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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 1 1. Descreva a divisão do sistema nervoso 2. Descreva as estruturas do encéfalo O encéfalo é o órgão mais importante para a manutenção de todas as atividades corporais. O objetivo deste trabalho é demonstrar, por meio de pesquisa bibliográfica, a morfofisiologia do encéfalo. Ele é formado pelo cérebro (telencéfalo e diencéfalo), cerebelo e tronco encefálico, constituindo-se na principal área integradora do sistema nervoso, o local onde se desenvolvem a inteligência e o raciocínio lógico e onde são elaboradas várias atividades emocionais, fisiológicas e motoras. O córtex cerebral é responsável pelas atividades mais complexas, desempenhando funções motoras e sensitivas e possuindo centros encarregados pela visão, audição, tato, olfato, gustação e fala, mas não executa essas funções sozinho, relaciona-se com os núcleos da base que tem como função modular o planejamento motor, gerado pelas áreas motoras do córtex. O tálamo também está correlacionado com a ativação do córtex, sendo uma conexão direta que repassa informações sensoriais do corpo. O hipotálamo é outro componente importante, pois quase todas as suas funções estão relacionadas com a homeostase corporal, ao regular o sistema nervoso autônomo e o sistema endócrino. É no tronco encefálico onde a maioria das atividades do subconsciente humano são controladas – reflexos respiratórios, visuais, auditivos, entre outros, realizados pelas suas três partes mesencéfalo, ponte e bulbo raquídeo. O cerebelo tem suas funções relacionadas com o equilíbrio, postura e balanço, para assim tornar possível várias atividades musculares. O cérebro sintetiza várias substâncias analgésicas em diferentes regiões e que são semelhantes à morfina, podendo suprimir sinais de dor que entram pelos nervos periféricos 3. Descreva as estruturas da medula A medula espinal, em conjunto com o cérebro, forma o sistema nervoso central (SNC). A medula espinhal em si estende-se desde o forame (buraco) magno até à primeira ou segunda vértebras lombares, estando fechada dentro da coluna vertebral. Também é cercada por camadas de meninges e tem um canal central contendo líquido cefalorraquidiano. Uma seção transversal, da medula espinhal tem a forma característica de uma borboleta, com a substância branca organizada em tratos na periferia e a substância cinzenta no centro, ao redor do canal central. Durante o desenvolvimento embriológico, a medula espinhal surge do tubo neural. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 2 Limites → A medula espinal possui 40 a 45 cm de extensão, pesa 30 gramas e estende-se desde o forame (buraco) magno até ao nível da primeira ou segunda vértebra lombar, estando seguramente envolta pela coluna vertebral. Ela então se afila tornando-se no chamado cone medular. Meninges → A medula espinal é cercada por meninges: a camada mais interna é a pia- máter, a qual adere intimamente à superfície da medula espinal. Ela é seguida pelo espaço subaracnóideo (subaracnoideu), preenchido com líquido cefalorraquidiano, LCR, (fluido cerebrospinal ou líquor), pela aracnóide e pela dura-máter. O espaço subaracnóideo da medula espinal é contínuo com o mesmo espaço do cérebro. É por isso que o líquido cefalorraquidiano circula constantemente pelo espaço subaracnóideo tanto do cérebro como da medula espinal. Entre a dura-máter e o canal vertebral (canal medular) está o espaço epidural (ou peridural), cujo nome pode parecer familiar, pois é o local de aplicação da anestesia epidural durante o parto. Regiões → A medula espinal pode ser subdividida em cinco regiões: ❖ Cervical ❖ Torácica ❖ Lombar ❖ Sacral (sagrada) ❖ Coccígea Duas intumescências fusiformes são localizadas entre os segmentos C4-T1 (intumescência cervical) e L1-S3 (intumescência lombossacral ou lombar). Tais áreas são alargadas devido Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 3 ao número aumentado de neurônios (neurónios) contribuindo para a inervação dos membros. Externa → Um sulco profundo (fissura mediana anterior) corre na face ventral da medula espinal. Sua correspondente dorsal é o relativamente plano sulco