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Fundamentos da 
Ginástica
Fundamentos da 
Ginástica
Aracaju, 2019
Fabio José Antonio da Silva
Fabiana Medeiros de Almeida Silva
Copyright © Sociedade de Educação Tiradentes SIB- Sistema Integrado de Bibliotecas
Redação:
Pró-reitoria Adjunta de Educação a Distância 
Rua Simão Dias, 236 - Centro
CEP: 49010-430 - Aracaju / SE
Tel.: (79) 3218-2487
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Jhully Stefany Lopes Andrade
Diagramadores
Matheus Oliveira dos Santos 
Shirley Jacy Santos Gomes
Ilustradores
Silva, Fabio José Antonio da
S586f Fundamentos de ginástica / Fábio José Antonio da Silva, 
Fabiana Medeiros de Almeida Silva - Aracaju: UNIT, 2019. 
178 p. il. ; 23 cm. 
Inclui bibliografia. 
ISBN 978-85-7833-424-6
1. Ginástica. 2. Métodos ginásticos. 3. Capoeira regional 4. Ginástica de competição 
ou desportiva I. Silva, Fábio José Antonio da. II. Silva, Fabiana Medeiros de Almeida 
III. Título. 
CDU: 796.41
Apresentaçãor
Olá, caros alunos! O conteúdo deste livro de Fundamentos da Ginástica 
servirá para aprimorar os conhecimentos históricos a respeito da evolução da gi-
nástica ao longo dos tempos, proporcionando uma visão holística, relacionando 
alguns aspectos filosóficos, ideológicos e educacionais no contexto de uma socie-
dade ética e cidadã, em seu processo de aquisição de conhecimento dos funda-
mentos da ginástica.
Neste sentido, iremos analisar a origem e a evolução histórica da ginástica, 
a teoria e a sua prática nas diversas formas de ginástica, partindo de seus idealiza-
dores, bem como seus fundamentos técnicos e teóricos, proporcionando apren-
dizado a respeito dos componentes básicos e sua atual diversidade e possíveis 
aplicabilidade, sendo um elemento da cultura corporal em distintos ambientes, 
dando suporte direto à prática profissional. 
O estudo conjunto em EAD oferecerá também a oportunidade de se apri-
morar de forma técnica-científica, fazendo refletir sobre a evolução histórica e 
metodológica da ginástica, analisando criticamente a sua evolução histórico-des-
critiva em diversas metodologias ginásticas, aproveitando determinadas fases 
sócio-político-culturais da Educação Física no Brasil, bem como a possibilidade 
da modalidade Ginástica como instrumento de desenvolvimento biopsicossocial 
do indivíduo.
SumÁrio
09
Parte1:
NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE 
DA GINÁSTICA
11
Tema 1: 
Classificação, terminologia e definições da 
Ginástica 
13 1.1 História da Ginástica
27 1.2 História da Ginástica no Brasil
35 1.3 Ginástica – elementos constitutivos 
45 1.4 Classificação dos exercícios físicos
53
Tema 2:
Os Métodos Ginásticos: SUECO, 
INGLÊS E CALISTENIA
55
2.1 ESTUDO CRÍTICO E VIVÊNCIA DO SISTEMA DE 
GINÁSTICA SUECA ANTIGA E MODERNA
63
2.2 ESTUDO CRÍTICO E VIVÊNCIA DO SISTEMA 
DE GINÁSTICA INGLESA
70 2.3 ESTUDO CRÍTICO E VIVÊNCIA DA CALISTENIA
82
2.4 FORMAS BÁSICAS DA GINÁSTICA: 
LIVRE E COM APARELHOS 
Parte 2: 
MÉTODOS GINÁSTICOS 91
tema 3: 
Os métodos Ginásticos: Alemão, Natural de 
Hebert e Francês
93
3.1 Estudo crítico e vivência do Método Alemão 95
3.2 Estudo crítico e vivência do 
Método Natural de Hebert
103
3.3 Estudo crítico e vivência do 
Método Francês - Exército
111
3.4 Estudo crítico e vivência do Método Francês Escola 118 
tema 4: 
Ginástica de competição ou desportiva 125
4.1 SISTEMA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DESPORTIVA GENERALIZADA 127
4.2 GINÁSTICA NA ATUALIDADE 136
4.3 EXPERIÊNCIAS METODOLÓGICAS DA GINÁSTICA 148
4.4 PRÁTICA DE ENSINO DA GINÁSTICA 157
ReferÊncias 170
Parte 1
NATUREZA, HISTÓRIA E 
GÊNESE DA GINÁSTICA
tema 1
Classificação, termi-
nologia e definições da 
Ginástica 
Caro aluno, seja bem-vindo ao Tema 1 da disciplina de Fundamentos 
da Ginástica. Neste tema, serão tratados os conteúdos relativos à 
História da Ginástica, o seu surgimento até os dias atuais e a 
História da Ginástica no Brasil, a forma como se deu a entrada dela 
no cenário educacional brasileiro.
Abordaremos também os elementos constitutivos da Ginástica com 
o esclarecimento das diversas formas de manifestação corporal e, 
por fim, teremos uma visão classificatória dos exercícios físicos, 
sem nos esquecermos da diferença clássica entre exercício físico e 
atividade física.
1.1 
HISTÓRIA DA GINÁSTICA
A modalidade Ginástica originou-se a partir de inúmeros con-
ceitos, tomando para si diversas funções, em que, através dos tempos 
em diferentes culturas, obteve uma gama de significados e objetivos, 
conforme a sociedade em que estava inserida e sua época.
É claro que a expressão "Ginástica" aplicada ao primata é, de 
certa forma, incongruente, pois o exercício físico não estava sistema-
tizado, regulamentado e estudado cientificamente, mas levando em 
consideração todos estes quesitos, o homem da pré-história pôde nos 
mostrar o início de tudo. Pelas condições de sobrevivência, o cotidia-
no, naquela época, praticamente se assemelhava muito com o que 
sabemos sobre Educação Física hoje, pois os primatas daquela épo-
ca, para sobreviver, precisam caçar, pescar, fugir de presa, conseguir 
alimentos e, para isso, corriam, saltavam, arremessavam, nadavam, 
enfim, realizavam uma série de movimentos que se associava muito 
ao que chamamos de formas básicas de locomoção.
Para nosso estudo, iremos abordar alguns conceitos de ativida-
des físicas realizadas na pré-história, dentro dos seguintes aspectos: 
Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo e Religioso.
1 - ASPECTO NATURAL: são atividades físicas realizadas de 
forma instintiva, ou seja, como meio de sobrevivência. 
Como exemplo, citamos a corrida, para fugir do perigo ou 
para alcançar a caça; a natação, para atravessar rios e lagos 
e alimentar-se; a caminhada, à procura da caça, da pesca e 
do abrigo, entre outras atividades.
14 Fundamentos da Ginástica
Desenho ilustrando o modelo de caça na pré- historia
2 - ASPECTO UTILITÁRIO: caçando ou pescando, inúmeras ve-
zes a lança foi atirada de forma incorreta, fazendo com que o 
primata perdesse sua alimentação. Ele percebeu que precisa-
va "treinar" aquele gesto, para que, quando surgisse a opor-
tunidade, pudesse ter êxito no lance. Essa sistematização de 
ações fez com que o aspecto instintivo se tornasse algo 
utilitário, devido a sua intencionalidade.
Charge dos homens primitivos famintos
 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 15
3- ASPECTO GUERREIRO: com o domínio da natureza, o ho-
mem aos poucos cria grupos, em especial, aqueles que do-
minam o pastoreio e a agricultura, bem como demais grupos 
que ainda sobrevivem da caça e da coleta de frutos silves-
tres. Ao perceber a fartura daqueles, alguns grupos passam 
a treinar no manuseio das armas para atacar e apossar-se 
daqueles alimentos. Os sobreviventes perceberam que não 
bastava criar o gado e armazenar os cereais, era necessário 
dedicar atenção ao preparo para lutas e às medidas de segu-
rança. Diante disso, via-se a prática da Educação Física sob 
o olhar guerreiro. 
Lança utilizada pelos primatas americanaos
4 - ASPECTO RECREATIVO: entre os primatas, também, existia 
a parte lúdica, recreativas, pois brincavam de correr, saltar 
em altura, lutavam, dançavam, atiravam ao alvo, faziam en-
cenações representandoepisódios de caça, cenas cômicas 
e de combates, além das pinturas rupestres. Era o aspecto 
recreativo presente entre os pré-históricos.
16 Fundamentos da Ginástica
Composição de uma família na idade da pedra no momento do 
registro em pinturas rupestres
5 - ASPECTO RELIGIOSO: A fim de reverenciar os deuses e 
seus espíritos, o primata conduzia atividades rítmicas e 
danças. Ao som de bastões, tambores, palmas, gritos e ruí-
dos, realizavam movimentos característicos da religião, em 
que os braços, mãos, cabeça, tronco, balanceios, saltitos, 
passos, corridas e batidas de pés externavam sua adoração.
 
Desenho de um homem primata 
dançando em volta do Deus Fogo
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 17
Na Antiguidade, quando se pensa nas civilizações mais evolu-
ídas, principalmente na porção oriental do planeta, os exercícios físi-
cos aparecem em diversas formas, destacando-se a luta, a natação, o 
remo, a arte de atirar com o arco, presente em alguns jogos, nos rituais 
religiosos e na preparação guerreira.
A modalidade ginástica aparece aqui como representação de 
um conjunto de atividades físicas, baseada na massagem e nos mo-
vimentos respiratórios, com uma frequência diária e com objetivos 
curativistas e morais. 
Com algumas particularidades próprias de cada povo, todas as 
civilizações da antiguidade, que temos conhecimento, retratavam por 
meio de desenhos e escrituras, algo bastante parecido com a ginástica
Quando se pensa em antiguidade, os povos chineses consti-
tuem um dos povos mais antigos do globo terrestre. Possuíam uma 
educação organizada, com escolas de diversos níveis.
A Ginástica, além de pertencer ao currículo escolar, estava ha-
bituada entre os preceitos morais e religiosos, o que proporcionou a 
esta população uma representatividade de alto nível mundial. Assim, 
graças aos clérigos e aos filósofos, a “Educação Física” era encarada 
com muita seriedade pelo povo chinês.
