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18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Espondiloartrites É um grupo de doenças inflamatórias que apresentam características clínicas comuns: • Dor axial inflamatória • Artrite periférica oligoarticular • Entesite • Ausência do fator reumatoide • Agregação familiar = HLA -B27 Espondilite anquilosante É uma doença inflamatória crônica, com acometimento preferencial pelas articulações sacroilíacas e esqueleto axial. Tem envolvimento articular periférico e de órgãos internos É mais comum no sexo masculino e com idade de 20-35 anos Etiologia Os indivíduos têm uma pré-disposição genética (HLA-B27), associado a fatores ambientais e imunológicos. Manifestações axiais A dor lombar inflamatória é a principal característica clínica • Rigidez matinal > 30 min • Melhora com atividade física e sem melhora com repouso • Despertar noturno devido à dor • Dor em nádegas alternante Tem característica ascendente: lombar, torácica e cervical Na coluna lombar, os pacientes começam a ter retificação da lordose lombar (a lordose lombar é fisiológica). Na região torácica passa a ter uma redução de expansibilidade, e na região cervical começa a ter aumento da cifose torácica As métricas servem para avaliar a capacidade de mobilidade do indivíduo: • Expansibilidade torácica: as mãos do paciente repousam sobre ou atras da cabeça. A fita é colocada no 4 espaço intercostal, e então pede para o paciente inspirar profundamente. Anotar a maior medida que o paciente conseguir • Occipício-parede e trago-parede: calcanhar e dorso apoiados na parede e queixo em posição habitual. Pede para o paciente fazer o maior esforço para posicionar a cabeça conta a parede. Registras a melhor de 2 tentativas em cm. • Rotação cervical: o paciente se senta em uma cadeira e o avaliador posiciona um goniômetro no topo da cabeça alinhando com a ponta do nariz. O paciente vira a cabeça o máximo para a esquerda, e anotar o melhor valor de 2 tentativas. O procedimento é repetido do lado direito. • Flexão axial lateral: calcanhar e dorso apoiados à parede, faz uma marca na coxa e o paciente tem que se curvar lateralmente sem fletir os joelhos ou elevar os calcanhares, e é anotada a melhor de 2 tentativas, feito dos dois lados. • Schober modificado: o pacente fica em uma posição ereta e o examinador faz uma marca em uma linha imaginaria eu liga as espinhas ilíacas, e outra marca é colocada 10cm acima. O paciente se curva ao máximo para frente e é feita a medida entre as duas marcas. Tem que aumentar pelo menos 5cm para que tenha uma mobilidade adequada. • Distancia intermaleoar: paciente separa as pernas o máximo possível, tanto sentado quanto em pé, e é medida a distância entre os maléolos mediais. 18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Manifestações periféricas • Artrite: oligoartrite, assimétrica, grandes articulações e principalmente em MMII • Entesite: inflamações na junção dos tendões e/ou ligamento nos ossos, acometem preferencialmente a inserção do tendão de Aquiles e/ou fáscia plantar. • Dactilite: sinovite + entesite (popularmente chamado de dedo em salsicha) Manifestações sistêmicas • Uveíte anterior • Psoríase • Doença inflamatória intestinal • Doença pulmonar restritiva (estágios mais tardios da doença) • Maior risco de doenças cardiovasculares Achados laboratoriais • HMG: anemia da doença crônica • Elevação de provas inflamatórias (VHS/PCR) • HLA-B27 Radiografia simples Graduação da sacroiliíte radiográfica: • Grau 0: normal • Grau 1: alterações suspeitas, como borramento na imagem • Grau 2: anormalidades mínimas, como pequenas áreas localizadas com erosão ou esclerose, sem alteração do espaço articular • Grau 3: alteração moderada, como erosões, esclerose, alteração do espaço articular estreitamento ou anquilose parcial (a articulação se funde) • Grau 4: alteração avançada, como anquilose total Critério radiológico: • Sacroiliíte grau ≥ 2 bilateralmente • Sacroiliíte grau 3 ou 4 unilateralmente Coluna em bambu: anquilose das articulações facetarias e ossificação do ligamento posterior, chamada de espondilite anquilosante. Os osteófitos começam a se ligar, e isso retira toda a movimentação do paciente Ressonância magnética Deve ser solicitada nos casos em que o Rx se apresenta normal e existe uma forte suspeita clínica. Ela permite a detecção inicial do processo inflamatório, além das alterações crônicas. Tipos de lesões típicas da articulação sacroilíaca à RM: • Lesões inflamatórias ativas, como edema de medula óssea, capsulite, sinovite e enteste • Lesões inflamatórias crônicas, como esclerose, erosões, pontes ósseas/anquilose Critérios diagnósticos Critérios clínicos: • Dor lombar e rigidez por mais de 3 meses, que melhora com exercícios, mas não é aliviada com repouso • Limitação de movimentos da coluna lombar nos planos sagital e frontal • Limitação da expansão torácica em relação aos valores normais, correlacionados para idade e sexo 18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Critérios radiológicos: • Sacroiliíte grau ≥ 2 bilateralmente ou grau 3 a 4 unilateralmente A EA é definida se o critério radiológico for associado a pelo menos 1 critério clínico Tratamento Não medicamentoso: • Educação do paciente • Fisioterapia • Terapia ocupacional • Reabilitação • Exercícios • Grupos de autoajuda Medicamentoso: • AINES: devem ser utilizados desde o início do tratamento em dose plena. O