mediano posterior. Lateralmente de cada lado da fissura mediana anterior os sulcos anterolaterais marcam a saída das raízes anteriores. As raízes posteriores entram na medula espinal através dos sulcos posterolaterais na face dorsal. Os gânglios espinais, que contém o pericário (corpos celulares) de cada neurônio (neurónio) sensitivo estão localizados dentro das raízes posteriores. Em cada segmento as raízes anterior e posterior se unem e formam um nervo espinal, que então deixa a medula espinal através de seu respectivo forame (buraco) intervertebral. Em conjunto 31 a 33 pares de nervos espinais emergem da medula espinal (8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais (sagrados) e 1 a 3 coccígeos). Os nervos espinais possuem somente cerca de 1 cm antes de se ramificarem nos vários nervos periféricos. Durante o desenvolvimento embriológico a coluna vertebral cresce mais do que a medula espinal. Portanto as raízes neurais caudais precisam viajar uma distância maior até atingirem seus respectivos forames (buracos) vertebrais comparadas às raízes craniais. Essas raízes neurais descendentes da medula espinal são chamadas de cauda equina. Interna → A medula espinal consiste de substância cinzenta e substância branca. A substância cinzenta em formato de borboleta encontra-se centralmente e contém os corpos celulares dos neurônios (neurónios). Ela é cercada pela substância branca, que contém principalmente fibras nervosas. Como os axônios são mielinizados a substância branca parece mais brilhante que a substância cinzenta. O canal central contendo líquido cefalorraquidiano (fluído cerebrospinal ou líquor) corre no centro da medula espinal, cercado pela substância cinzenta. A porção ventral da “asa de borboleta” representa o corno anterior com os neurônios (neurónios) motores. As fibras nervosas aferentes das raízes posteriores entram na porção dorsal da “asa de borboleta”, conhecida como corno posterior. Entre os cornos anterior e posterior encontra-se a coluna coluna intermédio– lateral, de onde os neurônios (neurónios) simpáticos emergem do corno lateral (somente nos segmentos C8-L3). ❖ A substância branca compreende tratos ascendentes e descendentes da medula espinal. Assim a medula espinal possui um papel essencial na mediação da informação entre o cérebro e a periferia. Além disso a troca de informação também ocorre entre os diferentes segmentos da medula espinal. Em ambas as metades da medula espinal a substância branca é grosseiramente dividida em três colunas: funículos anterior, lateral e posterior. ➢ A coluna dorsal contém ambos os fascículos grácil e cuneiforme, que são responsáveis pela sensibilidade epicrítica. ➢ As colunas ventrais e lateral compreendem os tratos espinotalâmicos anterior e lateral para a sensibilidade protopática e os tratos córtico-espinais anterior e lateral (trato piramidal) para os neurônios (neurónios) motores que controlam as funções motoras. ➢ Adicionalmente os tratos espinocerebelares anterior e posterior correm pela coluna lateral para o cerebelo e mediam a informação proprioceptiva. 4. Descreva o sistema nervoso autônomo É a parte do sistema nervoso responsável por regular a homeostase do organismo. Para isso, as fibras aferentes desse sistema detectam sensibilidades viscerais, que serão processadas a nível central, sobretudo pelo hipotálamo, gerando estímulos eferentes Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 4 regulatórios que controlam a motricidade visceral, além de controlar a produção e liberação de secreções. Parte aferente → Sensibilidadesviscerais podem ser conscientes, como dor em cólica, fome, sede ou inconscientes, como níveis pressóricos arteriais. Elas são detectadas por viscerorreceptores e conduzidas por neurônios aferentes até o sistema nervoso central, onde a informação será processada. Os corpos destes neurônios estão localizados nos gânglios sensitivos, juntos dos demais neurônios sensitivos, responsáveis pelas sensibilidades corporais. Por exemplo, temos os gânglios sensitivos dos nervos espinais e gânglios dos nervos cranianos, como o gânglio trigeminal. Observação: cortes em vísceras não criam impulsos aferentes. A dor visceral é desencadeada, em