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ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO DESPORTIVO Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autor: João Augusto Reis de Moura CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Antonio José Muller Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 796.077 M929o Moura, João Augusto Reis de Organização e planejamento do treinamento desportivo / João Augusto Reis de Moura. Uniasselvi, 2012. 166 p. : il ISBN 978-85-7830- 650-2 1. Educação física; 2. Treinamento desportivo. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Copyright © UNIASSELVI 2012 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Dr. João Augusto Reis de Moura Licenciado em Educação Física, Mestre em Cineantropometria e Doutor em Avaliação e Prescrição de exercícios pela Universidade Federal de Santa Maria. Atua como Docente da Universidade Regional de Blumenau desde 2004 e da Universidade do Vale do Itajaí desde 2007. Desenvolveu, implantou e coordena o LAFEX (Laboratório de Fisiologia do Exercício) da UNIVALI. É líder de grupo de pesquisa “Saúde e Desempenho Humano” junto ao CNPq. Docente e coordenador de cursos de Pós-graduação (nível de especialização lato sensu) pelo CCA (Centro de Ciência Avançadas) em Balneário Camboriú (SC), na área de Educação Física. Possui alguns trabalhos publicados na área, tais como: Guia normativo para confecção de artigos de pesquisa; Antropometria para a estimativa da massa muscular; Saúde em ação; Abordagem metodológica da ginástica de academia; Protocolos antropométricos e equações preditivas da composição corporal; Postura corporal humana: avaliação quantitativa visual por simetrografia e prescrição de exercícios físicos. Além de artigos científicos publicados na Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, na Revista Brasileira de Medicina Esportiva, na Revista EFdeporte e na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício e Prescrição. Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 Medidas e Avaliação no Treinamento Desportivo .............. 9 CAPÍTULO 2 Avaliação Antropométrica ................................................. 17 CAPÍTULO 3 Avaliação Morfológica ....................................................... 43 CAPÍTULO 4 Avaliação Neuromotora e Metabólica ............................... 59 CAPÍTULO 5 Elaboração de Programas de Avaliação Física ............... 77 CAPÍTULO 6 Organização, Planejamento e Elaboração do Treinamento Desportivo ..................................................... 87 CAPÍTULO 7 Aprofundamento da Periodização do Treinamento ........ 99 CAPÍTULO 8 Nutrição e Desempenho Físico ......................................... 133 CAPÍTULO 9 Psicologia Aplicada ao Esporte ....................................... 155 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Organizar planilhas de treinamento não é uma tarefa das mais fáceis. Para tal é necessário muito conhecimento teórico e experiência prática interagindo para compor os treinamentos, além é claro, de uma capacidade organizacional e de planejamento. A presente obra tem a finalidade fornecer informações úteis em diferentes abordagens de todo o processo de treinamento desde seu início na coleta de dados até a finalização do treinamento com a periodização. Desta forma no primeiro capítulo abordamos conceitos teóricos fundamentais sobre o processo de medidas e avaliação que subsidiam os processos de avaliação antropométrica, morfológica, neuromotora e metabólica. Assim o capítulo 2 aborda todos os processos de medidas referente a coleta de dados antropométricos, os quais serão utilizados como variáveis preditivas nas estimativas de determinados tecidos corporais como muscular, gordo e ósseo (capítulo 3). A avaliação neuromotora e metabólica com apresentação de alguns testes e discutidos os protocolos de medidas são apresentados no capítulo 4 da presente obra. A forma de compor diferentes medidas em uma bateria de testes que possa subsidiar adequadamente a aviação de atletas em diversas modalidades esportivas são conteúdos desenvolvidos no capítulo 5. Com as bases avaliativas conhecidas e dominadas passaremos a dois capítulos de planejamento do treinamento. O capítulo 6 aborda a organização temporal e de conteúdo do treinamento interagindo, portanto, planejamento e elaboração propriamente dita do treinamento. O capítulo 7 é o mais longo da presente obra, e isto se justifica devido ao fato de interrelacionar os diferentes conteúdos em um processo de planejamento denominado de periodização. Neste capítulo apresentaremos diferentes bases fisiológicas da periodização e toda a mecânica de elaboração dos períodos de treinamento de macro, meso e microciclos. A nutrição esportiva, fundamental a quem busca um desempenho esportivo de alta performance, é discutida no capítulo 8 através de conhecimentos de base e também questões aplicadas da temática. O capítulo 9 demonstra a abordagem psicológica tão necessária no alto rendimento. Finalizando, espero que a presente obra com seus variados conteúdos sobre o treinamento venha a contribuir com seus conhecimentos na área do planejamento do treinamento desportivo tendo sempre como base os processos fisiológicos envolvidos. Bons estudos! O Autor. CAPÍTULO 1 Medidas e Avaliação no Treinamento Desportivo A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Identificar medidas e avaliação como um componente do processo de treinamento físico. 3 Constatar a necessidade da avaliação como critério inicial prévio à elaboração e à aplicação do treinamento. 10 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo 11 Medidas e Avaliação no Treinamento Desportivo Capítulo 1 Contextualização Vamos imaginar que você é o novo preparador físico da equipe de Futebol do Corinthians, qual seria o seu primeiro procedimento no novo cargo? Por onde você começaria a planejar o treinamento dos atletas? Que referenciais usaria para quantificar cargas de treinamento? Pensou? Ficou com dúvida sobre que procedimentos iniciais deveria realizar? Pois bem, no presente capítulo buscaremos mostrar os processos iniciais de elaboração do treinamento, no qual testar, medir e avaliar são critérios fundamentais a serem seguidos para uma segurança nas cargas de treinamento. Assim, estaremos discutindo o pilar básico inicial do processo de treino: a avaliação! Medir, Testar e Avaliar: Procedimentos Diferentes, mas Inter-Relacionados Você já pensou qual seria o ponto inicial para elaboração de um treinamento físico para um atleta? Será que se diferencia de um treinamento para uma pessoa não atleta? Na verdade, o ponto inicial e o conceito teórico são iguais, pois partimos primeiramente em busca da definição dos objetivos de treino, ou seja, estabelecemos qual o objetivo que pretendemos atingir nos primeiros dias, semanas, meses, ou até anos, com o treinamento do atleta ou praticante. Ao respondermos a primeira indagação, definimos os objetivos de treinamento e temos nosso ponto inicial, fazendo uma analogia com o futebol, “o jogo foi iniciado com a bola sendo rolada no meio campo”. O(s) objetivo(s) de treino são fundamentais, pois dão inícioao processo, porém não é a única informação importante. Com os objetivos, você terá que definir quais qualidades físicas deve treinar no atleta e em que intensidade. Vamos a um exemplo: O(s) objetivo(s) de treino são fundamentais, pois dão início ao processo, porém não é a única informação importante. 12 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Como preparador físico do Corinthians você tem a incumbência de elevar, fisicamente, a capacidade de jogo dos atletas durante toda a temporada, esse é o seu objetivo principal. Porém, você poderá perguntar-se: “como elevar fisicamente a capacidade de jogo”? Ao respondê-la você pode concluir que melhorar níveis de resistência aeróbia, flexibilidade, força, agilidade e potência são fundamentais para uma boa capacidade física de jogo. Pois bem, além dos objetivos já temos algumas qualidades físicas fundamentais a serem desenvolvidas e mantidas durante toda a temporada de competição. Jogadores muito pesados, sendo esse peso oriundo de muita gordura corporal, podem apresentar dificuldade de locomoção (movimentação) no campo. Assim, você se questiona como estão os níveis de percentual de gordura (%G) dos atletas do Corinthians, já que isso pode influenciar negativamente na capacidade física de jogo destes. Você também se questiona se existe algum desvio postural significativo nos atletas que possa interferir na aplicação de cargas de treino, isto é, pensa na segurança de treino dos atletas no quesito postural. (MOURA; SILVA, 2012). Neste momento, você passa a outra etapa do trabalho: quantificar como está o nível de força, velocidade, agilidade, %G, etc. de cada atleta para que possa compreender como cada um se encontra em cada uma dessas capacidades de jogo. Dessa forma, seleciona testes de força, velocidade, agilidade, %G, etc. para que possa quantificar cada qualidade influenciadora no jogo de futebol (vamos aqui chamá-la simplesmente de variável). A etapa que estamos iniciando agora é a de testar/medir, ou seja, verificaremos em cada variável selecionada o quanto de força, flexibilidade, agilidade, potência, etc. cada atleta do grupo (plantel) apresenta. Imaginemos, agora, que você está de posse dos dados, em outras palavras, você aplicou diferentes tipos de