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1.Aminoácidos (abreviação = aa(s)) 1.1. Introdução Quimicamente aas seriam todos os derivados de ácidos carboxílicos nos quais um hidrogênio estaria substituído por um grupo amínico em qualquer posição da cadeia carbônica (Figura 1) Com exceção da glicina, que é o aminoácido mais simples e onde R=H Todos os aas apresentam atividade ótica desviando a luz polarizada para a direita ou para a esquerda, denominadas D-aminoácido e L- aminoácido (Figura 2). Embora os aas possam existir nas duas configurações, os compostos que ocorrem na natureza tem a configuração L. Racemização do aminoácido (conversão parcial de L-aminoácido em D-aminoácido), ocorre com o processamento térmico em pH alcalino, hidrólise ácida da proteína, assim como aquecimento em temperatura acima de 200C. 1.2. Classificação Se baseia na polaridade dos radicais R, ligados ao carbono: a) Aas nos quais R é não polar ou hidrofóbico: alanina, fenilalanina*, glicina, isoleucina*, leucina*, metionina*, prolina, triptofano*, valina* b) Aas nos quais R é polar mas sem cargas: tem grupos polares como hidroxilas, sulfidrilas, etc. Tem capacidade de formar ligações de hidrogênio. São: asparagina, cisteina, glutamina, serina, tirosina, treonina* c) Aa nos quais R é carregado positivamente: as cargas positivas são causadas por um segundo grupo amínico, são denominados básicos. São: arginina, histidina, lisina* d) Aa nos quais R é carregado negativamente: a carga negativa é causada pela presença de um segundo grupo carboxílico, e são os denominados aa ácidos. São: ácido aspártico e ácido glutâmico. Aas essenciais – marcados com * 1.3. Propriedades Os aas são sólidos incolores, cristalinos, que fundem com decomposição a altas temperaturas; alguns sublimam. São solúveis em água, insolúveis em solventes orgânicos, principalmente os de baixa polaridade. São geralmente solúveis em soluções diluídas de ácidos e bases, nas quais se encontram na forma de sais. A solubilidade desses compostos é altamente influenciada pelas cadeias laterais; aa em cuja cadeia lateral existam substituintes hidrofílicos, formarão ligações de hidrogênio com a água, sendo mais solúveis nesse solvente do que os aa com cadeias laterais não polares. Podem ter sabor amargo (hidrofóbicos e de baixo peso molecular) ou doce ou ainda serem completamente sem sabor. Exemplo: Alguns queijos, onde a proteólise foi intensa podem apresentar o sabor amargo devido aos aa formados. O sal de sódio do ácido glutâmico (glutamato monosódico) é amplamente utilizado em alimentos pela sua propriedade de conferir o gosto umami realçando o “flavor” dos alimentos. São capazes de formarem amidas pela interação intermolecular entre grupos carboxílicos e amínicos, permitindo a formação de ptns, e a ligação –NHCO- é denominada ligação peptídica (Figura 3). Ligados entre si, os aas formam longas cadeias, em várias estruturas geométricas e combinações químicas para formar as ptns. 2. Proteínas (ptns) As ptns são componentes essenciais a todas as células vivas e estão relacionadas à quase todas as funções fisiológicas: Regeneração de tecidos; Catalisadores nas reações químicas (enzimas e hormônios); Necessárias nas reações imunológicas; Indispensáveis na reprodução e crescimento juntamente com os ácidos nucléicos; Constituem o elemento estrutural do organismo animal; Constituem materiais reguladores. Ex. Tirosina que regula metabolismo energético; Insulina que regula o teor de açúcar no sangue; Hemoglobina que carrega O2 dos pulmões aos tecidos; Participa na digestão dos alimentos (enzimas). Composição: As ptns contêm C (50 a 55%); H (6 a 8%); O (20 a 24%); N (15 a 18%) e S (0,2 a 0,3%). Quimicamente são polímeros de alto peso molecular (acima de 10000Da), cujas unidades básicas são os aas ligados entre si por ligações peptídicas (Figura 4) formando longas cadeias, em várias estruturas geométricas e combinações químicas para formar as ptns específicas, cada qual com sua própria especificidade fisiológica, como por exemplo, as ptns actina e miosina tem função estrutural; a insulina tem função reguladora da glicose no sangue. A condensação de menor número de aas forma compostos de peso molecular relativamente baixo (até 10000Da), chamados peptídeos, que são classificados de acordo com o número de unidades de aas, em di-, tri-, tetrapeptídeos. Se o composto for formado por menos de 10 unidades de aas, são denominados oligopeptídeos ficando reservada a denominação polipeptídeos para os compostos com mais de 10 unidades. As estruturas e propriedades das ptnas e dos peptídeos também são diferentes; em geral os peptídeos ao contrário das ptns tem cadeia reta, são solúveis em água, não coagulam pelo calor. 