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Giulia Pacheco Souza Deve-se sempre atentar para as metas glicêmicas do paciente, lembrando que os valores máximos toleráveis da glicemia em jejum e glicemia pós-prandial são permitidos apenas se HbA1c estiver dentro da meta (< 7%). Para pacientes idosos mais frágeis, deve ser um pouco mais permissivo na meta da HbA1c, tolerando um valor entre 7,5 e 8,5%. Lembrando que após 3 meses da mudança na medicação solicita-se HbA1c para reavaliar as metas glicêmicas do paciente. Os hipoglicemiantes orais são divididos em 4 grupos: secretagogos (aum. secreção de insulina, ex.: sulfoniureia e glinidas), aum. secreção de insulina dependente de glicose e supressão do glucagon (ex.: gliptinas e análogo de GLP- 1), não secretores de insulina (ex.: acarbose, metformina e glitazona), e promoção de glicosúria (ex.: glifozinas). SULFONIUREIA • O mecanismo de ação baseia na ligação da subunidade SUR nos canais de potássio em células pancreáticas, cardiomiócitos e músculo liso, estimulando a liberação de insulina que provoca de forma indireta dim. do débito hepático de glicose e aum. da utilização periférica de glicose. • Apresenta 03 principais representantes: glibenclamida 5 mg (não é muito utilizado, pois provoca muitos episódios de hipoglicemia), gliclazida 30 ou 60 mg (fornecido pelo SUS, induz menos hipoglicemia por ser mais seletivo, já que conecta apenas as células β do pâncreas, além de evitar a precipitação de evento isquêmico decorrente de hipoglicemia) e glimepirida 1,2, 4 ou 6 mg. • É uma classe que impacta consideravelmente nas metas glicêmicas, no qual espera-se queda de 60 a 70 mg/dL na glicemia em jejum e redução de 1,5 a 2% na HbA1c. • Os efeitos colaterais incluem hipoglicemia e ganho ponderal (insulina é anabólico). • As contraindicações para essa classe são: insuficiência renal ou hepática, lactação, pós-cirúrgico de grande porte e intercorrências agudas (suspende). METFORMINA • É a 1º classe de escolha, cujo mecanismo de ação baseia na inibição das vias de sinalização hepática do glucagon e aum. dos níveis séricos de GLP-1, resultando na inibição da gliconeogênese, diminuição da resistência periférica a insulina e na redução do turnover de glicose no leito esplâncnico. Diabetes Mellitus - Parte 02 OBS.: a gliclazida pode apresentar fórmula MR indicando liberação prolongada, assim é utilizada em dose única. Mas caso não tenha essa formulação usa 2x por dia. OBS.: a metformina age melhor na resistência central à insulina do que a glitazona. Giulia Pacheco Souza • É prescrita, geralmente, após as principais refeições, visto que é melhor tolerada com barriga cheia. • A Metformina tem apresentação de 500, 850 e 1000 mg, enquanto a Glifage XR (liberação lenta) tem de 500 mg (única dose fornecida na farmácia popular de forma gratuita). Esse último representante pode ter sua posologia desmembrada para o paciente não tomar muitos comprimidos juntos. • Deve-se lembrar que não deve passar de 2000 mg/dia (acima desse valor a eficácia não é satisfatória), caso ainda não tenha atingido as metas associa outra classe. • Apresenta uma queda nas metas semelhante a sulfoniureia, com redução de 60 a 70 mg/dL na glicemia em jejum e redução de 1,5 a 2% na HbA1c. • Outras ações benéficas do uso dessa biguanida seriam dim. dos eventos cardiovasculares, prevenção do DM tipo II (retarda o desenvolvimento de DM2 em pré-diabéticos), melhora do perfil lipídico e dim. do peso. • Nos pacientes com insuficiência renal deve-se atentar para o clearence de creatinina, em que é contraindicado se ClCr for < 30 devido aum. do risco de acidose metabólica, já o ClCr entre 30 e 45 não pode exceder 1000 mg/dia. • Os efeitos colaterais incluem, em especial, os sintomas gastrointestinais (diarreia e vômitos são os mais frequentes). Outros seriam a deficiência de vitamina B12 (dim. a absorção da vitamina no íleo distal), hepatite colestática e anemia hemolítica. • Deve realizar a dosagem anual de vitamina B12. Caso identifique hipovitaminose não suspende a metformina, apenas realiza a reposição vitamínica. • É contraindicado nos pacientes com disfunção renal (considerar ClCr), cirrose hepática, DPOC, IC descompensada, sepse, alcoolistas e fase aguda de doença miocárdica isquêmica. GLITAZONA • O mecanismo de ação baseia no aumento da sensibilidade à insulina no tecido muscular, adipócito e hepatócito, agindo na resistência periférica à insulina típica do DM tipo II. • A principal representante é a pioglitazona com apresentação de 15, 30 e 45 mg, iniciando sempre com a menor dose. • No entanto, impacta pouco na diminuição da glicemia, com queda de 35 a 65 mg/dL em jejum e 0,5 a 1,4% na HbA1c. • Auxilia na prevenção de DM tipo II em pré-diabéticos, reduz o espessamento médio intimal carotídeo, melhora o perfil lipídico (red. do triglicérides) e reduz a gordura hepática. • Os efeitos colaterais associados a essa classe são: retenção hídrica, IC, cefaleia, ganho ponderal, perda da visão devido edema macular e piora da oftalmopatia de Graves. Giulia Pacheco Souza • É contraindicado nos pacientes com IC classe III e IV (pois, promove retenção hídrica, propiciando a descompensação), e naqueles com