Uma arte marcial bastante evidenciada naquela população, o 
kung-fu, além de uma filosofia de vida, era um notável tratado de Gi-
nástica elaborado pelos monges. A prática do kung fu contava com 
exercícios ativos, passivos e mistos, exercícios posturais, respirató-
rios, diversos tipos de massagens, colaborando para os benefícios fi-
siológicos e curativos de cada exercício. 
Além das práticas morais e higiênicas, os chineses praticavam 
muitas outras atividades físicas, em formato de esportes, tais como: o 
18 Fundamentos da Ginástica
arco e a flecha, a luta, o boxe, os jogos imitativos, a esgrima de sabre, 
o Tsu-Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca), a caça, danças 
religiosas e pantominas.
Saindo da China e chegando à civilização hinduísta, originária 
do Indico, onde temos como registro de fontes históricas as escritas 
de alguns livros, como exemplo, os livros Vedas, podemos perceber o 
quanto nos damos conta de que os hindus praticavam uma espécie de 
ginástica, exercícios respiratórios, massagens, hidroterapia, equita-
ção, boxe, lutas, corridas, natação, dança, pólo, esgrima e alguns lan-
çamentos de alguns objetos, sendo considerados guerreiros temíveis. 
Os hindus possuíam cidades fortificadas, usavam os elefantes nas 
batalhas como estratégia para conduzir dezenas de arqueiros, favore-
cendo, de certa forma, o ataque ao inimigo.
A Ginástica, naquela época, se destacava no ambiente escolar, 
recebendo especial atenção dentro do seio familiar e nos templos re-
ligiosos. Os conceitos de higiene faziam parte da essência moral e re-
ligiosa do povo hinduísta.
Quando olhamos para outros povos, como os egípcios, medos, 
persas, fenícios e assírios, eram considerados os povos mais conhe-
cidos entre os povos da antiguidade localizados no Oriente Próximo. 
Os registros históricos apontam que a população fenícia possuía uma 
destreza para navegação inconfundível. Os povos assírios e caldeus 
possuíam a característica de guerreiros cruéis. Os hebreus deixaram 
legados preciosos a respeito de higiene, e que os povos chamados 
Medos e os Persas eram dotados de uma inteligente singular, sendo 
dinâmicos, honrados e lutadores.
Considerado clima quente e recebendo as cheias periódicas do 
Nilo de forma periódica, era natural que os egípcios desenvolvessem 
alguns hábitos e costumes, tais como: higiênicos, exercícios, alimen-
tares e vestuário.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 19
Por se tratar de um continente repleto de rios, a natação era 
bastante praticada por homens e mulheres, sendo o remo, a navega-
ção e a caça nos rios e pântanos muito apreciados.
A ginástica rítmica e as danças tiveram alta expressão no Egito, 
seja sob o aspecto religioso, profano ou militar.
Sob o aspecto militar, além do manejo do arco e da flecha, pra-
ticavam a corrida de carros de guerra, arremesso de lança, a esgrima, 
corridas de velocidade e resistência.
Quando chegamos à Grécia, podemos ter a certeza, de acordo 
com a história, que foi nesta parte do mundo que se definiu o conceito 
de Ginástica, em que exercícios ginásticos eram praticados sem rou-
pas, banhados com óleo, nos ginásios, sob uma determinada orienta-
ção realizada por preparadores físicos e alguns filósofos, objetivando 
a formação humanística, nos aspectos físico, intelectual, filosófico, 
artístico e moral.
Para entendermos melhor este berço da ginástica, a Grécia era 
dividida basicamente entre duas civilizações: Atenas e Esparta, com 
suas particularidades bem definidas.
Os atenienses, pela harmonia de suas linhas corpóreas, delica-
deza de semblante, inteligência, coragem e cultura, foram considera-
dos o ícone da beleza humana.
O povo espartano era considerado rude, forte, enérgicos, colo-
cando o amor à nação acima de tudo, colaborando, de certa forma, 
para que a educação espartana objetivasse formar soldados eficientes 
e prontos a morrer pela Pátria.
Segundo Bloch (1965), a educação espartana consistia em par-
tes uma espécie de Educação Física, em que era deixada de lado a 
20 Fundamentos da Ginástica
educação cívica, embora os jovens espartanos recebessem apenas al-
guns ensinamentos básicos de matemática, leitura e também poesia. 
Não eram apenas os meninos que recebiam a educação física, mas 
também as meninas, elas eram incentivadas a participarem de jogos 
públicos, realizando provas de corridas, manipulação de arco e a fle-
cha, chegavam a dirigir carros de combate e lutavam como se fossem 
homens. Além de terem essa formação guerreira, também tinham a 
obrigação de se manterem belas, fortes e saudáveis, pois aproximan-
dante aos 20 anos de idade estavam prontas para se casarem e gerar 
filhos saudáveis, mas eram, incansavelmente, instruídas a colocar o 
amor a Pátria acima do amor maternal, ou seja, se houvesse a neces-
sidade de deixar os filhos para lutar, elas partiriam para o combate.
Na educação ateniense, os conceitos e as condutas eram bem 
diferentes. Do nascimento até os sete anos de idade, os meninos fi-
cavam integralmente ao cuidado da mãe, brincando livremente, sem 
qualquer tipo de preocupação. A partir dos sete anos de idade, in-
gressavam na escola onde aprendiam a ler e escrever, aulas de can-
to, música, jogos e como portar-se na sociedade. Com esse conteúdo 
curricular, a população ateniense buscava a formação integral do in-
divíduo, sendo composta por alma, corpo e mente.
Quando o menino atingia a casa dos doze anos de idade, até por vol-
ta dos seus quinzes anos, os estudos na escola se especializavam, princi-
palmente em artes, astronomia, matemática, algumas leis específicas da 
época e literatura. A prática da ginástica se tornava cada vez mais rígida.
Ao completarem quinze anos até os dezoito anos, os meninos 
recebiam a ginástica com mais riqueza de movimentos e rigidez, em 
que acabavam por se dedicar às modalidades de atletismo. E, por fim, 
dos dezoito aos vinte anos de idade, eles ingressavam num centro de 
formação militar chamado de na “efebia”, no qual eram instruídos ao 
treinamento cívico/militar,bem como ensinamentos sobre política, 
administração e oratória. 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 21
Por outro lado, as meninas atenienses eram educadas pela figu-
ra materna, sendo toda a educação voltada para o ambiente domésti-
co, em que aprendiam a arte de fiar, costurar, bordar, ler, escrever, to-
car algum instrumento musical, em especial a citara, dançar e praticar 
alguns jogos, nada muito comparado com os meninos.
Em relação às praticas esportivas e de ginástica, os gregos pos-
suíam excelentes locais como:
a) Estádio – espaço destinado à realização de corridas de velo-
cidade e resistência.
b) Palestra – local reservado às práticas de lutas.
c) Hipódromo – corridas de cavalo e de carro eram realizados 
neste local.
d) Ginásio – espaço destinado à prática da ginástica, de alguns 
jogos e em alguns momentos à educação intelectual, realiza-
da por alguns pensadores da época.
Ao se tratar do templo da ginástica, não podemos deixar de res-
saltar os mais célebres jogos, que foram os Olímpicos. Tinha como 
período de realização de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos 
deuses. 
A primeira edição é datada de 776 A.C., sendo extintos em 394 
D.C. pelo imperador romano Teodósio, sendo realizadas, neste perío-
do de aproxidamente 1200 anos, em torno de 291 Olimpíadas.
Ao se pensar em Olimpíadas, todas as guerras e batalhas que 
estavam acontecendo na época eram cessadas, para a realização ex-
clusiva dos jogos. Neste espírito de paz, todas as cidades se reconci-
liavam, e todos tinham livre trânsito para Olímpia, em que ninguém 
22 Fundamentos da Ginástica
podia ser incomodado e, de forma bastante severa, nenhuma arma 
entrava na cidade no período dos Jogos. 
Na véspera do início dos Jogos Olímpicos, realizavam-se, à noite, 
banquetes, procissões e ritos sagrados e ao clarear o dia, com um ma-
jestoso desfile de apresentação dos atletas, iniciavam-se os Jogos. 
Para se classificar para os jogos, o atleta passava por rigorosos 
testes e provas, como uma espécie de seletiva em sua cidade de origem, 
devendo cumprir alguns requisitos prévios, tais como: ser grego de 
nascimento, homem, não ter nascido de pais idosos, não ter cometido 
crimes contra o Estado ou a Religião, nunca chegar atrasado para qual-
quer evento ou situação e jurar obedecer às regras e às autoridades. 
De acordo com a história, a primeira Olimpíada que se tem registro 
contou apenas com a prova de corrida, sendo incluídas, mais tarde, outras 
modalidades, como: corridas de resistência, arremesses de disco e dardo, 
lutas, saltos em distância, corridas a cavaIo, de carro e pentatlo. Com estas 
inclusões, a programação das Olimpíadas passou a durar uma semana. 
Ao dar por encerradas as disputas, os atletas vitoriosos eram 
coroados com uma coroa de louros diante do templo de Zeus e rece-
biam um ramo de Oliveira, seguindo de outras solenidades religiosas, 
banquetes e comemorações. Essas premiações marcam a caracterís-
tica histórica daquela época.
Com o passar dos anos, especialmente após a invasão romana, 
os Jogos Olímpicos foram perdendo seu caráter espiritual e de pureza 
moral, fazendo surgir o caráter profissional das competições, mesmo 
que de forma disfarçada. Corrupções, apostas, vantagens indevidas 
para os atletas em sua cidade natal, os romanos passaram a ver os 
jogos como uma espécie de diversão à custa de outros. Essa desca-
racterização da essência dos Jogos Olímpicos fez com que o Império 
Grego entrasse em decadência.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 23
Com a decadência da Sociedade Grega, o Império Romano sur-
ge como uma potência diferenciada, embora, algumas características 
gregas se assemelhavam à cultura romana, pois a população romana, 
de diversas idades, praticava diariamente uma espécie de Educação 
Física em um espaço chamado campo de Marte. Neste espaço, eles 
corriam, nadavam, saltavam, carregavam pesos, arremessavam lan-
ças e outros objetos e lutavam, além de praticarem equitação.