2.1. Classificação das ptns A- Ptns simples ou homoprotinas São substâncias que por hidrólise total resultam em aas como únicos produtos. São classificadas de acordo com sua solubilidade, em: albuminas: solúveis em água e em soluções fracamente ácidas ou alcalinas; coagulam pela ação do calor. Exemplo: clara do ovo (ovalbumina); leite (lactalbumina); ervilha (legutimina) globulinas: praticamente insolúveis em água, mas solúveis em soluções de sais neutros. Exemplo: músculo (miosina); ervilha (legumina) glutelinas: ptns encontradas somente em vegetais. São insolúveis em água, mas solúveis em soluções diluídas de ácidos e bases. Exemplos: trigo (glutenina); arroz. prolaminas: ptns encontradas somente em vegetais. São insolúveis em água e etanol absoluto, mas solúveis em etanol 50 e 80%. Exemplos: trigo e centeio (gliadina); milho (zeína); cevada (hordeína). protaminas: ptns de baixo peso molecular, constituídas aproximadamente de 80% de arginina, e portanto fortemente alcalinas. São solúveis em água e em soluções fortemente ácidas formam sais estáveis. São encontradas combinadas com ácido nucléico, no esperma de peixes, como salmão, sardinha e arenque. histonas: ptns de baixo peso molecular, e de caráter básico. São solúveis em água e em soluções diluídas de ácidos e bases. São encontradas combinadas com ácido nucléico. Exemplo: ptns extraídas da glândula timo da vitela. escleroptns: são as ptns mais insolúveis. Pertence a esta classe a queratina, proteína da pele e cabelos (tecidos epiteliais) e o colágeno, proteína dos tendões e ligamentos (tecidos conectivos). B- Ptns conjugadas As ptns se encontram combinadas a uma parte não protéica, denominada grupo prostético, numa relação de 1:1 (exceto as fosfoptns). A fração proteica possui grande estabilidade em relação a agentes desnaturantes. São classificadas de acordo com a natureza da parte não proteica, em: cromoproteinas: o grupo prostético é constituído de um pigmento como clorofila, riboflavina, carotenóides, pigmentos biliares e heme, este último constituíndo o grupo prostético da hemoglobina e da mioglobina. lipoproteinas: o grupo prostético é constituído por um lipídeo, como lecitina ou colesterol. nucleoproteinas: o núcleo prostético são ácidos nucleicos, que são polímeros contendo carboidratos, ácido fosfórico e bases nitrogenadas glicoproteinas (mucoproteinas): o núcleo prostético é constituído de carboidratos. Exemplo: mucina, encontrada no suco gástrico fosfoproteinas: combinadas com ácido fosfórico, como a caseína metaloproteinas: combinados com metais pesados C – Ptns derivadas São compostos não encontrados na natureza, mas obtidos por degradação (proteólise) de ptns simples ou conjugadas, pela adição de ácidos, bases ou enzimas. De acordo com o peso molecular, podem ser classificadas em: proteinas derivadas primárias: formadas a partir de processos brandos de decomposição que causam mudanças nas suas propriedades proteinas derivadas secundárias: posterior clivagem da cadeia peptidica, formando moléculas de diferentes tamanhos,com diferentes composições e diferentes propriedades. Outra classificação - de acordo com sua estrutura, podem ser: Globulares: são ptns de forma esférica ou elipsoide causadas pelas dobras ou enrolamentos da cadeia ou cadeias proteicas. Por serem solúveis em água, são as mais importantes, uma vez que as reações químicas que acontecem no organismo, se dão em meio aquoso. Fibrosas: são ptns formadas pelo agrupamento linear das proteinas; são insolúveis em água e tem funções estruturais como a queratina e a fibrina. Outra classificação – de acordo com seu valor biológico (VB), as ptns podem ser: De alto VB: proteína completa porque apresenta os aas em teores necessários a manutenção da vida e crescimento dos novos tecidos. De baixo VB: não tem os aas em teores adequados. Ex.: frutas e hortaliças Parcialmente completas: apresenta um ou mais aas limitante. Ex: cereais (deficientes em lisina, triptofano e treonina) e leguminosas (deficientes em metionina). 