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NUTRIÇÃO E DIETÉTICA AVANÇADA – Unidade 1 PLANEJAMENTO DIETÉTICO DO INDIVÍDUO ADULTO Andressa Reginato OLÁ! Você está na unidade Unidade Planejamento Dietético do indivíduo adulto. Conheça aqui os preceitos básicos para o planejamento de cardápios para indivíduos na faixa etária adulta e saudável. Esses são os passos iniciais para o avanço na área da nutrição. Basicamente, ao final desta unidade, esperamos que você esteja apto a entender o passo a passo para o planejamento de um cardápio, que envolve diversos passos desde uma anamnese detalhada das características da saúde de seu paciente; até o cálculo das necessidades energéticas e distribuição dessa energia em alimentos; alimentos estes que devem respeitar o hábito alimentar, cultura e renda dos indivíduos. 1. Planejamento de cardápio: O planejamento alimentar é uma das principais habilidades do profissional nutricionista. Essa competência, que envolve a prescrição de cardápios, é única e exclusiva do profissional graduado em nutrição. Outras classes da área da saúde, mesmo que com especializações na área da saúde, não estão aptas a exercer essa competência. O planejamento de um cardápio é uma tarefa de extrema importância para o atendimento nutricional, já que é a partir de um cardápio proposto, que se espera que os clientes/pacientes atinjam os objetivos, sejam de promoção à saúde, ou, melhoria de patologias. Dessa forma, segundo Galisa et al. (2008): “o planejamento de cardápios precisa ser fundamentado por um estudo cuidadoso das bases fisiológicas da alimentação e dos princípios que devem reger a sua composição”. Em suma, no planejamento dietético algumas etapas são de extrema importância: anamnese clínica de saúde de modo a reconhecer exames bioquímicos e hábitos alimentares; determinação das necessidades de ingestão de energia, macronutrientes e micronutrientes (baseado nas características individuais e orgânicas de cada paciente, comparado a uma recomendação padrão); distribuição da energia que deverá ser ingerida em formato de alimentos - respeitando características fundamentais como renda, religião e cultura. Finalizado o planejamento, este cardápio deverá ser apresentado e explicado ao cliente/paciente, que deverá segui-lo da melhor forma possível, sempre relatando as dificuldades e conquistas, para que o nutricionista constantemente faça a atualização da prescrição. O planejamento alimentar envolve não somente a prescrição dietética quantitativa em si (cardápio calculado), como também a orientação nutricional qualitativa, ou seja, orientações que possibilitem a autonomia do paciente para escolhas saudáveis e equilibradas. Iremos estudar em tópicos esses principais conceitos, assim, ao final tudo será conectado em um mapa de raciocínio mental, e você avançará mais um degrau no conhecimento da área da Nutrição. Lembre-se sempre de que a nutrição é uma área do saber cercada de paradigmas e conceitos divulgados erroneamente à população. Dessa forma, cabe aos profissionais, por meio do estudo aprofundado, esclarecer as dúvidas e propagar alimentação saudável na população, para a promoção da saúde de modo a prevenir o surgimento de doenças, principalmente as doenças crônicas, muito comuns em nossa sociedade! 1.1 Anamnese clínica Nos parágrafos iniciais da introdução desta unidade, foi falado que o planejamento alimentar envolve o entendimento de diversos fatores de identificação de características de cada cliente/paciente, bem como determinação de alguns fatores (energia, nutrientes), seguido pela determinação dos alimentos que devem ser ingeridos em cada refeição. Pois bem, o primeiro passo para a determinação do plano alimentar que você irá propor é a consulta com o paciente. Em uma consulta, você terá acesso a diversas ferramentas de anamnese ou entrevista clínica de seu paciente. São fichas que podem ser impressas, on line, por meio de softwares entre outras diversas opções a serem determinadas por você, profissional. Nessas fichas, você basicamente entrevistará o seu paciente para iniciar o conhecimento da sua rotina de vida e pontos importantes relacionados à saúde. Assim, você irá coletar informações sobre idade, sexo, ocupação, horas de sono, nível de atividade física, exames bioquímicos, preferências alimentares, aversões, alergias, uso de medicamentos ou suplementos, hábito intestinal, urinário, frequência de ingestão de classes de alimentos, dentre outras diversas informações. A partir dessa coleta de dados, você determinará, em conjunto com o paciente, os objetivos da sua conduta dietética. Determinado os objetivos, você irá partir para a etapa de planejar e prescrever um cardápio, bem como orientações alimentares gerais para a promoção da saúde e alcance dos objetivos. Então, conforme já relatado acima, parece que existem dois grandes passos na conduta do nutricionista: cardápio com quantidade de alimentos e horários, associado a orientações de alimentação geral. Agregando nomenclatura técnica a esse conhecimento simples que construímos juntos, basicamente entendemos que o planejamento alimentar envolve um componente quantitativo associado a um componente qualitativo. Vamos compreender melhor cada um deles no tópico a seguir. 