geral, por estímulos químicos, como alteração do meio devido à hipoxemia local, ou estímulos mecânicos de distensão. Isso parece ser uma adaptação evolutiva, pois é mais comum uma víscera ser acometida por um processo distensivo (ex. tumores, calcificações) do que por cortes, uma vez que as vísceras se localizam no meio interno corporal. A dor visceral possui características que a distinguem da dor sentida na superfície corporal. É relatada como difusa, ou seja, não é possível definir com precisão qual ponto dolorido, mas sim qual é a região acometida. Além disso, a dor é em cólica, ou seja, há aumento progressivo da intensidade até um pico e depois diminuição progressiva, a frequência da cólica pode ser variada. A dor visceral também pode gerar sensação cutânea no dermátomo correspondente àquela inervação. É por isso que pacientes com isquemia aguda do miocárdio, por exemplo, podem referir dor no braço esquerdo, mandíbula ou região anterior do tórax. A dor na superfície corporal causada por um acometimento visceral é chamada de dor referida. Parte eferente → O sistema nervoso autônomo (SNA) é composto principalmente por fibras eferentes viscerais gerais de ação involuntária, ou seja, seu funcionamento independe da nossa vontade. É dividido simpático e parassimpático, que apresentam anatomia e função próprias. Com relação às semelhanças, tanto o sistema simpático quanto o parassimpático são gerenciados pelo hipotálamo e contam com três neurônios para que o comando alcance o órgão efetor (músculo liso, músculo cardíaco e glândulas). Além do neurônio central do SNA, hipotalâmico, há dois neurônios na porção periférica do SNA: o neurônio pré-ganglionar, localizado no interior do sistema nervoso central e um neurônio pós-ganglionar que, apesar do nome, encontrase no interior de gânglios periféricos, fora do sistema nervoso central e que alcançam, de fato, o alvo de inervação. Há diferenças anatômicas importantes entre os neurônios periféricos do sistema simpático e do sistema parassimpático 5. Explique a doutrina de Monro Kellie Quanto à dinâmica da PIC, vale o princípio de Monro Kellie: sendo o crânio um compartimento não expansível, o volume total de seu conteúdo deve permanecer constante, do contrário haverá aumento de pressão. Assim, à medida que novo volume (um hematoma por exemplo) é adicionado à caixa craniana, sangue venoso e líquor são expulsos, de forma que o volume total do compartimento permanece estável. Enquanto agem os mecanismos de compensação, não há aumento perceptível de PIC. Uma vez esgotados, a PIC aumenta de forma exponencial. Tal efeito pode ser visualizado na curva de Langfit ou curva de pressão/volume. Percebe-se que medidas isoladas de PIC não fornecem qualquer indício de que o paciente está realmente estável ou próximo do limite de descompensação. Qualquer interferência negativa nesse ponto (intubação sem anestesia, tosse, assincronia com a ventilação mecânica, dentre outros) pode elevar de Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 5 maneira catastrófica a pressão intracraniana. Todo o esforço deve ser feito para manter o paciente na porção horizontal da curva, em lugar de tratar os aumentos inesperados. Por outro lado, pequenas reduções nos componentes intracranianos podem reduzir significativamente a PIC neste ponto, como drenagem de poucas gotas de líquor por derivação ventricular externa ou pequenas reduções no CSC (vasoconstrição discreta). Aumento da pressão no interior do crânio, o sangue entra pelas artérias e sai pelas veias, e o líquido cefalorraquidiano no plexo coróide, quando tiver um trauma e chegar pouco sangue no cérebro, há uma hipoperfusão, vai tentar manter a perfusão de alguma forma, aumentando alguma pressão e diminui o que sai → Trauma, rompeu um vaso, “empurra” o encéfalo, aumenta a pressão intracraniana, dificultando a chegada de sangue (hipoperfusão), então o corpo reage diminuindo a resistência e jogando para fora líquor e sangue venoso, para tentar aumentar a chegada de sangue arterial. O neurônio é a única célula do corpo que não consegue fazer respiração anaeróbia 6. Defina as meninges e descreva as suas características Crânio e meninges ❖ Entre a calota e a