2.2. Estrutura das ptns Estrutura primária: sequência dos aas na sua cadeia peptídica, sem levar em conta outros tipos de ligações. Esta sequência é única para cada proteína. Estrutura secundária: as cadeias peptídicas são dobradas ou enroladas sobre si mesmas, podendo adquirir várias conformações. São estruturas helicoidais ou folhas pregueadas. Os grupos -NH das ligações peptídicas estão unidos aos grupos C=O por ligações de hidrogênio. Estrutura terciária: arranjo espacial obtido pelas dobraduras e enrolamentos da estrutura secundária. Envolve a otimização de várias interações (hidrofóbicas, eletrostáticas e de van der Waals) e pontes de hidrogênio entre vários grupos na estrutura da proteína. As estruturas secundária e terciária conferem à proteína a sua estrutura tridimensional. Estrutura quaternária: envolve a associação de subunidades terciárias de ptns. Para sua estabilização concorrem ligações iônicas, pontes de hidrogênio, forças de van der Waals, pontes bissulfeto e interações hidrofóbicas. 2.3. Algumas ptns importantes em alimentos a) Ptns da carne miosina: é uma globulina, obtida do músculo por extração com soluções fracamente alcalinas ou soluções de sais; as ligações peptídicas são rompidas pela enzima tripsina actina: proteína do músculo que junto com a miosina forma o complexo actomiosina, responsável pela contração muscular colágeno: proteína do tecido conectivo e influencia na textura da carne (rigidez). Uma fração do colágeno parcialmente solubilizado é a gelatina, uma proteína solúvel em água quente e forma géis por resfriamento. Rica em arginina e glicina. b) Ptns do leite caseína: fosfoproteina que se liga ao cálcio e constitui aproximadamente 80% das ptns do leite. Coagula pela ação da renina, enzima encontrada no suco gástrico, e pela ação de ácidos. Quando a caseína é precipitada, na solução sobrenadante denominado soro, restam duas ptns lactoalbumina e lactoglobulina: ptns do soro c) Ptns do ovo clara: tem uma mistura de ptns muito diferentes entre si. A ovalbumina constitui 50% das ptns totais, e pode ser desnaturada por agitação, e coagula por aquecimento. A conalbumina, coagula pelo calor a temperaturas mais baixas do que a ovalbumina (abaixo de 60oC). A ovomucóide que é uma glicoproteína é facilmente desnaturada pelo calor. Outra glicoproteína é a ovomucina que é resistente ao calor. A avidina, outra proteína da clara de ovo, que tem a propriedade de se ligar à biotina, impedindo ação dessa vitamina (em clara de ovo crua) gema: lipovitelina (fosfolipídeo), fosfovitina, livitina d) Ptns do trigo prolamina (gliadina): extração com etanol a 70% glutelina (glutenina): a mais insolúvel das ptns do trigo (devido ao seu elevado peso molecular), solúvel em soluções alcalinas. Estas duas ptns combinadas possuem a propriedade de formar com água uma substância elástica e aderente, insolúvel em água, o glúten. 2.4. Propriedades das ptns A) Propriedades físicas: As ptns são compostos sem odor e sem sabor. A solubilidade das ptns depende do número de grupos hidrofílicos e hidrofóbicos e da distribuição desses grupos na molécula. Essa propriedade varia entre limites muito amplos, e o comportamento das ptns com relação a diferentes solventes, é um dos critérios empregados para a classificação das ptns simples. B) Propriedades químicas: As ptns possuem caráter anfótero (agem como ácido ou como base), uma vez que são compostos com grande número de cargas positivas e negativas, provenientes dos grupos amínicos e carboxílicos livres dos resíduos de aaa carregados positivamente ou negativamente. Soluções de ptns tem excelente ação tamponante, devido ao grande número de grupos que podem interagir reversivelmente com prótons, num intervalo grande de pH. Em determinado pH, específico para cada proteína, as cargas positivas e negativas vão se igualar. É o ponto isoelétrico (pI) das ptns, onde a soma total das cargas elétricas será igual a zero. Nesse ponto, a solubilidade em água, a viscosidade e a capacidade de entumescimento das ptns atingem o mínimo. C) Propriedades funcionais (determinam sua utilização) As principais propriedades funcionais das ptns são aquelas que tornam as ptns capazes de contribuir para as características desejáveis de um alimento. A funcionalidade das ptns é definida pelas propriedades física e química que afetam o seu https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 comportamento no alimento durante o processamento e armazenamento. Estas propriedades são: a forma (globular ou fibrosa); o tipo de estrutura (primária, secundária, terciária, quaternária); composição e sequência de aa; carga líquida e sua distribuição; relação hidrofobicidade/hidrofilicidade; habilidade de reagir com outros componentes. É muito difícil uma classificação das propriedades funcionais que seja universal. Uma propriedade funcional poderá ser a expressão de uma ou mais propriedades