Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 1 DOENÇAS DOS ANIMAIS NO ABATE (SUINOS E AVES) As aves Industriais podem ser categorizadas segundo a sua função: Frango de Corte, Poedeiras Comerciais ou Aves de Reprodução. Cada categoria apresentará características físicas adequadas para a função. Aves Jovens: são aquelas que não possuem Barbela e nem Crista bem desenvolvidas. Essas aves são destinadas ao corte, já que estes não atingem a maturidade sexual e são abatidos com 40-42 dias; Aves Adultas: são aquelas que possuem Barbela e Crista bem desenvolvias. Essas aves podem ser destinadas à reprodução, ou então serem poedeiras. Entretanto, o que irá separar as duas classificações será́ a conformação corporal, sendo as Aves de Reprodução aquelas com maior conformação corporal (podem chegar à 7kg, enquanto as poedeiras pesam cerca de 3kg). São animais vertebrados endotérmicos, cobertos com penas, dotados de membros anteriores (asas) e membros posteriores com função de locomoção bipedal. Possuem a temperatura corporal mais alta entre os animais (41-42°C), com sacos aéreos dispostos por todo o corpo e ossos pneumáticos. As penas tem a função de isolamento térmico, impermeabilização, camuflagem, auxílio no voo e na natação. São trocadas anualmente, sendo esse processo de troca de penas conhecido como muda. Possuem Cérebro, Traqueia, Esôfago, Papo, Pulmão, Coração, Fígado, Baço, Moela, Rim, Intestino, Cloaca e Oviduto. • Pulmão: consiste em uma estrutura rígida sem complacência, sem elasticidade, aderido às Costelas da ave e de coloração rosa claro. Este não possui a capacidade de expansão. Sua função é fazer a troca gasosa. • Sacos Aéreos: os Galináceos possuem 9 Sacos Aéreos no total, sendo estes separados em pares (Caudais Torácicos Posteriores e Craniais), com exceção do Saco Aéreo Interclavicular, que se encontra sozinho passando apenas de uma Clavícula para a outra. Esses Sacos estão conectados ao Pulmão. São responsáveis pela expansão no momento de respiração, já que o pulmão é rígido e não consegue expandir. • Aerossaculite: consiste em uma enfermidade onde há o espessamento e opacidade dos Sacos Aéreos, possuindo conteúdo Caseoso e Fibrina. • As aves não possuem diafragma. As aves terão a cavidade chamada de Cavidade Celomática, e não há separação da Cavidade Torácica da Cavidade Abdominal. ASPECTOS GERAIS FISIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 2 • Siringe: órgão fonador, responsável pela produção e emissão de sons. Localiza-se na extremidade terminal da Traqueia e nas porções iniciais dos Brônquios Primários. • Ossos Pneumáticos: ossos mais leves os quais permitem o voo. As Galinhas dão voos baixos e curtos. • Trocas Gasosas em Contracorrente: a troca recebe esse nome pois os gases irão passar em uma direção, e os Capilares Sanguíneos irão passam em direção oposta. Essa diferença faz com que a aquisição de Oxigênio do ar atmosférico inalado seja mais rápida, como também a eliminação mais rápida de CO2 - facilitando a troca gasosa entre Sacos Aéreos e Pulmão. No processo respiratório acontecerá as seguintes etapas, necessitando de 2 ciclos para completar a troca gasosa: 1º Inspiração: os gases vão para os Sacos Aéreos Caudais, e estes irão se expandir. 1º Expiração: os Sacos Aéreos Caudais irão reduzir seu volume, forçando o ar à ir para o Pulmão, havendo a troca gasosa e retirada de CO2. 2º Inspiração: o ar vai do Pulmão para os Sacos Aéreos Craniais, e estes irão se expandir. 