Os romanos apreciavam grandes espetáculos públicos em que 
houvesse perigo de vida e corresse sangue. Para que isso acontecesse, 
notáveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Máximus) foram construídos.
Jogos de estádio, como as competições atléticas e equestres, 
eram realizados pelos romanos com bastante expressão, diferente-
mente dos jogos de circo e anfiteatro que não tinham tanta adesão. 
Jogos e festas em homenagem às divindades e algumas datas come-
morativas, também eram costumeiramente realizados. Os governan-
tes, na vontade de agradar o povo para se manter no poder, estimu-
lavam cada vez mais o número de jogos e decretavam mais dias de 
feriados, em que distribuíam alimentos para a população, característi-
ca elementar da célebre frase “Pão e Circo”.
Esse relaxamento físico e moral, aliado a outras causas, foi o 
ponto de partida, o estopim, para a decadência do Império Romano.
Chegando à Idade Média, um período caracterizado pela quebra 
do poder romano, surgem pequenos reinos e senhores em toda a Eu-
ropa, denominado feudalismo.
Considerando os jogos na velha Grécia como uma oferenda a 
deuses e em Roma como espetáculos mortais, a religião cristã, con-
solidada na época, fez por acabar com toda elas e suas manifestações, 
em que pregava a ideia de que o corpo era vil e fonte de pecados, e 
que a Igreja tinha como ideal o culto ao corpo, mas na parte espiritual.
24 Fundamentos da Ginástica
Com esse comportamento eclesiástico em relação às praticas 
corporais, a Educação Física foi esquecida por algum tempo, reto-
mando seu lugar de destaque com o surgimento da Cavalaria e das 
Cruzadas.
No período feudal, as atividades físicas consistiam basicamente 
na caça, na pesca, em jogos infantis, nas danças, alguns jogos popula-
res, nas lutas e nos arremessos.
Dentre os jogos praticados nos feudos, o mais apreciado era o 
"soule", uma espécie de futebol, que tinha como objetivo atingir com 
a bola, jogada de qualquer forma, um alvo defendido pela equipe ad-
versária. Ganhava o jogo, a equipe que conseguisse levar a bola até a 
praça do povoado adversária.
A nobreza participava das Justas e dos Torneios. A Justa consistia 
numa competição “amigável” entre dois cavaleiros que, conduzindo um 
cavalo e protegidos por armaduras, estando munidos de lança e espada, 
lutavam um contra o outro, tentando derrubar e dominar o adversário.
Com o Renascimento (1400 a 1727), período de transformações 
e despertamento cultural e ideológico, um período de propagação das 
ciências e das artes, também serviu para o ressurgimento da cultura 
física, aquela lá no período grego.
O interesse pelo corpo sempre foi um aspecto a ser considerado 
pelo homem, fez com que no período renascentista, pudesse ressurgir 
a cultura física, e junto com ela vieram as artes, a música, a ciência e 
a literatura.
A beleza corporal, antes pecaminosa, é novamente explorada, 
contribuindo para que surgissem grandes artistas como Leonardo da 
Vinci, considerado por muitos como o responsável pela criação, 
utilizada até hoje, das regras proporcionais do corpo humano.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 25
O retorno da Educação Física Escolar também teve destaque 
neste período, em que no ano de 1493, Vitório de Feltre fundou a esco-
la "La Casa Giocosa" cujo conteúdo programático incluía os exercícios 
físicos.
O Renascimento foi um período marcante e positivista para a 
cultura física, fazendo ressurgir o interesse e o prazer pela prática de 
atividades físicas.
Neste mesmo período renascentista, na Inglaterra, o iluminismo 
ganha corpo, cujo objetivo maior desse movimento era contrário ao 
abuso do poder no campo social. Foi neste período que Jean-Jaques 
Rousseau e Johann Pestalozzi se destacaram pelos seus pensamen-
tos e ideais.
Rousseau ressaltou a importância da Educação Física para a 
educação infantil. Segundo ele, a prática do movimento gastava ener-
gia o suficiente para manter o corpo vivo e pensante.
Com essamovimentação toda de pensadores iluministas, é na 
Idade Contemporânea que ocorre o aparecimento do esporte moder-
no, a sistematização da ginástica, e a Educação Física Escolar ganha 
corpo, e por esse motivo surgem elementos para compreendermos e 
analisarmos as atuais tendências da educação física mundial.
Devido às questões políticas e sociais acontecendo na Europa, 
em consonância com as situações da Instituições Educacionais in-
fluenciadas diretamente por pensadores como Jean-Jacques Rousse-
au e Johann Heinrich Pestalozzi, surgem os métodos ginásticos que 
veremos logo mais no próximo conteúdo, que são os métodos Ale-
mão, Natural de Herbert e o Frances, tanto no exército quanto na es-
cola (BREGOLATO, 2002).
26 Fundamentos da Ginástica
O QUE VIMOS NESTE CONTEÚDO 
D Classificação das atividades físicas na pré-história dentro dos as-
pectos: Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo, Religioso.
D Ginástica na Idade Média (China e Índia). 
D Ginástica na Idade Moderna (Grécia e Roma).
D Ginástica na Idade Contemporânea (Alemanha e França).
Leitura Complementar 
D RAMOS, Jayr Jordão. Exercício Físico na História e na Arte: do 
homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: IBRASA, 1982.
Sugestão de leitura como fixação do conteúdo. O aluno deverá ler o 
capítulo 2, pois terá uma visão ideal de como eram realizados os exer-
cícios ao longo da história.
D SOUZA, E. P. M. de. Ginástica geral: uma área do conhecimento da 
educação física. Campinas, 1997. Tese (Doutorado em Educação 
Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de 
Campinas, Campinas, 1997.
Sugestão de leitura como fixação do conteúdo. A tese em questão traz 
alguns elementos que agregará ao conteúdo trabalhado neste tópico, 
favorecendo um entendimento mais rico do assunto.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 27
1.2 
HISTÓRIA DA GINÁSTICA NO BRASIL
A Ginástica foi inserida no Brasil em meados do século XVIII, 
visando à preparação física dos soldados da Corte, sendo o método 
Alemão o primeiro sistema de Ginástica a ser implantado no país 
(Betti, 1991).
Alguns autores ressaltam que o método alemão foi introduzido 
no Brasil devido ao processo imigratório ocorrido daquele país, princi-
palmente os refugiados de guerra. Por se tratar de uma prática reque-
rente no território alemão, em 1860, este método foi oficializado como 
o método do Exército do Brasil. 
Estilo de praticante de ginástica quando introduzida no Brasil
Fonte:http://www.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/eef/historico1.html
28 Fundamentos da Ginástica
Em 1822, as práticas de Ginásticas se consolidam no ambiente 
ecolar, onde Rui Barbosa
deu seu parecer sobre o Projeto 224 — Reforma Leôn-
cio de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, 
da Instrução Pública —, no qual defendeu a inclusão da 
ginástica nas escolas e a equiparação dos professores 
de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse parecer, 
ele destacou e explicitou sua ideia sobre a importância 
de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade 
intelectual (BRASIL, 1997, p. 19).
As mudanças ocorridas no Brasil, principalmente com as refor-
mas no processo educacional, fizeram com que as autoridades reco-
mendassem a ginástica como obrigatória para ambos os sexos, e que 
fosse oferecida para as escolas tradicionais, porém apenas as escolas 
da corte imperial e as escolas militares passaram a incluir o modelo 
ginástico em seus currículos escolares. Talvez a não adesão à prática 
da ginástica militarizada pela escola tradicional ocorreu pelo fato de 
que, naquela época, a educação física sofria uma influência pontual 
do movimento escola-novista, objetivando o desenvolvimento inte-
gral do cidadão durante as práticas de Educação Física.
Devido a esse conflito de ideais, surge a possibilidade de os pro-
fissionais da educação discutir os métodos, as práticas e os proble-
mas relativos ao ensino da Educação Física Escolar, na III Conferência 
Nacional de Educação, em 1929.
O modelo adotado de Educação Física, nesse período, era base-
ado em métodos europeus, iniciados por alguns conceitos do modelo 
sueco, passando pelo alemão e chegando até o método francês, sendo 
este último pautado em princípios biológicos. Tais métodos compu-
nham um movimento mais amplo, de natureza cultural, política e cien-
tífica, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 29
organização científica da Educação Física ocidental, especificamente 
fora da Europa.
Em 1920, o espaço escolar passa a receber influências do Mé-
todo Francês, em que vários estados, de forma autônoma, passam a 
discutir e realizar suas reformas educacionais, incluindo a Educação 
Física na grade curricular, mas denominada de Ginástica. Diante da 
consolidação desse método, ele passa a ser obrigatório nas escolas 
brasileiras até por volta de 1960, quando, então, com as vitórias da 
seleção canarinho em copas do mundo, insere o esporte no ambien-
te escolar. Com essa modalidade sendo inserida na escola, a nomen-
clatura “ginástica” perde espaço, sendo utilizada Educação Física, e a 
Ginástica aos poucos vai deixando de ser a Educação Física para se 
tornar um conteúdo dela (Ayoub, 2003).
Do fim do chamado Estado Novo até a promulgação da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN) datada de 1961, um amplo 
debate ocorreu com foco no sistema de ensino brasileiro. Nesta LDB, 
determinou-se a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino 
primário e médio daquela época, em que o esporte passou a ocupar 
cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física Escolar.
A entrada do esporte nas aulas gerou um processo de esportivi-
zação da Educação Física Escolar, contradizendo aos antigos métodos 
de ginástica tradicionais e uma tentativa de incorporar esporte, agora 
como uma prática pedagógica adequada e com objetivos estabelecidos.
Com a promulgação da lei n° 5.692, a Educação Física foi eleva-
da em seu caráter instrumental, pois passou a ser considerada uma 
atividade eminentemente prática, voltada para a capacidade técnica 
e física do aluno.