1.2 Planejamento alimentar qualitativo x quantitativo Conforme destacado acima, o planejamento qualitativo envolve a promoção de hábitos e escolhas alimentares saudáveis. Já o planejamento quantitativo utiliza como base a seleção saudável de alimentos, seguido por determinação da quantidade de alimentos a ser ingerido em cada refeição por um indivíduo. Para agregar mais conhecimento, vamos entender um pouco mais acerca de cada etapa do planejamento qualitativo e quantitativo, começando pelo qualitativo. Basicamente as orientações nutricionais para alimentação saudável seguem alguns preceitos determinados há muitos anos por um pesquisador na área de nutrição conhecido como Pedro Escudero (ESCUDERO, 1934). Esse autor estabeleceu algumas regras constantes e invariáveis que podem e devem ser seguidas por todos os indivíduos no que diz respeito à alimentação. Essas regras são conhecidas hoje como “Leis Fundamentais da Alimentação”. Segundo Galisa et al. (2008): “o cumprimento dessas regras possibilita uma alimentação adequada tanto para sãos como para enfermos”. São quatro Leis da Alimentação no total: • 1a. Lei: quantidade Segundo Escudero (1934): “a quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as exigências energéticas e manter em equilíbrio o seu balanço”. Ao interpretar essa lei, é possível observar que cada indivíduo deverá ingerir uma certa quantidade de alimentos, que será transformado em energia. Essa quantidade deve respeitar as suas necessidades individuais, evitando o excesso ou falta, para que o organismo mantenha homeostasia em suas funções. • 2a. Lei: qualidade Ainda segundo Escudero (1934): “o plano alimentar deve ser completo em sua composição para oferecer ao organismo- que é uma unidade indivisível- todas as substâncias que o integram”. Nessa lei, observamos que a composição em nutrientes é de extrema importância para a promoção da saúde. Assim, recomenda-se a ingestão de alimentos preparados, utilizando temperos caseiros, integrais, além da preferência por alimentos conhecidos como in natura. Deve-se evitar alimentos conhecidos como ultraprocessados. Essas nomenclaturas serão retomadas e explicadas nos próximos parágrafos, ao abordar o item Guia Alimentar para a população brasileira. • 3a. Lei: harmonia Escudero (1934) afirma que: “as quantidades dos diversos nutrientes que integram a alimentação devem guardar uma relação de proporção entre si”. O conceito de proporção entre nutrientes ,explorado por Escudeiro anos atrás, atualmente foi contextualizado de uma nova forma, sendo denominado biodisponibilidade. A biodisponibilidade envolve o entendimento de que os diversos nutrientes ingeridos na alimentação humana podeminteragir entre si em uma mesma refeição, bem como com medicamentos ou até mesmo fatores relacionados ao metabolismo do organismo humano, e, em consequência, alguns nutrientes podem ser mais ou menos absorvidos. Além da absorção, eles podem ter sua distribuição aumentada ou diminuída. Toda essa transformação de um nutriente no organismo até que ele efetivamente tenha a sua ação desempenhada, está presente no estudo da biodisponibilidade de cada nutriente (macro ou micro). Falaremos um pouco mais a respeito de biodisponibilidade ao comentar um pouco a respeito da ação do mineral Ferro em nosso organismo nos próximos tópicos. Em suma, a harmonia preconizada por Escudeiro nada mais é do que a combinação exata entre nutrientes em uma mesma refeição de modo a facilitar a sua ação final. Como saber quais as melhores combinações? Primeiro, deve-se entender os tipos de interação entre cada nutriente. Além da leitura dos próximos tópicos, sugerimos que você aprofunde o seu conhecimento por meio da leitura do livro “Biodisponibilidade de Nutrientes” (COZZOLINO, 2016). • 4a. Lei: adequação Ainda segundo Escudero (1934): “a finalidade da alimentação está subordinada à sua adequação ao organismo”. Basicamente, essa lei preconiza que cada organismo possui informações genéticas individuais, associadas a estilos de vida únicos. Dessa forma, um mesmo cardápio, proposto igualitariamente para dois indivíduos distintos, resulta em um padrão de resposta diferente. Qual resposta? Imaginemos o ganho de peso. Provavelmente uma pessoa perderia mais peso do que a outra. Assim, a lei da adequação traz consigo o conhecimento de que cada planejamento alimentar (quantitativo e qualitativo) deve ser pensado pelo nutricionista de forma individualizada, seguindo as características levantadas na anamnese clínica-nutricional do cliente/paciente. Entendidas as quatro leis da alimentação, os próximos passos envolvem conhecer as ferramentas que auxiliam o nutricionista nas orientações qualitativas, e posteriormente entender todo o passo a passo da orientação quantitativa. A primeira ferramenta que tenta colocar em prática os conceitos das Leis da Alimentação é a Pirâmide Alimentar. Criada inicialmente pelo departamento de Agricultura dos Estados Unidos, as pirâmides alimentares geralmente mostram os alimentos que devem estar inseridos na dieta humana. Os alimentos estão alocados em níveis, iniciando pela base, em que se recomenda um consumo maior, subindo até o topo, em que há recomendação para menor consumo. A pirâmide engloba o entendimento de porções de um grupo alimentar, ou seja, uma certa quantidade de alimentos equivale a uma porção. Por exemplo, 1 pão francês ou 5 bolachas água e sal equivalem a 1 porção de carboidratos. Em uma dieta de 2000 calorias, geralmente são recomendadas até 6 porções do grupo de carboidratos e amiláceos (base da pirâmide). Todos os níveis da pirâmide são recomendados para o consumo humano. No entanto, alimentos do topo como açucares simples, devem possuir consumo moderado a reduzido, conforme cada característica individual. Assim, as orientações nutricionais, baseadas na explicação da pirâmide alimentar para um cliente/paciente, não são rígidas. Trata-se de um guia geral para o conhecimento dos diversos grupos alimentícios, que devem ser consumidos em harmonia e sem excessos para o fornecimento adequado de nutrientes necessários para a nossa saúde e bem-estar. A seguir, temos uma imagem que representa uma pirâmide alimentar. Vamos entender melhor os seus níveis, tomando como base, mais especificamente, a pirâmide alimentar brasileira. Figura 1 - Pirâmide alimentar para alimentação saudávelFonte: GURZA, Shutterstock, 2020 Observamos que a pirâmide proposta é dividida em quatro níveis: - 1o. nível: grupo dos cereais, tubérculos, raízes. O ideal é consumir cerca de 6 a 11 porções por dia, dependendo da recomendação individual. - 2o. nível: grupo das hortaliças e grupo das frutas. Devemos comer de 3 a 5 porções de vegetais e de 2 a 4 porções de frutas todos os dias, dependendo da recomendação individual. - 3o. nível: grupo do leite e produtos lácteos; grupo das carnes e ovos e grupo das leguminosas. Devemos consumir cerca de 2 a 3 porções diárias de cada grupo, dependendo da recomendação individual. - 4o. nível: grupo dos óleos e gorduras e grupo