testes em todos os atletas, medindo as diferentes qualidades físicas selecionadas por serem as que mais influenciam o desempenho em campo (jogo), pois bem, você se pergunta: O que faço com todos esses dados (números) agora? Os dados (números) são quantificações “frias”, desprovidas de significado e valor prático. Estes escores (dados) de testes dos atletas devem ser interpretados para “julgar o mérito” destes. Julgar o mérito de dados no treinamento desportivo 13 Medidas e Avaliação no Treinamento Desportivo Capítulo 1 é podermos relatar o quão bons ou ruins são do ponto de vista de performance do atleta, por exemplo: Dois atacantes titulares foram testados na variável velocidade através do teste de 100m (correr a distância de 100m em linha reta no menor tempo possível). O atleta “A” fez um tempo de 11seg e um atleta “B” fez um tempo de 13seg. Tal informação traduz que o atleta “A” é 15% mais veloz do que o “B” e, ainda, na prática de jogo, ao receber um lançamento longo em uma situação de contra-ataque o atleta “A” terá melhor condição física de velocidade para ganhar do zagueiro em velocidade para finalizar o gol. O que acabamos de fazer? Julgamos o mérito do valor de 11seg comparado com o valor de 13seg entre dois atacantes do seu time e aplicamos em situação de jogo. Quando damos significados aos números obtidos em uma bateria de testes estamos no processo de avaliação. Logo, o processo de avaliação necessita do processo inicial de medir e testar para quantificar números que, a partir de então, serão comparados com tabelas de referência ou entre os jogadores ou, ainda, verificada a importância na prática desportiva, enfim, serão avaliados (Figura 1). Atividade de Estudos: 1) Vamos exercitar nossa capacidade de avaliar resultados de testes? Para isso, pedimos a você que pesquise tabelas de referências sobre resultados de testes físicos. De posse de, digamos, 10 destas tabelas, procure comparar as referências das tabelas entre homens e mulheres e indivíduos de diferentes faixas etárias, ok? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Quando damos significados aos números obtidos em uma bateria de testes estamos no processo de avaliação. 14 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Figura 1 - Esquema demonstrativo da relação entre medida, teste e avaliação Fonte: O autor. Em virtude do que foi mencionado, temos como primeiro procedimento o levantamento de dados de variáveis pertinentes ao desempenho de jogo dos atletas do Corinthians. Só a partir destes, você terá condições de saber que atletas necessitarão de uma carga de treino mais elevada de velocidade e quais os que simplesmente precisam manter o nível que apresentam da variável velocidade, pois “estão muito bem”. Pensando de forma genérica, só através de uma bateria de testes (discutida aprofundadamente no capítulo 5), você poderá medir e avaliar todos os seus atletas e terá condições básicas para iniciar o planejamento das ações de treinamento desportivo (ações de planejamento e execução do treino serão analisadas nos capítulos 6 e 7). Só a partir destes, você terá condições de saber que atletas necessitarão de uma carga de treino mais elevada de velocidade e quais os que simplesmente precisam manter o nível que apresentam da variável velocidade, pois “estão muito bem”. 15 Medidas e Avaliação no Treinamento Desportivo Capítulo 1 Se pensarmos de outra forma, como poderíamos dosar carga de treinamento físico sem conhecermos o nível inicial de aptidão física dos atletas? Seria impossível quantificarmos de forma segura e eficiente cargas de treino se não conhecêssemos profundamente variáveis intervenientes no desempenho esportivo individualmente por atleta. Convém evidenciar que cargas de treino bem dosadas (ajustadas) às necessidades dos atletas são as que melhor produzirão ganhos (evoluções) em quesitos físicos de performance. (DANTAS, 2003; GOMES, 2010). Em suma, a linha de raciocínio que desenvolvemos neste capítulo defende a importância de uma avaliação (entenda-se também medir e testar) prévia à elaboração de treinamento para que este não seja prescrito “ÀS CEGAS”. (MOURA, 2011). Treinamentos prescritos sem um prévio conhecimento dos atletas e de suas reais capacidades são realizados “às cegas”, pois não apresentam base em nenhum tipo de alicerce, são vazios de justificativas e podem não estar na dosagem correta, gerando riscos desnecessários à integridade física dos atletas no treinamento e perda de eficiência dos treinos. Algumas Considerações Antes de iniciarmos o treino de um atleta, ou mesmo não atleta, precisamos entendê-lo melhor do ponto de vista físico, fisiológico, biomecânico, cinesiológico, antropométrico, morfológico, entre outros. Só assim conseguiremos dosar adequadamente as cargas de treino e fazê-las produtivas e seguras. Nos três próximos capítulos (capítulos 2, 3 e 4), apresentaremos testes e critérios avaliativos para duas grandes dimensões físicas que devem ser quantificadas previamenteà elaboração do treinamento (dimensões antropométrico-morfológicas e neuromotora-metabólica). Portanto, não deixe de avaliar os seus atletas ou clientes. Busque identificar quais são as informações fundamentais que subsidiam a prescrição de treinamento e, a partir de então, comece a elaborar o programa de treinamento (estas questões serão abordadas no capítulo 5, 6 e 7). 16 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Referências DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. GOMES, A. C. Carga de treinamento nos esportes. Londrina: Sport Training, 2010. MOURA, J. A. R. Saúde em ação. Blumenau: Nova Letra, 2011. _____. ; SILVA, A. L. Postura corporal humana: avaliação quantitativa visual por simetrografia e prescrição de exercícios físicos. Várzea Paulista: Fontoura, 2012. CAPÍTULO 2 Avaliação Antropométrica A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Definir os protocolos antropométricos de medidas de massa corporal, estatura, dobras cutâneas e perímetros corporais. 3 Demonstrar a aplicabilidade dos protocolos de medidas antropométricas para gerar dados prescritivos. 18 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo 19 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 Contextualização É fundamental sabermos se nossos atletas e/ou clientes estão com taxas de tecido muscular e de gordura adequadas para a prática do exercício físico ou esportivo competitivo e não competitivo. Um atleta com alto teor de gordura terá dificuldade de saltar para executar um bloqueio de um ataque no voleibol, além do mais, o impacto nas articulações de carga (tornozelo, joelho e quadril) durante a retomada do corpo ao solo após o salto será extremamente elevada, o que pode prejudicá-las seriamente. Um fundista de alto rendimento deve ser leve (baixo teor de gordura e músculos) para que possa apresentar uma baixa carga corpórea e, assim, não elevar tanto o gasto energético ao correr uma maratona, já que, pense bem, são 42 quilômetros e 195 metros de corrida em velocidade próxima a 20km/h. Por outro lado, se imaginarmos um lutador de sumô, este deve apresentar elevado teor de gordura corporal para que seu peso corporal contribua na disputa da luta. No atletismo, o atleta lançador de martelo deve apresentar um peso corporal elevado em função de grande massa muscular e razoável massa gorda para que possa “dominar” o martelo com maior desenvoltura no momento do lançamento. O atleta que joga na posição de pivô no handebol precisa de um peso muscular elevado para poder jogar corpo-a-corpo junto à defesa adversária, o mesmo podemos pensar do pivô do basquetebol, que joga embaixo do garrafão em contato físico quase que permanente com o adversário. Todas as observações que colocamos anteriormente demonstram a especificidade de biótipos corporais diferenciados para participar de forma competitiva em diferentes modalidades esportivas. Nesse sentido, vários estudos buscaram determinar qual o perfil antropométrico e morfológico de diferentes modalidades esportivas. Moura e colaboradores (2005) definiram qual o perfil dos atletas de elite nacional na modalidade de levantamento de potência (powerlifting). Nos esportes de luta apresentados, o boxe olímpico, tanto na categoria de peso mais leve (48kg) quanto na categoria de maior peso (91kg), apresentou atletas com menores %G, com 5,9% e 6,9%, respectivamente. Os atletas masculinos das lutas de judô (GLANER; BRITO, 2007) e luta olímpica estilo Greco-romano (MANCINI et al., 2008) apresentaram valores muito próximos, variando de 11,0% a 12,0%. Tais valores representam um %G baixo nas modalidades, com destaque o boxe olímpico. As mulheres, representadas na luta olímpica, também apresentaram valores extremamente baixos do %G (15,5%), ratificando o resultado dos atletas masculinos quanto ao baixo teor de gordura. 