físicas e químicas das ptns que podem se modificar em diferentes condições de tratamento dos alimentos e em interação com outros compostos. Uma classificação das propriedades funcionais está descrita a seguir: a) Propriedades de hidratação: dependem das interações entre água e ptns e compreendem propriedades como: absorção e retenção de água, molhabilidade, formação de gel, adesividade, dispersibilidade, solubilidade e viscosidade. b) Propriedades relacionadas com interações proteína-proteína: a este grupo pertencem propriedades como: formação de gel, coagulação, formação de estruturas (glúten). c) Propriedades de superfície: emulsificação, formação de espuma, formação de películas. Estas propriedades não são totalmente independentes uma das outras. Por exemplo: a formação de gel não envolve apenas interações tipo proteína-proteína, mas também água-proteína. No Quadro 1 estão descritas algumas propriedades funcionais de ptns de alimentos e sua utilização no processamento de alimentos. Por exemplo: o ovo (especificamente a clara) tem uma proteína que tem a propriedade de formar espuma e esta propriedade é utilizada para elaboração de coberturas, bolos, sorvetes. 2.5. Alterações da proteína durante o processamento de alimentos Diversas reações durante o processamento e armazenamento podem ocorrer, acarretando alterações na proteína. Como resultado, as ptns podem apresentar perdas de funcionalidade e qualidade nutricional, bem como alterações desejáveis e indesejáveis do flavor e aumento do risco de toxidez. As alterações importantes que afetam as ptns incluem aquecimento na presença e ausência de carboidratos, pH extremos (particularmente alcalino) e exposiçãoa condições oxidativas (Figura 6). https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 A) Desnaturação de ptns É definida como alteração da conformação da molécula, acarretando a perda de sua atividade biológica e funcionalidade. Na desnaturação não ocorre mudança na conformação da estrutura primária da proteína, mas de todas as outras, ocorrendo um desenrolamento das cadeias peptídicas. Causas: Diversos tratamentos são utilizados no processamento de alimentos e vários podem provocar a desnaturação da proteína. Estes incluem aquecimento, agitação, alteração de pH e concentrações salinas, diferentes aditivos, etc. Geralmente, o efeito desnaturante final é provocado pela combinação de vários fatores, os quais rompem a conformação original da proteína. Consequências: a insolubilização das ptns, aumentando a viscosidade do alimentos; ptns com ação enzimática são inativadas. Diferentes ptns são desnaturadas em diferentes temperaturas. O calor fornece energia para romper as interações não covalentes (pontes de hidrogênio e ligações iônicas) que estabilizam a estrutura nativa da proteína, expondo e permitindo a interação de grupos hidrofóbicos em seu interior. As ptns são, em sua maioria, desnaturadas quando expostas a moderado aquecimento (60-90°C, 1h ou menos). A estabilidade da proteína aumenta com a solvatação, como no caso das ptns globulares. Neste tipo de proteína, os aas hidrofóbicos se localizam na parte interna dos glóbulos, enquanto os grupos polares estão situados na parte externa e expostos ao solvente (água). Devido a esta organização, camadas de água são ligadas à superfície da proteína (0,2 a 0,5g de água/g de proteína). A hidratação aumenta a estabilidade à desnaturação e à subsequente precipitação. A reação de ptns (grupos aminas) através de pontes metilênicas com o formaldeído (constituinte da fumaça), provoca a desnaturação das ptns, escurecimento do produto e diminuição de alguns aa. Benefícios: Do ponto de vista nutricional, a desnaturação parcial melhora a digestibilidade e a disponibilidade biológica de aa essenciais. B) Alteração da solubilidade A solubilidade é o resultado global das interações atrativas e repulsivas entre moléculas do solvente e do soluto; é favorecida quando há interações repulsivas entre moléculas de soluto e atrativas entre moléculas do soluto e do solvente. As interações eletrostáticas são a base da solubilidade de moléculas polares neutras e com cargas em solventes polares. A insolubilidade completa das ptns produz um precipitado, que ocorre quando várias moléculas do polipeptídeo se aproximam produzindo agregados de proteína suficientemente grande para serem visíveis. https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 A solubilidade das ptns em diferentes solventes varia conforme a distribuição de aas hidrofóbicos e hidrofílicos na superfície da