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Aluno: Davi de Aguiar Portela (0001418) Medicina – 4º Período Palestras SOI IV – Semana 01 Glicocorticoides Corticoides (GC) As duas glândulas adrenais pesam aproximadamente 4 g e estão localizadas nos polos superiores dos rins, altamente irrigadas de vasos sanguíneos; São compostas por duas camadas: o córtex (glicocorticoides, mineralocorticoides e androgênios) e a medula (catecolaminas – adrenalina e noradrenalina); O córtex possui 3 zonas distintas, que produzem hormônios a partir do colesterol: o Zona glomerulosa: produção de mineralocorticoides (aldosterona); o Zona fasciculada: produção de glicocorticoides (cortisol); o Zona reticular: produção de androgênios SÍNTESE E LIBERAÇÃO A síntese de cortisol é regulada pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), secretado pela adenohipófise em resposta a liberação de corticotrofina (CRH) pelo hipotálamo. Essa liberação pode ocorrer por meio de tensão física ou emocional, ação de drogas (adrenalina), níveis reduzidos de cortisol, que vão estimular o hipotálamo a produzir CRF. O cortisol é produzido de forma rítmica, cíclica com pico as 8 horas e mínima liberação entre as 18 a 24 horas. ETAPAS DO MECANISMO DE AÇÃO Os glicocorticoides demoram a agir porque parte do mecanismo de ação é intracelular; O fármaco tem que atravessar a membrana plasmática, passar pelo citoplasma, romper a carioteca, romper a membrana nuclear e só assim chega no núcleo. 80% do cortisol é transportado, na corrente sanguínea, ligado a proteína plasmática carreadora específica globulina fixadora de cortisol – transcortina. Os GC ligados a transcortina e a albumina não são biologicamente ativos. 1. A molécula de glicocorticoide entra na célula por difusão passiva; 2. Liga-se a um receptor citoplasmático próprio que a leva ao núcleo; 3. Ocorre alteração na transcrição de genes vinculados a inflamação e a imunidade; 4. Ocorre a transrepressão. AÇÃO DOS GLICOCORTICOIDES Os GC, são fármacos de origem esteroide que tem a capacidade de controlar a expressão gênica favorecendo a produção de substâncias anti-inflamatórias como a lipocortina que inibe a fosfolipase-A2, interrompendo a cascata do ácido araquidônico. Ao interromper essa cascata, eles promovem uma ação anti-inflamatória: Além disso, eles atuam na fisiologia da glicose da seguinte forma: o Aumentando a taxa de glicose no sangue, ou diminuindo a síntese de insulina; o Atua nas células beta e liberando a síntese de glucagon, que quebra o glicogênio e libera glicose no sangue. Hormônios contrarreguladores: adrenalina, glucagon, cortisol e GH. Ação anti-inflamatória Inibe a fosfolipase A2, não produzindo o ácido araquidônico e, consequentemente, as lipoxigenases, COX1 e COX2 (prostaglandinas). o Reduzir a migração e fixação de eosinófilos, basófilos e neutrófilos; o Inibem a síntese de citocinas; o Diminuem o número de linfócitos periféricos. Ação Catabólica Induz a gliconeogênese hepática (aumento do aporte energético). Induz a glicogênese hepática (aumento da hiperglicemia). Aumento da síntese e liberação de insulina estimulação da lipogênese em tecidos diversos. Ação nos Rins Equilíbrio hidroeletrolítico aumento da reabsorção de Na+ e da excreção de K+ e de H+ (aumento da pressão arterial). Ação Vascular Aumento da pressão arterial e intensificação da reatividade vascular (aumento de NO, de angiotensina e de vasodilatadores). Ação Óssea Redução de osteoblastos e aumento de osteoclastos diminuição da síntese óssea. Redução da reabsorção intestinal de cálcio e aumento da excreção urinaria de cálcio. Hiperparatireoidismo secundário. Ação Cutânea Redução de fibroblastos redução da elasticidade da pele (aparecimento de estrias). Ação no Sistema Nervoso Central Melhora do humor, euforia, insônia, inquietação e aumento da atividade motora; ansiedade, depressão ou psicose. Glicocorticoides Exógenos Tanto o cortisol quanto seus análogos sintéticos são bem absorvidos pelo trato gastrointestinal. Ação curta (1 a 12h): o Hidrocortisona efeito anti-inflamatório e retentor de sal (dose de ataque) o Cortisona efeito anti-inflamatório e retentor de sal (dose de ataque) Ação intermediária (12 a 36h): o Predinisona efeito anti-inflamatório; o Predinisolona efeito anti-inflamatório; o Metilpredinisolona efeito anti- inflamatório; o Triancinolona efeito anti-inflamatório. Ação longa (36 a 55h): o Betametazona efeito anti- inflamatório; o Dexametazona efeito anti- inflamatório. FARMACOCINÉTICA Absorção Via oral, espaços sinoviais, saco conjuntival, pele e trato respiratório, intramuscular, intravenosa. Transporte na corrente sanguínea Forte ligação com duas proteínas plasmáticas: globulina de ligação dos corticosteroides e albumina. Metabolismo Biotransformação hepática Pacientes hepatopatas podem ter alteração de efeito, porque o corticoide tem a biotransformação hepática bem intensa. Excreção Excreção, principalmente, ocorre por meio renal, sendo as excreções biliar e fecal sem importância. EFEITOS INDESEJADOS DOS GC Os efeitos indesejáveis dependem da dose utilizada e da duração do tratamento, sendo dois grupos principais de efeitos indesejáveis o Dependentes da retirada do fármaco após uso prolongado (exacerbação do processo patológico em tratamentos, insuficiência suprarrenal aguda); o Exacerbação dos efeitos fisiológicos dos GC (na sua expressão máxima, a síndrome de Cushing); USO TERAPÊUTICO o Distúrbios reumáticos: lúpus, artrite reumatoide, osteoartrite, tendinite, bursite; o Doenças renais secundarias ao lúpus o Doenças alérgicas: urticaria medicamentosa, picadas de animais; o Asma brônquicas e outras afecções pulmonares; o Glicocorticoides inalatórios (beclometasona, budesonida); o Doenças oculares, cutâneas, infecções, hepáticas; o Glicocorticoides podem ser administrados localmente, atingindo concentrações muitas vezes mais altas que a concentração plasmática normal e minimizando os efeitos adversos sistêmicos. GLICOCORTICÓIDES NAS PARASITOSES Quando um paciente com parasitas helmintos ingere glicocorticoides, ocorre um fenômeno chamado hiperinfecção, que é caracterizado por um ciclo de autoinfecção interna e externa acelerado. Isso ocorre porque o medicamento inibe a resposta das células Th2, que são responsáveis por combater os helmintos, favorecendo: o Autoinfecção externa e interna; o Ovoposição pela fêmea parasita; o Conversão de larvas rabditoides em filarioides. Referências: 1. KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, Anthony J. Farmacologia Básica e Clínica- 13. McGraw Hill Brasil, 2017. 2. WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada-6ª Edição. Artmed Editora, 2016.
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