20 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Assim, podemos perceber que cada modalidade esportiva apresenta um perfil antropométrico e morfológico ideal para atuação competitiva do atleta. Desse ponto de vista, é fundamental que você entenda precisamente o processo de obtenção de medida antropométrica e também morfológica. No presente capítulo, apresentaremos os conceitos e os protocolos de medidas antropométricas, no próximo capítulo abordaremos as questões morfológicas. Vamos lá? Protocolos de Medidas Antropométricas Devemos entender que o processo inicial para determinação de medidas antropométricas de Dobras Cutâneas (DC) e Perímetros Corporais (PC) é a demarcação dos pontos anatômicos os quais serão mensurados futuramente. Este procedimento é extremamente detalhado e você deve ser meticuloso ao realizar esse procedimento, pois erros de demarcação irão gerar, indubitavelmente, erros de medidas (MOURA, 2011; PETROSKI, 2011). Assim, para estudo desta ação (demarcação de pontos anatômicos de medidas), assista ao vídeo do site apresentado abaixo. http://www.treinoemfoco.com.br/avaliacao-antropometrica/ http://www.treinoemfoco.com.br/avaliacao-antropometrica/ demarcacao-de-pontos-anatomicos/ Realizada a demarcação de pontos, podemos passar para a fase de identificar os protocolos de medidas de Massa Corporal Total (MCT), Estatura (Est), DC e PC. Protocolo de Medida da Massa Corporal Total - MCT Para a mensuração da MCT, você deve posicionar o indivíduo sobre uma Este procedimento é extremamente detalhado e você deve ser meticuloso ao realizar esse procedimento, pois erros de demarcação irão gerar, indubitavelmente, erros de medidas (MOURA, 2011; PETROSKI, 2011). 21 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 balança previamente calibrada, com pequeno afastamento dos pés, coluna vertebral ereta e membros superiores soltos e relaxados ao lado do tronco (Figura 2). Após este procedimento, espere o cursor da balança estabilizar (se for balança digital, espere os números do display estabilizarem-se) e execute a leitura da MCT. Figura 2 - Imagens demonstrando o procedimento de medida da massa corporal total e a postura do avaliado durante a tomada da medida Fonte: O Autor. É importante que o indivíduo esteja com a menor quantidade de roupas possível para não haver interferência sobre a medida, sunga para homens e bermuda e top para as mulheres é o ideal. Porém, vários indivíduos podem ter receio de usar estes trajes, assim, busque medi-los com poucas peças de roupas e leves. Protocolo de Medida da Estatura - EST Para medida da estatura o indivíduo deve estar em posição ortostática, com a coluna ereta, membros superiores relaxados ao lado do tórax, pés levemente afastados ou unidos e com a cabeça no plano de Frankfurt. (MOURA, 2011). Você 22 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo se posiciona lateralmente ao avaliado e coloca o cursor do estadiômetro (instrumento de medida da estatura) sobre o ponto mais elevado da cabeça e durante o ato inspiratório realiza a tomada da medida (Figura 3). Figura 3 - Imagens demonstrando a postura adotada pelo avaliado e avaliador no momento da medida da estatura Fonte: O Autor. Protocolos de Medidas de Dobras Cutâneas - DC A seguir, apresentaremos os protocolos de medidas para as principais dobras cutâneas, ou seja, as que são mais usuais em equações de predição do %G e no acompanhamento antropométrico. Lembramos que as medidas devem ser realizadas no lado direito corporal. Para medida da estatura o indivíduo deve estar em posição ortostática, com a coluna ereta, membros superiores relaxados ao lado do tórax, pés levemente afastados ou unidos e com a cabeça no plano de Frankfurt. 23 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 http://www.treinoemfoco.com.br/avaliacao-antropometrica/ Dobra cutânea tricipital (DC-Tr): Avaliada em ortostase, com os membrossuperiores relaxados ao lado do corpo. Você deve executar a medida verticalmente (formação da dobra) na face posterior do braço, no ponto médio entre o processo acromial e o processo do olécrano (Figura 4). Figura 4 - Na imagem “A” é apresentada a referência acromial e na imagem “B” a referência olecrano da ulna, representadas pelas setas Fonte: O Autor. Observe na imagem a demarcação das referências anatômicas (acromial e olécrano), bem como as dobras tricipital e subescapular. É importante, quando você pinçar e destacar a dobra tricipital (Figura 5), conferir que em nenhum momento o tecido muscular esteja sendo pinçado junto com o adiposo. Para tal conferência, basta pedir ao avaliado que contraia a musculatura tricipital e, com o tônus de enrijecimento gerado, você poderá verificar facilmente se somente tecido adiposo foi pinçado. É importante, quando você pinçar e destacar a dobra tricipital (Figura 5), conferir que em nenhum momento o tecido muscular esteja sendo pinçado junto com o adiposo. 24 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 5 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea tricipital (imagem em destaque à esquerda a DC e à direita uma visão panorâmica da medida) Fonte: O Autor. Dobra cutânea bicipital (DC-Bi): Esta dobra você deve mensurar verticalmente na face anterior do braço exatamente na “altura” do braço em que foi medida a DC-Tr (Figura 6). Diante desta condição, uma vez demarcada a DC-Tr, basta transferir anteriormente o ponto de medida e você terá o ponto de demarcação da DC-Bi. Salientamos que se você errar o ponto de demarcação tricipital estará, automaticamente, induzindo ao erro do ponto bicipital, já que o anterior é usado como referência. Portanto, muito cuidado na demarcação do ponto! Figura 6 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea bicipital (imagem à esquerda destaque para a dobra cutânea e à direita uma visão panorâmica da medida ) Fonte: O Autor. 25 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 Dobra cutânea subescapular (DC-SE): Esta dobra é pinçada diagonalmente em relação ao eixo longitudinal do corpo. Você deve mensurá-la dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula (Figura 7). Devemos apalpar a escápula medialmente, encontrando a borda, e dar continuidade abaixo até identificar seu ângulo inferior. Figura 7 - Imagem demonstrando a mensuração da dobra cutânea subescapular Fonte: O Autor. Em indivíduos obesos pode ser difícil encontrar este ponto, sugerimos que você peça ao avaliado para colocar sua mão atrás do corpo na região superior da lombar. Tal procedimento fará com que a escápula fique mais pronunciada (deslocada nas costas), favorecendo a sua identificação da referência anatômica (ângulo inferior da escápula). Dobra cutânea peitoral (DC-Pe): Você deve construir um linha imaginária (ligada linearmente) entre a prega axilar e o mamilo (Figura 8). Tal linha imaginária deve ser dividida em três partes iguais, formando três terços (proximal à axila, medial e distal à axila). Para medir a DC-Pe nos homens você deve mensurar (pinçar) acompanhando a linha imaginária, isto é, de forma oblíqua em seu terço medial (Figura 9). Nas mulheres o mesmo procedimento para Em indivíduos obesos pode ser difícil encontrar este ponto, sugerimos que você peça ao avaliado para colocar sua mão atrás do corpo na região superior da lombar. Tal procedimento fará com que a escápula fique mais pronunciada (deslocada nas costas), favorecendo a sua identificação da referência anatômica (ângulo inferior da escápula). 26 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo pinçar, porém no terço proximal. Para facilitar o ponto de medida, sugerimos que seja solicitado ao avaliado que coloque as mãos na cintura. Figura 8 - Imagem superior apresenta as referências anatômicas de prega axilar e mamilo (setas). Na imagem maior (à direita) a distância entre prega axilar e mamilo foi dividida em três partes iguais: terço proximal em “a”, terço medial em “b” e terço distal em “c” Fonte: O Autor. Figura 9 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea peitoral. Imagem à esquerda da medida pontual em destaque e à direita imagem panorâmica de medida Fonte: O Autor. Dobra cutânea axilar média (DC-AM): Para esta dobra, você traçará uma linha horizontal a partir do processo xifoide, seguindo da frente para a lateral do 27 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 tórax. Outra linha vertical deve ser traçada a partir do centro da axila para baixo verticalmente até a crista ilíaca. No ponto de intersecção destas duas linhas deve ser demarcada a DC-AM (Figura 10). Figura 10 - Imagem demonstrando a intersecção (seta) da linha horizontal, partindo do processo xifoide, e da linha vertical, partindo do ponto central da axila Fonte: O Autor. Você deverá pinçar e destacar a dobra cutânea diagonalmente (sentido obliquo) no ponto de interseção da linha horizontal com a vertical (Figura 11). O ombro do avaliado deve estar ligeiramente abduzido, permitindo a formação da dobra logo abaixo da axila. Para isso, você deve orientá-lo a colocar a mão na cintura para ajudar a liberar o ponto de medida. A mão que pinça a dobra deve estar posicionada atrás do braço e o adipômetro colocado pela frente deste. Figura 11 - Imagem demonstrando a mensuração da dobra cutânea axilar média Fonte: O Autor. Dobra cutânea supra ilíaca (DC-SI): Você, por apalpação, deverá O ombro do avaliado deve estar ligeiramente abduzido, permitindo a formação da dobra logo abaixo da axila. Para isso, você deve orientá- lo a colocar a mão na cintura para ajudar a liberar o ponto de medida. 