No tocante ao espaço escolar, à luz do Decreto n. 69.450, de 
1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus 
30 Fundamentos da Ginástica
meios, processos e técnicas, desenvolvem e aprimoram forças físicas, 
morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. A falta de direciona-
mento e objetivada do referido do decreto, manteve a ênfase na apti-
dão física, tanto na elaboração das atividades como no seu controle e 
avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série, tornou-se um 
dos elementos fundamentais de ensino, em que se almejava a des-
coberta de novos talentos que pudessem participar de competições 
nacionais e internacionais, como forma de representar o país. Nes-
se período, o modelo piramidal norteou as diretrizes políticas para a 
prática da Educação Física, em que a Educação Física Escolar fosse 
capaz de promover a melhoria da aptidão física da população escolar, 
objetivando a organização desportiva para a comunidade, compondo 
o desporto de massa que se colaboraria com a seleção de indivíduos 
aptos para competir dentro e fora do país (Figueiredo, 2008).
Os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e contesta-
dos por meio da falta de talentos olímpicos, bem como a ausência de 
competições esportivas, causando, de certa forma, uma baixa adesão 
de praticantes às atividades físico-esportivas. 
Com uma crise de identidade instalada, foram necessárias al-
gumas mudanças nas políticas educacionais, em que a educação físi-
ca passou a atender as séries da educação básica do país, sendo esta 
nova inclusão com o objetivo de enfocar o desenvolvimento psicomo-
tor do aluno, tirando da escola a função de promover os esportes de 
alto rendimento, principalmente na educação infantil e séries iniciais 
do ensino fundamental.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica31
A nova LDB promulgada em 20 de dezembro de 1996 vem bus-
car a transformação da identidade que a Educação Física assumiu nos 
últimos anos, explicitado no art. 26:
§ 3º, que “a Educação Física, integrada à proposta pe-
dagógica da escola, é componente curricular da Educa-
ção Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condi-
ções da população escolar, sendo facultativa nos cursos 
noturnos”. 
Diante da nova LDB, a Educação Física passa a ser abordada em 
toda a escolaridade de primeira a oitava séries.
O artigo que trata do exposto acima, foi alterado por duas vezes, 
sendo incluído o termo obrigatório, por meio da Lei n. 10.328, datada 
de 12 de dezembro de 2001, e em 1º de dezembro de 2003, pela Lei n. 
10.793, incorporando a seguinte redação:
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagó-
gica da escola, é componente curricular obrigatório da 
educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
- Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a 
seis horas;
- Maior de trinta anos de idade;
- Que estiver prestando serviço militar inicial ou que, 
em situação similar, estiver obrigado à prática da edu-
cação física;
- Amparado pelo decreto-lei n. 1.044, de 21 de outubro 
de 1969;
- Que tenha prole.
Com essa alteração, há avanços, porém, retrocesso. Se, de um 
lado, avança, ao incluir a Educação Física em todos os períodos de en-
sino da educação básica (matutino, vespertino e noturno), de outro, 
32 Fundamentos da Ginástica
retrocede ao escrito na lei anterior, ao se afirmar que a educação físi-
ca, como componente curricular, é obrigatória apenas para os alunos 
e alunas saudáveis, menores de 30 anos, sem filhos, que não traba-
lham, sendo os demais que aqui não estão descritos, facultativos.
Além da LDB de 1996, as Diretrizes Curriculares Nacionais, esta-
belecidas pelo Conselho Nacional de Educação para a Educação Básica, 
vêm reforçar o conceito de que a Educação Física tem que igual valor 
ao dos demais componentes curriculares. Passando a ser considerada 
como área do conhecimento. A Educação Física deve receber o mesmo 
tratamento como os demais componentes curriculares recebem, tendo 
como exemplo dessa fala, ter horário garantido na grade curricular e 
jamais ser utilizada como “moeda de troca” na negociação disciplinar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também reco-
nhecem a Educação Física como componente curricular responsável 
por induzir os indivíduos ao universo da cultura corporal, contem-
plando inúmeros conhecimentos produzidos e utilizados pela socie-
dade a respeito do corpo e seu movimento, tendo como finalidades o 
lazer, a expressão corporal, afetos e emoções, e com a potencialidade 
de promover, recuperar e manter a saúde advinda de uma melhora na 
qualidade de vida do usuário (Darido, 2005).
Até, então, falamos de leis e obrigatoriedade, mas não podemos 
esquecer-nos da necessidade de formação de professores atuantes 
nas áreas de atividade física e educação corporal, importância esta 
amparada pela Reforma Couto Ferraz, em 1851, e, três anos depois, 
com sua regulamentação por meio da Lei nº. 630, que confere a obri-
gatoriedade da disciplina de ginástica em ambiente escolar.
Relatos históricos afirmam que algumas iniciativas de se esta-
belecer centros formadores de instrutores ocorreram no país no início 
do século XX, tendo a Escola de Educação Física da Força Policial do 
estado de São Paulo como pioneira neste tipo de instrução, mas que 
se limitava apenas à capacitação militar.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 33
Ano mais tarde, o Centro Militar de Educação Física no Rio de 
Janeiro é fundado com o mesmo intuito da Escola de Educação Física 
da Força Policial de SP. Com o passar do tempo, este centro daria ori-
gem a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). 
A EsEFEx foi criada com o objetivo de formar algumas espe-
cialidades, como instrutores, monitores, mestre d’arma, monitores de 
esgrima e médicos especialistas para o exército. Seus diversos cursos 
eram ofertados a militares e, ocasionalmente, a civis.
Com a criação de centros formadores, surgiu a necessidade de 
se propor cursos próprios de Educação Física fora dos estabelecimen-
tos militares, em que segundo Darido (2003) afirma que:
(...) o primeiro programa sistematizado de Educação Fí-
sica no Brasil, foi o curso da Escola de Educação Física 
do Estado de São Paulo, criado em 1931, mas que só co-
meçou a funcionar em 1934. Este curso tinha como pro-
pósito a formação de dois profissionais distintos, quais 
sejam: Instrutor de Ginástica e o Professor de Educação 
Física. (pg. 182).
A ideia de se criar um curso de educação física advém da neces-
sidade de saber bem mais do que princípios e métodos ginásticos. De-
vem abranger conceitos anatômicos, funcionais, mecânicos, preven-
tivos, crescimento e desenvolvimento infantil, exercícios em diversas 
fases da vida e ludicidade.
Com as propostas em andamento, chega-se a um consenso de 
que a área da educação física seria composta por cinco formações, 
sendo elas: instrutor de ginástica para o ensino primário, instrutor 
de ginástica, professor de Educação Física, médico especializado em 
Educação Física, técnico em massagem e técnico esportista. 
34 Fundamentos da Ginástica
O QUE VIMOS NESTE CONTEÚDO 
D Chegada da ginástica no Brasil.
D Influência do método Francês na ginástica brasileira.
D O militarismo como pioneiros da ginástica.
D Introdução legal da ginástica na Educação Física brasileira. 
Leitura Complementar 
D TOLEDO, E. de. Proposta de conteúdos para a ginástica escolar: 
um paralelo com a Teoria de Coll. Dissertação (Mestrado em Educa-
ção Física) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999
Recomenda-se a leitura dos capítulos 2 e 3 da referência acima, na in-
tenção de fixar o conteúdo estudado e associar elementos a Educação 
Física Escolar.
____________. A ginástica geral como uma possibilidade de ensino 
da ginástica nas aulas de educação física. Monografia de Graduação. 
Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas 
(UNICAMP), 1995.
Recomenda-se a leitura da revisão de literatura da referência acima, 
pois há outros autores não abordados neste material e que servirá de 
conhecimento e acúmulo de novos conceitos.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 35
1.3 
GINÁSTICA – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
Elementos Corporais
Dentre os elementos constitutivos da ginástica, os elementos 
corporais se apresentam como fundamentais para o desenvolvimento 
da ação motora. Sendo executados com equipamentos ou livre, cola-
boram com a beleza e plasticidade dos movimentos da ginástica, sen-
do esta em qualquer modalidade (Peuker, 1973).
Diante dos elementos corporais, a ginasta consegue realizar 
inúmeras ações coreográficas ou não, permitindo que ela atenda os 
requisitos de uma determinada prova artística, estando em solo ou em 
contato direto com algum aparelho específico da prova. 
Os elementos corporais da ginástica se apresentam da seguinte 
forma: passos, corridas, saltos, saltitos, giros, equilíbrios, ondas, po-
ses, marcações, balanceamentos e circunduções. 
Percebam que a maioria dos elementos corporais compõe as 
chamadas “formas básicas de locomoção”, que muito tem se falado 
a respeito de sua importância no processo ensino-aprendizagem em 
ambiente escolar, pois favorece a aquisição do acervo motor, poten-
cializando o crescimento e desenvolvimento da criança e garantindo 
certa segurança em atividades da vida diária. Jogos, brincadeiras e 
atividades orientadas com ou sem materiais são exemplos de possi-
bilidades para a construção e manutenção dos elementos corporais 
em crianças.
36 Fundamentos da Ginástica
Segundo Conceição (2003), a descrição de cada um desses ele-
mentos será tratada a seguir:
 D passos: movimento pelo qual cada ginasta realiza dentro de 
uma ação coreografada ou na iminência de realizar um salto 
ou movimento, estando ou não em contato diretocom al-
gum equipamento;
 D corridas: ação realizada com grande velocidade a fim de 
atingir um determinado aparelho ou um combinado coreo-
gráfico, como exemplo, corrida para realizar um salto com 
giros;
 D saltos: movimento realizado em que a ginasta sai do chão 
através de um impulso e volta a ter contato com o solo o 
mais rápido possível e sem rotação do eixo transversal do 
corpo estando ou não em contato com algum equipamento 
específico da modalidade;
 D saltitos: movimento similar ao salto, porém a fase área será 
de amplitude menor e poderá ser realizado com ou sem 
equipamento;
 D giros: consistem, basicamente, em rotações do corpo no 
eixo vertical, saindo do chão, podendo estar em contato com 
algum equipamento ou sozinho ou combinado com outro 
elemento corporal;
 D equilíbrio: o corpo deverá manter-se apoiado de forma uni-
pedal e numa posição estática e estável, utilizando ou não 
algum equipamento. Este tipo de elemento é essencial para 
alguns equipamentos que dependem dele para continuida-
de de uma determinada série. Como exemplo, uma série na 
trave de equilíbrio;
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 37
 D ondas: consistem em movimentos ondulatórios, utilizando 
diferentes partes do corpo, executado de uma extremidade 
a outra do corpo, fazendo uso ou não de equipamentos. Este 
elemento é bastante característico na ginástica artística de 
solo, sendo capaz de proporcionar plasticidade e beleza du-
rante a série de execução; 
 D poses: considerada o marco inicial e final de um determi-
nado movimento coreográfico, estando o corpo em posição 
estática. Geralmente este elemento é bastante marcante, 
sendo determinante em alguns momentos para o sucesso 
de uma ação coreográfica;
 D marcações: momento no qual o atleta se mantém dentro de 
uma condição rítmica, numa determinada coreografia, aten-
dendo as etapas de uma encenação, ou seja, aguardando a pró-
xima ação a ser realizada de acordo com o ensaio coreográfico. 