dura-máter → Espaço epidural (extradural); sangramento de alta pressão formando uma lente biconvexa (imagem em limão); intervalo lúcido ❖ Entre a dura-máter e a aracnoide → Espaço subdural; sangramento de baixa pressão formando uma crescente hiperdenso (imagem em banana); história arrastada ❖ Entre a aracnoide e a pia-máter → Espaço subaracnóideo; local onde tem o líquor; quando há sangramento é espalhado contornando os sulcos e cisternas; deve descartar com angiotc aneurisma 7. Descreva a vascularização do SNC O encéfalo depende do suprimento sanguíneo de 2 artérias carótidas internas (sistema carotídeo ou anterior) e 2 artérias vertebrais (sistema vértebro-basilar ou posterior) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 6 A artéria carótida interna (ACI) se origina da artéria carótida comum (bifurcação na altura da cartilagem tireóidea). A ACI pode ser dividida e 4 porções: cervical, petrosa, cavernosa e cerebral). Entra no crânio pelo canal carotídeo (porção petrosa do osso temporal). A porção cavernosa tem um trajeto tortuoso característico, denominado sifão carotídeo. Já as artérias vertebrais originamse da porção proximal das artérias subclávias, sendo seu primeiro ramo de cada lado. Ascendem no pescoço passando pelos forames transversos das vértebras cervicais e entram no crânio pelo forame magno. A artéria cerebral anterior cursa na face medial dos hemisférios cerebrais, dirigindo-se rostral e dorsalmente. Curva-se em torno do joelho do corpo caloso e seus ramos estendem-se desde o lobo frontal até o sulco parietoccipital. Seu território de irrigação compreende ainda uma estreita faixa cortical na face convexa do hemisfério cerebral, junto da linha mediana. A artéria cerebral média volta-se posteriormente e cursa na fissura lateral, distribuindo ramos para toda superfície lateral do cérebro, com exceção do lobo occipital e uma estreita faixa inferior no lobo temporal. As artérias vertebrais D e E, ao entrar no crânio pelo forame magno, dão origem às artérias espinais anterior (1) e posteriores (2). Percorrem a face ventral do bulbo e originam as artérias cerebelares inferiores posteriores, que irrigam a porção lateral do bulbo e as porções posteriores e inferiores do cerebelo. Ao nível do sulco bulbopontino, as artérias vertebrais se unem para formar a artéria basilar. A artéria basilar, por sua vez, percorre a face ventral da ponte, no sulco basilar, e origina os ramos → Artérias cerebelares inferiores anteriores (irrigam a porção anterior da face inferior do cerebelo), as artérias cerebelares superiores (irrigam o mesencéfalo e face superior do cerebelo), artérias do labirinto (irrigam orelha interna), e termina nas duas artérias cerebrais posteriores (D e E). A artéria basilar ainda dá origem a ramos circunferenciais curtos e médios, para nutrição da ponte. Territórios de irrigação ❖ A. oftálmica → N. óptico; Retina (a. central da retina) ❖ A. coroideaanterior → Trato óptico; Pedúnculos cerebrais; Corpo geniculado lateral; Parte posterior da cápsula interna; Cauda do núcleo caudado; Corpo amigdalóide e parte anterior do hipocampo; Plexo coróide do corno temporal A. cerebral anterior ❖ A. estriada distal medial (recorrente de Heubner); ramo anterior e joelho da cápsula interna; partes da cabeça do núcleo caudado, putame rostral e globo pálido ❖ A. frontobasal medial → Giros orbitais; área septal ❖ A. polar frontal → Polo frontal ❖ A. calosamarginal ❖ A. pericalosa → Pré-cúneo A. cerebral média → Ramos terminais ou corticais (frontais, temporais e parietais); maior parte da face súpero-lateral do hemisfério; ramos centrais ou perfurantes partes principais do caudado, putame, globo pálido, cápsula interna e tálamo (aa. centrais ântero -laterais ou lenticuloestriadas) A. comunicante posterior → Joelho e parte anterior do ramo posterior da cápsula interna, parte anterior do tálamo e partes do hipotálamo e subtálamo Territórios de irrigação dos ramos corticais das artérias cerebrais anterior, média e posterior Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 7 O círculo arterial do cérebro (polígono de Willis) é uma rede anastomótica formada por aa. cerebrais anteriores, médias e posteriores (proximal) a. comunicante