insuficiência hepática. GLINIDAS • O mecanismo de ação baseia no fechamento dos canais de potássio nas células β pancreáticas em sítios diferentes da ação da sulfoniureia, com consequente aum. da secreção de insulina. • Tem maior efeito na redução da glicemia pós-prandial (porque são rapidamente absorvidos e eliminados), impactando menos na glicemia em jejum com queda esperada de 20 a 30 mg/dL, e redução de 1 a 1,5% na HbA1c. • Os principais representantes são a Repaglinida (red. o espessamento médio intimal carotídeo) e a Nateglinida, que devem ser tomadas antes das principais refeições (usa só nas refeições que não atinge a meta, permitindo maior flexibilidade da dose). • Os efeitos colaterais são menores do que da sulfoniureia, devido a meia vida mais curta das glinidas. INIBIDORES DA ALFAGLICOSIDASE • O mecanismo de ação baseia no retardamento da absorção de carboidratos complexos devido inibição da enzima alfaglicosidase no intestino delgado. • Assim, impacta mais na glicemia pós-prandial, sendo recomendado o uso antes das refeições. Seu impacto na glicemia em jejum é uma redução de 20 a 30 mg/dL, e queda de 0,5 a 0,8% na HbA1c. • A única representante é a acarbose, na apresentação de 50 ou 100 mg, com dose máxima de 300 mg/dia. • Alguns benefícios dessa classe seriam a prevenção do DM tipo II, red. do espessamento médio intimal carotídeo, melhora do perfil lipídico e red. de eventos cardiovasculares. • Os efeitos colaterais estão relacionados ao TGI devido à maior permanência dos carboidratos complexos no lúmen intestinal, ocasionando meteorismo, flatulência e diarreia. • É contraindicado em pacientes com alguma alteração do TGI, como DII, obstrução intestinal ou até mesmo predisposição, ulceração do cólon, lactação, insuficiência hepática ou renal (Cr > 2 mg/dL). GLIFOZINAS • O mecanismo de ação baseia na inibição de SGLT2 (co-transportador de Na e glicose) nos túbulos proximais dos rins, impedindo a reabsorção de glicose e provocando glicosúria. • Os principais representantes são Dapaglifozina 10 mg e Empaglifozina 10 ou 25 mg. • Reduzem em até 30 mg/dL a glicose em jejum e entre 0,5 a 1% da HbA1c. Giulia Pacheco Souza • Como efeito benéfico auxiliam a redução de peso, visto que perde caloria (glicose) na urina e líquido (diurese osmótica). Além disso, reduz a PA e eventos cardiovasculares e mortalidades em pacientes com doença cardiovascular prévia, retarda a progressão para doença renal diabética. • Deve ter atenção nos idosos, pois podem provocar hipotensão postural. • Um dos principais efeitos colaterais é a predisposição ao desenvolvimentode candidíase. Outros fatores negativos seriam o aum. discreto de LDL, maior risco de infecção urinária, poliúria, aum. transitório de Cr e CAD (em especial cetoacidose euglicêmica). GLIPTINAS • O mecanismo de ação baseia na inibição seletiva de DPP-4 (enzima que degrada GLP-1), aumentando indiretamente os níveis de GLP-1 (incretina do intestino que faz o controle glicêmico), com consequente estímulo para liberação de insulina glicose dependente (isto é, só libera a insulina se o paciente tiver hiperglicemia, evitando episódios de hipoglicemia) e redução de glucagon. • Os principais representantes são: Sitagliptina e Vildagliptina. Todos os representantes necessitam de ajuste renal, com exceção da Linagliptina. • Essa classe reduz até 20 mg/dL da glicose de jejum, e uma queda entre 0,6 a 0,8% da HbA1c. • Ademais, apresenta um efeito neutro em relação ao peso corporal. • Os efeitos indesejados mais frequentes são angioedema, urticária, faringite e cefaleia. Assim, a única contraindicação é alergia aos componentes. ANÁLOGOS DE GLP-1 • O mecanismo de ação baseia no GLP-1 exógeno que provoca aum. da secreção de insulina glicose dependente, redução de glucagon e retardo do esvaziamento gástrico. Além de agir no SNC provocando aum. da saciedade e red. do apetite, tendo efeitos benéficos na perda de peso. • Semelhante aos inibidores de SGLT2 (glifozinas), eles red. a PA e eventos cardiovasculares e mortalidades em pacientes com doença cardiovascular estabelecida. • O representante mais conhecido é a Liraglutida, cuja administração é subcutânea diária ou semanal a depender do medicamento. Ressalta que tem um custo bastante elevado, dificultando o acesso pelos pacientes. • Tem uma redução de 30 mg/dL na glicemia em jejum, e 0,8 a 1,8% na HbA1c. • Os efeitos colaterais envolvem náuseas, vômitos e diarreia, aum. da FC e se associado com secretagogos aum. chance de hipoglicemia. • A contraindicação é alergia ao medicamento, histórico de pancreatite (pois, predispõe) e câncer medular de tireoide. Giulia Pacheco Souza Nos pacientes com pré-diabetes, algumas vezes, é recomendado iniciar farmacoterapia. Recomenda o uso de Metformina no pré-diabetes com idade < 60 anos, IMC ≥ 35, HbA1c ≥ 6%, histórico de DM gestacional com HbA1c > 6% ou HbA1c em valores crescentes mesmo com MEV. Caso não atenda esses critérios, acompanha o paciente apenas com MEV. OBS.: considera-se pré-diabético, os pacientes com glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL, teste de dextrosol entre 140 a 199 mg/dL e HbA1c (HPLC) entre 5,7 e 6,5%.
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