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Estudo de Estabilidade de Produtos Farmacêuticos - 2021

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Estudo de Estabilidade de Produtos Farmacêuticos 
 
A estabilidade é definida como o tempo durante o qual a especialidade farmacêutica ou mesmo a 
matéria- prima considerada isoladamente, mantém dentro dos limites especificados e durante todo o período de 
estocagem e uso, as mesmas condições e características que possuía quando da época de sua fabricação. 
Conforme a definição da RE nº. 01, de 2005 o estudo de estabilidade de longa duração é aquele projetado 
para verificação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico 
durante e, opcionalmente, depois do prazo de validade esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou 
confirmar o prazo de validade e recomendar as condições de armazenamento. 
Em outras palavras, pode-se dizer que os resultados obtidos do estudo acelerado somados aos resultados 
preliminares do estudo de longa duração são usados para avaliação dos efeitos físicos e químicos obtidos no 
produto farmacêutico quando o mesmo é exposto em condições fora das estabelecidas no rótulo. Também se 
pode dizer que o estudo de longa duração confirma o prognóstico dado pelo estudo acelerado. 
A estabilidade dos produtos farmacêuticos depende dos seguintes fatores: 
 Fatores ambientais: temperatura, umidade, luz 
 Fatores relacionados ao próprio produto: propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e 
excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação, tipo e 
propriedades dos materiais de embalagens. 
Os estudos de estabilidade são preconizados para: garantir a integridade química, física, microbiológica, 
terapêutica e toxicológica do fármaco e da forma farmacêutica dentro dos limites especificados, sob influência 
dos fatores ambientais em função do tempo (Matthews, 1999; Lucas et al., 2004; Ansel et al., 2007). 
O estudo de estabilidade descrito pela RE nº1/2005 (Brasil, 2005) possui como principal aplicabilidade a 
determinação do prazo de validade do produto farmacêutico. Porém, também determina a quantificação dos 
produtos de degradação e o método analítico correspondente, que resultou na publicação de um Informe 
Técnico nº 1/2008, com o objetivo de esclarecer procedimentos nos casos em que a impureza ou o padrão do 
produto de degradação não estão disponíveis. Estes procedimentos envolvem a realização de testes de 
estresse sob condições variadas (Brasil, 2008). 
A realização do teste de estresse, assim como o desenvolvimento do método analítico para a identificação 
e quantificação dos produtos de degradação é de extrema importância para as indústrias farmacêuticas, pois no 
momento do registro, pós-registro e renovação, o estudo de estresse, acompanhado de sua análise crítica deverá 
ser contemplada. 
 
Estudo de Estabilidade e a Legislação Farmacêutica 
 
A monitorização da estabilidade dos medicamentos é um dos métodos mais eficazes para avaliação, 
previsão e prevenção de problemas relacionados à qualidade do produto durante a validade. A segurança e a 
eficácia também podem ser avaliadas, através do monitoramento da formação de produtos de degradação, que 
podem gerar perda de atividade terapêutica ou toxicidade. 
Os estudos na fase de pré-formulação incluem a estabilidade no estado sólido do fármaco isolado e a 
estabilidade na presença dos excipientes. Estas etapas são realizadas para reduzir ou prevenir a ocorrência de 
deterioração devido à hidrólise, oxidação, entre outros processos. Por sua vez, o estudo da estabilidade da 
formulação tem por finalidade avaliar o comportamento dos medicamentos em função do tempo e a influência 
de uma variedade de condições e fatores, sendo levado em consideração tanto o fármaco, quanto a mistura de 
excipientes ou veículos utilizados, assim como a interação entre ambos, face às condições as quais estão 
submetidos. 
Para a realização desse estudo, as zonas climáticas constituem um dos importantes fatores a serem 
considerados. Devido à grande variabilidade climática, o mundo foi subdividido em zonas com diferentes 
especificações de temperatura e umidade, para possibilitar a comercialização dos produtos em outras zonas 
climáticas (Carvalho et al., 2005; Bott & Oliveira, 2007). 
Para o procedimento dos ensaios de estabilidade realizados no Brasil, de zona climática IV, as indústrias 
farmacêuticas seguem a RE nº 1/2005 da ANVISA que define três estudos: 
 
Estudo de Estabilidade Acelerada: estudo projetado para acelerar a degradação química e/ou mudanças físicas 
de um produto farmacêutico em condições forçadas de armazenamento. Os dados obtidos, juntamente com 
aqueles derivados dos estudos de longa duração, são usados para avaliar efeitos químicos e físicos prolongados 
em condições não aceleradas e para avaliar o impacto de curtas exposições a condições fora daquelas 
estabelecidas no rótulo do produto, que podem ocorrer durante o transporte. 
É realizado a 40ºC ± 2ºC e 75%UR ± 5%UR. 
 
Estudo de Estabilidade de Longa Duração: estudo projetado para verificação das características físicas, químicas, 
biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico durante e, opcionalmente, depois do prazo de validade 
esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar as 
condições de armazenamento. 
É realizado à temperatura de 30ºC ± 2ºC e umidade de 75%UR ± 5%UR 
 
Estudo de Estabilidade de Acompanhamento: é aquele realizado para verificar que o medicamento mantém 
suas características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de acordo com os dados obtidos nos 
estudos de estabilidade de longa duração. O estudo de acompanhamento só deverá ser realizado após a 
conclusão do estudo de estabilidade de longa duração, não havendo nenhum tipo de alteração do produto, 
como por exemplo, alteração de processo de produção, material de embalagem primária, etc. 
 
