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O PROCESSO DE INCLUSÃO PESSOA PORTADORA DE ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME) UNIVERSIDADE DE GUARULHOS - 2021 Fernanda Midori Tagata R.A: 28276725 Gisele Rodrigues Almeida R.A: 28097978 Luciano Calado de Melo R.A: 28187230 Rafael de Araújo Silva Colen R.A: 28290253 1. INTRODUÇÃO A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença genética que causa morte de algumas células específicas do nosso sistema nervoso, conhecidas como neurônios motores. A maioria dos neurônios motores estão localizados na medula espinhal e controlam o movimento dos músculos, principalmente das pernas e dos braços, e também outros músculos que nos ajudam a respirar e comer, por exemplo. Sendo assim, são músculos fundamentais para realizar movimentos como engatinhar, andar, sentar e controlar a cabeça. A AME é uma doença considerada rara que afeta aproximadamente 1 em cada 10.000 bebês nascidos em todo o mundo. Apesar de ser considerada rara, a AME (tipo 1) tem um grande impacto social, pois é a principal causa genética de mortalidade infantil. Sem o comando dos neurônios motores, os músculos se degeneram: perdem o tônus (se tornam hipotônicos), ficam cada vez mais fracos e acabam perdendo também a massa muscular (atrofiam). E assim se torna o nome da doença: • Atrofia (A): É o termo médico utilizado para a diminuição do volume ou do tamanho, o que geralmente acontece com os músculos quando eles não são estimulados pelas células nervosas. • Muscular (M): Já que a principal consequência da falta de sinalização dos neurônios motores é a fraqueza muscular. • Espinhal (E): A maioria dos neurônios motores que controlam os músculos estão localizados na medula espinhal. A AME começa com uma mutação no gene de sobrevivência do neurônio motor 1 (SMN1) que causa uma deficiência da proteína SMN. Essa proteína está presente em todo o corpo e é fundamental para a função dos neurônios motores que controlam os músculos e outros tecidos corporais. Sem ela, os neurônios motores não conseguem funcionar adequadamente, levando à fraqueza muscular que, em alguns casos, pode ser fatal. A classificação da AME é dada pela idade de início e máxima função motora adquirida, sendo então dividida em: • Tipo I – Forma Infantil Grave: Os sintomas aparecem até o sexto mês de vida. A criança apresenta movimentos fracos e necessita de auxílio para respirar (suporte de ventilação) normalmente antes de completar um ano de vida. Geralmente não conseguem sustentar o pescoço e não atingem o marco motor de sentar sem apoio. Também apresentam dificuldade de engolir (o que resulta em engasgos frequentes). A criança apresenta fasciculação (tremor) na língua e normalmente tem choro e tosse fracos e, devido à hipotonia, é comum ficar na postura de “perna de sapinho”. • Tipo II – Forma Intermediária: O início dos sintomas e da fraqueza muscular ocorre entre os 6 e aos 24 meses. A criança consegue sentar sem apoio, porém, não chega a andar. Também pode apresentar dificuldade respiratória em graus variados e problemas de deglutição, mas em menor grau do que no Tipo I. Ao longo de seu desenvolvimento, podem surgir anomalias esqueléticas como escoliose, deslocamento de quadril e deformidades articulares. • Tipo III – Forma Juvenil Moderada: O surgimento dos sintomas acontece após os 18 meses de idade. Os pacientes apresentam capacidade de ficar em pé e andar, mas devido à progressão da doença podem perder essa habilidade ao longo da vida. As pernas são mais gravemente afetadas do que os braços. • Tipo IV – Forma Adulta: Tem início na vida adulta e o paciente apresenta fraqueza que predomina em membros inferiores, levando dificuldade para andar. 2. INCLUSÃO DA PESSOA COM ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL No âmbito de políticas sociais, ainda existe um atraso na tomada de ações visando a inclusão dos pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME) na sociedade. Apesar das limitações físicas, a AME não afeta a capacidade de aprendizagem e a inteligência desses indivíduos, ou seja, a função cognitiva é preservada. No entanto, embora não haja acometimento direto, a privação de estímulos e de contato com o ambiente pode afetar o desenvolvimento da linguagem e aprendizado das pessoas com a AME. 2.1 PROGRAMAS DE ESTIMULAÇÃO O tratamento global AME consiste em combinação de medicamento (quando houver indicação médica) com as terapias de suporte (fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, entre outras), conforme o quadro clínico e a necessidade específica de cada paciente. Em todos os casos, é fundamental que o tratamento seja seguido à risca, uma vez que garante mais qualidade de vida para os pacientes e sua família. Esse cuidado pode ser liderado por