28 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo acompanhar a curvatura da crista ilíaca até seu ponto mais elevado (normalmente este ponto fica totalmente lateralizado em relação ao tronco) onde deve ser demarcada a dobra cutânea. Portanto, o ponto fica exatamente acima do ponto mais alto da crista ilíaca – bordo superior (Figura 12). Figura 12 - Imagens demonstrando o ponto de demarcação da DC-SI sobre o bordo superior da crista ilíaca Fonte: O Autor. Pince a dobra diagonalmente (sentido obliquo) e, para facilitar esse processo, você deve solicitar ao avaliado que coloque a mão direita sobre o ombro esquerdo o que, obrigatoriamente, fará com que o cotovelo venha a fletir e o braço fique à frente do tronco (Figura 13). Figura 13 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra suprailíaca. Imagem “A” destaque do ponto de medida e imagem “B” uma visão panorâmica do ponto de medida Fonte: O Autor. Dobra cutânea abdominal (DC-Ab): Três centímetros à direita e um abaixo da cicatriz umbilical do avaliado definem este ponto de medida. Você poderá pinçar e mensurar a dobra horizontalmente (DC-AbH) ou verticalmente (DC-AbV) (Figura 14). Ao mensurar esta dobra cutânea, deverá atentar para que o avaliado 29 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 não flexione a coluna vertebral para frente para olhar a medida. Este procedimento fará com que a região anterior da coluna vertebral gere uma concavidade ao acentuar a cifose torácica e retificar a lordose lombar, como consequência, pode vir a aumentar a espessura da dobra cutânea, gerando uma medida equivocada. Figura 14 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea abdominal horizontal (à esquerda) e vertical (imagem à direita). Imagem central, uma visão panorâmica da medida Fonte: O Autor. Dobra cutânea da coxa superior (DC-CxS): Para a medida desta dobra cutânea, você deverá traçar uma linha reta, unindo a prega inguinal até o bordo superior da patela na face anterior da coxa. Um procedimento muito similar ao que foi feito na DC-Pe deverá ocorrer, ou seja, a distância mensurada entre prega inguinal e bordo superior da patela deve ser dividida em três partes iguais, formandoo terço proximal, medial e distal (Figura 15). Figura 15 - Imagens apresentando a distância entre prega inguinal e bordo superior da patela (imagem “B”). Esta distância é dividida em três partes iguais (imagem “A”): terço proximal “A”, terço medial “B” e terço distal “C” Fonte: O Autor. Três centímetros à direita e um abaixo da cicatriz umbilical do avaliado definem este ponto de medida. 30 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Exatamente no meio do terço proximal, a DC-CxS deve ser pinçada na face anterior da coxa e no sentido vertical (Figura 16). Peça ao avaliado que desloque todo o seu peso para o membro inferior esquerdo, deixando o contralateral com o joelho semiflexionado e com a musculatura relaxada, facilitando a formação da dobra adiposa subcutânea. Figura 16 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea da coxa superior. Imagem superior à esquerda, destaque do ponto de medida e imagem à direita uma visão panorâmica do ponto de medida Fonte: O Autor. Dobra cutânea da coxa medial (DC-CxM): Exatamente sobre o meio do terço medial que liga a prega inguinal ao bordo superior da patela é que você deverá demarcar e medir a DC-CxM no sentido vertical e sobre a face anterior da coxa (Figura 17). Figura 17 - Imagem demonstrando a mensuração da dobra cutânea da coxa medial Fonte: O Autor. Dobra cutânea da coxa inferior (DC-CxI): no ponto médio do terço distal entre a prega inguinal e o bordo superior da patela, você deverá demarcar e Exatamente sobre o meio do terço medial que liga a prega inguinal ao bordo superior da patela é que você deverá demarcar e medir a DC-CxM. 31 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 pinçar a dobra sobre a face anterior da coxa de forma vertical (Figura 18). Figura 18 - Imagens demonstrando a mensuração da dobra cutânea da coxa inferior. Imagem superior à esquerda a dobra em destaque e imagem à direita uma visão panorâmica da medida Fonte: O Autor. Dobra cutânea da perna medial (DC-PM): Na face medial da perna, no ponto de maior protuberância (coincide com ponto de maior perímetro da perna), a dobra cutânea deve ser demarcada. Você pinça a dobra no sentido vertical (Figura 19) com o avaliado sentado e com joelhos fletidos a 90º, com a musculatura de gastrocnêmios relaxada. Figura 19 - Imagem demonstrando a mensuração da dobra cutânea da perna, ponto medial Fonte: O Autor. Os pontos de mensuração de DC registrados até o presente momento comportam a maioria dos trabalhos de pesquisa publicados e também estão presentes em uma grande parte das equações preditivas de composição corporal (apresentadas no capítulo 3). Lembramos que existem outros pontos de medidas de DC, porém de menor utilização. 32 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Teoricamente, qualquer ponto corporal que tenha referência anatômica pode ser usado para medida de DC, entretanto alguns apresentam referências de difícil localização ou pontos de medida de difícil pinçamento. Os pontos que apresentamos são os mais comuns, populares, de maior facilidade de identificação, tanto da referência anatômica quanto do próprio ponto DC. Salientamos, mais uma vez, a importância de que a demarcação prévia dos pontos anatômicos seja precisa e seguindo, rigorosamente, o protocolo de demarcação. Feito isso, você garantirá que está no caminho correto para a precisão das medidas. Treine o máximo que puder o protocolo de dobra cutânea apresentado, quanto mais treinar maior será sua precisão de medida. Assista ao vídeo referente ao making off das medidas antropométricas do atleta ALEXANDRE OSMAR PAMPLONA, campeão na categoria 80kg e overall do 1º CAMPEONATO CATARINENSE DE FISICULTURISMO – IFBB-SC – 2012, quando estamos expondo o treinamento de medidas antropométricas. Acompanhe as medidas. Ainda com o intuito de treinamento das suas medidas, veja no link do site www.treinoemfoco.com.br as medidas do atleta que realizamos uma semana após o referido atleta ter sido Campeão Catarinense de Fisiculturismo. www.treinoemfoco.com.br/alexandre-pamplona/making-off- avaliacao-antropometrica-alexandre-pamplona/ www.treinoemfoco.com.br/alexandre-pamplona/medidas- antropometricas-do-bodybuilder-alexandre-pamplona/. Para o treinamento de todas as demarcações dos pontos anatômicos e treinamento das medidas de DC, assista aos vídeos do site: http://www.treinoemfoco.com.br/avaliacao-antropometrica/ Teoricamente, qualquer ponto corporal que tenha referência anatômica pode ser usado para medida de DC, entretanto alguns apresentam referências de difícil localização ou pontos de medida de difícil pinçamento. 33 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 Protocolos de Medidas de Perímetros Corporais - PC A seguir apresentaremos os protocolos de medidas dos pontos perimétricos, com os posicionamentos exatos dos locais de mensuração. Lembrando sempre que, quando em segmentos corporais de membros superiores ou inferiores, o lado direito corporal é o utilizado como padrão de referência das medidas. Obviamente, se a intenção é comparar os lados corporais, como avaliar perímetro do lado direito e esquerdo do antebraço de tenistas, esta referência deverá ser alterada forçosamente. Perímetro do antebraço (PAnt): Você deve executar a medida no maior perímetro do antebraço direito. Para tal, o avaliado deve estar em posição ereta em pé, braços ao longo do corpo, estando o antebraço direito supinado e elevado à frente (cotovelo estendido e ombro fletido à aproximadamente 60º). Você deverá obter essa medida no ponto de maior volume do segmento antebraço (Figura 20). Figura 20 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro do antebraço Fonte: O Autor. Perímetro do braço (PBr): Esta medida é executada no ponto central entre o acrômio e a articulação úmero-radial do braço direito (perceba que é o mesmo local de demarcação da DC-Bi). Verifique se o avaliado esta em pé, na posição ereta, braços relaxados ao longo do corpo e palmas das mãos voltadas para coxa (Figura 21). Esta medida é executada no ponto central entre o acrômio e a articulação úmero-radial do braço direito (perceba que é o mesmo local de demarcação da DC-Bi). 34 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 21 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro do braço relaxado Fonte: O Autor. Perímetro do braço fletido (PBrF): Nesta medida você deverá posicionar o avaliado em pé, com o cotovelo fletido a 90º, sendo o movimento de flexão resistido pelo membro contralateral. Você executa a medida no ponto de maior proeminência do músculo bíceps braquial (Figura 22). Alertamos para o fato de que o desenho do músculo bíceps braquial em seu ponto de maior proeminência pode modificar de indivíduo para indivíduo em função de variações anatômicas, assim, este ponto pode ou não coincidir com o PBr ou com a DC-Bi. Salientamos que esta é a única medida perimétrica realizada com a musculatura em máxima contração isométrica. As demais medidas ou são realizadas com a musculatura relaxada (a maioria) ou somente com tônus postural. Figura 22 - Demonstrando a mensuração do perímetro do braço fletido Fonte: O Autor. Perímetro do ombro (POmb): Com o indivíduo posicionado em ortostase, realize a medida no ponto de maior proeminência do músculo deltoide em sua 35 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 porção medial (Figura 23). Você deve posicionar-se frontalmente ao avaliado e visualmente verificar o ponto de maior proeminência muscular, posicionando, exatamente neste local, a fita métrica, de forma que esta fique exatamente horizontalizada. O uso do espelho nesta medida ajudará sobremaneira para que fita fique adequadamente esticada sobre o perímetro a ser medido. Em indivíduos onde o relevo muscular