Prévia do material em texto
Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 ANTIBIOTICOTERAPIA: • Antibióticos são substâncias químicas específicas, derivadas de organismos vivos ou produzidas por estes, bem como seus análogos estruturais obtidos por síntese, capazes de inibir os processos vitais de microrganismos, mesmo em concentrações diminutas. CRITÉRIO DE ESCOLHA DE ANTIMICROBIANOS: • Identificação do microrganismo infectante; • Suscetibilidade do organismo para um fármaco particular; • Local da infecção; • Fatores do paciente; • Segurança do fármaco (toxicidade); • Custo do tratamento (viabilidade). BASES FARMACOCINÉTICAS DOS ATB: • Níveis adequados do antibiótico devem alcançar o local da infecção para eliminação eficaz do microrganismo. • Considerar: ➢ Lipossolubilidade do fármaco – maior lipossolubilidade maior passagem por membranas celulares; ➢ Massa molecular do fármaco - compostos com baixa massa molecular tem maior capacidade de atravessar barreiras; Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 ➢ Ligação do fármaco as proteínas plasmáticas – alta taxa de ligação corresponde a menor capacidade de atravessar as barreiras. Classificação dos antimicrobianos: Tempo-dependentes: • Maximizar a duração da exposição do patógeno ao fármaco; • A redução da densidade bacteriana é proporcional ao tempo em que as concentrações excedem a CIM; • A resposta é máxima quando as concentrações séricas e teciduais são mantidas acima da CIM por 30 a 50% do intervalo entre as doses. • Ex: β-lactâmicos (penicilina), vancomicina. Concentração-dependentes: • Quanto maior a concentração da dose, mais rápida a erradicação do patógeno; • Maximizar as razões Concentrações Max/CIM e ASC/CIM mediante a administração de uma dose alta; • Ex: aminoglicosídeos e fluorquinolonas, azitromicina. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE ANTIMICROBIANOS: • Conceitos de sensibilidade e resistência bacterianas derivam da correlação de MIC (Concentração inibitória mínima) com níveis teciduais obtidos com administração de antimicrobianos. • Três parâmetros são utilizados para medir a relação entre a farmacocinética e farmacodinâmica são: ➢ Área sob a curva/MIC; concentração máxima/MIC; tempo/MIC. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS: • 1) Com base na Origem; • 2) Quanto ao espectro de ação; • 3) Quanto a ação biológica • 4) Mecanismo de ação; • 5) Estrutura química. 1) Com base na origem: • Naturais: Penicilina G; • Semi-sintéticos: Aminopenicilinas– Amoxicilina e ampicilina; • Sintéticos: Cloranfenicol. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 2) Quanto ao espectro de ação: • Baixo espectro: atinge um grupo de bactérias; • Médio espectro: atuam em gram-positivos e certas bactérias gram- negativas; • Largo espectro: atuam em gram-positivos, gram-negativos e outros patógenos. 3) Quanto a ação biológica: Bacteriostáticos: • Controla o crescimento bacteriano ao inibir sua multiplicação. A eliminação do micro-organismo depende da imunidade do paciente. • Ex.: sulfonamidas, clorafenicol, tetraciclinas, eritromicina e clindamicina; Bactericidas: • Inativa e destrói os microorganismos. • Ex.: aminoglicosídeos, quinolonas, penicilinas e cefalosporinas. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 Fármacos bacteriostáticos vs bactericidas: • Os fármacos bactericidas ma- tam a bactéria nas concentra- ções séricas do fármaco al- cançadas no paciente. • Devido à sua ação antimicro- biana mais agressiva, os bac- tericidas são, em geral, de es- colha no paciente gravemen- te enfermo e imunocompro- metido. • Podemos utilizar o fármaco bacteriostático, pois haverá um platô do crescimento da bactéricas em conjunto com a resposta do sistema imune. 4) Mecanismo de ação dos antibióticos: Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 A) Inibidores da síntese da parede celular: • Inibem o desenvolvimento e a formação da parede celular; B) Inibidores do metabolismo: • Impede a formação de metabólitos importantes, como o ácido fólico, que é usado como base para a síntese bases púricas pirimídicas, interrompendo assim a formação de DNA. C) Inibidores da síntese de proteínas: • Vão interferir na síntese proteica, consequentemente impedindo a formação de uma nova bactéria. D) Inibidores de função ou síntese dos ácidos nucleicos: • Agem sobre enzimas importantes na formação do DNA, ligando e inibindo a DNA-girase e ligando-se a DNA-polimerase, impedindo, assim, a sua transcrição, reparo e replicação. E) Inibidores das funções de membrana celular: • Interferem na permeabilidade, abrindo poros, fazendo com que tanto o conteúdo interno seja extravasado quanto a entrada de agentes externos para dentro da célula, provocando a sua lise. Eficientes contra bactérias gram-negativas. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 5) Estrutura química: • Antibióticos β-lactâmicos: ➢ Penicilinas, cefalosporinas, carbapenens e monobactâmicos; • Tetraciclinas: ➢ Doxiciclina, metaciclina, tetraciclina; • Macrolídeos: ➢ Eritromicina, azitromicina, claritromicina; • Aminoglicosídeos: ➢ Gentamicina, neomicina; • Sulfonamidas: ➢ Sulfametoxazol; • Quinolonas e fluorquinolonas: ➢ Levofloxacino, norfloxacino, ciprofloxacino, gemifloxacina; • Derivados do nitrobenzeno: ➢ Cloranfenicol; • Polipetídeos: ➢ Polimixina B, polimixina E; • Glicopeptídeos: ➢ Vancomicina, teicoplanina; Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 RESISTÊNCIA BACTERIANA: • As bactérias são consideradas resistentes a um antimicrobiano quando seu crescimento não é inibido pela maior concentração do antimicrobiano tolerada pelo hospedeiro. Mecanismos de resistência bacteriana: • Resistência natural (intrínseca); • Resistência fisiológica (biofilmes); • Resistência adquirida: ➢ Mutação; ➢ Transferência genética: plasmídeos e transpossomas; • Perda de permeabilidade de membrana; • Alterações de receptores de membrana; • Redução da captação; • Exclusão ativa do antimicrobiano; • Alterações do sítio de ligação ribossômico; Mecanismo enzimático – mais importante e frequente: • β-lactamases produzidas por estafilococos, gonococos e haemophilus: ➢ Os β-lactâmicos. • Acetiltransferases, fosfotransferases e adeniltransferases produzidas por E. coli: ➢ Inativam os aminoglicosídeos. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 Estratégias para reduzir a resistência bacteriana: • Não usar de modo indiscriminado e inadequado. • Utilizar por período de tempo adequado e correto. • Preferir o uso de ATB de ação rápida e seletivos (espectro estreito). • Evitar utilizar associação de fármacos quando houver necessidade de tratamento prolongado. • As infecções por microrganismos notáveis pelo desenvolvimento de resistência (S. aureus, E. coli, Proteus) devem ser tratadas intensivamente. • Terapia específica versus empírica. ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA PARECE CELULAR: • Os mais importantes são as Penicilinas, Cefalosporinas e Carbapenens; • Inibem a síntese da parede celular por meio da inibição da enzima transpeptidase; • Os inibidores da síntese de parede celular apresentam eficácia máxima quando os microrganismos estão se proliferando. • Eles têm pouco ou nenhum efeito em bactérias que não estejam crescendo e se dividindo. • Os membros mais importantes do grupo são os antimicrobianos β- lactâmicos (denominados de acordo com o anel β-lactâmico, que é essencial para sua atividade), vancomicina e daptomicina. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 Penicilina: Penicilinas naturais ou benzilpenicilinas: • Penicilina cristalina ou aquosa: ➢ Administração via IV ou IM; ➢ É a única que consegue atravessar a barreira hematocefália e, por conta disso, utilizada no tratamento da meningite. • Penicilina G – Benzilpenicilina: ➢ Benzetacil, administração viaIM. ➢ A benzilpenicilina é o tratamento básico de infecções causadas por inúmeros cocos gram-positivos e gram-negativos, bacilos gram-positivos e espiroquetas. • Penicilina V; ➢ É o comprimido normal, administração via oral; • Indicações: Infecções estreptocócicas, recidivas de febre reumática, sífilis; • São inativadas pela enzima betalactamase, sendo eficazes apenas contra gram-positivos e alguns gram-negativos, como a Neisseria. Aminopenicilinas: • Ampicilina e amoxicilina; • Administradas por via oral, sendo que a primeira de 6/6h e a segunda de 8/8h e a presença de alimentos não interfere. • Espectro maior do que as benzilpenicilinas; Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 • Utilizados contra pneumococos resistentes à penicilina, algumas bacté- rias aeróbias gram-negativas como enterobacteriáceas e a amoxicilina é usada no tratamento contra H. pylori. • Atravessam a placenta e a barreira hematoencefálica. • Indicação terapêutica: ➢ Infecção: de vias respiratórias, urinárias não-complicadas, e infecção por Salmonella; ➢ Febre Tifoide; ➢ Meningite Bacteriana (associação de penicilina mais vancomicina e cefalosporina de 3a geração). Penicilinas resistentes às penicilinases: • Oxacilina; • Administração via IV de 6 em 6 horas • Indicada em infecções por Staphylococcus aureus produtor de penicilinases; • Semissintética; • Metabolização hepática e excreção renal; Penicilinas de amplo espectro ou “antipseudomonas: Carboxipenicilinas: • Carbenicilina: P. aeruginosa; • Ticarcilina: P. aeruginosa e Enterobacteriaceae. Ureidopenicilinas: • Piperacilina: Enterobacteriaceae, Bacterioides, K. pneuminiae. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 • Todas são com administração IV de 6 em 6h. • Indicações: Bacteremias, pneumonias, infecções graves por gram- negativas, ITU resistentes a ampicilina, queimaduras. • Sensíveis à destruição por betalactamases! Penicilinas em associação com inibidores das betalactamases: • Os inibidores de betalactamases, quando em associação a antimicro- bianos betalactâmicos, ligam-se de forma irreversível às betalactamases, evitando a hidrólise do anel β-lactâmico e, portanto, potencializando a atividade dos antimicrobianos. • Ácido clavulânico, tazobactam e sulbactam. • Isoladamente possuem uma fraca ação antibacteriana. • Exemplos: ➢ Amoxicilina + Ácido clavulânico; ➢ Ticarcilina + Ácido clavulânico; Efeitos adversos das Penicilinas: • Reações de hipersensibilidade; • Angioedema acompanhado com urticária e anafilaxia • Rash cutâneo; • Doença do soro; • Varia de um quadro com febre baixa, erupção e leucopenia até sintomas mais graves; • Vasculite da pele ou de outros órgãos; • Casos mais graves toxicidade renal, hematológicos e neurológicos. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 Cefalosporinas: • As cefalosporinas são classificadas em 5 gerações, que se referem à atividade antimicrobiana e às características farmacocinéticas, farmacodinâmicas e espectro de atividade antimicrobiana; • Somente a partir da terceira geração os medicamentos conseguem atravessar a barreira hematoencefálica. • Excreção renal, porém a ceftriaxona é excretado via biliar Cefalosporinas de primeira geração: • São muito ativas contra cocos gram-positivos e têm atividade moderada contra E. coli, Proteus mirabilis e K. pneumoniae. • Administração IV e oral; • Cefalotina, cefazolina, cefalexina (via oral e mais prescrita) e cefadroxila; Cefalosporinas de segunda geração: • Apresentam atividade ligeiramente aumentada contra gram-negativos, como H. influenzae, Moraxella catarrhalis, Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae. • Cefaclor (oral), cefuroxima (IV e IM) e cefoxitina (IV e IM); Cefalosporinas de terceira geração: • Melhor atividade contra bacilos gram-negativos em comparação aos de 1ª e 2ª gerações. Apresenta ação contra S. pneumoniae, N. meningitidis e H. influenza. Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 • Cefotaxima, ceftriaxona, ceftazidima; • Todos administrados por via IM e IV; Cefalosporinas de quarta geração: • Apresentam atividade contra gram-positivos e negativos, mas sem ação anaerobicida. Maior atividade contra Pseudomonas aeruginosa e enterobacteriáceas constitui principal diferença de espectro. • Cefepima; • Via IV; Cefalosporinas de quinta geração: • Apresentam atividade anti-MRSA, mantendo cobertura de agentes mais antigos. Seu espectro ainda inclui Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina. • Ceftobiprol e ceftarolina; • Via IV e indicado para bactérias resistentes às penicilinas; Efeitos colaterais das Cefalosporinas: • Em geral apresentam boa tolerância; • Flebites e tromboflebites • Diarréia, náuseas, vômitos e anorexia; • Hemorragia • Pseudolitíase biliar (ceftriaxona) • Nefrotoxicidade • Neurotoxicidade Thiago Schmidt – Módulo 125 – ATM 23 Carbapenéns: • Os carbapenéns apresentam atividade contra muitas bactérias gram- positivas, gram-negativas e anaeróbias, devido à resistência contra muitas betalactamases. • São reservados para infecções hospitalares causadas por bactérias resistentes a outras opções. • Os carbapenéns possuem espectro de atividade mais amplo que a maioria dos outros antibióticos β-lactâmicos e são resistente a maioria das betalactamases. • O Imipenem também pode ser utilizado em associação com a Cilastatina, uma inibidora de degradação do próprio antibiótico. Monobactâmicos: • Aztreonam tem espectro de ação exclusivamente bacilos gram-negativos aeróbios, inclusive bactérias nosocomiais como • Pseudomonas aeruginosa e menor sobre Klebsiella sp., Enterobacter sp. e Citrobacter sp. • Uso limitado devido ao rápido desenvolvimento de resistência bacteriana e espectro restrito.