Muito importante também para que o atleta possa pensar na 
próxima ação e também um momento de descanso para ele;
 D balanceamentos: movimento corporal produzido em que há 
o deslocamento do peso do corpo de um pé para o outro, 
estando ou não em contato com algum equipamento. As-
sim como o elemento corporal, onda, este elemento também 
proporciona beleza e plasticidade durante a execução de 
uma determinada série;
 D circunduções: caracterizado por movimentos circulares de 
braços, pernas, tronco ou cabeça, executando uma volta de 
360°, desenhando um círculo, e para isto deve-se manter a 
base fixa de apoio, ou seja, as pernas unidas ou afastadas per-
manecendo sem locomover, podendo ser realizados tanto de 
modo simétrico como assimétrico, utilizando ou não algum 
equipamento. Elemento bastante utilizado na Ginástica Rít-
mica, quando a atleta realiza a série com o equipamento bola.
38 Fundamentos da Ginástica
Exercícios Acrobáticos 
Os exercícios acrobáticos são divididos em 5 situações a serem 
classificados da seguinte forma:
 D rotações (no solo, no ar ou aparelhos);
 D apoio (no solo ou aparelhos);
 D reversões (no solou ou aparelhos);
 D suspensões (aparelhos);
 D pré-acrobáticos.
Importante ressaltar que todos os exercícios acrobáticos com-
põem séries de todas as modalidades ginásticas, sendo a ginástica ar-
tística no solo, a ginástica artística com aparelhos, a ginástica rítmica 
e a ginástica acrobática, e que em cada um desses exercícios, sendo 
no solo ou em aparelhos, possui uma pontuação específica de acordo 
com cada modalidade, podendo ser realizados de forma sozinha ou 
em combinação com outro movimento.
Rotações
Os exercícios de rotação são todos aqueles exercícios realizados 
com o giro do tronco sobre seu eixo, tendo como exemplo a estrela e 
o rodante. Este movimento poderá ser realizado no solo, no ar ou em 
aparelhos, dependendo da modalidade ginástica.
Apoio
Os exercícios de apoio são aqueles realizados, preferencialmente, 
com ambas as mãos ou apenas uma delas estando na posição vertical 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 39
invertida, podendo ser realizados de forma parada ou em desloca-
mento, cumprindo uma exigência coreográfica. Este movimento po-
derá ser realizado estando o ginasta no solo ou em contato com algum 
aparelho específico e, também, dependendo da modalidade ginástica 
envolvida.
Reversões
Os exercícios de reversões se diferem dos exercícios de rotação, 
pelo fato do movimento ser realizado longitudinalmente ao eixo do 
corpo do atleta, já que naquele exercício, o giro é feito de forma trans-
versal. O ginasta poderá realizar este movimento estando ele no solo 
ou em contato com algum aparelho, e depende do tipo de modalidade 
da ginástica.
Suspensão
Os exercícios em suspensão são aqueles exercícios em que o 
corpo estará totalmente fora do solo, sempre em contato direto com 
um aparelho. Diferentemente dos demais movimentos já trabalhados, 
a suspensão é realizada apenas com o ginasta em contato direto com 
o aparelho, sendo para alguns equipamentos, o ponto de partida da 
série de execução. Este movimento acrobático está presente, exclusi-
vamente, na ginástica artística com aparelhos.
Pré-Acrobáticos
Os exercícios pré-acrobáticos são movimentos corporais ca-
racterizados pela inversão dos eixos do corpo, traçando uma linha 
imaginária atravessando a cabeça, indo em direção aos pés. Também 
é utilizado o rolamento cujo movimento é realizado no plano sagital, 
40 Fundamentos da Ginástica
dividindo o corpo em partes superior e inferior. Estes exercícios acro-
báticos são muito utilizados na pratica da Ginástica Rítmica e também 
compondo algumas séries de Ginástica Artística de solo. Mas também 
servem como exercícios de aquecimento e até mesmo exercícios de 
fortalecimento de membros inferiores, membros superiores e algu-
mas destrezas motoras, como coordenação motora do tipo grossa.
Exemplo de exercício pré-acrobático
Exercícios de Condicionamento Físico
Os exercícios de condicionamento físico dentro da ginástica têm 
como objetivo a melhora da aptidão física em diversas valências mo-
toras, tais como: força, resistência, velocidade, flexibilidade, equilíbrio 
e coordenação. Estas valências serão melhores avaliadas, treinadas e 
executadas dependendo do tipo de modalidade de ginástica na qual 
o atleta está inserido, sendo elas ginástica artística de solo, ginástica 
artística de aparelhos, ginástica rítmica e ginástica acrobática.
Cada uma dessas modalidades de ginástica terá as suas pecu-
liaridades envolvidas no processo de elaboração de uma planilha de 
condicionamento físico. A ginástica artística de solo preza por saltos e 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 41
corridas, ou seja, exercícios específicos de velocidade e de potên-
cia estarão inseridos como prioridade na planilha de treino desta 
modalidade. 
Já a ginástica artística que envolve aparelhos, a força e a resis-
tência serão as valências mais trabalhadas, pois a maioria dos apare-
lhos exigirá a sustentação do corpo fora do solo, cabendo a força e a 
resistência sua ação imediata e em que farão a diferença na execução 
do movimento, garantindo a manutenção do atleta no aparelho e uma 
performance de excelência.
A ginástica rítmica exigirá, além da coordenação motora, as 
mesmas valências exigidas da ginástica artística de solo, ou seja, a ve-
locidade e a potência, pois as atletas realizarão determinadas perfor-
mances utilizando saltos, saltitos, giros e outros elementos corporais 
que necessitam daquelas valências, a fim de atender as exigências de 
um código de pontuações específico daquela modalidade de ginástica.
E, por fim, a ginástica acrobática, por se tratar de uma moda-
lidade que exija força de membros inferiores para saltar no solo ou 
em aparelhos, tipo trampolim, será dada prioridade para esta valência 
motora, em conjunto com a coordenação motora e também o equilí-
brio. Estas valências em conjunto colaborarãopara o sucesso da exe-
cução de uma série proposta.
Manejo de Aparelhos 
Ao realizar as séries de ginástica rítmica, as ginastas devem 
permanecer em contato com os aparelhos, e estes sempre em mo-
vimento, demonstrando suas habilidades através de manobras de 
manipulação. Cada um dos aparelhos apresenta formas específicas de 
contato e exigências obrigatórias estabelecidas pelo Código de Pontu-
ação da modalidade. Movimentos do tipo lançar e recuperar, rotações e 
42 Fundamentos da Ginástica
rolamentos dos aparelhos, assim como movimentos em oito, são ma-
nipulações típicas dos aparelhos dentro da Ginástica Rítmica (Martin-
-Lorente, 2002). Aparelhos, do tipo, bolas, arcos, fitas e maças, são 
característicos da ginástica rítmica. 
Na ginástica artística com aparelhos, também haverá inúmeras 
exigências para que a ginasta possa realizar a sua série e receber a de-
vida pontuação de acordo com a sua performance. Idêntica à ginástica 
rítmica, a ginasta preferencialmente, deverá manter-se em contato di-
reto com o aparelho, realizando em alguns momentos largadas e reto-
madas, saltos e saltitos, sendo estas ações como componente básico 
da coreografia ou da série de requisitos impostos por um código de 
pontuações da respectiva modalidade. Alguns aparelhos são caracte-
rísticos da ginástica artística, como barras paralelas, barras assimétri-
cas, argolas, cavalo com alça, trave de equilíbrio e salto sobre o cavalo, 
sendo este último o contato apenas na realização do movimento, utili-
zando o salto como elemento corporal prioritário.
Exemplo de exercícios com manejo de aparelhos
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 43
O QUE VIMOS NESTE CONTEÚDO 
D Elementos constitutivos da ginástica e conceituações.
D Exercícios acrobáticos e suas divisões.
D Exercícios de condicionamento físico, aptidão física e algumas ca-
racterísticas condicionantes de cada modalidade ginástica (ginás-
tica artística de solo, ginástica artística com aparelhos, ginástica 
rítmica e ginástica acrobática).
D Manejo de aparelhos na ginástica rítmica e na ginástica artística 
com aparelhos.
 
44 Fundamentos da Ginástica
Leitura Complementar 
D NUNOMURA, Myrian Tsukamoto; HARUMI, Mariana. Fundamen-
tos da Ginástica. São Paulo/SP: Editora Fontoura. 2009.
Referência fundamental para aprofundamento nos conceitos e ele-
mentos da ginástica. Recomenda-se ler os capítulos 2 e 3 para melhor 
fixação do conteúdo e uma maior exemplificação dos fundamentos da 
ginástica.
D ARAUJO, Carlos. Manual de ajudas em ginástica 2. ed. São Paulo/SO: 
Editora Fontoura, 2012.