uso contínuo apresenta melhores resultados quanto aos danos estruturais da doença. • MTX/Sulfassalazina: o metotrexato é exclusivo para formas periféricas, enquanto a sulfassalazina é principalmente para formas periféricas. • Imunobiológicos (anti-TNF/anti-II-17): a recomendação é para doença ativa de moderada a grave intensidade, resposta inadequada a dois ou mais AINES por um período de 3 meses em caso axial, não resposta aos AINES + MTX+ SSZ em casos de artrite periférica em atividade. • Corticoides sistêmicos: utilizado em casos selecionados como artrite periférica persistente, com dose de até 10mg/dia de prednisona. O uso é intermitente. Artrite psoriásica É uma patologia articular, periarticular e entesopática, de natureza inflamatória, que ocorre em pessoas com psoríase. Manifestações clínicas 75% das lesões cutâneas da psoríase precedem o aparecimento das queixas articulares em um período de meses a vários anos. Nem todos os pacientes com psoríase e dor articular tem artrite psoriásica • Oligoartrite assimétrica (é a característica clínica mais comum): tem envolvimento de até 4 articulações, com comprometimento assimétrico. Acomete principalmente articulações dos MMII em especial os joelhos, somada ao envolvimento de articulações interfalangianas das mãos ou dos pés. • Poliartrite simétrica: semelhante a artrite reumatoide. Pode haver acometimento das interfalangianas distais. • Artrite com envolvimento predominante das interfalangianas distais • Artrite mutilante: representa a forma mais grave de AP, podendo acontecer destruições osseas graves que levam à reabsorção das falanges, além de anquilose óssea e o aparecimento de deformidade. • Doença axial predominante: a inflamação das articulações sacroilíacas na AP geralmente é unilateral e se apresenta com dor e rigidez na parte inferior das costas ou nádegas. O comprometimento da coluna não é contínuo como na EA, afetando vertebras e áreas não-contínuas • Olhos: uveíte anterior e conjuntivite Laboratório • Anemia normocítica e normocrômica • Reagentes de fase aguda (PCR e VHS) elevados 18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Imagem • Envolvimento IFDs • Envolvimento de articulações de mãos e pés de forma assimétrica • “Pencil in cup”: erosões e afilamento da falange proximal + proliferação óssea da base da falange distal • Destruição maciça das articulações isoladas • Esporões• Sacroiliíte assimétrica • Sindesmófitos grosseiros, assimétricos e não consecutivos Tratamento Não farmacológico: • Fisioterapia • Reabilitação precoce: reduzir o grau de incapacidade com medidas educativas, exercícios regulares e modificações de atividade devem ser orientadas • Suporte psicológico: o estresse emocional representa um fator desencadeante ou de exacerbação da crise tanto articular quanto cutânea Artrite enteropática As espondiloartrites estão associadas às doenças inflamatórias intestinais (DII): doença de Crohn e colite ulcerativa Manifestações clínicas Artrite periférica: não deformante e não erosiva Tipo 1: • Oligoarticular • Assimétrica • Grandes articulações de MMII • Associada à atividade da doença 18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Tipo 2: • Poliarticular • Simétrica • Predomina nos MMSS • Não associada à atividade da doença Axial: • Semelhante a EA: lombalgia inflamatória, sacroiliíte • Não associada à atividade da doença Lesões cutâneas • Eritema nodoso • Pioderma gangrenoso Laboratório • Anemia, leucocitose, trombocitose, VHS e PCR elevados • FR e FAN negativos • HLA-B27 presente em 55% na DC e 70% na RCU Tratamento • AINES: não é rotina • Corticosteroides: baixas doses • Sulfassalazina/Metotrexato • Anti-TNF Artrite reativa Doença sistêmica que se manifesta por uma artrite aguda e não supurativa, secundária a um processo infeccioso à distância, intestinal ou urogenital Quadro clínico • Esqueleto axial: acometimento ascendente, dor lombar inflamatória, sacroiliíte • Articular: artrite periférica oligoarticular, assimétrica, com predomínio em MMII • Entesite: tensão de Aquiles e fáscia plantar • Dactilite: sinovite + entesite • Balonite circinada • Ceratodermia blenorrágica • Lesões aftosas Síndrome de Reiter Tríade clássica: artrite reativa (oligoartrite assimétrica) + uretrite (pouco sintomática) + conjuntivite (leve, autolimitada) Laboratório • Anemia normo/normo, leucocitose, trombocitose, VSH/PCR • Cultura de fezes • Sorologia: Shigella, Salmonella • HLA-B27 18/11/2021 Clínica médica – Reumatologia Natalia Lisboa Exames de imagem • Sacroiliíte unilateral • Sindesmófitos • Erosões articulares • Periostite nos locais de entesite Diagnóstico Oligoartrite assimétrica com predomínio em MMII associada a infecção previa ou atual do TGI ou TGU Evidência de infecção precedente: • História de diarreia ou uretrite em um período de 4 semanas precedendo a artrite • Cultura de fezes positiva • Detecção de C. trachomatis no exame de urina ou no swab urogenital • Ac contra C. trachmatis Tratamento • Inflamação aguda: AINEs e corticoides • Inflamação crônica: DMARDs (SSZ e MTX) • Refratários: anti-TNF • Antibióticos: caso o paciente esteja com a doença ativa. Espondiloartrite indiferenciada Grupo de pacientes que apresentam características clínicas e/ou radiológicas sugestivas de uma espondiloartrite, mas que não preenchem os critérios diagnósticos de nenhuma das doenças definidas dentro do grupo.
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