dos açúcares e doces. Não existe indicação do número de porções para este grupo, mas a recomendação de consumo moderado. Lembre-se do que comentamos acima a respeito das porções. Ou seja, a quantidade de alimentos de cada grupo, que agrupada forma uma porção. Essa quantidade pode e deve ser sempre consultada em materiais de apoio de nutrição que fazem a análise calórica e de equivalente nutricional, de modo a estabelecer que um certo grupo de alimentos pode substituir outro grupo. Assim, quando pensamos em porção, pensamos que em um mesmo grupo alimentar (por exemplo, proteínas) a carne pode ser substituída por frango. E a quantidade é previamente determinada em estudos de composição dos alimentos e divulgada em livros e artigos científicos. Assim, a pirâmide, busca esse conhecimento e ilustra no formato de imagem, para fácil divulgação e entendimento. Veja a seguir alguns exemplos de porção e equivalentes (BRASIL, 2014, p.19): Pães, cereais e massas 1 fatia de pão ou _ pão francês; _ xícara de cereal ou massa cozidos; 1 pedaço grande de vegetal C; 5 a 6 biscoitos salgados Vegetais 1 xícara de vegetais folhosos crus; _ xícara dos demais vegetais cozidos ou crus e picados Frutas 1 fruta ou fatia média; _ xícara de fruta picada ou cozida; _ de xícara de suco de frutas. Leite e derivados 1 xícara de leite ou iogurte ou 2 fatias de queijo. Carnes, leguminosas, ovos e nozes 2 a 3 colheres de carne moída; 1 fatia pequena de carne; 1 coxa de frango; 1 filé de peixe pequeno; _ xícara de feijões; 1 ovo; 1/3 xícara de nozes etc Por fim, a segunda ferramenta de orientação qualitativa amplamente presente na profissão do nutricionista em nosso país é o Guia Alimentar da população brasileira (BRASIL, 2014). O guia alimentar para população brasileira é um documento teórico, elaborado pelo Ministério da Saúde para ser um instrumento referencial, de definição das diretrizes utilizadas na orientação de escolhas alimentares saudáveis pela população. Existem atualmente duas versões do guia alimentar brasileiro. Sua primeira versão foi publicada em 2006 e apresentou as primeiras diretrizes oficiais para a população brasileira. Em 2014, o guia teve uma versão atualizada publicada pelo ministério da saúde (BRASIL, 2014). O Guia Alimentar é um instrumento que pode ser acessível a toda população, e diversos profissionais da área da saúde podem fazer a indicação da leitura pelos indivíduos, para que os mesmos entendam os principais preceitos que envolvem a busca pela alimentação saudável e boas escolhas. Obviamente, o nutricionista é o profissional mais apto e adequado para explicar os tópicos contidos no guia. Em suma, em sua primeira versão o Guia Alimentar também trabalhou com o conceito da pirâmide alimentar e recomendação em porções de recomendação diárias, preconizando sempre a qualidade dos alimentos selecionados, evitando sempre refeições tipo fast foods. Suas recomendações foram organizadas em tópicos voltados para profissionais, população e governo. Posteriormente, em 2014, a nova versão do Guia passou por um processo de consulta pública, e sua publicação foi organizada de forma referencial, sendo que o documento ganhou inclusive prêmios internacionais pelo conteúdo e o modo como foi transmitido. O novo guia deixa de lado o conceito de porções, que pode ser difícil de ser explicado e compreendido, e foca mais na qualidade dos alimentos e da sua forma de preparo e consumo. Assim, o novo guia contempla orientações acerca da seleção, preparo, modo de consumo. Ele contempla exemplos de refeições (de combinações entreos alimentos, incluindo as diferenças regionais em nosso país). Além disso, o novo guia classifica os alimentos de forma didática em alguns grupos. Confira abaixo esses grupos: 1. Alimentos in natura: aqueles obtidos diretamente de plantas ou animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. São exemplos: frutas, verduras, legumes, raízes, ovos, tubérculos. Devem ser a base das refeições, por serem saudáveis e geralmente sua produção é sustentável, colaborando com a biodiversidade. 2. Alimentos minimamente processados: são os alimentos resultantes de processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis, secagem, embalagem, pasteurização, resfriamento, congelamento, moagem e fermentação. Não agrega sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias aos alimentos. São exemplos: arroz, feijão, frutas secas, farinhas, leite, café. 3. Alimentos processados: alimentos oriundos da indústria de alimentos, com processamentos que incluem a adição de substâncias bem como frituras, que geralmente induzem a perda de nutrientes; água e adição de açúcar. Nessas condições, os alimentos possuem valor energético aumentado. Portanto, o processamento prejudica a qualidade nutricional, e a frequência com que esses alimentos aparecem na alimentação humana deve ser reduzida. 4. Alimentos ultraprocessados: a esses alimentos são adicionados geralmente muitos ingredientes para a conservação. Para identificá-los, na leitura dos rótulos é comum encontrar cinco ou mais ingredientes. O seu uso deve ser extremamente limitado, já que a composição nutricional é totalmente desbalanceada. Além disso, geralmente são produtos não típicos de uma cultura em específico, prejudicando o fator cultural da alimentação (o seu simbolismo), bem como prejuízos à biodiversidade. O Guia está organizado em cinco capítulos. Basicamente, todos os capítulos se complementam na tentativa de indicar para a população que a alimentação saudável deve ser baseada em escolhas de alimentos principalmente in natura e minimamente processados, sendo que o seu preparo deve ser feito com temperos naturais e o seu consumo de preferência em ambientes tranquilos e familiares. A alimentação é um ato de união entre as famílias, e, esse entendimento é essencial para todo futuro nutricionista. Obviamente, enfrentamos obstáculos devido à rotina de trabalho e estudos do homem moderno. No entanto, sabendo dessas dificuldades, o guia contempla também um capítulo inteiro destinado a dicas para o enfrentamento de obstáculos na busca pela alimentação saudável. Para facilitar a ampla divulgação e entendimento dos preceitos do Guia Alimentar, o Ministério da Saúde resumiu o conteúdo dos capítulos em 10 passos para a alimentação saudável que são: 1. Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados. 2. Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades. 3. Limite o consumo de alimentos processados. 4. Evite alimentos ultraprocessados, que são aqueles que sofrem muitas alterações em seu preparo e contêm ingredientes que você não conhece. 5. Coma regularmente e com atenção. Prefira alimentar-se em lugares tranquilos e limpos e na companhia de outras pessoas. 6. Faça suas compras em locais que tenham uma grande variedade de alimentos in natura. Quando possível, prefira os alimentos orgânicos e agroecológicos. 7. Desenvolva suas habilidades culinárias. Coloque a mão na massa, aprenda e compartilhe receitas. 8. Planeje seu tempo. Distribua as responsabilidades com a alimentação na sua casa. Comer bem é tarefa de todos. 9. Ao comer fora, prefira locais que façam a comida na hora. 10. Seja crítico. Existem muitos mitos e publicidade enganosa em torno da alimentação. Avalie as informações que chegam até você e aconselhe seus amigos e familiares a fazerem o mesmo. (BRASIL, 2014) Após o entendimento do Guia Alimentar, finalizamos o entendimento das principais ferramentas qualitativas presentes em território nacional para o planejamento dietético qualitativo. Vamos agora entender o planejamento quantitativo. No entanto, antes disso, é necessário entender um pouco a respeito do aspecto energético do planejamento alimentar. 2. Balanço energético corporal Seguindo com o entendimento de como planejar um cardápio, devemos compreender que o componente quantitativo diz respeito à quantidade de alimentos a ingerida, para o fornecimento das calorias necessárias para a sobrevivência de cada indivíduo. Nessa pequena frase, já conseguimos notar duas coisas: quantidade está ligada a energia; energia que geralmente é mensurada em forma de calorias. Por isso, atualmente há uma grande preocupação com a quantidade de calorias (ou valor energético) de um alimento. Mesmo profissionais e pessoas comuns já ouviram falar e se preocupam com a ingestão de calorias. Entretanto, será mesmo que a preocupação com a nutrição deve estar estritamente ligada à energia? A resposta para essa pergunta é não. A qualidade, além da energia, é determinante para a promoção da saúde! Falamos bastante até agora em promoção da saúde. Então, aqui vai uma outra pergunta. Qual é o principal fator para manutenção dela? Dentre diversos fatores, incluindo psicológicos, temos que a manutenção do peso adequado para idade, altura e gênero é essencial. E a manutenção do peso, basicamente, depende do equilíbrio energético, ou seja, a quantidade de energia consumida deve se manter em equilíbrio com a quantidade de energia gasta por um indivíduo. Vamos aprofundar um pouco o conceito de homeostasia energética nos próximos tópicos, para que você entenda a importância da correta determinação da energia a ser ingerida por cada pessoa. 2.1 Equilíbrio energético Na natureza, a energia contida nos alimentos pode ser transformada, em nosso organismo, em energia para a manutenção da vida. Neste contexto, é fácil então entender que, para se manter vivo, o organismo necessita de energia, até mesmo no repouso (gastamos energia com os nossos batimentos cardíacos, respiração e reações químicas que controlam a concentração de fluidos no sangue, que mantém a nossa temperatura corporal). Assim, essa energia para a manutenção da vida, mesmo em repouso é conhecida como metabolismo basal. Segundo Galisa et al. (2008): o corpo humano obtém a energia necessária para a sobrevivência a partir dos nutrientes energéticos, carboidratos, lipídeos e proteínas presentes nos alimentos. A energia contida nos alimentos e as necessidades energéticas do homem expressa-se em termos de quilocalorias termoquímicas. Habitualmente, referimo-nos a essa unidade como simplesmente “quilocaloria- kcal”. A caloria termoquímica foi definida originalmente como a quantidade de calor requerida para elevar a temperatura de 1g de água, de 14,5oC a 15,5oC. Agora que sabemos da existência do metabolismo basal e do gasto energético, vamos conhecer como se dá o equilíbrio para a manutenção do peso corporal. Principalmente, vamos entender quais os componentes do gasto energético. Primeiramente, confira abaixo um resumo dos tópicos que iremos abordar no entendimento do equilíbrio energético e seus componentes: Ingestão alimentar: Qualidade da dieta; Tamanho das porções. Gasto Energético: Taxa Metabólica Basal; Atividade física; Efeito térmico dos alimentos. Iniciaremos com o entendimento dos componentes específicos do Gasto Energético: - Taxa Metabólica Basal (TMB) ou Metabolismo Basal (60-75%): segundo Galisa et al. (2008): é o maior componente do gasto de energia diário médio de uma pessoa. Consiste na soma dos gastos calóricos com todas as atividades involuntárias que são necessárias para manter a vida, incluindo circulação respiração, manutenção da temperatura, secreção de hormônios, atividade nervosa e síntese de tecido novo, mas descartando as atividades de digestão e voluntárias. Pode ser denominado também de Gasto Energético Basal (GEB). Temosque, a massa corporal magra ou tecido muscular, parece ser o principal determinante do GEB. Assim, a quantidade de tecido muscular é capaz de explicar a grande diferença entre os gastos energéticos de homem e mulheres, uma vez que a composição corporal masculina geralmente apresenta uma quantidade maior de massa magra quando comparada ao corpo feminino. Outro fator de extrema relevância diz respeito a idade. Geralmente na faixa etária idosa, a composição corporal em massa magra é menor, alterando, portanto, o GEB. Confira na tabela a seguir alguns fatores que afetam a TMB. Figura 2 - Fatores que influenciam a Taxa Metabólica Basal (TMB)Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Mahan et al. (2013). - Atividade Física Voluntária (15-30%): segundo Galisa et al. (2008): "é o segundo maior componente do gasto energético. É definido como o aumento