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Quimioterapia antineoplásica: Terapêutica sistêmica de combate ao câncer que utiliza compostos químicos, isolados (monoquimioterapia) ou combinados (poliquimioterapia), que afetam o funcionamento celular. A quimioterapia é baseada no conceito de cinética celular, incluindo assim, o ciclo de vida celular, o tempo do ciclo, a fração de crescimento e da massa tumoral. Atua nas células com alta taxa de fração celular: células neoplásicas ou não. A quimioterapia antineoplásica é amplamente utilizada no tratamento de câncer. Esse tratamento é utilizado em doses o mais próximo possível das doses máximas individuais toleradas e devem ser administrados com a maior frequência possível para desestimular o novo crescimento do tumor. São também usados no tratamento da artrite reumatoide (metotrexato eciclofosfamida), Doença de Crohn (6-mercaptopurina), transplante de órgãos (metotrexato e azatioprina), anemia falciforme (hidroxiureia), psoríase (metotrexato) e outras condições patológicas não oncológicas. os medicamentos utilizados pertencem ao grupo das antraciclinas (Doxorrubicina e Epirrubicina), por isso o “rubi” do nome, que são compostos químicos geralmente associados à queda de cabelo como um dos efeitos colaterais. utiliza uma ampla gama de outros medicamentos como ciclofosfamida, taxanos (Docetaxel e Paclitaxel), gencitabina e vinorelbina. O mais comum é o uso de combinações de tratamento, com mais de um medicamento, utilizados concomitantemente ou em sequência, e nas diversas situações clínicas como no pré-operatório, no pós operatório (adjuvante) ou em diversas linhas na doença metastática. O esquema de tratamento e a sequência seguem uma estratégia lógica que pode ser discutida com seu oncologista. Atuação em nível celular sem especificidade, interferindo no processo de crescimento e divisão celular de células tumorais e sadias, o que explica seus diversos efeitos colaterais. > Objetivo de cura ou como paliativo (depende do tipo e extensão do tumor, juntamente às condições do paciente). A quimioterapia antineoplásica se apresenta em 4 modalidades de acordo com o tratamento adequado para cada paciente: - Terapia de indução primária: Principal indicação quando não há tratamento alternativo, muitas vezes quando a doença se encontra em um estágio mais avançado. - Terapia neoadjuvante ou citorredutora: No caso de ser mais localizado, realiza-se este tipo de tratamento quando terapias locais alternativas não foram totalmente efetivas. Indicada para a redução de tumores loco-regionalmente avançados, que são, no momento, irressecáveis ou não. Tem a finalidade de tornar os tumores ressecáveis ou de melhorar o prognóstico do doente. - Terapia adjuvante ou profilática: Tem como objetivo melhorar a sobrevida de um paciente que já passou por uma ressecção de um tumor, com potencial curativo após a intervenção cirúrgica, reduzindo o retorno do tumor primário. Indicada após tratamento cirúrgico curativo, quando o doente não apresenta qualquer evidência de neoplasia maligna. - Terapia paliativa: emprego da quimioterapia para tratamento e paliação dos sintomas da doença, podendo ou não prolongar a sobrevida. Indicada para controle dos sinais e sintomas que comprometem a capacidade funcional do doente. A quimioterapia antineoplásica é aquela realizada através da administração de fármacos para o tratamento de câncer atuando em nível celular, porém sem especificidade, ou seja, os medicamentos não destroem exclusivamente as células tumorais. Classificação dos antineoplásicos: São classificados quanto à sua relação com o ciclo celular. A maioria dos agentes quimioterápicos pode ser agrupada de acordo com a atuação no ciclo celular quer seja em fase de atividade ou de repouso. Drogas específicas para o ciclo celular: > Drogas fase-específicas; > Drogas fase-inespecífica. O efeito citotóxico das drogas é obtido em qualquer fase do ciclo celular. Dose- dependente, sendo assim o número de células destruídas é diretamente proporcional à dose de droga administrada. Se mostra mais ativa em uma fase contra células que se encontram em fase especificado ciclo celular. Se deve observar o número de células a serem erradicadas com só uma exposição. Uma dose maior não é suficiente para matar mais células. Maior número de exposição, para que as células entrem na fase sensível do ciclo. Drogas inespecíficas: Eficaz para células em divisão ou em repouso. Tumores de crescimento lento e baixa fração de duplicação. Os quimioterápicos classificam-se em: - Ciclo-inespecíficos, agem em todas as fases do ciclo