do músculo deltoide não é destacado, esta informação visual da referência de colocaçãoda fita métrica será “perdida”. Quando isso ocorrer, você deverá posicionar a fita métrica em um ponto tal que corresponderia, aproximadamente, ao ponto de maior proeminência do músculo deltoide em sua porção medial. Figura 23 - Demonstrando a mensuração do perímetro do ombro Fonte: O Autor. Perímetro do tórax (PTx): Mantenha o indivíduo em ortostase e, para medida deste ponto nos homens, a fita métrica deve ser posicionada exatamente sobre o mamilo (Figura 24, imagem “A”). O uso de um espelho contribuirá para verificar se a fita métrica encontra-se completamente horizontalizada. Um procedimento importante é solicitar ao avaliado: a abdução dos ombros a 90º, favorecendo a colocação da fita métrica. Para a execução da medida, peça ao avaliado que volte à posição de ortostase, confira se a fita métrica não se deslocou do ponto ideal e, não havendo deslocamento, execute a medida. Nas mulheres, o PTx (Figura 24, imagem “B”) é mensurado logo abaixo da prega axilar. Esta diferenciação é para ter a menor interferência dos seios sobre a medida do tórax. Em indivíduos onde o relevo muscular do músculo deltoide não é destacado, esta informação visual da referência de colocação da fita métrica será “perdida”. Quando isso ocorrer, você deverá posicionar a fita métrica em um ponto tal que corresponderia, aproximadamente, ao ponto de maior proeminência do músculo deltoide em sua porção medial. 36 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 24 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro do tórax. Imagem “A” nos homens e “B” nas mulheres Fonte: O Autor. Perímetro da cintura (PCint): Este perímetro deve ser medido transversalmente ao eixo longitudinal do tronco na região de menor perímetro (Figura 25). Esta região localiza-se normalmente acima da cicatriz umbilical. Fique atento(a), pois em alguns indivíduos é muito difícil verificar o ponto da cintura, tanto em vista anterior quanto posterior. Nesses casos, você deverá posicionar a fita métrica acima da cicatriz umbilical em um ponto onde aproximadamente estaria a cintura do indivíduo, ou seja, será feito de uma forma “estimada”, pois não há uma definição de menor perímetro na região. Figura 25 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro da cintura Fonte: O Autor. Perímetro do abdômen (PAbd): Esta medida você deve realizar na região abdominal, na altura do umbigo. O avaliado deve estar em pé, posição ortostática e você a sua frente. Passe a fita em torno do avaliado de trás para frente, mantendo um plano horizontal para que esta fique exatamente sobre a cicatriz umbilical, fazendo a leitura após uma expiração normal (Figura 26). Esta medida você deve realizar na região abdominal, na altura do umbigo. 37 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 Figura 26 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro abdominal Fonte: O Autor. Perímetro do quadril (PQd): Avaliado em posição ortostática, porém com os cotovelos fletidos e como os antebraços em “X” à frente do tórax. Dessa forma, liberando a região do quadril para a mensuração. Observando o avaliado lateralmente, você deve mensurar o ponto de maior protuberância da região glútea (Figura 27). Salientamos que você deve posicionar o avaliado com os pés unidos, pois com o afastamento anteroposterior ou lateral destes poderá ocorrer interferência na medida, elevando o valor do perímetro. Figura 27 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro do quadril Fonte: O Autor. Perímetro da coxa superior (PCxS): Posicione o avaliado conforme descrito para avaliação do PQd, porém com afastamento lateral dos pés, para que permita a colocação da fita métrica ao redor do segmento coxa, logo abaixo da prega glútea (Figura 28). Para facilitação desta medida, mulheres deverão estar vestidas com biquíni ou bermudas/calças legging e homens com sunga. 38 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 28 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro da coxa superior Fonte: O Autor. Perímetro da coxa média (PCxM): Avaliado no mesmo posicionamento ue no PCxS. Você deve realizar a medida no ponto médio entre a prega inguinal e a borda proximal superior da patela, estando o joelho em extensão (Figura 29). Este ponto de medida coincide com o ponto da DC-CxM. Portanto, se você realizar a demarcação precisa da dobra cutânea favorecerá, em muito, a medida do PCxM. Figura 29 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro da coxa média Fonte: O Autor. Perímetro da perna (PPn): Avaliado em pé. Você deverá realizar a medida transversalmente ao eixo longitudinal da perna, no ponto de maior protuberância medial (gastrocnêmio medial) desta em vista frontal (Figura 30). Salientamos que a massa corpórea do avaliado deve estar igualmente distribuída em ambos os membros inferiores. 39 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 Figura 30 - Imagem demonstrando a mensuração do perímetro perna Fonte: O Autor. Estes são os principais perímetros corporais, os mais utilizados e conhecidos. Vários outros perímetros podem ser gerados e mensurados, porém apresentam menor aplicabilidade para análise morfológica ou em equações preditivas da composição corporal. Portanto, os perímetros que apresentamos neste capítulo são os de maior utilidade e serão necessários para uso de equações preditivas da densidade corporal, percentual de gordura ou massa muscular. Atividade de Estudos: 1) É fundamental o treinamento prático destas medidas para que você fique capacitado(a) para usá-las. Então, selecione cinco pessoas (pais, irmãos, amigos, vizinhos, etc.) demarque- os e mensure os seus perímetros corporais. Para isso, você precisará simplesmente de uma caneta de demarcação e uma fita métrica. Após obter os dados, analise os valores encontrados em termos de “tamanhos” de perímetros e liste em um papel quais foram as medidas de maior dificuldade de realização e o porquê desta dificuldade. Se você conseguir um adipômetro (compasso de dobras cutâneas), mensure também as dobras. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 40 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Vimos neste capítulo as principais medidas de DC, PC, MCT e Est. Com tais dados, já somos capazes de analisar questões antropométricas relacionadas ao biótipo ou quantidade e distribuição de gordura ou, ainda, à performance humana. Em consonância com isso, Norton e Olds (2005), Moura (2011) e Petroski (2011) sugerem o uso de somatórios de dobras cutâneas para análise da quantidade e distribuição de gordura corporal. Ademais, De Rose, Pigatto e De Rose (1984) e Rodrigues-Añez (2010) sugerem o uso de dados antropométricos para comparativo de proporcionalidade corporal entre diferentes atletas e diferentes modalidades. Assim, você pode observar que com as medidas antropométricas efetuadas já é possível gerar dados importantes que subsidiam a análise, a interpretação, o planejamento e a organização do treinamento. No próximo capítulo, apresentaremos em detalhes formas de aplicar as medidas antropométricas em equações preditivas para análise morfológica. Vamos a essa nova etapa de estudo? Referências DE ROSE, E. H.; PIGATTO, E.; DE ROSE, R. C. F. Prêmio Liselott Diem de literatura desportiva. Rio de Janeiro: MEC, 1984. GLANER, M. F.; BRITO, S. J. Gordura corporal em judocas: validação cruzada da equação de Lohman. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. [S.l.], v. 9, n. 3, p. 257-261, 2007. MOURA, João Augusto Reis de. Protocolos antropométricose equações preditivas da composição corporal. Blumenau: Nova Letra, 2011. MOURA, J. A. R. et al. Características morfológicas de levantadores de potência participantes do XXIII campeonato brasileiro de powerlifting. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. [S.l.], v. 7, n. 2, p. 44-54, 2005. 41 Avaliação Antropométrica Capítulo 2 NORTON, K.; OLDS, T. Antropométrica. Porto Alegre: ArtMed, 2005. PETROSKI, E. L. Antropométrica: técnicas e padronizações. 5. ed. Várzea Paulista: Fontoura, 2011. RODRIGUES-AÑEZ, C. R. Proporcionalidade. In: PETROSKI, E. D.; PIRES- NETO, C. S.; GLANER, M. F. Biométrica. Jundiaí: Fontoura, 2010. 42 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo CAPÍTULO 3 Avaliação Morfológica A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Identificar todos os procedimentos de fragmentação corporal e as relações entre os componentes corporais. 3 Empregar as diferentes formas matemáticas de fragmentar o corpo em dois ou quatro componentes. 