do gasto energético resultante da atividade física e constitui o componente variável do gasto energético, consequentemente, o mais sujeito a alterações. Corresponde às atividades intencionais (andar, sentar, correr e outras) realizadas pelos músculos voluntários.". Cada nível de atividade física pode representar um determinado valor de gasto de energia, assim, segundo a sua frequência e intensidade, é atribuído uma classificação para cada atividade. Essa classificação será levada em conta no momento da determinação do gasto em calorias de cada atividade esportiva. Esse tópico será abordado novamente nos próximos parágrafos quando iniciarmos o entendimento das DRIs (dietary references intake). - Efeito térmico do alimento ou termogênese (ETA) (7-13%): com certeza você já ouviu falar de alimentos termogênicos que aumentariam o seu gasto energético e facilitariam a perda de peso. Pois bem, é nesse contexto de efeito térmico do alimento que se baseia essa ideia. Vamos entender melhor? Segundo Galisa, 2008: “os processos digestivos, e especialmente, as transformações que os nutrientes sofrem durante o metabolismo determinam um aumento temporário do metabolismo basal”. Caros estudantes, neste tópico foi discutido que o componente quantitativo do planejamento alimentar, ou seja, a quantidade de alimentos a ser ingerida será determinada com base nas necessidades em caloria de cada indivíduo. Por isso, entendemos quais que são os componentes do gasto energético. Pois bem, agora entendemos como gastamos. Mas, e como “ganhamos” calorias? Essa resposta é fácil. Basicamente, conforme mencionado acima, os alimentos possuem energia! Assim, os alimentos fornecem energia (mensuradas em calorias). Você sabia que cada grupo alimentar fornece uma quantidade de energia a cada grama? Observe abaixo a quantidade de energia nos macronutrientes e no álcool. • Carboidratos – 4 calorias/g • Proteínas – 4 calorias/g • Lipídeos – 9 calorias/g • Álcool – 7 calorias/g Esperamos que você tenha compreendido que o nosso planejamento quantitativo será dividido em duas etapas: determinação da quantidade de energia que devemos ingerir e energia fornecida em calorias, de acordo com a quantidade de alimentos consumida em gramas. Com isso, conseguimos avançar para o nosso próximo tópico, no qual aprenderemos como é feita a determinação da quantidade de energia aproximada que cada indivíduo deve ingerir diariamente. Ansiosos para esse aprendizado? Esperamos que sim!! Continue a leitura logo a seguir. 3. Necessidades e recomendações de energia e nutrientes Aprendemos nos tópicos anteriores que a energia obtida a partir dos alimentos, em forma de calorias, possibilita a realização de todas as nossas tarefas diárias, ou seja, a nossa sobrevivência. Assim, o nosso corpo utiliza a energia dos carboidratos, proteínas, lipídeos e álcool na obtidos pela dieta. Segundo Mahan et al. (2013): “as necessidades energéticas são definidas como a ingestão de energia dietética que é necessária para manter o balanço energético em pessoas saudáveis de idade, peso, sexo e estatura definidos, e grau de atividade física compatível com a boa saúde”. Conforme comentamos anteriormente, o peso corporal é o indicador usual de adequação ou inadequação da correta ingestão energética (definimos anteriormente que o balanço ou equilíbrio energético se dá quando a ingestão é proporcional ao gasto). No entanto, fiquem atentos, pois o peso corporal é um ótimo indicador da ingestão em energia, que está ligado à qualidade da dieta. No entanto, existe a possibilidade de uma dieta possuir baixa qualidade na ingestão de macro e micronutrientes, porém, que está em acordo com o valor energético. Todos os nutricionistas devem estar atentos a essas especificidades. Vamos agora compreender como o gasto energético é determinado? Para isso comentaremos a respeito de algumas técnicas da medição, bem como a determinação indireta, por meio de equações matemáticas, que levam em conta as características individuais (peso, altura, sexo, idade, atividade física). Veremos que, ao longo dos anos, diversas equações foram criadas, no entanto, a mais aplicada atualmente para indivíduos sadios é conhecida como DRIs (dietary reference intake). 3.1 Medição do gasto energético humano Vários métodos estão disponíveis para medir o gasto energético humano. A seguir, comentaremos os principais métodos atualmente existentes: - Calorimetria Direta: este método monitora a quantidade de calor (ou energia) produzido em nível basal por uma pessoa alocada dentro de uma estrutura física com capacidade para permitir atividade moderada (tarefas do dia a dia). No entanto, trata-se de um método com capacidade limitada visto que a prática de atividade física e outros tipos de atividades diárias que acontecem em espaço físico maior do que a câmera não podem ser executados. Além disso, possui alto custo, outro fator limitante para o uso desse método. - Calorimetria Indireta: esse método faz uma estimativa do gasto energético, por meio da aferição do consumo de oxigênio e produção de dióxido de carbono pelo corpo durante um período determinado de tempo. Geralmente, a pessoa respira em uma peça colocada na boca ou por um capuz ventilado, pelo qual ocorre a troca e aferição dos gases. Esse método possui custo mais acessível, no entanto, alguns itens de pré-preparo geralmente são indicados: evitar cafeína, álcool e exercício físico intenso, no mínimo de 2-4 horas antes da aferição gasosa. - Água duplamente marcada: nesse método, os indivíduos monitorados fazem a ingestão oral de uma água marcada com óxido de deutério e oxigênio. A aferição baseia-se no princípio de que o deutério é eliminado do corpo como água e o oxigênio é eliminado como água e dióxido de carbono. Essa taxa de eliminação geralmente é avaliada aproximadamente por 10 a 14 dias, por meio da coleta de urina, saliva ou plasma. A diferença nas taxas de eliminação entre as duas é a medida da produção de dióxido de carbono, que podem ser utilizadas para a aferição do gasto energético de forma semelhante à determinação da calorimetria indireta. Outros métodos podem ser empregados, além disso descrevemos aqui apenas um breve resumo de cada técnica. Sugerimos a leitura de materiais complementares, como por exemplo Mahan et al. (2013). 