anterior aa. comunicantes posteriores Além do sistema anastomótico do polígono de Willis, um outro sistema é observado na superfície dos hemisférios cerebrais, formado pelas três artérias cerebrais (anterior média e posterior) Drenagem venosa ❖ A drenagem venosa do encéfalo é realizada por dois sistemas de veia → Sistema venoso superficial e sistema venoso profundo ❖ As veias drenam para os seios venosos da dura-máter, que são canais venosos cuja parede é formada pela dura-máter, recobertos internamente por endotélio ❖ A via final comum de drenagem venosa é a veia jugular interna ❖ Relação topográfica dos seios transversos e sigmoides com as suturas cranianas ❖ Drenagem venosa da medula espinal → Plexo venoso interno; Plexo venoso epidural; Extensa rede anastomótica 8. Descreva a fisiopatologia de um TCE e explique a epilepsia pós-TCE O traumatismo cranioencefálico (TCE) é causa de grande número de mortes e invalidez em todo o mundo. O atendimento de um paciente com TCE implica manter a oxigenação adequada e a pressão arterial em níveis suficientes para garantir a perfusão cerebral, evitando, desta forma, lesão secundária. A transferência para um centro especializado e com neurocirurgião deve ser precoce. ❖ A pressão intracraniana (PIC) normal é aproximadamente 10mmHg, pressões > 20 mmHg são consideradas anormais, e pressões > 40 mmHg são classificadas como graves; ❖ A Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) é a Pressão Arterial Média (PAM) menos a PIC (PPC=PAM-PIC). Pressões de perfusão < 70 mmHg após TCE costumam evoluir desfavoravelmente Epilepsia pós-TCE 9. Defina nível de consciência O nível de consciência representa o grau de vigília do paciente, podendo estar preservada ou rebaixada. A vigília preservada inclui o paciente lúcido, vigil e consciente; já a rebaixada inclui o sonolento, obnubilado e torporoso. Para haver alteração no nível de consciência, é preciso acometer o sistema reticular (SARA) ou áreas extensas dos hemisférios cerebrais. O rebaixamento de consciência em grau leve pode incluir: hipoprosexia (fala monótona), desorientação no tempo e espaço, pensamento empobrecido, dificuldade de compreensão e raciocínio, apatia e inibição psicomotora. Esse rebaixamento pode ser ocasionado por causas metabólicas ou estruturais. O paciente sonolento responde a estímulos verbais ou ao toque; já o obnubilado só responde a estímulos mais vigorosos; o torporoso, somente a estímulos dolorosos; e, por fim, o comatoso que não responde a nenhum tipo de estímulo. 10. Descreva o que vem a ser a escala de coma de Glasgow Glasgow → Avalia o status neurológico; são avaliados três critérios abertura ocular, resposta verbal e resposta motora Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 8 11. Descreva a avaliação da abertura ocular na escala de Glasgow Abertura ocular espontânea significa que o paciente já tem os olhos abertos antes de realizar o exame; na abertura ocular a estímulos verbais, o paciente abre os olhos após ouvir um som ou ser chamado; já na abertura ocular a estímulos dolorosos o paciente só abre os olhos após sentir uma pressão no corpo; na ausente, o paciente continua de olhos fechados e não responde a nenhum estímulo. “Não testável” significa que o paciente está, de alguma maneira, impossibilitado de realizar aquele exame. 12. Descreva a avaliação da resposta verbal na escala de coma de Glasgow “Orientado” é aquele paciente que responde adequadamente às perguntas do profissional de saúde, como nome, local e data; “confuso” é aquele que responde às perguntas de maneira incorreta, por exemplo, é perguntado ao paciente qual a data de hoje e ele responde o nome de uma comida; “palavras inapropriadas” diz respeito ao paciente que solta palavras desconexas formando frases sem sentido; “sons ininteligíveis” é aquele que não consegue falar, emite apenas gemidos; “ausente” não emite sons. “Não testável” já foi explicado anteriormente. 