44 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo 45 Avaliação Morfológica Capítulo 3 Contextualização Leia atentamente as seguintes perguntas: – Quantos por cento de sua Massa Corporal Total (MCT) são constituídos somente de gordura? – Quantos por cento de sua MCT são somente constituídos de músculos? – Quantos por cento de sua MCT são somente constituídos de ossos? – Sua massa corporal magra está em níveis adequados (satisfatórios)? – A relação entre o que você tem de gordura para a quantidade de massa muscular do seu corpo está adequada? Para responder a tais perguntas não basta que tenhamos somente as medidas antropométricas. É preciso que estas medidas sejam “trabalhadas” metodológica e matematicamente para que possam expressar condições morfológicas do corpo. O presente capítulo aborda tais questões. Verificaremos como quantificar (de forma estimada por equações) componentes morfológicos corporais, como, por exemplo, percentuais musculares e de gordura corporal ou, ainda, perímetros musculares de braço e coxa, além de áreas magras dos dois segmentos. Ratificamos que tais informações serão fundamentais para subsidiar procedimentos de elaboração e planejamento do treinamento. Estimando os Componentes Corporais Quando estamos prescrevendo treinamento, necessitamos de informações confiáveis para que possamos orientar nossos treinos. Uma das informações fundamentais diz respeito a aspectos da composição corporal. A composição corporal é uma atividade da área de A composição corporal é uma atividade da área de cineantropometria que busca segmentar a massa corporal em seus principais componentes. Assim, temos os componentes: Massa Gorda (MG), Massa Corporal Magra (MCM), Massa Muscular (MM), Massa óssea (MO) e Massa Residual (MR). 46 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo cineantropometria que busca segmentar a massa corporal em seus principais componentes. Assim, temos os componentes: Massa Gorda (MG), Massa Corporal Magra (MCM), Massa Muscular (MM), Massa óssea (MO) e Massa Residual (MR). Vamos analisar os conceitos através da tabela 1. Tabela 1 - Apresentação dos principais componentes teciduais corporais e suas definições Componente Definição Massa Gorda (MG) Componente corporal constituído somente de gordura (tecido adiposo) Massa Corporal Magra (MCM) Componente corporal onde estão incluídos diversos tecidos corporais menos a MG (MCM = MCT – MG) Massa Muscular (MM) Componente corporal constituído somente de músculos (tecido muscular esquelético estriado) Massa Óssea (MO) Componente corporal constituído somente pelo esqueleto huma- no (tecido ósseo) Massa Residual (MR) São os demais componentes corporais, depois de retirados MM, MO e MG. Constituídos de vísceras, fluidos corporais, encéfalo, entre outros. Fonte: Moura (2011). Dessa forma, você pode perceber que temos diferentes formas de fragmentar o corpo. Todavia, a segmentação em dois ou quatro componentes são as mais usuais no meio da educação física. - Em dois componentes: MCM + MG = MCT. - Em quatro componentes: MG + MO + MM + MR = MCT. Devemos alertar que existe só uma forma direta de determinar tais componentes, que seria com a dissecação corporal, o que se faz em pesquisas utilizando-se cadáveres, porém em “in vivo” é impossível. Dessa forma, a ciência desenvolveu modelos matemáticos (equações) que são capazes de 47 Avaliação Morfológica Capítulo 3 predizer tais componentes com grande precisão. Obviamente, por se tratar de equações, devemos entender que sempre existirá erros de estimativa associados a elas, mas existem maneiras de minimizar tais erros, os quais discutiremos posteriormente. O fato é que as equações preditivas necessitam de dados antropométricos para serem usados como variáveis preditivas destas. Assim, possivelmente você concluirá e identificará mais uma importância para a coleta de dados antropométricos (capítulo 2), ou seja, eles formam a base para estimarmos a composição corporal do ser humano. Dando continuidade à análise da composição corporal, apresentaremos algumas equações preditivas que estimarão a MG e %G de alguns grupos populacionais (Tabela 2). Preste bem atenção nestas equações e suas aplicações. As equações apresentam validação para grupo específicos. Deurenberg, Weststrate e Sidell (1991) apresentam uma equação que foi validada por Buonani e colaboradores (2011) para crianças adolescentes de ambos os sexos de 07 a 17 anos. Petroski, em sua tese de doutorado (1995), desenvolveu diversas equações para homens e mulheres adultas. Salem e colaboradores (2004) desenvolveram várias equações. A apresentada é para mulheres adultas. Rech e colaboradores (2006) desenvolveram uma equação específica para mulheres idosas. Você pode perceber que na tabela 2 apresentamos somente cinco equações, porém salientamos que existem inúmeras equações preditivas já validadas para a população brasileira. Para maior aprofundamento desta questão consulte as obras de: Moreira (2006), Petroski, Pires-Neto e Glaner (2010), Moura (2011) e Petroski (2010). 48 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Tabela 2 - Equações preditivas do %G ou da densidade corporal (D) para diferentes populações Autor Validação Equação Cálculo Dezenberg et al. (1991) Buonani et al. (2011) Indivíduos (7-17 anos) ambos os sexos %G = (1,51 x IMC) – (0,70 x ID) – (3,6 x S) + 1,4 ID = idade (anos) S = 1 (masc.) ou 2 (fem.) %G = (1,51 x 22) – (0,70 x 11) – (3,6 x 1) + 1,4 %G = (33,22) – (7,7) – 3,6 + 1,4 %G = 23,32% Petroski (1995) Para homens adultos D = 1,10726863 – 0,00081201(x1) + 0,00000212(x1)2 – 0,00023367(ID) x1 = ∑DC (SE+TR+SI+PM) D = 1,10726863 – 0,00081202(47,2) + 0,00000212(47,2)2 – 0,00023367(28) D = 1,10726863 – 0,0383268 + 0,00472302 – 0,00654276 D=1,06712209 Salem et al. (2004) Para mulheres adultas D = 1,058 – 0,000763 (DC_Bi +TR) + 0,002948 (Pant) – 0,000836 (Pcint) DC_Bi + TR (soma das respecti- vas dobras) D = 1,58 – 0,000763 (13,1) + 0,002948 (23,5) – 0,000836 (64) D = 1,058 – 0,0099953 + 0,069278 – 0,053504 D = 1,06337787 Rech et al. (2006) Para mulheres idosas (50 a 75 anos) %G = 10,927073 + (0,368352 x Xa) – (0,001153 x Xa2) + (0,153198 x ID) Xa = ∑DC (SI + Pe + CxM) %G = 10,927073 + (0,368352 x 99) – (0,001153 x 992) + (0,153198 x 53) %G = 10,927073 + 36, 4669 – 11,3005 + 8,1194 %G = 44,2% Fonte: O Autor. As equações que estimam a densidade corporal (D) requerem mais um ajuste para transformar tais valores em %G. Assim, devemos utilizar a equação de Siri (1961) para transformar os valores. As equações que estimam a densidade corporal (D) requerem mais um ajuste para transformar tais valores em %G. Assim, devemos utilizar a equação de Siri (1961) para transformaros valores. 49 Avaliação Morfológica Capítulo 3 %G = (495/D) - 450 Se aplicarmos a equação de Siri aos valores de D, obtidos nas equações de Petroski e Salem e colaboradores (Tabela 2), teremos os valores de %G de 13,8% e 15,5%, respectivamente. De posse do valor do %G podemos transformá-lo no componente corporal MG através de uma regra de três simples (Figura 31). Figura 31 - Cálculo de regra de três simples para quantificação da MG com %G estimado através da equação de Petroski (1995) Fonte: Petroski (1995). Ao estimarmos o componente corporal de MG (9,7kg), teremos condições de calcular a MCM através da simples subtração da MG a MCT. Nesse caso, obteremos um segundo componente corporal. MCM (kg) = MCT (kg) – MG (kg) MCM (kg) = 70 (kg) – 9,7 (kg) MCM = 60,3 kg Com a MCM e MG já temos a composição corporal de dois componentes, o que confere dados de análise morfológica. Todavia, é importante sabermos que o 50 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo valor do %G é extremamente utilizado para avaliar o teor de gordura corporal da população de um modo geral. Para isso, a tabela 3 nos ajuda na interpretação. Tabela 3 - Valores referenciais para o percentual de gordura (%G) Homens Mulheres Muito baixo ≤5% ≤12% Baixo 6-11% 12-22% Ideal 12-15% 22-25% Alto 16-24% 24-31% Muito alto ≥25% ≥32% Fonte: Moura (2011). Dando continuidade, podemos agora partir para a equação preditiva da MO (Figura 32). Von Döbeln (1966) lançou uma equação que utiliza as variáveis antropométricas de estatura (em metros), diâmetro biepicondiliano do fêmur e biestiloide (embora os diâmetros sejam mensurados em centímetros, transformar a unidade de medida para metros). Figura 32 - Equação de Von Döbeln (1966) e o respectivo desenvolvimento da equação Fonte: Von Döbeln (1966). Aplicando a equação, temos a estimativa de um novo componente corporal, a massa óssea. No caso do exemplo usado, temos um valor de 10,44kg de MO. Dando prosseguimento, partirmos para a estimativa da MM (massa muscular). Para esta estimativa, temos à disposição na literatura (RECH; MOURA, 2010) 51 Avaliação Morfológica Capítulo 3 quatro equações. As equações de Martin e colaboradores (1990) e de Doupe e colaboradores (1997) não se configuram com acuracidade suficiente para estimar a MM quando aplicadas à população brasileira. Porém duas equações desenvolvidas por Lee e colaboradores (2000) apresentaram-se válidas para estimativa acurada da MM de jovens universitários masculinos (Figuras 33 e 34). Figura 33 - Apresentação da equação desenvolvida por Lee e colaboradores (2000) para estimativa da MM Fonte: O Autor. Onde: Est = estatura (m); PMBr = Perímetro magro do braço (cm); PMCxM = Perímetro magro da coxa média (cm); PMPn = Perímetro magro da perna (cm); Id = idade (anos) A equação de Lee e colaboradores (2000) (Figura 33) apresenta perímetros musculares como variáveis preditivas além de estatura, sexo, idade e etnia, isto é, sete variáveis preditivas na equação, usando, assim, diferentes “fontes preditivas” para a estimativa da MM de jovens. Portanto, se aplicarmos tal equação a populações diferentes, como adolescentes e idosos, os erros de predição tendem a aumentar. A equação de Lee e colaboradores (2000) (Figura 33) apresenta períme- tros musculares como variáveis preditivas além de estatura, sexo, idade e etnia, isto é, sete variáveis preditivas na equação, usando, assim, diferentes “fontes preditivas” para a estimativa da MM de jovens. 