celular. DNA. Neoplasias malignas, cânceres de cabeça, pulmão, pescoço. E ligado com outros quimioterápicos como ciclofosfamida, é usado em tratamento de câncer de mama - Ciclo-específicos, fase-específicos, agem na fase de síntese. Usado no tratamento de câncer de pulmão, mama e cólon e neoplasias hematológicas. - Ciclo-específicos, fase-específicos, agem na fase da mitose. Usado no tratamento de câncer de pulmão, mama e linfomas. - Ciclo-específicos, fase-inespecíficos, agem em várias fases do ciclo celular. - Medicamentos de composição química e mecanismos de ação pouco conhecidos. Ex.: Hidroxiuréia, Hidroxiuréia Lasparaginase, utilizados em casos de leucemias. Finalidades da quimioterapia: Curativa: Ausentar a evidencia da doença. Paliativa: Minimizar os sintomas decorrentes da proliferação tumoral e melhorar a qualidade de vida do paciente, aumentando seu tempo de sobrevida, em função de uma redução importante do número de células neoplásicas. Potencializadora: utilizada simultaneamente à radioterapia no sentido de melhorar a relação dose terapêutica/dose tóxica do tratamento com irradiação. Objetiva principalmente potencializar o efeito das drogas no local irradiado e conceitualmente não interfere no efeito sistêmico do tratamento. Ex.: tumor de pulmão. Adjuvante: Quando é administrada posteriormente ao tratamento principal, quer seja cirúrgico ou radioterápico. Tem por finalidade promover a eliminação da doença residual metastática potencial, indetectável, porém presumidamente existente. Ex.: tumores de mama, ovário, cólon e reto. Neo-adjuvante: Quando é administrada previamente ao tratamento definitivo, quer seja cirúrgico ou radioterápico. Objetiva tanto a diminuição do volume tumoral, quanto a eliminação de metástases não detectáveis clinicamente já existentes ou eventualmente formadas no momento da manipulação cirúrgica. Ex.: sarcomas, tumores de mama avançados. Resposta Parcial: quando há redução de 50% ou mais na soma do produto dos dois maiores diâmetros perpendiculares de todas as lesões mensuráveis por exame físico ou por técnicas radiológicas. Resposta Completa: implica no desaparecimento completo da doença, sendo, se possível, documentada por uma repetição do estadiamento anatomopatológico. Doença Estável: representa uma redução de menos de 50% até um aumento de 25% no produto de diâmetros de quaisquer lesões mensuráveis. Doença em Progressão: caracteriza-se por um aumento de mais de 25% no produto dos diâmetros ou o surgimento de quaisquer novas lesões. Efeitos colaterais: Efeitos colaterais mais comuns: toxicidade hematológica, náuseas e vômitos, mucosite (inflamação da mucosa oral). Tratando-se de uma modalidade que interfere no processo de crescimento e divisão celular, as neoplasias mais suscetíveis ao tratamento são aquelas que apresentam alta taxa de proliferação, como a medula óssea, epitélio gastrintestinal, folículos pilosos e epitélio germinativo. A sintomatologia colateral se relaciona com as doenças que apresentam suscetibilidade ao tratamento, visto que é uma terapia com ausência de especificidade (acabando com células neoplásicas e sadias também). O paciente pode apresentar náuseas, erupçõescutâneas e pode ter efeitos reprodutivos a longo prazo ou efeitos mutagênicos. O controle destas reações se torna um pouco mais efetivo como desenvolvimento de medicamentos antieméticos, como o Vonau para enjoo, por exemplo. RDC/ANVISA 220/04: dispõe sobre o funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica. Resolução CFF-288/96 - dispõe sobre a competência legal para o exercício da manipulação de drogas antineoplásicas pelo farmacêutico. Resolução COFEN-257/2001- faculta ao Enfermeiro o preparo de drogas quimioterápicas antineoplásicas e determina ao enfermeiro a administração de drogas quimioterápicas, ressaltando que técnicos e auxiliares de enfermagem não poderão assumir esse procedimento. > Os procedimentos abrangem cuidados específico com a infraestrutura e área física; equipamentos de proteção coletiva e individual, cuidados na diluição, no transporte, administração, derramentos (acidentes) e descarte dos resíduos dos quimioterápicos. > Avaliar: presença de náuseas e vômitos e, dificuldade de deglutição. Náuseas e vômitos podem exigir administração de antiemético, não devendo ser macerados mesmo diante da dificuldade de deglutição. Se a dificuldade persistir, o paciente deve procurar o seu médico. Se o vômito ocorrer pouco tempo após a deglutição do medicamento o paciente deve vomitar em um saco plástico ou outro utensílio que permita a visualização do conteúdo eliminado. Medicamentos não absorvidos