Referência complementar ao estudo proposto pelo capítulo. Recomen-
da-se a leitura do capítulo 4 em que se pode associar e complementar 
elementos abordados neste livro com informações da referência.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 45
1.4 
CLASSIFICAÇÃO DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS
Antes de classificarmos os exercícios físicos, será preciso en-
tender a diferença conceitual do exercício físico em relação ao con-
ceito da atividade física, em que o exercício físico é considerado como 
uma atividade realizada com sistematização de movimentos orienta-
dos, tendo objetivos definidos junto com o praticante e de acordo com 
sua condição física. Já atividade física é definida como um conjunto 
de ações que um indivíduo ou grupo de indivíduos realiza sem uma 
sistematização definida, tão pouco com objetivos específicos e, inde-
pendentemente, da condição física do executante. Busca-se por meio 
da atividade física, além da aptidão física, saúde mental e social (Barros 
Neto, 1999).
A partir dos conceitos acima expostos, percebe-se que a ativi-
dade física indica um conceito mais amplo ou geral, atendendo quase 
que todos os praticantes, enquanto que o exercício físico demonstra 
ser algo mais restrito ou específico, direcionando o praticante.
A classificação dos exercícios físicos ajudará a compreender, de 
forma bastante clara, seus diversos tipos, suas principais característi-
cas e onde poderão ser aplicados (Monti, 2005).
Os exercícios físicos, então, poderão ser classificados segundo a 
sua forma de execução, segundo o esforço e segundo a ação. 
46 Fundamentos da Ginástica
Vamos começar com a classificação segundo a forma:
 a) Segundo a Forma de Execução
Neste item abordaremos alguns meios possíveis de se dividir os 
exercícios físicos quanto a sua forma de execução: 
1) Exercícios Naturais: exercícios realizados para manutenção e 
desenvolvimento das necessidades básicas do ser humano. 
Exemplo disso são as formas básicas de locomoção: andar, 
correr, saltar, saltitar, pular, rolar, trepar e rastejar. Atualmen-
te, o andar e o correr são exemplos de atividades físicas que se 
tornaram um vício entre muitos indivíduos. Importante frisar 
que as formas básicas de locomoção são pontos importan-
tes a serem trabalhados, principalmente quando se fala em 
crianças, nas suas fases de crescimento e desenvolvimento, 
pois sendo como prioritárias, nesta fase, colaboram para a 
aquisição de uma espécie de acervo motor, o que garante, de 
certa forma, elementos essenciais para o sucesso no processo 
de ensino aprendizagem em ambiente escolar. Jogos e brin-
cadeiras tradicionais são bons exemplos dessa classificação 
para a prática na escola.
Corrida de rua 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 47
2) Exercícios Rítmicos: exercícios naturais em conjunto com a 
criatividade e a expressão corporal por meio de músicas, pal-
mas, sons instrumentais e ordens de comando. Atualmente, 
as academias de ginástica ou de condicionamento físico ofe-
recem ao público inúmeras atividades com exercícios rítmi-
cos que, muitas vezes, se diferenciam entre si na frequência 
rítmica utilizada, bem como na utilização ou não de aparelhos. 
Neste tipo de classificação, também é importante pensar na 
criança, pois é no ambiente escolar que ela passa a maior 
parte do seu tempo, e associar elementos naturais com ações 
rítmicas poderão favorecer o seu processo ensino-aprendi-
zagem, sendo trabalhadas através de atividades orientadas, 
coreografadas, exercícios com comandos, brinquedos canta-
dos, resgate das brincadeiras de roda etc.
3) Exercícios Formativos: orientado especificamente para o 
desenvolvimento e/ou manutenção das variáveis de aptidão 
física pertencentes ao ser humano, tais como a força, flexibi-
lidade, resistência, velocidade, equilíbrio e coordenação. Es-
ses tipos de exercícios poderão ser realizados em ambiente 
escolar por meio de circuitos motores ou até mesmo a prática 
com exercícios específicos, sendo também executados den-
tro da Iniciação Esportiva, por meio de jogos pré-desportivos 
ou o esporte propriamente dito.
A classificação apresentada acima não deve ser utilizada 
apenas de forma individualizada, ou seja, pode-se prescrever, por 
exemplo, um combinado de exercício físico em que ele possa ser 
formativo e rítmico ao mesmo tempo, independentemente da faixa 
etária escolhida.
48 Fundamentos da Ginástica
4) Exercícios Laborais: são exercícios específicos para atender 
possíveis problemas adquiridos, em especial no local de tra-
balho ou congênitos. Atualmente, encontram-se bastante 
difundidos em ambientes laborais, sendo categorizados em:
 D Exercícios de Compensação – Exercícios que têm como obje-
tivo corrigir descompensações, ou seja, possíveis assimetrias 
musculares causadas por situações de excessivas cargas de 
trabalho em determinados grupos musculares. Em alguns ca-
sos, quando se realiza um treinamento em excesso, este qua-
dro é chamado overtrainning ou uso excessivo motivado pela 
carga de treinamento, devendo haver uma readequação da 
carga e o retorno compensatório de áreas descompensadas.
 Exercício para correção postural em ambiente de trabalho
 D Exercícios Corretivos – Exercícios realizados após um diag-
nóstico médico do problema. Normalmente estão correlacio-
nados aos problemas posturais ou maus hábitos. Um exemplo 
típico seria o usoexagerado de mochilas pesadas em alunos 
estando em fase de crescimento. Esse comportamento tende 
a sobrecarregar a região posterior do corpo, podendo levar a 
dores, desalinhamento muscular e queixas escolares.
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 49
Exercício de reabilitação
 D Exercícios de Manutenção – São exercícios ditos como ide-
ais, ou seja, partem de um padrão estipulado, em que alguns 
pontos serão considerados, como a idade, o ambiente social, 
o dia a dia, entre outros. Possuem como objetivo principal 
a manutenção das qualidades físicas adquiridas através da 
prática de atividade física ou do exercício físico de forma ge-
ral ou específica.
Este tipo de classificação é muito importante, pois atende um 
dos princípios do Treinamento Esportivo que é o Principio da Manu-
tenção. A manutenção em idosos, por exemplo, é extremamente im-
portante, pois garante a ele a redução na velocidade do processo de 
envelhecimento, favorecendo uma melhor qualidade de vida. Já em 
crianças, é preciso que haja uma vasta quantidade de estímulos para 
que ela possa se apropriar deles e, a partir disso, mantê-las ou até 
mesmo reinventá-las em oportunidades futuras.
A classificação apresentada acima não deve ser utilizada ape-
nas de forma individualizada, ou seja, pode-se prescrever, por exem-
plo, um combinado de exercício físico em que ele possa ser corretivo e 
de manutenção ao mesmo tempo, independentemente da faixa etária 
escolhida.
50 Fundamentos da Ginástica
b) Segundo o Esforço
Esta classificação é considerada, de certa forma, subjetiva, pois 
está relacionada diretamente com a condição física do aluno e res-
paldada pela ficha de anamnese do praticante e também por alguns 
questionários específicos de aptidão física, como exemplo, o IPAQ e 
o PAR-Q. Segundo o esforço, os exercícios físicos são divididos em: 
1) Exercícios Fracos: são aqueles que o gasto energético para 
sua realização é pequeno ou considerado de execução leve. 
Normalmente são pensados e utilizados no início de uma ses-
são de treinamento, aula ou ainda por indivíduos iniciantes 
ou com idade avançada, podendo também ser prescrito para 
pacientes em recuperação de doenças ou pós-cirúrgicos ou 
casos clínicos específicos. Exercícios respiratórios, exercícios 
oculares, uma caminhada leve e alongamentos funcionais 
para determinadas partes do corpo são exemplos bons de 
exercícios fracos.
2) Exercícios Médios: são aqueles que despendem moderada 
quantidade de energia para sua realização ou considerados 
como nível intermediário de execução. São exercícios pra-
ticados ou utilizados por pessoas com considerável aptidão 
física. Corridas intervaladas, exercícios em circuitos, hidrogi-
nástica, danças, pedaladas de curtas distâncias e a prática de 
algum esporte são bons exemplos de exercícios médios.
3) Exercícios Fortes: são aqueles que para sua realização reque-
rem grandes quantidades de energia ou considerados como 
nível avançado de execução. Neste caso, somente devem 
ser executados por indivíduos em plena condição atlética ou 
que estejam praticando há algum tempo. Corridas de longa 
duração, natação e pedaladas de longas distâncias são bons 
exemplos de exercícios fortes. 
Tema 1
Classificação, terminologia e 
definições da Ginástica 51
c) Segundo a Ação
Nesta classificação, o objetivo é identificar a região do corpo hu-
mano que o exercício atuará com maior intensidade. Para tanto, eles 
são classificados da seguinte maneira: 
1) Generalizados ou Sintéticos: exercícios que geralmente utili-
zam de grandes funções orgânicas. Como exemplo, podemos 
citar a corrida, que é caracterizada como um exercício natural 
e, principalmente, destinados à melhoria da capacidade aeró-
bica. Este tipo de exercício depende da condição física do alu-
no, de sua idade e dos objetivos que se pretendem alcançar 
com esta prática, podendo ser ajustado conforme o esforço.
2) Localizados ou Analíticos: Relacionado a exercícios que es-
pecificam algum grupamento muscular ou que atingem ape-
nas algumas cadeias cinéticas, abertas ou fechadas, de mús-
culos e/ou articulações que compõem o corpo humano. Da 
mesma forma da classificação anterior, este tipo de exercício 
também dependerá da condição física do aluno, de sua idade 
e dos objetivos que se pretendem alcançar com esta prática e 
também condicionada ao esforço imposto.
Exercício localizado para membros superiores 
52 Fundamentos da Ginástica
O QUE VIMOS NESTE CONTEÚDO 
D Conceito sobre atividade física e exercício físico e sua diferenciação.
D Classificação do exercício segundo a forma de execução e alguns 
exemplos.
D Classificação do exercício segundo o esforço e alguns exemplos.
D Classificação do exercício segundo a ação e alguns exemplos.
Leitura Complementar 
D MENDES, Ricardo Alves e Leite, Neiva. Ginástica Laboral: Princípios 
e Aplicações Práticas. 3. ed. Editora Manole. São Paulo/SP. 2014.