52 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 34 - Apresentação da equação desenvolvida por Lee e colaboradores (2000) para estimativa da MM Fonte: O Autor. A sequência de cálculos é extremamente longa para se obter o valor da MM, porém, visto de outra forma, existem diversas variáveis preditivas que contribuem para que as equações sejam mais precisas. A tabela 4 apresenta todos os cálculos necessários para estimativa da MM. Saliento a você que os valores de DC mensurados em milímetros (mm) devem ser transformados em centímetros (cm). Tabela 4 - Cálculos necessários para estimativa da Massa Muscular (MM) via equação de Lee e colaboradores (2000) Perímetro Magro do Braço (PMBr) Perímetro Magro da Coxa média (PMCxM) Perímetro Magro da Perna (PMPn) PBr = 31,5 cm DC-TR = 9,0 mm (0,9 mm) PCxM = 54,4 cm DC-CxM = 11,2 mm (1,12 mm) PPn = 37,2 cm DC-PM = 4,5 mm (0,45 mm) PMBr = PBr – (π x DC-TR) PMBr = 31,5 – (3,1416 x 0,9) PMBr = 28,7 cm PMCxM = PCxM – (π x DC-CxM) PMCxM = 54,4 – (3,1416 x 1,12) PMCxM = 50,9 cm PMPn = PPn – (π x DC-PM) PMPn = 37,2 – (3,1416 x 0,45) PMPn = 35,8 cm MM = Est x [(0,00744xPMBr2) + (0,00088xPMCxM2) + (0,00441xPMPn2)] + (2,4xsexo) – (0,048xId) + Et + 7,8 MM = 1,69 x [(0,00744x28,72) + ( 0,00088x50,92) + (0,00441x35,82)] + (2,4x1) – (0,048x40) + 0 + 7,8 MM = 1,69 x [(0,00744x824,0) + ( 0,00088x2590,8) + (0,00441x1281,6)] + (2,4x1) – (0,048x40) + 0 + 7,8 MM = 1,69 x[(6,13) + (2,28) + (5,65)] + (2,4) – (1,92) + 0 + 7,8 MM = 23,76 + (2,4) – (1,92) + 0 + 7,8 MM = 32,04 kg Fonte: Lee e colaboradores (2000). 53 Avaliação Morfológica Capítulo 3 Em função de cálculos longos e trabalhosos, surgiram no mercado vários softwares que buscam acelerar o processo. Sugerimos que acesse os sites descritos abaixo e verifique como estes funcionam. Caso contrário, planilhas de cálculos no Microsoft Excel poderão ajudar sobremaneira. http://www.terrazul.com.br/ http://www.treinoemfoco.com.br/sexta-em-foco/software-de- avaliacao-fisica-saamh/ De posse da quantificação dos componentes MG, MO e MM por subtração, estimamos os valores de MR (massa residual). Como o próprio termo retrata, a MR é composta por todos os componentes corporais restantes após a retirada do tecido gordo, ósseo e muscular (Figura 35). Figura 35 - Cálculo da Massa Residual (MR) derivado dos demais componentes corporais Fonte: O Autor. Com os quatro componentes estimados, temos a composição corporal completa com o uso de quatro componentes (MG, MO, MM e MR) (Figura 36). 54 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 36 - Esquema Gráfico demonstrando a segmentação corporal em dois e quatro componentes Fonte: O Autor. Como último ponto de análise morfológica, indicamos que você estabeleça relações entre os componentes corporais para obter um real panorama morfológico de seu atleta. A relação MCM/MG (R-MCM/MG) realiza a divisão do valor da MCM pelo respectivo valor de MG e tal valor nos permitirá verificar qual a proporção da MCM pela MG. Visto de outra forma, podemos entender que o valor em quilograma da MCM supera o valor da MG em 5,4 vezes, ou seja, é 5,4 vezes maior o valor da MCM em relação ao valor da MG (Figura 37). Se o mesmo for feito para os componentes MM e MG a relação destes componentes (R-MM/MG) fornecerá a informação de proporção entre ambos. Assim, a R-MM/MG é de 3,3; isto é, a quantidade de MM no corpo supera a MG em 3,3 vezes. Isso em alguns esportes, nos quais a mobilidade corporal (agilidade) e a potência muscular são importantes, torna estas relações fundamentais a serem avaliadas (Figura 37). Figura 37 - Relações entre os componentes (tecidos) corporais. Fonte: O Autor. A relação MCM/ MG (R-MCM/MG) realiza a divisão do valor da MCM pelo respectivo valor de MG e tal valor nos permitirá verificar qual a proporção da MCM pela MG. 55 Avaliação Morfológica Capítulo 3 Atividade de Estudos: 1) Pesquise na literatura dois artigos que apresentem a composição corporal de duas modalidades esportivas diferentes. Compare a MG, MCT, MCM, %G, MM entre as duas modalidades e calcule também a R-MCM/MG e R-MM/MG. De posse desses dados, procure interpretar os valores e verificar como eles influenciam na performance dos atletas destas duas modalidades esportivas.____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Como reflexão final, poderemos verificar, de forma geral e também detalhada, o que os dados calculados até o presente momento podem nos trazer de informação útil. Primeiramente, lembremos que nosso atleta em questão tem MCT de 70kg com 1,70m de estatura. Com estes dois dados, aparentemente, este atleta do sexo masculino não aparenta ser gordo e realmente não o é, pois confirmamos esta “hipótese” ao estimarmos o %G do atleta. Com 13,8% de gordura corporal ele está na faixa ideal (Tabela 3). Porém, se tratar-se de um triatleta, por exemplo, seria interessante um %G ainda mais baixo. Gagliardi (1996) identificou em triatletas de alto rendimento o valor de 10,7% através da pesagem hidrostática. Se tratar-se de atleta de futebol, Moura e colaboradores (2003) encontrou valores 56 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo de 7,1%. Você pode notar que dependendo da modalidade esportiva os valores ideais de %G mudam e você deverá buscar a configuração destes valores ideais através de treinamento adequadamente dosado sobre o atleta. A MM de 32,04kg representa 45,7% da MCT composta por tecido muscular. Para um sujeito não atleta este percentual de MM está em conformidade com as necessidades, todavia, se tratar-se de um culturista, o valor está muito abaixo do desejado. O Atleta Campeão Catarinense de Fisiculturismo overall 2012 (Alexandre Osmar Pamplona) apresentou, na semana da competição, 54,5kg de MM, que correspondiam a 67,1% da sua MCT. Fica claro que em atletas culturistas a necessidade do desenvolvimento muscular é muito maior. ht tp: / /www.treinoemfoco.com.br/alexandre-pamplona/ composicao-corporal-alexandre-pamplona/ Se nosso atleta tratar-se de um tenista, existe a necessidade de elevadíssima agilidade corporal. A agilidade corporal pode ser favorecida aumentando o tecido que produz o movimento de potência-explosivo (tecido muscular) e diminuindo o tecido que gera carga extra inútil no mecanismo de movimentação corporal (Moura et al., 2005), ou seja, o tecido adiposo. Assim, a R-MM/MG deve ser elevada. Nosso atleta em questão apresentou o valor 3,3, significando que para 1,0kg de gordura corporal existem 3,3kg de músculos, sendo este um valor baixo, necessitando ser elevado para melhorar a capacidade de gerar agilidade/ potência no desporto tênis. Só como referência para você, o atleta Pamplona, citado anteriormente, apresenta uma R-MM/MG de 9,4 (cada quilo de gordura é contrabalançado por 9,4kg de MM). Nestas últimas reflexões sobre os valores identificados sobre os componentes corporais, buscamos desenvolver linhas de reflexões ilustrativas de como usar os dados gerados. Acreditamos ter ficado claro a necessidade da geração de tais dados como fator de diagnóstico e orientação do treinamento. Referências BUONANI, C. et al. Desempenho de diferentes equações antropométricas na predição de gordura corporal excessiva em crianças e adolescentes. Rev Nut. [S.l.]. v. 24, n. 1, p. 41-50, 2011. 57 Avaliação Morfológica Capítulo 3 DEURENBERG, P.; WESTSTRATE, J. A; SIDELL, J. C. Body mass indes as a measure of body fatness: age and sex-specific prediction formulas. Br J Nutr. [S.l.], v. 65, n. 2, p.105-114, 1991. DOUPE, M. B. A new formula for population-based estimation of whole muscle mass in males. Can J Appl Physiol. [S.l.], v. 22, n. 6, p. 598-608, 1997. GAGLIARDI, J. F. L. Estudo de equações de estimativa de densidade e composição corporal em atletas do sexo masculino. 1996. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), 1996. LEE, R. C. et al. Total-body skeletal muscle mass: development and cross- validation of anthropometric prediction models. Am J Clin Nutr. [S.l.], v. 72, p. 796-803, 2000. MARTIN, A. D. et al. Antrhropometric estimation of muscle mass in men. Med Sci Sports Exerc. [S.l.], v. 22, n. 5, p. 729-733, 1990. MOREIRA, S. B. Ciência no treinamento, modelização matemática da performance. Rio de Janeiro: Shape, 2005. MOURA, J. A. R. et al. Validação de equações para a estimativa da densidade corporal em atletas de futebol categoria sub-20. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. [S.l.], v. 5, n. 2, p. 22-32, 2003. _____. et al. Características morfológicas de levantadores de potência participantes do XXIII campeonato brasileiro de powerlifting. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. [S.l.], v. 7, n. 2, p. 44-54, 2005. _____. Protocolos antropométricos e equações preditivas da composição corporal. Blumenau: Nova Letra, 2011. PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. 5. ed. Jundiaí (SP): Fontoura, 2011. PETROSKI, E. L.; PIRES-NETO, C. S.; GLANER, M. F. Biométrica. Jundiaí: Fontoura, 2010. RECH, C. R. Validação de equações antropométricas e de impedância bioelétrica para estimativa da composição corporal em idosos. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. 58 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo RECH, C. R.; MOURA, J. A. R. Antropometria para a estimativa da massa muscular. In: SALEM, M.; FERNANDES FILHO, J.; PIRES-NETO, C. S. Desenvolvimento e validação de equações antropométricas específicas para a determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro. Rev Bras Med Esporte. [S.l.], v. 10, n. 3, p. 141-146, 2004. SIRI, W. E. Body composition from fluid spaces and density: analyses of methods. In: BROZEK, J. H. Techniques for measuring body composition. Washington: National Academy of Science, 1961. CAPÍTULO 4 Avaliação Neuromotora e Metabólica A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Apontar os diferentes testes utilizados na quantificação de variáveis do desempenho humano. 