precisam ser readministrados, porém se houver dúvida não administre outra dose, pois a toxicidades poderá ser duplicada e ocasionar danos irreversíveis. > Orientar: quanto aos efeitos colaterais, de acordo com cada droga (atentar para as recomendações do fabricante). > Reforçar: a necessidade do seguimento das orientações ofertadas na alta complexidade. - Siga a técnica preconizada para administração de medicações intramusculares e subcutâneos; - Mantenha rigor asséptico, pois pacientes oncológicos são mais propensos a neutropenias; - Use agulhas de menor calibre, em decorrência da fragilidade vascular e cutânea destes pacientes; - Realize rodízio dos locais de aplicação; - Exerça compressão efetiva pós-aplicação, sem fricção e aplicação de calor local; - Observe sinais flogísticos e equimoses pós- administração; - Administre apenas medicações prontas para administração, ou seja, não manipule quimioterápicos para diluição dos mesmos. Manuseio de quimioterápicos deve ocorrer exclusivamente em sistemas de segurança biológica classe II tipo B2; - Use luvas descartáveis e avental impermeável no momento da administração, se você tiver máscara de carvão ativado ou com filtro Hepa acrescente ao seu EPI, mas se você não tiver siga a técnica e evite derramamentos. Assim, você elimina o risco de contaminação, sua e do ambiente; - Descarte os resíduos em sacos plásticos ou recipientes para perfuro cortante e lacre os mesmos após descarte, para que não ocorra volatização da medicação. Lixos quimioterápicos devem ser encaminhados para aterros químicos, mas se isto não for possível descarte-os com os resíduos contaminados da sua unidade. - tecido hematopoiético; - aparelho gastrointestinal; - tecido germinativo; - folículo piloso; - epitélio de revestimento; - ação cumulativa sobre alguns órgãos. Assistência de enfermagem: - Estabelecimento de comunicação efetiva: orientação educativa adequada a realidade social do paciente e seus familiares; - Assegurar a qualidade da assistência prestada pela equipe em que o Enfermeiro se faz responsável; - Promover um tratamento humanizado aos pacientes; - Realizar consulta de Enfermagem baseada na SAE e triagem antes da administração do quimioterápico antineoplásico; - Assegurar o cumprimento dos requisitos básicos de biossegurança, cumprindo as normas, regulamentos e legislações pertinentes; - Elaborar protocolos terapêuticos de Enfermagem na prevenção, tratamento e minimização dos efeitos colaterais; - Promover acesso venoso totalmente implantável e monitorar o paciente a fim de evitar extravasamento quimioterápico, orientando-o; - Registrar informações e dados estatísticos pertinentes à assistência de Enfermagem no prontuário do paciente; - Conferir o rótulo com as prescrições médicas; - Confirmar a identificação do cliente ao rótulo e prescrição, antes da administração das quimioterapias; - Higienizar as mãos conforme o POP; - Preparar as pré-QTs prescritas; - Avaliar cuidadosamente o membro a ser puncionado; - Nunca utilizar acesso venoso periférico puncionado há mais de 3 dias; - Realizar antissepsia do local a ser puncionado com algodão e álcool 70%; - Realizar punção venosa com cateter sobre agulha com o menor calibre (nº 22 ou 24); - Puncionar preferencialmente da porção distal para a proximal, evitando sempre áreas de articulações como a fossa ante cubital (ordem de preferência: 1- antebraço, 2- dorso da mão, 3- punho, 4- fossa ante cubital); - Nunca puncionar membros inferiores e veia jugular externa (exceção extremos). - Testar fluxo e refluxo venoso após punção com via limpa (SF 0,9%); - Fixar o cateter venoso deforma segura, sem excesso de material para que haja boa visualização no momento de administração de drogas vesicantes; - Administrar pré-QT prescrita; - Administrar os quimioterápicos com os EPIs necessários (máscara de carvão ativado, avental, gorro, luvas de procedimento); Se não for possível administrar o quimioterápico no momento do recebimento, verificar a estabilidade após reconstituição e o local de armazenamento. Devolver à Farmácia o quimioterápico não administrado. Formas de exposição: No trabalho: trabalhadores envolvidos na produção industrial, no armazenamento, no transporte, no processo de manipulação e administração, descarte dos resíduos, na limpeza e na manutenção de equipamentos e também na limpeza do ambiente. No ambiente: principal fonte de contaminação é o descarte inadequado. Efeitos agudos; erupções cutâneas. Efeitos crônicos; infertilidade, abortos espontâneos se malformações congênitas. Manuseio de cateter venoso central: A administração de quimioterápicos