13. Descreva a avaliação da resposta motora na escala de coma de Glasgow “Obedece a comandos verbais” é o paciente que cumpre ordens relacionadas à atividade motora, como “bata palmas”, “aperte o meu dedo”; “localiza estímulos” é aquele que consegue perceber o local estimulado; na “retirada inespecífica” o paciente não localiza o estímulo, mas consegue fazer o reflexo para cessá-lo. A rigidez de decorticação corresponde ao padrão flexor; o paciente realiza a flexão das mãos e antebraço, plantar, adução do braço e rotação interna da coxa. A rigidez de descerebração, por sua vez, é o padrão extensor, no qual ocorre uma adução do braço, extensão do cotovelo, pronação do antebraço, flexão da mão e flexão plantar. 14. Explicar a fisiopatologia da decorticação e e decerebração no TCE Decortificação (flexão anormal) → Lesão acima do tronco encefálico; mesencéfalo, de onde partem os nervos cranianos, que vão controlar a flexão dos membros; o movimento de flexão fica comprometido, mas ainda flexiona a parte proximal do membro; pés em adução Descerebração extensão anormal) → Lesão desde o núcleo rubro (que comanda os flexores) até embaixo, é mais grave; nada do que sai do mesencéfalo consegue partir, não flexiona nada, pega todas as estruturas; todos os núcleos ficam comprometidos; os extensores que vem do cerebelo continuam funcionando; tudo abaixo do núcleo rubro está comprometido; a extensão é controlada pelo trato vestibuloespinhal, originado no cerebelo. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 9 15. Descreva a importância da avaliação pupilar no TCE O reflexo pupilar avalia o trauma cranioencefálico porque na hora que o globo ocular é estimulado com a luz, o nervo óptico (2º par craniano - sensitivo) leva o estímulo até o quiasma ótico (núcleo de Westphal, entre o diencéfalo e o mesencéfalo), o nervo oculomotor (3º par craniano -motor) através de um estímulo parassimpático leva a contração do musculo esfíncter da pupila, gerando miose. Quando se coloca a luz na pupila, a outra pupila também fica miótica, porque o reflexo vai para os dois olhos (reflexo consensual). Quando colocar a luz e a pupila não estiver fotorreagente, sinaliza que o nervo oculomotor não está funcionando (parassimpático). Inicialmente, algumas fibras simpáticas, que vem da coluna, levam a uma miose transitória, porque a resposta inflamatória gerou um estímulo no nervo oculomotor, mas se houver uma midríase bilateral significa que o nervo oculomotor não está funcionando porquefoi comprimido e provavelmente a pessoa já morreu. A midríase fixa é um dos critérios de morte encefálica. O reflexo pupilar vê a reação a luz (funcionamento dos nervos óptico e oculomotor). ❖ Pupilas puntiformes (< 2 mm) → Intoxicação por opioide ou lesão pontina. ❖ Pupilas médio-fixas (4-6 mm) que não respondem à luz → Lesão de mesencéfalo. ❖ Pupilas midriáticas (> 8 mm) → Intoxicação por anfetaminas ou cocaína ou acometimento do nervo oculomoto; morte encefálica e traumas muito graves ❖ Pupila fixa unilateral → Lesão do terceiro nervo craniano (oculomotor) ❖ Isocóricas → Iguais em tamanho e fotorreagentes pelo reflexo direto e consensual ❖ Miótica → contraída (ação parassimpática); trauma inicial e processo inflamatório ❖ Anisocoria → Um lado está sendo comprometido e o outro não. Pensar em intoxicação exógenas (cocaína) Resposta motora do Glasgow → 3 Resposta motora do Glasgow → 2 Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 10 ❖ Nervo óptico (sensitivo) vai levar o estímulo da retina até o quiasma óptico, para o núcleo Edinger-Westphal ❖ O nervo oculomotor (3º par) leva a contração do músculo esfíncter da pupila (miose), quando colocamos a luz na pupila a outra também fica miótica, é o reflexo consensual. ❖ As duas pupilas não fotorreagentes têm lesão do 3º par (oculomotor) ❖ No TCE com hemorragia o nervo é contraído, pode ter uma miose transitória ao estimular esse nervo ❖ Se tiver uma midríase bilateral/fixa, o nervo oculomotor não está funcionando porque foi comprimido, então provavelmente essa pessoa já morreu → Pupila midriática equivale a muito grave, muito sangue na cabeça, morte encefálica, intoxicação exógena ❖ O oculomotor é um nervo parassimpático, que promove miose → A ocorrência da midríase na morte encefálica é pelo remanescente de inervação do simpático 16. Defina miose e cite as causas Miótica → contraída (ação parassimpática); trauma inicial e processo inflamatório 17. Defina midríase e cite as suas