Esses estudos são realizados em câmaras climáticas qualificadas de acordo com normas internacionais, 
que proporcionam o controle de temperatura e umidade em seu interior, projetados para serem utilizados 
continuamente, sem preocupação com falhas nos instrumentos de controle. 
Para a avaliação dos estudos, asamostras são retiradas nos tempos determinados pelo guia. São 
determinadas as seguintes análises: doseamento, quantificação de produtos de degradação, dissolução e pH 
(quando aplicáveis) (Brasil, 2005). 
 
CINÉTICA QUÍMICA 
 
A determinação da estabilidade e do prazo de validade de fármacos e medicamentos baseia-se na cinética 
de reação, isto é, no estudo da velocidade de degradação e do modo como essa velocidade é influenciada pela 
concentração dos reagentes, excipientes e outras substâncias químicas que possam estar presentes e por fatores 
como pressão, luz, umidade e temperatura (NUDELMAN, 1975; PRISTA et al, 1990). 
De acordo com ANSEL e colaboradores (1999) as reações de degradação em produtos farmacêuticos ocorrem 
com velocidade definida e são de natureza química, portanto ao considerar a estabilidade química de um produto 
farmacêutico, é preciso conhecer a ordem e a velocidade de reação. A expressão da velocidade da reação é uma 
descrição da concentração do fármaco com relação ao tempo. Em geral, as reações de degradação de produtos 
farmacêuticos são de ordem zero e de primeira ordem e, mais raramente, de segunda ordem. 
As reações de ordem zero ocorrem quando a degradação do fármaco independe da concentração de 
reagentes e é constante em relação ao tempo. Neste caso, diz-se que a velocidade é de ordem zero. As reações 
de primeira ordem ocorrem quando a degradação do fármaco é diretamente proporcional à concentração 
remanescente em relação ao tempo. As reações de segunda ordem ocorrem quando a velocidade de reação é 
proporcional a dois reagentes. 
Algumas reações de degradação obedecem a uma cinética de pseudo primeira ordem ou de ordem zero 
aparente. Uma reação de pseudo primeira ordem ocorre quando dois ou mais reagentesestão envolvidos na 
reação, entretanto, a concentração de um dos reagentes é muito mais elevada. Uma reação pode ser considerada 
como de ordem zero aparente quando, se de primeira ordem, transcorrer em solução saturada, como pode ser 
observado em suspensões. Neste caso, à medida que o fármaco se decompõe na solução, mais fármaco é 
liberado das partículas suspensas, de modo que a concentração permanece constante. 
 
 
 
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Teste de Estresse 
 
O teste de estresse é definido como um teste de estabilidade para fármacos e medicamentos sob 
condições extremas. Este teste mostra-se como uma tendência dentro do planejamento para o desenvolvimento 
de uma forma farmacêutica, pois a investigação da estabilidade intrínseca do fármaco fornece abordagens de 
formulação e indica tipos de adjuvantes, aditivos de proteção específicos e de acondicionamento, que 
provavelmente melhorarão a integridade do fármaco e do produto. Demonstrando-se assim, que o conhecimento 
do comportamento químico pode ser usado para garantir a estabilidade da forma farmacêutica desejada (Reynolds 
et al., 2002; Aulton, 2005). 
Um dos principais objetivos a serem atingidos através desse teste é demonstrar a especificidade ao 
desenvolver um método indicativo de estabilidade, sobretudo quando poucas informações estão disponíveis 
sobre os possíveis produtos de degradação. Estes também fornecem informações sobre as rotas de degradação e 
dos produtos formados, que poderiam ser produzidos durante o período de armazenamento (Reynolds et al., 
2002). 
A natureza do teste de estresse utilizado para o fármaco depende de suas características intrínsecas e da 
forma farmacêutica a ser desenvolvida. Para o medicamento, o planejamento do estudo deve ser baseado nas 
propriedades do fármaco e dos excipientes utilizados na formulação, assim como nas condições de 
armazenamento. Neste caso, são utilizadas condições mais severas do que as condições do estudo de estabilidade 
acelerado, como estratégia para a fase de desenvolvimento da forma farmacêutica (Klick et al., 2005). No entanto, 
tais exames podem não ser necessários, se for demonstrado que os produtos de degradação não são formados 
sob condições de estudo de estabilidade acelerado ou de longa duração (ICH, 2003). 
 
Exemplo de condições de estresse para a realização do estudo de degradação forçada 
 
Aquecimento 60°C 
 Umidade 75% UR ou > 
 Solução Ácida 0,1 M HCl 
 Solução Básica 0,1 M NaOH 
Solução Oxidativa 3% H2O 
 Fotolítica UV-B fluorescente 
Íons metálicos 0,05M Fe + ou Cu 
 
 
O objetivo dos testes realizados através deste procedimento, não é degradar totalmente o composto, mas 
promover uma degradação de pequena extensão (10-30%), evitando-se a formação de compostos secundários. 
Sendo observada a ausência total de degradação do composto após 10 dias, o fármaco deve ser considerado 
estável. Se esta for inferior a 10%, devem-se aumentar as condições de estresse. Contudo, a legislação vigente 
permite a utilização de publicações de literatura científica, que possam vir a corroborar com os dados 
experimentais enviados, mas não com a finalidade de substituir os dados referentes aos ensaios exigidos 
(Reynolds et al., 2002; Brasil, 2008). 
 
Condições para realização de estudos de estabilidade 
 
O prazo de validade de um produto a ser comercializado no Brasil é determinado por um estudo de 
estabilidade de longa duração com os parâmetros definidos em tabela abaixo. Por ocasião do registro poderá ser 
concedido um prazo de validade provisório de 24 meses se aprovado o relatório de estudo de estabilidade de 
longa duração de 12 meses ou relatório de estudo de estabilidade acelerado de 6 meses acompanhado dos 
resultados preliminares do estudo de longa duração, conforme parâmetros definidos em tabela abaixo (RE nº. 01, 
de 29/07/2005). 
 
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