Referência importante para afirmar os conceitos estabelecidos das 
classificações de exercício. Recomenda-se a leitura dos capítulos 1 e 
2, a fim de que se possam contemplar novas informações agregando 
o estudo proposto.
D SOUZA, Ravelli e Cesário, Marilene. Ensinando a Ginástica na 
Escola: Caderno Pedagógico, 2018.
Referência complementar relevante a fim de subsidiar ações didáticas 
e pedagógicas que contribuam para o ensino da Ginástica na escola. 
Recomenda-se a leitura do capítulo inicial.
tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
SUECO, INGLÊS E 
CALISTENIA
Neste tema serão abordados os sistemas ginásticos sueco e inglês. 
Serão apresentados os contextos de origem de cada sistema, seus 
princípios, suas características, tipos de exercícios, a evolução, e 
como esses sistemas influenciaram as ginásticas na atualidade.
Serão abordados, também, os exercícios gímnicos, o conceito, suas 
características e classificações, os aparelhos que são utilizados nas 
ginásticas e, ainda, a definição, as características e a evolução da 
Calistenia. 
2.1 
ESTUDO CRÍTICO E VIVÊNCIA DO SISTEMA DE GINÁSTICA 
SUECA ANTIGA E MODERNA
ORIGEM DA GINÁSTICA SUECA
A ginástica atual possui influência de quatro grandes escolas: 
a Escola Inglesa, a Escola Alemã, a Escola Francesa e a Escola Sueca. 
O surgimento da ginástica sueca ou método sueco de ginástica 
ocorreu em um período de profundas transformações de ordem polí-
tica, econômica e social na Europa. No final do século XVIII, a consti-
tuição dos Estados-Nação requeria a formação de novos indivíduos e, 
para tanto, era necessária a massificação da educação. Novas teorias 
filosóficas e o desenvolvimento da ciência influenciaram as formas de 
intervenção sobre o corpo (SOARES; MORENO, 2015). 
É nesse contexto que Pier Henrik Ling (1776-1839) criou a Gi-
nástica Sueca. Nascido em Södra Ljunga, Småland na Suécia, Ling vi-
veu num fértil ambiente científico. Jovem franzino e com reumatismo 
tinha predisposição para a tuberculose, doença que era uma epidemia 
na Europa e chegava à Suécia nessa época. Transferiu-se para Cope-
nhagen, Dinamarca, onde teve contato com Nachtegall (1777-1874) e 
seu instituto, em 1799. Lá, fortaleceu sua saúde e aos 28 anos voltou 
para a Suécia, onde tornou-se professor de esgrima na Universidade 
de Lund, em 1805. 
Ling acreditava que a prática da ginástica deveria ser um propó-
sito de Estado, e o sistema escolar deveria ensinar conhecimentos, va-
lores e intervir sobre o corpo para a constituição do que se idealizava 
56 Fundamentos da Ginástica
ser um bom cidadão, consciente de seus deveres e direitos, obediente 
a regras, cuidadoso de si, de sua moral e de seu corpo (LJUNGGREN, 
2011). Com o objetivo de formar especialista no ensino da ginástica, 
foi fundado o Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (Gymnas-
tiska Centralinsitutet --- GCI) e, em 1813, Ling foi nomeado diretor do 
Instituto, em que colocou em prática suas ideias. A Ginástica Sueca 
tinha no desenvolvimento do corpo harmonioso sua razão de ser e na 
ciência médica sua explicação. 
Lingacreditava na racionalidade científica da ginástica, e seus prin-
cípios foram registrados no livro Gymnastikens allmänna grunder. Para 
Ele, o conhecimento médico e científico é o que deveria fundamentar a gi-
nástica, na perspectiva da criação de movimentos precisos e adequados 
e a forma correta de executá-los. Assim, é posssível perceber os objetivos 
pedagógicos, estéticos, militares e médicos do seu método. 
Na Suécia, a proposta de Ling foi bastante difundida e em me-
ados do século XIX, a Ginástica Sueca estava presente em todas as 
escolas, onde cada professor instruía apenas no ramo para o qual ele 
adquiriu aptidão. Professores não ensinavam ginástica sem ter feito 
curso no Instituto de Ginástica (POSSE, 1891). 
Ling morreu em 1839, e seu legado foi desenvolvido por dois su-
cessores imediatos que assumiram a direção do Instituto: Gabriel Bran-
ting e August Georgii. Seu filho, Hjalma Ling (1820-1886), dedicou-se 
a pormenorizar a obra do pai, particularmente, a ginástica pedagógica. 
O método estendeu-se por todo o mundo, principalmente, aos 
demais países nórdicos (Dinamarca, Noruega e Finlândia). Na Dina-
marca, foi chamada de Ginástica Racional por ser fundamentada cien-
tificamente e possuir um objetivo claro. Entretanto, foi considerada 
inapta para as necessidades e interesses da juventude dinamarquesa 
por ser composta por posições rígidas (RAMOS, 1982). 
Tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
sueco, inglês e calistenia 57
Em Portugal, sua popularização se deu por meio de compên-
dios, manuais e guias em língua portuguesa no final do século XIX e 
início do XX (SOARES, MORENO, 2015). A Ginástica Sueca foi referên-
cia na construção do discurso da educação física moderna, no âmbito 
político e cultural. No início do século XX, seus preceitos estavam es-
tabelecidos entre médicos, militares, políticos, pedagogos, escritores, 
devido sua fundamentação racional para um programa de educação 
física dos escolares. A Ginástica Sueca era praticada regularmente em 
espaços escolares neste país (CARVALHO, CORREIA, 2015).
CARACTERÍSTICAS DA GINÁSTICA SUECA
A Ginástica Sueca surgiu na perspectiva de acabar com os vícios 
existentes na sociedade, entre eles o alcoolismo. Com seu caráter social 
e pedagógico, a ginástica sueca tinha a missão de desenvolver fisica-
mente os indivíduos para defenderem sua pátria (SOARES, 2004).
O Sistema de Ginástica Sueca recebeu diversas nomenclaturas, 
tais como: sistema lingiano de ginástica, método sueco, ginástica sue-
ca, método racional, ginástica racional e ginástica respiratória. E seus 
movimentos foram agrupados em lições, com um ou mais exercícios 
de cada grupo na ordem numerada (MORENO, 2015):
1. introdutórios; 
2. arcoflexões; 
3. movimentos de braços; 
4. movimentos de balanço; 
5. movimentos de escápula; 
6. exercícios abdominais; 
7. movimentos laterais do tronco; 
8. movimentos lentos das pernas; 
9. pulos e saltos; e 
10. exercícios respiratórios. 
58 Fundamentos da Ginástica
A ginástica sueca foi desenvolvida a partir de sete princípios 
fundamentais (LJUNGGREN, 2011): 
1. princípio da precisão de movimentos; 
2. princípio da forma/formalidade do exercício; 
3. princípio da seleção; 
4. princípio da progressão; 
5. a lição de ginástica; 
6. a disciplina; e
7. a participação de todos. 
Os exercícios na ginástica sueca são selecionados de acordo 
com os efeitos fisiológicos que eles provocam no organismo. Assim, 
qualquer exercício que possa causar algum tipo de lesão ao praticante 
é excluído. A premissa fundamental da Ginástica Sueca era a correção 
postural e aliada à formação de um espírito disciplinado. 
Na realização dos exercícios, eram utilizadas palavras de co-
mando, para que o ginasta pudesse concentrar toda a sua atenção 
para a prática. Essa metodologia também tinha como objetivo ensinar 
as crianças a pensarem e fazerem coisas no menor período de tempo 
possível. Além de servir como uma ferramenta que facilitava o ensino 
e a correção dos exercícios (POSSE, 1891).
Uma das principais características do método era ser basea-
do em evidências científicas, por isso era considerado racional. Além 
disso, era fácil de ser aplicado sem necessidade de aparelhos, com 
exercícios simples que poderiam ser praticados em qualquer lugar e 
momento. E apesar das páticas higiênicas defendidas por outros mé-
todos, era dispensada na ginástica sueca com um argumento científi-
co para isso (MORENO, 2015). 
Os exercícios eram selecionados pelo seu ‘‘valor ginástico’’, ou 
seja, movimentos que combinavam o efeito no corpo com a simpli-
Tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
sueco, inglês e calistenia 59
cidade e a beleza do desempenho. O movimento devia desenvolver 
efeitos em um curto tempo e ser simples para uma execução correta e 
bela, de acordo com a habilidade de cada um (MORENO, 2015). 
Por isso, os exercícios, que tinham o objetivo de melhorar e/ou 
manter as necessidades do organismo, assim como corrigir a postura, 
eram bastante valorizados. Era descartado qualquer movimento que 
comprometesse uma boa respiração. Isso porque o método defendia 
a ideia de que para ser um homem forte era necessário saber respirar 
bem. Assim, muita importância era dada aos exercícios respiratórios e 
ao desenvolvimento apropriado dos músculos peitorais (POSSE, 1891). 
Quanto à regularidade do método, tendo em vista que a Ginás-
tica Sueca é sistematizada, deveria haver progressão. Assim, além de 
serem respeitadas as diferenças de idade, sexo, força, entre outros, os 
exercícios sempre deveriam começar pelo mais simples e, gradual-
mente, progredia em complexidade e força. 
O método sueco não utilizava música em suas lições. Isso por-
que, cada movimento deve ser praticado em um determinado ritmo, 
podendo ser diferente do ritmo da música. Do mesmo modo, cada gi-
nasta tem o seu próprio ritmo para executar os movimentos e deter-
minar um ritmo por meio da música, que poderia interferir na precisão 
do movimento. 
 Ling defendia que o seu método era desenvolver a saúde, por 
utilizar a respiração nos exercícios, e a beleza, por corrigir problemas 
posturais. Assim, ele o destinou a todas as pessoas, independente-
mente de sexo, idade, dividindo-o em quatros partes: 
 D Ginástica Pedagógica ou Educativa: destinada a todas as 
pessoas, com o objetivo de desenvolver e/ou manter a saúde. 
60 Fundamentos da Ginástica
 D Ginástica Militar: destinada à preparação dos indivíduos 
para a guerra.
 D Ginástica Médica e Ortopédica: destinada a corrigir proble-
mas posturais.