causas Pupilas midriáticas (> 8 mm) → Intoxicação por anfetaminas ou cocaína ou acometimento do nervo oculomoto; morte encefálica e traumas muito graves 18. Defina anisocoria e cite o significado clínico no TCE Um lado está sendo comprometido e o outro não; pensar em intoxicação exógenas (cocaína) 19. Defina e cite a conduta no TCE leve, moderado e grave Leve ❖ Leve risco → Assintomático; observar 8h Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 11 ❖ Moderado risco → Lesão facial grave; perda momentânea de consciência; cefaleia persistente; convulsões; trauma com grande energia cinética; fazer TC de crânio e observar 24hrs ❖ Alto risco → Mecanismo do trauma importante; fazer TC de crânio e observar 48hrs; repetir TC ❖ Conduta ➢ 3% dos pacientes apresentam piora inesperada que resulta em sequela grave ➢ Ideal → TC em todos os pacientes ➢ Opção de conduta sem TC → Observação do estado neurológico por 12-24 horas Moderado ❖ Glasgow menor ou igual a 9 → IOT ❖ Lesões focais → Hemorragias ❖ Lesões difusas → Cisalhamento ❖ 10-20% evoluem para piora e coma ❖ Exame neurológico seriado ❖ TC de crânio + avaliação neurocirúrgica ❖ Hospitalização em UTI ❖ Reavaliação neurológica nas primeira 12-24 horas ❖ Seguimento com TC em 12 e 24 horas → TC anormal ou piora clínica ❖ Transferir ❖ Conduta ➢ 10% dos pacientes apresentam piora e entram em coma ➢ TC de crânio é obrigatória ➢ Monitorização (clínica/observação) como TCE grave Grave ❖ Glasgow menor ou igual a 9 → IOT ❖ Lesões focais → Hemorragias ❖ Lesões difusas → Cisalhamento ❖ Diagnóstico e tratamento imediato ❖ Hipotensão + hipóxia aumentam a mortalidade em 75% ❖ IOT precoce em pacientes comatosos ❖ O2 a 100% ❖ Transferir ❖ Conduta ➢ IOT precoce com hiperventilação cautelosa ➢ Reposição volêmica → O choque não costuma ser causado por TCE isolado ➢ Avaliação abdominal → Lavado peritoneal diagnóstico; USG ou TC (pois o paciente tem o quadro clínico prejudicado pela inconsciência) 20. Defina traumatismo raquimedular O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão à medula espinhal que pode ocasionar danos neurológicos, tais como alterações da função motora, sensitiva e autônoma, ocorrendo predominantemente nos homens em idade produtiva (18-35 anos). As lesões ocorrem, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 a 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular. O dano à medula espinhal varia de uma concussão transitória, da qual o paciente recupera-se completamente (contusão, laceração e compressão da substância da Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 12 medula) até uma transecção completa da mesma, tornando o paciente paralisado abaixo do nível da lesão traumática. O maior risco de potenciais complicações desses pacientes ocorre quando a acometimento da parte neurológica, ou seja, raízes nervosas, nervos periféricos e medula. As principais alterações fisiológicas que ocorrem com esse paciente são: choque medular, choque neurogênico, trombose venosa profunda, disrreflexia autônoma, bexiga neurogênica, intestino neurogênico, espasticidade, úlceras por pressão, pneumonias, alterações psicossociais e infecções 21. Explique a fisiopatologia do choque medular Choque medular → O choque medular é definido como um estado de completa arreflexia da medula espinhal, que ocorre após traumatismo grave na medula. Durante o choque medular, que pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da medula espinhal, mesmo que a lesão medular não seja completa e permanente, o paciente apresenta ausência total da sensibilidade, dos movimentos e do reflexo bulbo cavernoso, que está presente em condições normais. O retorno do reflexo bulbo cavernoso indica o término do choque medular, permitindo então a determinação da lesão neurológica causada pelo trauma. Choque neurogênico X choque medular – respectivamente 22. Defina tronco nervoso simpático O Sistema Nervoso Autônomo (SNA), também conhecido como sistema nervoso vegetativo na literatura mais antiga, é a porção do sistema nervoso central (SNC) que controla a maioria das funções viscerais do organismo, considerado como parte do sistema motor. Entretanto, ao invés dos músculos esqueléticos, seus agentes