3.2 Estimativa da Taxa Metabólica Basal (TMB) e Necessidades de Nutrientes Acabamos de aprender acima que o gasto energético pode ser determinado por algumas técnicas. No entanto, nem todos os clientes/pacientes terão acesso a essas aferições. O planejamento dietético só será possível uma vez que determinarmos a quantidade de energia que cada individuo necessita para a sobrevivência. Então, para facilitar essas estimativas, com o decorrer dos anos, várias equações matemáticas que estimam o gasto energético basal e também total (incluindo a prática de atividade física) foram estabelecidas por cientistas. Figura 3 - Equações para estimativa de Gasto Energético Total (GET)Fonte: Elaborada pela autora, 2020 Além da determinação de quantaenergia devemos ingerir, para o planejamento dietético, também se faz necessário a determinação da quantidade de nutrientes (macro ou micro) que devem ser ingeridos para a manutenção da saúde dos indivíduos. Assim, em 1941, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos criou a Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes- DRIs), que se constitui em um grupo de 4 valores de referência de ingestão de nutrientes, além de equações de determinação de gasto energético total (GET), que são a base para o planejamento dietético nos dias atuais. Segundo ISLI (2001): “as DRIs são valores de referência de ingestão de nutrientes que devem ser utilizados para planejar e avaliar dietas para pessoas saudáveis. Elas incluem tanto as recomendações de ingestão como os limites superiores que devem ser considerados como valores de referência”. Para a determinação das DRIs, alguns fatores foram levados em conta: entrevista com indivíduos saudáveis, ingestão necessária para diminuição no risco de doenças e a biodisponibilidade dos nutrientes, dentre outros fatores. Feitas essas definições, vamos conhecer os 4 valores que compõem as DRIs. Abaixo, alguns conceitos definidos pela publicação ISLI (2001): - Necessidade média estimada (Estimated Average Requirement/ EAR): é um valor de ingestão diária de um nutriente, que se estima que supra a necessidade de metade (50%) dos indivíduos saudáveis de um determinado grupo, de mesmo gênero e estágio de vida. Consequentemente, metade da população teria, a esse nível, uma ingestão abaixo de suas necessidades. A EAR é usada na determinação da RDA (que será explorada no próximo tópico) e corresponde à mediana da distribuição de necessidades de um dado nutriente para um dado grupo de mesmo gênero e estágio de vida. Coincide com a média quando a distribuição é simétrica. Geralmente, ela é utilizada para avaliar a adequação nutricional de populações. Para isso, existe um índice conhecido como índice de adequação. Basicamente, os valores fornecidos pela tabela de valores de EAR para cada nutriente são colocados na fórmula abaixo, juntamente com o valor da quantidade ingerida. E, por meio da interpretação dos resultados, estima-se se a ingestão está adequada ou não. - Ingestão Dietética Recomendada (Recommended Dietary Allowance/ RDA): é o nível de ingestão dietética diária que é suficiente para atender às necessidades de um nutriente de praticamente todos (97 a 98%) os indivíduos saudáveis de um determinado grupo de mesmo gênero e estágio de vida. Seu valor é considerado a meta de consumo para o planejamento dietético de indivíduos. - Ingestão Adequada (Adequate intake/ AI): é utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da RDA. Pode-se dizer que é um valor prévio à RDA. Baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente ou em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de indivíduos aparentemente saudável. - Limite Superior Tolerável de Ingestão (Tolerable Upper Intake Level/ UL): é o valor mais alto de ingestão diária continuada de um nutriente, que aparentemente não oferece nenhum efeito adverso à saúde, em quase todos os indivíduos de um estágio de vida ou gênero. À medida que a ingestão aumenta para além do UL, o risco potencial de efeitos adversos também aumenta. O UL não é um nível de ingestão recomendado. O estabelecimento do UL surgiu com o crescimento da prática de fortificação de alimentos e do uso de suplementos alimentares. O UL ainda não está estabelecido para todos os nutrientes. Para facilitar o entendimento, elaboramos uma tabela resumo abaixo para que você consiga resumir as informações. Observe que a tabela contém as informações para o planejamento dietético. Figura 4 - Planejamento de dietasFonte: Elaborado pela autora, 2020. Observe abaixo as recomendações em %, em relação ao valor energético total (VET) da ingestão de macronutrientes para a população, em suas faixas etárias (IOM, 2006): • Lipídeos - 1 a 3 anos: 30-40% 4 a 18 anos: 25-35% Adultos: 20-35% • Carboidratos - 1 a 3 anos: 45-65% 4 a 18 anos: 45-65% Adultos: 45-65% • Proteínas - 1 a 3 anos: 5-20% 4 a 18 anos: 10-30% Adultos: 10-35% Conforme mencionado acima, além das recomendações de macro e micronutrientes, as DRIs também preconizam fórmulas matemáticas para a predição de energia total diária. Essa fórmula é conhecida como EER (Estimativa da Necessidade Energética), que é a média de ingestão energética necessária para manter o balanço energético em indivíduos saudáveis em determinado sexo, idade, peso, estatura e nível de atividade. Chegamos então ao objetivo final da nossa construção de conhecimento da unidade: saber o quanto de energia os indivíduos, em suas diversas faixas etárias, devem ingerir, e distribuir isso em alimentos, seguindo também as recomendações de macro e micronutrientes pré-determinadas. Portanto, para a estimativa da necessidade energética, o nutricionista, após a anamnese e coleta de dados dos clientes/pacientes, deve substituir nessa fórmula os valores mencionados para idade, peso e altura. A atividade física relatada deverá ser substituída por um valor obtido a partir da interpretação da tabela abaixo: Figura 5 - Classificação pela atividade físicaFonte: Elaborada pela autora, 2020 Os critérios abaixo são utilizados para caracterizar as pessoas em geral: - Sedentário: pessoa que executa apenas atividades diárias para sobrevivência. - Pouco ativo: pessoa que, além das atividades diárias, pratica alguma atividade moderada entre 30-60 minutos diários. - Ativo: pessoa que, além das atividades diárias, também pratica exercícios moderados acima de 60 minutos diários. - Muito ativo: pessoa que, além das atividades diárias, também pratica atividade vigorosa, ou até mesmo voltada para competição esportiva. 