 D Ginástica Estética: destinada a desenvolver a harmonia do 
corpo por meio da dança.
Ling criou exercícios livres, sem aparelhos, de execução fácil e es-
tética, além de saltos no cavalo, cambalhotas, jogos ginásticos, patina-
ção e esgrima, associados ao canto e disciplina militar (RAMOS, 1982).
Uma sessão de exercícios livres era composta da seguinte forma:
1º- exercícios de ordem;
2º - exercícios de pernas ou movimentos preparatórios for-
mando uma pequena série; 
3º - extensão da coluna vertebral;
4º - suspensões simples e fáceis;
5º- equilíbrio;
6º - passo ginástico ou marcha;
7º- movimentos dos músculos dorsais;
8º - movimentos músculos abdominais;
9º - movimentos laterais de tronco;
10º - movimentos de pernas;
11º - suspensões mais intensas que as do nº 4;
12º - marchas ou movimentos de pernas, executados mais 
rapidamente que os outros para preparar saltos;
13º - saltos;
14º - movimentos de pernas;
15º - movimentos respiratórios.
Tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
sueco, inglês e calistenia 61
Em síntese, a Ginástica Sueca, criada por P. H. Ling, é funda-
mentada por conhecimentos racionais médico-científicos. Tem por 
princípio a correção postural associada à aquisição de valores morais 
modernos e de disciplina. Os exercícios devem ser realizados de forma 
precisa, de acordo com a forma do movimento. A seleção dos exercí-
cios deve considerar o público alvo de praticantes, estabelecendo-se 
uma série (lição) a ser cumprida de forma livre ou com aparelhos,com 
disciplina sendo considerada a progressão, sempre sem a utilização 
de músicas. Assim, a Ginástica Sueca influenciou as ginásticas de 
consciência corporal e fisioterápicas contemporâneas.
O QUE VIMOS NESTE CONTEÚDO 
D A Ginástica Sueca surgiu no final do século XVIII em um contexto 
de mudanças políticas, econômicas e sociais.
D O criador da Ginástica Sueca foi Pier Henrik Ling.
D A Ginástica Sueca tem por premissa a correção postural e aquisi-
ção de princípios morais e disciplinares baseados em fundamen-
tos racionais.
D A Ginástica Sueca possui aspectos pedagógicos e possui princí-
pios: precisão, forma, seleção, progressão, lição e participação.
62 Fundamentos da Ginástica
Leitura Complementar 
D MORENO, A. A propósito de Ling, da ginástica sueca e da circula-
ção de impressos em língua portuguesa. Rev. Bras Ciênc Esporte, 
v. 37, p. 128-135, 2015.
A leitura deste artigo permitirá ao leitor uma maior compreensão so-
bre o sistema sueco de ginástica, abordando, principalmente, a traje-
tória de seu precursor. 
D MORENO, A. De Estocolmo ao Brasil: Circulação e Transformação 
da Ginástica Sueca (1913-1920). Pesquisa financiada pela FAPEMIG. 
Disponível em: http://www.sitioftp.com/EventosOPC/programa/
resumenes/Panel/14/14ponencia5.pdf. Acesso: 01.08.2019 
A leitura deste artigo é importante para a compreensão do processo 
histórico do sistema sueco de ginástica. A temporalidade vai de 1813, 
ano em que Ling funda o Instituto Central de Ginástica de Estocolmo 
(Gymnastiska Centralinsitutet – GCI), até a primeira década do século 
XX – período que foram observados fortes vestígios do sistema sueco 
de ginástica no Brasil.
Tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
sueco, inglês e calistenia 63
2.2 
ESTUDO CRÍTICO E VIVÊNCIA DO SISTEMA DE 
GINÁSTICA INGLESA
ORIGEM DA GINÁSTICA INGLESA 
A Ginástica, na Inglaterra do século XIX, teve um desenvolvimen-
to diferente em relação ao restante da Europa. Isso porque a Inglaterra 
não apresentava riscos de guerra, assim, a defesa nacional não era tão 
necessária. Nesse sentido, Ginástica Inglesa é mais relacionada aos 
jogos, atividades atléticas e ao esporte.
O movimento esportivo inglês teve relação com as transforma-
ções socioeconômicas produzidas pela Revolução Industrial (Rouyer, 
1977). Até o final do século XVIII, o esporte era praticado pela nobreza, 
porém, no século seguinte, isso se modificou, e o esporte passou a ser 
praticado em outras camadas sociais. A partir de 1857, foram funda-
das dezenas de associações esportivas nacionais na Inglaterra. 
Em meados do século XIX, o modelo esportivo predominante 
era o da burguesia, que sistematizou várias práticas em esportes, ou 
seja, os movimentos corporais adquiriram caráter competitivo. Nes-
se contexto, houve a organização de jogos com regras, técnicas e pa-
drões de conduta para os praticantes. 
No quadro do capitalismo inglês, o esporte era uma atividade 
de lazer e um meio de educação social dos filhos da alta burguesia 
(ROUYER, 1977). No entanto, uma questão que deve ser considerada 
é o aumento do tempo de lazer do proletariado, uma conquista dos 
trabalhadores no decorrer da Revolução Industrial, que também pode 
estar associado ao desenvolvimento desportivo. Por volta de 1870, os 
64 Fundamentos da Ginástica
trabalhadores passaram a reivindicar e obtiveram uma redução da 
jornada de trabalho. Com mais tempo para o lazer, o esporte passou a 
ser mais praticado e, com isso, cresceu o número de clubes desporti-
vos e organizações. 
Portanto, a Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre 
uma sociedade industrial e urbana, tornando-se acessível às classes 
trabalhadoras inglesas em decorrência de conquistas trabalhistas. 
O ESPORTE COMO MEIO DE EDUCAÇÃO 
Em relação à situação, a Inglaterra, comparada aos outros paí-
ses europeus, demorou muito para instituir um sistema educacional 
público controlado pelo Estado. Isso porque, os ingleses consideravam 
a educação mais responsabilidade da sociedade civil que do Estado. 
 Assim, até as primeiras décadas do século XIX, a educação es-
teve nas mãos da Igreja e de entidades particulares de caráter benefi-
cente. Por outro lado, as classes média e alta financiavam sua própria 
educação. 
 Entretanto, com as transformações ocorridas pela Revolução 
Industrial, o Estado passou a intervir na educação (Luzuriaga, 1979). 
Em 1833, o Parlamento concedeu uma subvenção às sociedades filan-
trópicas para construção de prédios escolares e para administrar os 
fundos governamentais. Por último, com a criação do Departamen-
to de Educação em 1856, deram-se mais dois momentos inportantes 
para educação pública inglesa: 1) O Ato de Educação de 1870, que for-
mou a base da educação primária mantida pelo Estado e 2) A obriga-
toriedade escolar em 1876.
Tema 2
Os Métodos Ginásticos: 
sueco, inglês e calistenia 65
As tradicionais Escolas Públicas e as Universidades tiveram 
participação fundamental no processo de desenvolvimento do espor-
te na Inglaterra. Os estudantes das Escolas Públicas promoviam suas 
próprias práticas esportivas, desafiando a proibição das autoridades 
educacionais que as consideravam perigosas e violentas. 
 A partir de 1832, a classe média passou a reivindicar maiores 
privilégios educacionais e, por volta de 1860, conseguiu a criação de 
novas escolas públicas no modelo das antigas (Mclntosh, 1975). Esta 
conquista foi decisiva para que os jogos esportivos fossem difundidos. 
 O esporte, como um meio de educação, tem origem inglesa. Na 
segunda metade do século XIX, Thomas Arnold anulou a ilegalidade 
de alguns jogos esportivos nas Escolas Públicas.
 As Escolas Públicas, segundo Mclntosh (1975), tinham a res-
ponsabilidade de produzir líderes em vários setores, como na indús-
tria, na política, no exército, nas empresas comerciais, entre outros. 
E, para isso, utilizavam os jogos para promover liderança, lealdade, 
cooperação, auto-disciplina, iniciativa, tenacidade e espírito esportivo 
(VAN DALEN E BENNET, 1971). 
 Porém, foi apenas ao final do século XIX e início do século XX 
que o governo inglês adotou uma política de apoio ao esporte e a gi-
nástica nas escolas mantidas pelo Estado. Após o Ato de Educação 
de 1870, os sargentos passaram a ministrar aulas de Educação Física 
nas escolas baseados no sistema ginástico sueco de P. H. Ling, que foi 
introduzido na Inglaterra por graduados do Instituto Central de Ginás-
tica de Estocolmo. 
Em 1904, o sistema sueco foi adotado oficialmente nas escolas 
inglesas, o que gerou uma dualidade de sistemas na Educação Física 
Inglesa. De um lado, o esporte desenvolvido na escola secundária e, do 
outro, a ginástica sueca realizada na escola primária.
66 Fundamentos da Ginástica
MOVIMENTO ESPORTIVO INGLÊS
É possível afirmar que a ginástica na Inglaterra está associada 
ao movimento esportivo e se fundamentava na preparação atlética 
dos estudantes para o bom desempenho nas competições esportivas. 
Segundo Guttmann (2004), o esporte possui princípios que os 
caracteriza como uma prática da sociedade industrial moderna. São 
eles: secularismo, igualdade de condições, racionalização, especiali-
zação, organização burocrática, quantificação e o recorde. 
A competição é a essência do esporte, e para que ela possa ser 
concretizada, é necessário haver uma organização burocrática. As pri-
meiras associações esportivas nacionais de muitas modalidades que 
existem atualmente surgiram na Inglaterra (MCLNTOSH, 1975). Gra-
dualmente, o esporte institucionalizou-se, havendo a criação de regras 
universais que deveriam ser seguidas pelos competidores. As institui-
ções esportivas são responsáveis pela elaboração das regras esporti-
vas, bem como pelos regulamentos das competições. Trata-se de nor-
mas que são aceitas pelos participantes, como uma forma de contrato.
Essas regras preveem que todos os participantes devam seguir 
as mesmas condutas, para que, em uma disputa justa, seja reconhe-
cido o vencedor. Portando, as regras e os regulamentos concretizam

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