proteína (Figura 7). Figura 7 – Distribuição de cargas e grupos hidrofóbicos na superfície da proteína A solubilidade depende da presença de substâncias não protéicas como compostos fenólicos, que se ligam às ptns através de pontes de hidrogênio, diminuindo sua solubilidade, formando assim um precipitado. Na indústria cervejeira isto é um problema, já que a proteína da levedura e do grão se complexam com o tanino do lúpulo e grão, formando um precipitado durante o resfriamento da cerveja. Este problema é contornado pela adição de enzimas (papaína) que hidrolisam a proteína, prevenindo a interação com o tanino. O pH tem grande influência sobre a solubilidade, pois altera o grau de dissociação dos grupamentos. A solubilidade varia conforme os valores de pH. O ponto de solubilidade mínima é igual ou próximo ao ponto isoelétrico (pI), que corresponde ao valor de pH no qual a proteína possui carga global igual a zero, o que leva a um aumento da agregação devido à menor repulsão. A Figura 8 mostra a relação do pH da carne com a solubilidade de sua proteína (CRA = capacidade de retenção de água). Figura 8 – Influência do pH na capacidade de retenção de água (CRA) em carne. De acordo com a Figura 8, vemos que o pI do músculo está em torno de 5,4, onde não há repulsão entre as moléculas, portanto a CRA (solubilidade) é menor. Quando o animal é submetido ao stress antes do abate, ocorre a formação de ácido lático durante sua respiração, diminuindo o pH, atingindo o pI e diminuindo a CRA do músculo, obtendo consequentemente uma carne mais “seca”. Com o aumento da dissociação dos grupos funcionais da proteína em ambos os lados do PI, ocorre predominância das cargas repulsivas adjacentes e a capacidade de retenção de água aumenta. A adição de sais provocam alterações na solubilidade de ptns e dependendo da concentração destes sais, pode resultar nos fenômenos conhecidos como salting-out e salting-in: Salting-out: adição de sais promovem o aprisionamento de moléculas de água, que tornam-se escassas, ocasionando maior interação proteína-proteína, ocorrendo a agregação (precipitação). Método comumente usado para separação ou concentração de ptns. Salting-in: a redução na concentração de sais induz interações iônicas. Os sais mais utilizados são aqueles que apresentam elevada solubilidade, como citratos, sulfatos e fosfatos. https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059 O efeito da adição de sais afeta a hidratação de ptns e sua capacidade de retenção de água (CRA). No processamento de carnes, a adição de fosfato (e também NaCl – 3 a 4% como limite) promove a interação com íons de cálcio (ligados à proteína do músculo), liberando as moléculas de ptns das ligações cruzadas ocasionadas por esse cátion, e mais moléculas de água podem então ser imobilizadas pela proteína. Esse efeito resulta no aumento da CRA. Na fabricação de queijo, a precipitação da caseína é obtida pela adição da renina ao leite. A renina hidrolisa a ligação peptídica entre os aa Fen105 e Met106 da k-caseína, resultando em dois macropeptídeos: Fen-Ser-Leu-Pro-Pro...100 (hidrofóbico) e Met-Ala-Ile-Pro-Pro...110 (hidrofílico). A liberação do macropeptídeo hidrofílico aumenta as interações hidrofóbicas responsáveis pela coagulação. C) Racemização Conversão parcial de L-aminoácido em D- aminoácido Ocorre com o processamento térmico em pH alcalino, hidrólise ácida da proteína, assim como aquecimento em temperatura acima de 200°C. Causa: A racemização do aminoácido reduz a digestibilidade da proteína, em razão da ligação peptídica, que envolve o D-aminoácido, ser menos eficientemente hidrolisada pelas proteases, menos absorvida pela mucosa intestinal e não ser utilizada na síntese de uma nova proteína. D) Nutricional O tratamento térmico moderado (em torno de 100°C) provoca a destruição de aas sensíveis como cistina/cisteína e lisina. e) Digestibilidade Com o aquecimento moderado, as ptns são mais facilmente digeridas devido à alteração de sua conformação nativa, permitindo que as proteases atuem mais facilmente. No tratamento térmico mais severo (maior que 100°C), ligações isopeptídicas ou cruzadas podem ser formadas, afetando e impedindo a digestão da proteína. f) Sensorial A coloração do alimento pode ser alterada durante o aquecimento, pela interação entre o grupo NH2 da lisina e açúcares redutores (reação de Maillard) https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059https://ava.bambui.ifmg.edu.br/mod/resource/view.php?id=100059
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