4. Características da dieta do adulto Nos tópicos anteriores aprendemos os principais tópicos envolvidos no planejamento dietético (qualitativo e quantitativo), sendo que a mensuração das necessidades energéticas e de ingestão de macronutrientes são determinantes. Feito isso, a maneira de mostrar ao paciente como ele deve se alimentar e criar autonomia envolve também o uso de ferramentas qualitativas, como as pirâmides alimentares e os guias, que visam a ensinar a seleção de alimentos nutricionalmente adequados para a composição de grande parte da dieta diária. Cada faixa etária de vida do ser humano possui características comportamentais e fisiológicas que influenciam na recomendação energética e de nutrientes. Além disso, as características comportamentais/psicológicas, rotina de trabalho, religião, poder aquisitivo, entre outros fatores, são determinantes no momento da seleção dos alimentos a serem ingeridos. E, por isso, o nutricionista deve conhecer as especificidades de cada ciclo da vida humana para otimizar o seu atendimento clínico, bem como prescrição dietética resultante do atendimento. Dessa forma, vamos conhecer agora as principais características da alimentação do indivíduo na faixa etária adulta. 4.1 Especificidades da idade A fase adulta é a faixa etária em que se completa o crescimento físico. Na vida adulta, são fatores determinantes para a seleção de alimentos e o hábito alimentar alguns itens como jornada de trabalho diária, geralmente impactando de forma negativa, induzindo a pouco tempo disponível para preparo e compra de alimentos nutricionalmente mais adequados. Além disso, o estresse e preocupações com a família, renda e trabalho, entre outros fatores, também está sempre presente na faixa adulta, sendo fator de risco importante para o surgimento de diversas doenças metabólicas e psicológicas, que afetam a alimentação tanto impulsionando, como reduzindo o consumo de alimentos. A renda disponível para a compra dosalimentos é fator determinante também. É comum o surgimento de doenças que afetam as necessidades na faixa etária adulta. A falta de tempo disponível para a prática de atividade física, associada a maus hábitos alimentares oriundos da infância e da adolescência, bem como a mídia, também culminam em influências negativas para a saúde e qualidade de vida nessa faixa etária. 4.2 Recomendações nutricionais Após a identificação dos principais fatores que influenciam o hábito alimentar de um cliente/paciente na faixa etária adulta, o nutricionista em sua prescrição dietética deve seguir alguns passos para a criação do plano alimentar. - Avaliação do estado nutricional e determinação das metas (perda de peso, ganho, manutenção): para isso, podem ser empregados avaliação de IMC, pregas cutâneas, bioimpedância, entre outros. - Avaliação da qualidade da dieta atual (recordatório 24 horas, questionários de frequência alimentar). - Determinação das necessidades energéticas (EER), conforme explicado anteriormente nesta unidade. - Distribuição dos macronutrientes segundo as recomendações das DRIs. - Seleção de alimentos que compõem o plano alimentar: essa deverá seguir alguns cuidados principais, como evitar o excesso de consumo calórico; as refeições devem ser de fácil digestão, com horários definidos e fracionadas, com atenção ao aporte de minerais, vitaminas e fibras; deve-se estimular o controle no consumo de sódio e óleo nas preparações, além de ingestão hídrica adequada. - Distribuição dos alimentos em refeições: deve-se levar em conta alguns fatores de extrema importância, tais como o hábito alimentar já estar formado e precisa ser respeitado, propondo sempre mudanças que não sejam bruscas; a disponibilidade e acessibilidade dos alimentos deve ser respeitada; o número de refeições deve ser adequado à jornada diária do indivíduo atendido. Para facilitar a distribuição dos alimentos ao longo do dia, confira abaixo uma tabela com sugestões para o fracionamento calórico das refeições: Figura 6 - Fracionamento calórico das refeições Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Lembre-se sempre que o plano alimentar deve ser individualizado, conforme todas aquelas características que estão presentes na faixa etária adulta. Essa tabela de recomendação pode servir como um guia para a sua prescrição individual. 5. Avaliação da disponibilidade de ferro Chegamos ao último tópico desta unidade. Anteriormente, aprendemos que o planejamento alimentar deve seguir algumas regras básicas conhecidas como Leis da Nutrição. No entendimento dessas leis, vimos que se deve existir harmonia entre os nutrientes ingeridos em uma mesma refeição. Falamos também que essa harmonia está intimamente associada ao conceito mais atual de biodisponibilidade. Retomando esse conceito, segundo Galisa et al. (2008): “a biodisponibilidade refere-se à fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas fisiológicas em tecidos alvos”. Assim, o estudo da biodisponibilidade de cada nutriente tem como grande objetivo a determinação mais precisa possível das necessidades do organismo para a manutenção da homeostasia, e consequentemente resultando no estabelecimento das recomendações de ingestão alimentar mais adequada possível. A seguir, descreveremos brevemente os principais fatores que influenciam na biodisponibilidade geral dos nutrientes, e, em seguida, abordaremos especificamente o mineral Ferro, um dos mais importantes para a nossa saúde geral devido ao seu papel no organismo. 