2º Expiração: os Sacos Aéreos Craniais irão reduzir de volume, forçando os gases à serem liberados para o ambiente. Os Mamíferos possuem a presença dos Alvéolos Pulmonares e dos Capilares Pulmonares, permeando os Alvéolos e não movimentando os gases em direções opostas, como ocorre nas aves. As aves precisam de cuidados especiais em relação à: Anestesia Inalatória: as anestesias inalarias irão ficar por mais tempo no trato respiratório das aves devido à presença dos Sacos Aéreos; Contenção: deve-se tomar muito cuidado com os Sacos Aéreos na hora da contenção, podendo levar a ave à uma Insuficiência Respiratória. Com isso, deve-se fazer a contenção das patas, colocando as asas para cima, e segurando os dedos entre elas. Estresse Térmico: as aves mais velhas começam a ter problemas com o excesso de calor, tentando fazer a dissipação desse calor através da ofegação. Entretanto, muito tempo de ofegação pode levar à um quadro de Alcalose Respiratória, reduzindo a disponibilidade de Cálcio para a formação da casca do ovo, fazendo assim com que esse ovo tenha casca mole, ou não tenha casca; Castração de Galos: em criações pequenas de subsistência, quando o criador não quer se livrar dos machos e nem comprar mais fêmeas (proporção 1:10), é feita a castração dos machos, sendo entre procedimento NÃO feito em indústrias. deve-se tomar cuidado pois o testículo do galo fica na região Dorsal, “atrás do Pulmão”, correndo um sério risco de danificar as estruturas ao realizar o procedimento. Todas as fêmeas irão nascer com 2 Ovários e 2 Ovidutos, entretanto, quando estão próximas à entrar na maturidade sexual, o lado direito irá entrar em atrofia fisiológica, fazendo com que apenas o lado esquerdo se desenvolva. O Sistema Reprodutor é composto por: • Infundíbulo: este encontra-se recobrindo o Ovário Esquerdo, e é responsável pela captura do Folículo Ovariano. Esse processo irá durar cerca de 30 minutos AVES X MAMIFEROS FISIOLOGIA SISTEMA REPRODUTOR VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 3 • Magno: este é responsável pela produção de 70% do Albúmen (Clara do Ovo). Esse processo irá durar cerca de 3 horas • Ístimo: este é responsável pela produção dos outros 30% do Albúmen. Esse processo irá durar cerca de 1 hora e 30 minutos. • Glândula da Casca ou Útero: este é responsável pela formação da casca do ovo, onde haverá pigmentos que liberam cores diferentes para a casca do ovo. A casca do ovo é maleável quando está dentro do oviduto. Esse processo irá durar cerca de 18 à 22 horas; • Vagina: este é responsável pela liberação de uma secreção que reduz a porosidade da casca do ovo; • Cloaca: este é responsável pela liberação do ovo. Quando o ovo é colocado no ambiente externo, vai adquirir a Câmara de Ar devido à diferença de temperatura, sendo a temperatura ambiente mais fria. EXAMES LABORATORIAIS NA MEDICINA DE SUPORTE À SUSPEITA CLINICA EM SANIDADE AVICOLA Deve-se saber qual é a suspeita da doença que o plantel vem enfrentando por meio dos sinais clínicos e comportamento dos animais, índice de mortalidade e índice zootécnico. Exame Sorológico: esse exame é o mais pedido para poder ajudar no diagnóstico; Isolamento Patógeno: é necessário realizar o isolamento patógeno para poder ter um diagnóstico definitivo; • Amostras Recebidas em Laboratórios de Ornitopatologia: Soro Sanguíneo, aves para necrópsia, ovos, ovos bicados e pintinhos de 1 dia. • Ovos Bicados: são os ovos que não eclodiram em pintinhos, dando a possibilidade da presença de Micoplasmose. Se houve Mycoplasma no ovo bicado, quer dizer que este está presente nas aves destinadas à reprodução • Pintinhos de 1 dia: é necessário fazer a avaliação sorológica e presença de Mycoplasma e Salmonella (via de transmissão vertical). A sorologia será feita para IgY e IgA I. IgY (IgG): vem da gema do ovo (Folículo Ovarino ligado ao Intestino). Conforme o pintinho for consumindo a gema, vai consumindo também o IgY. II. IgA: vem do Albúmen do ovo. Conforme o embrião for consumindo a clara, vai consumindo também o IgA. VETERINARIAUNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 4 Primeiro posicionamos a ave em debuto dorsal, em seguida fazemos a avaliação externa da ave, conjunto-ocular, região da narina e explorar cavidade oral, avaliar penas e plumas, cloaca