efetores são os músculos lisos, o músculo cardíaco, as glândulas e parte do tecido adiposo. Também chamado de sistema nervoso visceral, suas fibras aferentes e eferentes desempenham uma importante função na manutenção do ambiente corporal interno, a homeostasia. Além disso, o SNA também participa das respostas coordenadas e apropriadas a estímulos externos. Esse sistema ajuda a controlar a pressão arterial, a motilidade gastrointestinal, a secreção gastrointestinal, o esvaziamento da bexiga, a sudorese, a temperatura corporal e muitas outras funções. Algumas delas são quase inteiramente controladas, enquanto outras, apenas parcialmente. Uma das características mais acentuadas do SNA é a rapidez e a intensidade com que ele pode alterar as funções viscerais. Nos mamíferos, os neurônios simpáticos pré-ganglionares encontram-se distribuídos na substância cinzenta da medula espinal, principalmente no corno lateral, entre os Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL QER 6: TRAUMA DO SNC 13 segmentos C8- T1 até os primeiros segmentos lombares (L1 – L2). Por isso, algumas vezes, o sistema simpático é referido como sistema toracolombar. Os axônios dos neurônios simpáticos pré-ganglionares constituem curtos nervos que saem da medula espinal pela raiz ventral, assim como os axônios dos motoneurônios espinais, e formam um pequeno feixe -o ramocomunicante branco- em direção aos gânglios simpáticos. Os neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso simpático estão localizados na coluna lateral da medula espinal, compreendida entre os segmentos C8, T1 a T12) e L1 e L2. São fibras nervosas curtas, mielínicas, que, por meio dos nervos, alcançam os gânglios simpáticos, onde estão neurônios pós-ganglionares. Os gânglios simpáticos ficam próximos ao sistema nervoso central, em duas formações anatômicas: os gânglios paravetebrais, ao lado das vertebras, e os gânglios pré-vertebrais, anteriormente às vértebras. Como esses gânglios são próximos ao sistema nervoso central (SNC), as fibras pós-ganglionares simpáticas são longas, amielínicas, e percorrem um extenso trajeto até alcançarem o território de inervação periférica. Com relação à comunicação entre os neurônios, o neurônio pré-sináptico é colinérgico, liberando, portanto, o neurotransmissor aceticilcolina. Já o neurônio pós-sináptico é adrenérgico, liberando noradrenalina na junção neuroefeturadora visceral. 23. Descreva as situações em que se deve imobilizar a coluna cervical e toracolombar Todo cuidado deve ser tomado no paciente com suspeita de lesão da coluna cervical, principalmente durante o transporte e as manipulações, pois o mau cuidado pode agravar uma possível lesão medular, a proteção da coluna cervical é a prioridade no atendimento de todo politraumatizado, a prancha rígida se presta apenas para o transporte, devendo ser retirada assim que possível e substituída por imobilizadores. Imobilização neuroeixo (colar cervical + prancha rígida) → Doentes inconscientes; dor local; trauma fechado de alta energia; sinais de fratura; alterações de motricidade e sensibilidade 24. Descreva as situações em que é possível retirar a imobilização da coluna cervical e toracolombar Quando comprovada a ausência de lesão após realização de exame de imagem ou quando já é sabido a ausência de lesão do paciente em questão Referências bibliográficas Aula de Dr. Felipe Góis GUIMARÃES, H.P., LOPES, R.D., LOPES, A.C., TIMERMAN, S. Tratado de medicina de emergência: pronto-socorro e UTI. 1a edição, 2 volumes. São Paulo: Atheneu, 2010 - Capítulo 21 / Volume 1; Capítulo 162 / Volume 2 ATLS: Advanced Trauma Life Support for Doctors. American College of Surgeons. 10 a edição. 2018 - Capítulo 2 e 4 Fenili, R., Alcacer, J. A. M., & Cardona, M. C. (2002). Traumatismo Torácico: uma breve revisão. ACM arq catarin med, 31(1-2), 31-6. Rodrigues Junior, M., & Marra, A. R. (2004). Quando indicar a oxigenoterapia hiperbárica?. Revista da Associação Médica Brasileira, 50(3), 240-240. Rodrigues Junior, M., & Marra, A. R. (2004). Quando indicar a oxigenoterapia hiperbárica?. Revista da Associação Médica Brasi leira, 50(3), 240-240. Sanar Residência
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