educação básica não-formais, destinados aos que não tiveram acesso à escola ou dela foram excluídos prematuramente” (ZUNTI, 2000 apud BRASIL, 2014, p. 6), porém foi curta de duração sendo extinta em 1990 surgindo O Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC) que durou somente um ano. 3 Pôde se notar nesse curto contexto que a educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil é marcada pela descontinuidade e por tênues políticas públicas, insuficientes para dar conta da demanda potencial e do cumprimento do direito, nos termos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 (BESERRA, BARRETO, 2014). O aluno do EJA é diferenciado como ressaltou Fernandes: O retorno ao espaço escolar dessas pessoas é um desafio a ser vencido pelos educadores, pois são indivíduos marcados por diferentes situações escolares desfavoráveis, onde para muitos a escola é algo remoto que ficou para trás, embora o desejo de aprender a ler e escrever tenha permanecido. Dessa forma, o processo ensino-aprendizagem, implicará em grande empenho dos professores, construindo na sala de aula um espaço de conversa (oralidade) e, sobretudo de escrita, reconstruindo a imagem de escola que vive na memória de cada um, ou seja, aquela escola do autoritarismo, do silêncio, dos castigos, punições e também da cópia e decoreba onde o professor tinha voz uníssona e os alunos plena obediência (2007). Para que ocorra uma educação inclusiva e transformadora, as ideias de Paulo Freire se tornam imprescindíveis, o mesmo defende uma educação libertadora, a favor dos oprimidos daqueles que não obtiveram o direito à cidadania e, por conseguinte sobrevivem a margem de uma sociedade cada vez mais capitalista. Paulo Freire, conforme descreve Fiori (2002 apud Platzer, 2017, p. 70): [...] é um pensador comprometido com a vida: não pensa ideias, pensa a existência [...], Freire foi um divisor de águas, contribuiu muito para acabar com a imagem deturpada da pessoa analfabeta reconstruído assim uma nova maneira de trabalhar com esse público. Tendo o diálogo como fator fundamental para obter uma educação libertadora, Paulo Freire (2002 apud PLATZER, 2017, p. 86) enfatiza que não seria possível a educação problematizadora realizar-se como prática da liberdade sem superar a contradição entre educador e os educandos, assim como também não seria possível fazê-lo fora do ato dialógico. Nesse caso o ato dialógico quebrará a barreira que há entre aluno e professor, com essa dinâmica o docente terá a possibilidade de ter um relacionamento amigável com os seus alunos. Além do diálogo Beserra e Barreto destacam que: Ao longo de muitos anos de estudo e pesquisa, Freire (2001) trouxe a concepção de que no método de alfabetização, em todas as atividades diárias da prática educativa, o educador deve realizar tudo aquilo que defende para uma educação condizente com as exigências da atualidade brasileira: uma educação comprometida com o desenvolvimento, a formação da consciência crítica e a construção da democracia. (2014, p. 20). Em relação ao método de alfabetização: Mizukami (2013 apud PLATZER, 2017, p. 86) revela que Paulo Freire, ao utilizar situações vivenciadas do grupo por meio de debates, delineou seu método de alfabetização, que apresenta como características básicasser ativo, pautado no diálogo e crítico. Delmonico explicita que: O profissional da educação, no século XXI, para atuar como professor da educação de jovens e adultos precisa conhecer a realidade dos estudantes e considerar o conhecimento prévio do mesmo, utilizando como uma das estratégias em sala de aula o próprio conhecimento do aluno por meio da interação, pois por meio dela, da interação entre as pessoas, acontece a aprendizagem, tendo uma postura diferente de algumas décadas atrás e ainda em alguns casos docentes, onde o professor era considerado o provedor e único 4 possuidor do conhecimento, o qual transferia-o para seus alunos, conhecido até então como educação bancária, definida por Paulo Freire.(2018, p.11) Portanto, na abordagem freiriana ensinar exige comprometimento e isso significa que a presença de educador, não pode passar despercebida dos educandos na classe e na escola, é uma presença em si política (FREIRE, 2008 apud PLATZER, 2017, p. 90), portanto é essencial que o professor não se omita desde as questões mais simples até as mais complexas, pois assim, mostrara sua contribuição social para a classe. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Esse trabalho está embasado no método de pesquisa bibliográfico que para Lima e Mioto (2007), “a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório”. Portanto, atentei-me em uma busca minuciosa que atendesse aos objetivos temáticos propostos. Os materias utilizados para a pesquisa foram artigos de cunho cientifico e livros de didáticos, portanto, para a fluidez das pesquisas foi necessário o uso de computador e internet para obter um alcance de maior conteúdo possível. Para uma experiência visual da sala de ala, veja a imagem a seguir. EJA abrange todos os níveis da educação e garante a permanência do aluno com idade superior aos 16 anos na sala de aula Imagem. disponível em: https://www.diariodolitoral.com.br/itanhaem/educacao-de-jovens-e-adultos-eja-de-itanhaem-esta-com-inscricoes/94514/ data: 01/06/2021 https://www.diariodolitoral.com.br/itanhaem/educacao-de-jovens-e-adultos-eja-de-itanhaem-esta-com-inscricoes/94514/ 5 A imagem retrata o dia a dia em sala de aula na Educação de Jovens e Adultos, é notório a presença de um público característico dessa modalidade que são tanto jovens como adultos que buscam uma formação cidadã baseada na educação. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Educação de Jovens e Adultos tem seguido um currículo que tem buscado inserir na escolarização indivíduos que por circunstâncias desfavoráveis abandonaram uma vida escolar em detrimento de uma busca desenfreada pela sobrevivência no mundo capitalista, no entanto para que a escola obtenha os resultados esperados, é imprescindível que a mesma utilize uma metodologia inclusiva para esse público. Dentro desse público ainda é notório um número muito grande de evasão escolar, mesmo com todos os direitos garantidos e uma nova oportunidade na escolarização muitos desses alunos decidem abandonar seus estudos no meio do aluno letivo, são diversos fatores pessoais que envolvem a evasão escolar, desta maneira é o educador torna-se um aliado e conselheiro de fundamental importância para a conseguir manter esses alunos na escola. Portanto, é crucial motivar esse público a permanecer seus estudos, a fim de obter uma vida com melhores oportunidade trabalhista, sobretudo a oportunidade de melhor se comunicar com o mundo ao seu redor, dessa maneira o aluno poderá gozar de todos os privilégios da cidadania. 5. CONCLUSÃO É notório que a principio a educação de jovens e adultos, historicamente assumiu um papel secundário em sua trajetória em nosso país, tendo em vista que o tratamento com o público da EJA estava pautado numa visão pejorativa de que esses alunos eram a causa do grande número de analfabetismo no Brasil, dessa maneira desenvolveu-se várias políticas educacionais que tinha como base somente o desenvolvimento da leitura e escrita, deixando de lado o ser social que cada um representava, é importante lembrar que cada pessoa que decidiu cursar novamente a escolar traz 6 consigo um desejo ardente de se relacionar com o mundo ao seu redor por meio da educação formal, é necessário então que se desenvolva políticas educacionais pautadas na inclusão social para que possa haver sucesso com publico da EJA. Conclui-se, então, que desenvolver uma educação que possa incluir jovens e adultos na escolaridade é possível, mediante um esforço das partes envolvidas em prol de um único objetivo que é a efetivação do aprendizado, cabe ao colégio buscar alternativas, estratégias que possam incentivar esses alunos a continuar seus estudos, é importante ressaltar que o papel do educador é fundamental, pois o mesmo deve ser um profissional que tenha uma metodologia que favoreça a prática dialógica, fazendo com que dessa maneira o aluno se sinta mais confortável em trocar ideais com o professor. Além do mais é essencial que os envolvidos conheçam a realidade social desses alunos, pois muitos vieram de um insucesso educacional devido a diversos fatores, e um desses fatores é falta de motivação (por que estudar? pra quê estudar?), desse modo é imprescindível criar estratégias que possam motivar esses alunos a seguir adiante seus estudos. 7 8 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Adriana de; CORSO, Angela Maria. 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Disponível em: http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2007. Acesso em: 06 mai. 2021. LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katalysis, v. 10, p. 35-45, 2007. PLATZER, Maria Betanea. Educação de jovens e adultos. Londrina: KLS, 2017. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/22753_10167.pdf https://docplayer.com.br/132732-Historia-da-alfabetizacao-de-adultos-de-1960-ate-os-dias-de-hoje.html https://docplayer.com.br/132732-Historia-da-alfabetizacao-de-adultos-de-1960-ate-os-dias-de-hoje.html https://www.isntituoia.peron.com.br/artigo/os-desafios-para-a-educacao-de-jovens-e-adultos-na-contemporaneidade https://www.isntituoia.peron.com.br/artigo/os-desafios-para-a-educacao-de-jovens-e-adultos-na-contemporaneidade http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2007