e patas e avaliar também a Uropigiana. I. Doenças Respiratórias: irão causar um quadro de conjuntivite, sendo possível visualizar na avaliação da mucosa Conjuntivo- Ocular. II. Penas e Plumas: buscar ectoparasitas. Poedeiras e reprodutoras tendem a ter problema de Ácaros, Piolhos e etc III. Pata: para ver se tem Calo ou abrasões, podendo indicar excesso de animais no mesmo local, deixando a cama dura. Logo depois, realizada a retirada de penas do ventre da ave para iniciar a necrópsia. Em seguida, deslocamento da articulação coxofemoral bilateral para esterilização da carcaça, abertura da pele para verificar se há presença de petéquias, hematomas, hemorragias, etc. Avaliação dos vasos linfáticos da região cervical e visualização da traqueia e esôfago, exploração da cavidade celomática, com a exploração dos sacos aéreos, retirada dos ossos do peito e retirada de órgãos (fígado, conjunto digestivo e cloaca). Cortamos a região do bico, fazendo a extração e avaliação da traqueia, laringe, esôfago, papo, coração e pulmão, fazemos a extração do oviduto e ovário esquerdo, extração dos rins. É uma das partes mais difíceis, pois ficam bem aderidos aos ossos e são muito frágeis. Se houver alguma alteração, ele irá aumentar de volume, não ficando próximo à musculatura. É feita a avaliação bilateral do nervo ciático. É importante pois serve para dar o diagnóstico da doença de Marek, sendo a lesão unilateral em Nervo Ciático um sintoma Patognomônicos dessa doença. O normal é ele estar branco, fino e liso - alterações como espessamento ou amarelamento são indicativos da doença. Deslocamento da Articulação Femorotibial para ver se há alteração articular. A Cartilagem deve estar lisa e brilhante, com pouco líquido articular aparente, exploração da tíbia para ver se há condroplasia tibial e descolamento da Articulação Atlanto-Occipital para avaliação da Cabeça. Deve-se avaliar os Olhos e Seios Nasais (conteúdo Caseoso e secreção em casos de doenças respiratórias), avaliar o Globo Ocular (ver se há Conjuntivite), e extrair o Encéfalo (uma das partes mais difíceis, sendo necessários, pois há doenças que podem alterar o Encéfalo – Ex: Encefalomielite Aviaria – Acidente cerebral vascular). Exploração do Baço, sendo este bem redondo, pequeno e de coloração vinho, avaliação do Fígado, sendo este com bordos finos e coloração vinho, avaliação da Moela e Pró-Ventrículo. A Influenza Aviária e a Doença de Newcastle irão causar hemorragia na intersecção do Pró-Ventrículo com a Moela, avaliação do Intestino, tendo este que ser todo aberto, com o Ceco tendo um conteúdo pastoso. Deve-se explorar a Mucosa e o conteúdo e procurar por Eimeria (Coccidiose), avaliação da Bursa de Fabrício, podendo acessar pelo Dorso. Essa Bursa é um órgão linfoide primário responsável pela maturação dos Linfócitos B, exploração do Ovário e Oviduto e avaliação dos Rins. Doenças como Bronquite e Doença de Gongoro fazem com que os rins fiquem aumentados e prensados por causa do acúmulo de líquido. NECRÓPSIA DE AVES VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 5 • Ornitopatologia: ciência dedicada ao estudo das doenças das aves. As enfermidades estudadas podem acometer não só aves de produção, mas também aves de companhia. Existem algumas enfermidades que são mais graves e necessitam de mais atenção, com isso, foi criado o PNSA (Programa Nacional de Sanidade Avícola) as quais necessitam de notificação compulsória. I. Doença de Newcastle: etiologia viral. Possui potencial zoonótico. I. Infiuenza Aviária: etiologia viral e possui potencial zoonótico. Essa doença é considerada exótica no Brasil, ou seja, nunca houve relato dessa doença em granjas no Brasil (China e Europa). Entretanto, essa é monitorada mesmo assim devido à alta mortalidade que ela possui, além da capacidade de disseminação que ela tem, podendo causar uma pandemia. II.Micoplasmose Aviária: etiologia bacteriana. III.Salmonelose Aviária: etiologia bacteriana. Possui potencial zoonótico CARACTERISTICAS GERAIS DAS DOENÇAS CONTIDAS NO PNSA Elevado grau de mortalidade nos animais; rápida disseminação entre os animais; causam o embargo sanitário, causando prejuízo para a economia mundial (Brasil se encontra em 1º no ranking de exportação de carne de frango). OIE: consiste na sigla para “Organização Mundial de Saúde Animal”, sendo este o órgão à receber a notificação compulsória em casos de confirmação de algumas das doenças listadas pela PNSA. Casos de Suspeitas: em caso de suspeita de qualquer uma das 4 doenças citadas pela PNSA, se faz necessário o sacrifício sanitário. DOENÇAS QUE ACOMETEM AS AVES VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 6 DOENÇAS DOS ANIMAIS NO ABATE (SUINOS E AVES) São doenças causadas por bactérias do gênero Mollicutes, as quais acometem principalmente Galinhas e Perus. • Agentes Etiológicos: existem 3 agentes etiológicos para a Micoplasmose Aviária - cada um é responsável por um quadro clínico diferente. I. Mycoplasma gallisepticum (MG): é responsável pela Doença Crônica Respiratória (DCR) das Galinhas e as Sinusites Infecciosas nos Perus (em achado de necrópsia, é possível notar também a presença de Aerossaculite); Mycoplasma gallisepticum (MG) + Bactérias (principalmente E. coli): são responsáveis pela Doença Crônica Respiratória Complicada (DCR Complicada) em Galinhas e Perus. Infecção por Mycoplasma gallisepticum em galinhas. (A) Traqueia com hiperplasia do epitélio difusa acentuada e ausência de cílios (asterisco). HE, obj.40x. (B) Pulmões com broncopneumonia fibrinonecrótica e colônias bacterianas (seta) circundadas por células gigantes multinucleadas. HE, obj.10x. (C) Pulmões com hiperplasia do tecido linfoide peribronquial (BALT) acentuada (asterisco). HE, obj.10x. (D) Seios nasais com infiltrado linfoplasmocitário difuso moderado na mucosa (seta). HE, obj.20x. (E) Conjuntiva com infiltrado linfoplasmocitário difuso moderado (seta). HE, obj.20x. (F) Coração com pericardite aguda caracterizada por exsudato de fibrina (seta) acompanhada por infiltrado de heterófilos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos (asterisco). HE, obj.20x II. Mycoplasma meleagridis (MM): responsável pela Aerossaculite Infecciosa nos Perus, podendo causar outros quadros respiratórios. Todo quadro de aerossaculite leva à condenação de carcaça no abatedouro. III. Mycoplasma synoviae (MS): responsável pela Sinovite Infecciosa das Galinhas e Perus, podendo causar um quadro brando no Complexo Respiratório – tropismo pela Articulação. VETERINARIA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @liviarufiino.vet 7 A transmissão pode ocorrer via Horizontal ou via Vertical: I. Horizontal Direta: contato entre aves, sendo uma estando saudável e a outra doente, e essa última liberando secreção nasal com a bactéria, fazendo com que a ave saudável tenha contato com essa secreção II.Horizontal Indireta: ocorre através de fômites e pessoas contaminadas. Vertical: essa forma de transmissão ocorre através do ovo, isto é, a reprodutora possui a bactéria no organismo. Pode-se ter mortalidade embrionária no período de incubação (19 à 21 dias) ou então pode-se ter a presença de ovos bicados, onde haverá a tentativa falha da saída do pintinho, já que este está muito fraco. Quando houver a possiblidade detransmissão da doença via vertical, deve-se focar na Casta de Reprodução. Secreção nasal, com placas de ração aderidas ao Bico, além do pescoço esticado, sendo está a postura ortopneia, indicando dificuldade respiratória. Haverá também conjuntivite, lacrimejamento e olhos semifechados/ cerrados. • Sonolência • Prostração • Inapetência • Penas eriçadas / arrepiadas • Baixos índices zootécnicos • Crista murcha e caída VIAS DE TRANSMISSÃO ALTERAÇÃO EM COMPLEXO RESPIRATÓRIO
Compartilhar