requer, normalmente, várias punções venosas ao longo do tratamento, que somadas às características irritante e/ou vesicante de cada droga podem levar à fragilidade e ao enrijecimento vascular, dificultando a visualização e a punção venosa, o que favorece o extravasamento. Constitui-se de cateter (feito de silicone ou poliuretano) e port (câmera de titânio coberta por um septo de silicone puncionável), sendo implantado cirurgicamente. Algumas complicações decorrem do seu uso, tais como infecção, obstrução, infiltração ou extravasamento, dentre outras. Alguns destes eventos podem ser tratados, mas nem sempre a remoção do dispositivo pode ser evitada. A infecção é a mais frequente complicação relacionada ao uso de cateter. Pode ocorrer tanto na loja subcutânea, na qual o port está instalado, quanto ao longo do túnel subcutâneo onde o cateter está inserido, colocando o paciente em risco de sepse devido à comunicação direta do cateter com a circulação central. A melhor maneira de preveni-la é por meio da utilização de técnica estéril durante o manuseio do cateter; além da obediência ao prazo estabelecido para a troca da agulha, equipos e conexões. A conduta para o tratamento da infecção nesses dispositivos prevê a confirmação da infecção utilizando a comparação entre a hemocultura colhida do cateter e a hemocultura colhida por via periférica. Somente após a identificação do sítio de infecção e do microrganismo é que se deve instituir a antibioticoterapia adequada,pelo médico responsável. Nos casos em que o paciente não responde à terapêutica, a retirada do cateter pode ser indicada. A obstrução destes dispositivos decorre da formação de trombos, fibrina ou precipitação de drogas. A principal conduta para prevenir os casos de obstrução de cateter relatada foi a lavagem com 20ml de solução salina, regularmente, entre a administração de dois ou mais medicamentos e após o uso do dispositivo, seguida da heparinização; cuja solução deve ter concentração final de 100UI/ml. Nos casos em que a obstrução está confirmada, destaca-se a terapia fibrinolítica como único tratamento possível, cabendo a cada instituição determinar o fibrinolítico mais adequado, a dose terapêutica bem como a técnica de desobstrução. Foram referidas como causas mais frequentes de extravasamento a formação de fibrina ou trombo na ponta do cateter e fratura do dispositivo, sendo responsáveis, respectivamente, por 1% a 2% e mais de 2% das ocorrências. Outras possíveis causas foram inserção incompleta da agulha no port; deslocamento da agulha decorrente de mudanças no posicionamento e manipulações frequentes, bem como desconexão entre cateter e reservatório (port). A completa inserção da agulha tipo Huber no momento da punção e o uso de agulha de tamanho adequado são formas de prevenir o extravasamento causado pela inserção incompleta da agulha no port. Outras formas de prevenção do extravasamento incluem monitorar frequentemente o local de punção, confirmar retorno venoso antes de iniciar infusão medicamentosa, além de orientar ao paciente que evite manipulação do curativo e tracionamento de equipos conectados ao cateter. Na fase pós-implantação do cateter o enfermeiro deve ter sua atenção voltada para a observação de sangramento ou secreção, hematoma ou seroma no sítio de inserção. É função do enfermeiro, a identificação de qualquer sinal incomum durante o manuseio do dispositivo, além do registro das condições da pele no local circunjacente a inserção do cateter, do fluxo e refluxo sanguíneo. O preparo da pele é fundamental na prevenção de infecção. São indicadas três aplicações de PVP-I alcoólico em movimentos espirais na pele sobre o port, seguida de três aplicações de álcool a 70% também em movimentos espirais. A agulha, a recomendação é que se use apenas a não cortante ou tipo Huber para a punção do port, pois o uso da agulha hipodérmica pode fissurar o septo de silicone. Ressalta-se, ainda, que a inserção da agulha deve obedecer ao ângulo de 90º e ser introduzida no septo do silicone até sentir que sua ponta tocou o fundo do port. Ressalta-se, ainda, a importância de se verificar a extremidade da agulha após a retirada, observando a integridade, sinais de oclusão ou coágulos. Curativo: O manuseio e a realização do curativo são de responsabilidade do enfermeiro. Logo após a punção, o sítio de inserção, a agulha e toda sua extensão devem ser cobertas com um curativo transparente (tegaderm) para que o local possa ser monitorado. Nos casos de infusão prolongada, a média de troca do curativo varia de três a cinco dias.
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