um médico especialista logo nas primeiras consultas, após o diagnóstico da doença. Cada tratamento deve compreender as necessidades clínicas, a realidade social e as expectativas da pessoa com a doença. • Nutrição: Todos os pacientes devem ter acompanhamento de um nutricionista para seguir uma alimentação balanceada e rica em vitamina D e cálcio, para evitar problemas como osteoporose e osteopenia, que fragilizam os ossos. As demais recomendações variam de caso a caso e podem incluir o uso de suplementos e sondas alimentares. • Fisioterapia e Exercícios Adaptados: Os métodos de fisioterapia variam muito de acordo com a necessidade de cada paciente, mas, de modo geral, as técnicas são fundamentais para que pessoas com AME consigam desenvolver algumas das habilidades motoras que são comprometidas pela doença. Acompanhados de fisioterapeutas, os pacientes são submetidos às sessões que incluem alongamentos, avaliação e correção de postura, exercícios com cadeiras motorizadas para desenvolver a mobilidade e até mesmo cirurgias para correção da coluna, quando necessário. Além disso, a AME pode comprometer os músculos respiratórios, causando tosse e dificuldade para respirar. Nesses casos, é necessário incluir a fisioterapia respiratória para limpar as vias aéreas e aumentar a capacidade de ventilação do pulmão. • Terapia Ocupacional: Grande aliada das crianças com AME, a terapia ocupacional é uma excelente opção para auxiliar os pacientes a desenvolverem habilidades comuns do nosso dia a dia, como segurar talheres e sentar-se em cadeiras. Por meio dela, as crianças conseguem, aos poucos, adaptar-se aos mais diferentes tipos de ambientes e participar de forma ativa na escola, no trabalho e em ambientes de diversão. • Assistência Psicológica e Social: O acompanhamento de psicólogos e terapeutas é fundamental para minimizar possíveis problemas psicológicos causados pela AME. Por contada doença, muitas crianças podem se sentir excluídas dos círculos de amizades nas escolas ou até mesmo em ambientes de trabalho, além de sofrerem grande estresse emocional ao longo do tratamento. Assim, receber assistência psicológica pode transformar a forma como essas crianças lidam com a doença e proporcionar mais qualidade da vida para elas. Também é importante que toda a família receba apoio não só emocional, como também de infraestrutura e acessibilidade para garantir que todas as etapas do tratamento sejam realizadas. • Uso de medicamentos: Atualmente, alguns tratamentos também incluem a utilização de medicamentos que podem modificar o curso natural da AME. No entanto, é importante reforçar que esses remédios não substituem os métodos anteriores inclusos no tratamento multidisciplinar. Na verdade, eles devem ser otimizados com o tratamento para garantir um resultado mais eficaz. 2.2 INCLUSÃO ESCOLAR Dentro das escolas existe uma tendência à exclusão das crianças e jovens com Atrofia Muscular Espinhal (AME),assim como com outras deficiências. Ainda que as instituições se digam inclusivas e aceitam as pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME), na prática, podem não se mostrar tão empenhadas em proporcionar um ambiente acolhedor e de fato inclusivo nas atividades educacionais e de convívio social entre outros alunos. Os professores devem estimular a participação constante nas atividades, inclusive nas aulas de educação física. O impacto psicológico que a exclusão gera nas crianças e adolescentes é imenso. Por isso, é fundamental que as escolas adotem políticas rigorosas para promover a inclusão destes indivíduos e contém com o apoio frequente de profissionais especializados, como psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas e outros profissionais da reabilitação. 2.3 PROGRAMAS DE PROFISSIONALIZAÇÃO E INCLUSÃO NO TRABALHO Um dos pontos cruciais na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com AME é a inclusão no sistema educacional e no mercado de trabalho, estimulando a participação social dessas pessoas. Muitas vezes pelas barreiras atitudinais impostas, a falta de acessibilidade e problemas de infraestrutura dos mais diversos estabelecimentos, públicos ou privados, são fatores que potencializaram os desafios diários enfrentados não só pelos indivíduos com AME, mas por todos que possuem alguma dificuldade física ou motora. Nesse contexto, é essencial a introdução de políticas de inclusão e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei Nº 13.146), de 2015, garante direitos importantes, como à igualdade, à não discriminação, à saúde, dentre outros. Então, apesar de todos os direitos estarem dispostos na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ainda há muito a ser feito por órgãos públicos e privados em relação à garantia destes direitos. É vital que a comunidade e os órgãos responsáveis trabalhem juntos para solucionar essas questões pautando-se na valorização ética dos direitos a igualdade social. 3. ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO A AME repercute-se a nível de vários órgãos e sistemas, envolvendo frequentemente os sistemas respiratório, osteoarticular e gastrintestinal. Impacta funções vitais básicas, inclusive as habilidades de andar, engolir e respirar. A incapacidade ou dificuldade em utilizar o banheiro, se alimentar, virar o corpo na cama, se transferir da cama para a cadeira de rodas, tomar banho ou se vestir, impacta o bem-estar dos indivíduos. Dentro desse quadro clínico complexo, a saúde psicológica é afetada e pode impactar o papel social das pessoas com AME. Falta de autoconfiança, dificuldade de socialização, medo de cair na frente de outras pessoas, vergonha por não conseguir executar atividades físicas, frustação por ser abordado de maneira diferente dos indivíduos não afetados são alguns dos desafios enfrentados pelas pessoas com AME no que tange seu papel na sociedade. 3.1 ABORDAGENS PSICOTERÁPICAS NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM AME Há diversas abordagens terapêuticas para que se minimize as progressões advindas da doença. O prognóstico favorável é altamente dependente tanto do diagnóstico precoce, quanto do início prematuro do tratamento medicamentoso e de todas intervenções, dentre elas, a abordagem psicológica. O acompanhamento com psicólogos ou terapeutas pode gerar impactos positivos na vida das pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME), propiciando maneiras alternativas de lidar com a situação e aliviar o estresse emocional. 3.2 AS ESPECIFICIDADES EM RELAÇÃO AS ABORDAGENS PSICOLÓGICAS NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO DA PESSOA COM AME Receber assistência psicológica pode transformar a forma como as pessoas com AME lidam com a doença e proporcionam mais qualidade de vida para elas. Também é importante que toda a família receba apoio não só emocional, como também de infraestrutura e acessibilidade para garantir que todas as etapas do tratamento sejam realizadas. 4. O TRABALHO PSICOLÓGICO JUNTO A FAMÍLIA Quando tratamos de qualidade de vida, é imprescindível cuidar de quem cuida. Os familiares, especialmente mães e pais, auxiliam a pessoa com Atrofia Muscular Espinhal (AME) nas tarefas diárias – o que requer um esforço físico – mas também trazem consigo uma carga psicológica e emocional atrelada à condição de saúde do seu familiar. Como uma doença degenerativa que impacta não só a vida dos pacientes como também a de seus familiares, além das dificuldades físicas, ela ainda pode causar impactos psicológicos e sociais para quem está diretamente lidando com a AME I e II – os pacientes e quem cuida deles. Em relação aos impactos psicológicos, emocionais e físicos – cabe ressaltar o importante papel desempenhado pelos psicólogos no cuidado do bem-estar dos familiares. 4.1 DESCREVER OS POSSÍVEIS TRABALHOS REALIZADOS JUNTO A FAMÍLIA A importância da relação de confiança entre equipe multidisciplinar e família permite maiores vínculos com quem tem a AME e o melhor acompanhamento da doença. Equilíbrio entre atividades e tratamento – Um fato também fundamental é que os pais saibam equilibrar a rotina de tratamento e ofereçam algum tempo de lazer e descanso para as crianças. Assim, elas podem se devolver, explorar suas novas habilidades e não se sintam limitadas. É essencial que o indivíduo seja incluído nas diversas atividades da família, especialmente as domésticas, observar os pais cozinharem ou assistirem algum filme juntos, escolherem a roupa que irão vestir, escolher o programa o qual deseja assistir e não ficarem somente confinada a um quarto ou a uma sala. REFERÊNCIAS Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Lei Nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Atrofia Muscular Espinhal - Doenças - InfoEscola INAME - Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal Entendendo a AME (roche.com.br) Tudo sobre a AME (juntospelaame.com.br) Atrofia muscular espinhal: diagnóstico, tratamento e perspectivas futuras (scielo.br) AME | Tipos de AME (novartis.com.br) https://www.infoescola.com/doencas/atrofia-muscular-espinhal/ https://iname.org.br/ https://www.roche.com.br/pt/farmaceutica/areas_terapeuticas/neurologia/Atrofia-Muscular-Espinhal/Entendendo-a-AME.html https://www.juntospelaame.com.br/pt_BR/home/oraropodeacontecer/tudo-sobre-a-ame.html https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572010000400004 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572010000400004 https://conteudos.novartis.com.br/pt-br/atro%EF%AC%81a-muscular-espinhal/blog/tipos-de-ame
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