3 Analisar a consistência dos protocolos e a viabilidade de aplicação de diferentes testes que avaliam o desempenho humano. 60 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo 61 Avaliação Neuromotora e Metabólica Capítulo 4 Contextualização Você está elaborando uma periodização de treinamento para os seus atletas e, para ter dados que possam embasar seu trabalho, necessita de quantificações referente a testes físicos de cunho neuromotor (resistência muscular, força, potência, agilidade, etc.), bem como de cunho cardiovascular metabólico (resistência aeróbia e resistência anaeróbia). Você treina um atleta de voleibol, qual o melhor teste de potência de membros inferiores a aplicar? Se seu atleta é da modalidade de basquetebol, qual o melhor teste de potência de membros superiores a aplicar? Tais questionamentos são necessários para equacionar bons procedimentos de aplicação do teste. Selecionar adequadamente os testes e aplicar rigorosamente os protocolos são condições indispensáveis para desenvolver baterias de testes que produzam resultados confiáveis e úteis para a formulação do treinamento. Neste capítulo, iremos conhecer e estudar a aplicação de alguns dos principais testes de campo na área do treinamento desportivo. Conhecer todos os procedimentos referentes ao protocolo de testagem de diferentestestes é fundamental para que suas avaliações sejam precisas. Portanto, vamos a eles? Testes e seus Respectivos Protocolos a) Teste de Sentar e Alcançar (Banco de Wells) – Teste de flexibilidade Objetivo: Medir a flexibilidade da musculatura extensora do quadril (músculo glúteo máximo e grupos isquiotibiais) e músculos extensores (posteriores) do tronco (eretores da espinha e quadrado lombar). Metodologia: Coloque o atleta em posição sentada, pés apoiados no flexômetro. Segure os joelhos do atleta para evitar que ele os flexionem, pois se isto ocorrer o grupo muscular isquiotibial (músculos bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso), que também é flexor do joelho além de extensor do quadril (KAPANDJI, 1990), não será solicitado durante a testagem. Na execução do teste, o atleta flexiona a coluna vertebral e o quadril vagarosamente à frente, o máximo que puder, utilizando a ponta dos dedos das mãos para empurrar uma guia de medida. 62 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Resultado: É computada a melhor das três tentativas. Pode ser realizado com análise bilateral ou unilateral, conforme figura 38. Acompanhe uma variação deste teste (teste de dedos ao solo) em vídeo pelo link: http://www.treinoemfoco.com.br/sexta-em-foco/avaliacao-de- flexibilidade-teste-de-dedos-ao-solo/. Cuidados: devemos manter o posicionamento dos pés voltados para cima. Portanto, devemos evitar que os pés girem para fora, pois isso acarreta pequenas modificações nos grupos musculares envolvidos no movimento, interferindo em uma padronização rigorosa do teste e causando variações nos resultados obtidos. Figura 38 - Em “A” imagem demonstrando avaliação bilateral de flexibilidade, em “B” a demonstração unilateral do teste Fonte: O Autor. 63 Avaliação Neuromotora e Metabólica Capítulo 4 Para aprofundamento na aplicação do teste de sentar e alcançar assista aos vídeos dos links: http:/ /www.treinoemfoco.com.br/saude-em-acao/serie- avaliacao-avaliacao-da-flexibilidade-de-cadeia-posterior/ http://www.treinoemfoco.com.br/saude-em-acao/serie- avaliacao-fisica-analise-da-flexibilidade-muscular/ b) Teste da Corrida de 30m ou 50 m – Teste de aceleração Objetivo: Muito embora em várias obras consagradas da Educação Física seja colocado este teste como de velocidade (MARINS; GIANNICHI, 1996) devemos entender que na verdade ele não o é. Quando o nosso avaliado parte da inércia, como no caso, ele irá produzir aceleração máxima até aproximadamente 40 a 50m para, então, a partir deste ponto, manter a sua velocidade. Portanto, o teste caracteriza-se como de aceleração. Pode ser aplicado para indivíduos de ambos os sexos de seis a 50 anos. Obviamente, devemos ter o cuidado de aplicação deste teste em pessoas idosas e/ou sedentárias devido à característica explosiva poder colocar em risco a integridade do aparelho locomotor de pessoas deste grupo populacional. Metodologia: Você e mais um avaliador, posicionados um na linha de partida e o outro na linha de chegada (distância de 30 ou 50m – Figura 39). O avaliador na linha de partida dará o comando de “pronto” e “já”. Ao comando de “já”, baixará a mão neste momento, dando o indicativo para o avaliador da linha de chegada acionar o cronômetro. O cronômetro será travado quando o atleta cruzar a linha de chegada. O atleta, antes de partir para a corrida, deve estar em pé, em posição de largada (afastamento anteroposterior dos pés e tronco inclinado). Ao comando de “já”, deverá correr em linha reta. O atleta passará pela linha de chegada em velocidade máxima para só então desacelerar. Resultado: Tempo de execução do percurso. Devemos realizar três tentativas por atleta, o menor tempo será o utilizado como o verdadeiro. Quando o nosso avaliado parte da inércia, como no caso, ele irá produzir acelera- ção máxima até aproximadamente 40 a 50m para, então, a partir des- te ponto, manter a sua velocidade. Portanto, o teste caracteriza-se como de acelera- ção. 64 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Figura 39 - Esquema demonstrando teste de 30 e 50 metros Fonte: O Autor. c) Teste da Corrida de 50 m lançados – Teste de velocidade Objetivo: Este teste, por permitir que seja feita uma aceleração de 20 a 30m antes do início da contabilização do tempo e da distância (por isso o “lançado”), realmente mede velocidade de deslocamento, uma vez que praticamente toda a aceleração já foi atingida ao produzir o teste. Pode ser aplicado a ambos os sexos de atletas. Metodologia: Você e outro avaliador por atleta avaliado, um na linha de partida e o outro na linha de chegada. O atleta inicia a corrida 20 a 30 metros antes da linha de partida e, ao passar pelo primeiro avaliador (que está na linha de partida), este último deve baixar o braço para que o avaliador da linha de chegada acione o cronômetro. O cronômetro será travado quando o atleta cruzar a linha de chegada. O avaliado, antes de partir para a corrida, deve estar em pé em posição de largada. Este deverá sair quando sentir-se em condições de partida. Resultado: Tempo de execução do percurso. Lembre: devem ser realizadas três tentativas por avaliando, o menor tempo será o utilizado como verdadeiro. 65 Avaliação Neuromotora e Metabólica Capítulo 4 Figura 40 - Esquema demonstrando teste de 30 e 50m lançado Fonte: O Autor. d) Salto Vertical (impulsão vertical) – Teste de potência Objetivo: Medir potência de membros inferiores. Metodologia: Parede graduada em centímetros, atleta em pé ao lado da parede erguer a sua mão o mais alto possível acima da cabeça para que se registre a altura alcançada (altura total). O avaliado (atleta) abaixa a mão e posiciona-se para saltar. Com balanço dos braços e flexão de joelho e quadril (movimento similar à cortada no voleibol), o avaliado salta e toca na parede graduada no ponto mais alto possível. Para facilitar este registro os dedos deverão estar com pó de giz. Resultado: É dado em centímetros, subtraindo-se a altura máxima alcançada no salto e a altura total. Obs.: Não permita saltitos antecedendo o salto. São feitas três tentativas. e) Salto Horizontal (impulsão horizontal) – Teste de potência Objetivo: Medir potência de membros inferiores. População-alvo: Em ambos os sexos, de crianças à idade adulta. Você deve posicio- nar o atleta atrás de uma linha de- marcada no solo. Com auxílio do ba- lanço dos braços e flexão de quadril e joelhos (similar ao movimento do teste anterior), o atleta saltará a maior distância horizontal possível a sua frente. 66 Organização e Planejamento do Treinamento Desportivo Metodologia: Você deve posicionar o atleta atrás de uma linha demarcada no solo. Com auxílio do balanço dos braços e flexão de quadril e joelhos (similar ao movimento do teste anterior), o atleta saltará a maior distância horizontal possível a sua frente. Resultado: É dado em centímetros, da distância percorrida entre as pontas dos pés na linha demarcada no solo até a ponta do pé (parte frontal do pé). Acompanhe esse teste pelo link. http://www.treinoemfoco.com.br/avaliacao-fisica/ Tabela 5 - Indicadores de referência para o Teste de Impulsão Horizontal Classificação Resultado (metros) Fraco < 2,30 Regular 2,30 – 2,49 Bom 2,49 – 2,69 Muito bom 2,70 – 2,89 Excelente > 2,70 Fonte: Marins e Giannichi (1996). Atividade de Estudos: 1) Para treinamento dos protocolos e de avaliação dos resultados, selecione dois amigos seus sendo um do sexo masculino e outro do sexo feminino e aplique os testes de sentar e alcançar e o de impulsão horizontal. Com os resultados em mãos, avalie-os e determine se seu amigo ou sua amiga apresenta melhor desempenho nas duas qualidades físicas mensuradas. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________
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