5.1 Fatores que influenciam a biodisponibilidade de nutrientes em geral Atualmente, sabe-se que fatores relacionados à ingestão dietética, bem como ao organismo específico de cada indivíduo, são capazes de interferir negativamente ou positivamente na biodisponibilidade de nutrientes. Assim, o conhecimento dessas interações permite que o nutricionista elabore um plano alimentar que amplifique o aproveitamento de cada alimento ingerido. Para efeitos didáticos, diversos são os livros de nutrição que preconizam que os alunos lembrem do termo SLAMANGHI. Esse termo contém as letras das iniciais de cada fator conhecido atualmente que interfere na biodisponibilidade de nutrientes. Vamos conhecer cada um deles abaixo: - S (Species, no inglês): especiação do nutriente. Esse termo representa a fórmula química na qual o nutriente se encontra no alimento, podendo estar presente na forma livre ou combinada, e isso irá interferir na absorção e utilização pelo organismo. - L (Linkage, no inglês): ligação molecular. A estrutura atômica, ou seja, ligações químicas covalentes ou iônicas poderão resultar em solubilidades diferentes em água, meio ácido ou básico. Em consequência, a ligação molecular influencia na biodisponibilidade de nutrientes. - A (amount consumed in the meal, no inglês): a quantidade consumida que será absorvida de cada nutriente nas refeições depende dos estoques (reservas) endógenos. Assim, se um nutriente está com estoque baixo, o organismo irá providenciar mecanismos que aumentem a absorção dos mesmos. Por outro lado, o excesso de determinado nutriente pode interferir no aproveitamento de outro. - M (matrix, no inglês): matriz onde o nutriente é incorporado. Nos alimentos, os diferentes compostos podem interagir entre si, interferindo na biodisponibilidade. Por exemplo, fatores antinutricionais como o fitato e o oxalato, podem interagir e impedir a biodisponibilidade de alguns minerais. - A (attenuators of absortion and bioconversion, no inglês): atenuadores de absorção e bioconversão. Existem compostos na dieta que facilitam ou prejudicam a absorção e/ou a conversão de nutrientes para a forma ativa, ou seja, funcional. - N (nutritional status, no inglês): estado nutricional do indivíduo. Como é de se esperar, o estado nutricional (desde a desnutrição até a obesidade) influenciam na biodisponibilidade. Além disso, a prática de atividade física também é fator determinante para a biodisponibilidade. - G (genetic factors, no inglês): fatores genéticos. Algumas doenças ou polimorfismos podem influenciar na absorção de determinados nutrientes. - H (host related factors, no inglês): fatores relacionados ao indivíduo. As características individuais, como gênero, sexo, idade, tabagismo, ciclo da vida, uso de suplementos ou medicamentos, podem aumentar ou diminuir a capacidade de absorção e a utilização de nutrientes. - I (interaction, no inglês): interações. Cada nutriente em específico pode interagir de modo sinérgico ou antagônico na biodisponibilidade de outro nutriente. Sugerimos a leitura do livro “Biodisponibilidade de Nutrientes” (COZZOLINO, 2016), para que você adquira conhecimentos aprofundados sobre o tema, incluindo exemplos de cada tipo de interação entre os macro e micronutrientes. 5.2 Fatores que influenciam a biodisponibilidade de Ferro Segundo Teixeira (2003): “o ferro é um micronutriente muito estudado e o mais bem caracterizado no que diz respeito a seu metabolismo e sua concentração no organismo humano é de aproximadamente 40mg/kg nas mulheres e de 50mg/kg nos homens”. As principais funções do ferro são transporte de oxigênio, metabolismo oxidativo, síntese de ácidos nucléicos, cofator em reações enzimáticas, dentre outros processos metabólicos. O nosso organismo possui dois locais principais de armazenamento e concentração de ferro. Assim, o ferro pode estar ligado a componentes metabólicos como hemoglobina, miogloina, citocromo, enzimas. Além disso, o ferro pode estar acoplado a transportadores como ferritina, transferrina, lactoferrina, entre outros, sendo esses exames bioquímicos comuns a serem solicitados para saber sobre o status de ferro no organismo. Interessantemente, a capacidade de estocagem de ferro no organismo recebe a influência de alguns fatores como idade, sexo e composição corporal. Mulheres recebem ainda influência hormonal e do ciclo menstrual. O ferro presenteem nossa dieta alimentar pode ser classificado em duas formas: ferro heme e não heme. Segundo Teixeira (2003): “o ferro heme se apresenta na sua forma iônica Fe2+ (ferroso), sendo solúvel no meio alcalino da luz intestinal, facilitando assim, sua absorção. O ferro não-heme se apresenta na maioria das vezes na forma oxidada Fe3+ (férrico), apresentando-se menos solúvel no organismo humano”. Vale notar que a biodisponibilidade do ferro não heme (presente em alimentos de origem vegetal) é menor comparada ao ferro heme (presentes em alimentos de origem animal). A seguir confira as principais interações entre o Ferro e outros nutrientes. - Ferro x Cálcio: em uma mesma refeição o cálcio parece inibir a absorção de ferro não heme. - Ferro x Zinco: o excesso de ferro na alimentação pode interferir na biodisponibilidade de zinco e vice-versa. - Ferro x Vitamina C: a vitamina C aumenta a biodisponibilidade de ferro não heme dos alimentos, independente do estado nutricional do individuo. - Ferro x Vitamina A: a deficiência de vitamina A prejudica a mobilização de ferro das reservas. - Fatores dietéticos: ácido fítico, compostos polifenois, oxalatos, soja, albumina, café entre outros, podem prejudicar a absorção do ferro não-heme. - pH: níveis mais ácidos facilitam a absorção de ferro. E com esses conceitos, finalizamos esta unidade. O planejamento dietético é a etapa fundamental do atendimento nutricional, uma vez que as orientações qualitativas e quantitativas acerca da alimentação individual são determinantes para a qualidade de vida, saúde e manutenção adequada do peso corporal. Discutimos aqui que esse planejamento envolve um longo passo a passo, desde o conhecimento dos clientes/pacientes, até as recomendações nutricionais. Lembrem-se sempre que a ciência da nutrição está em constante avanço, por isso, não deixe de buscar artigos científicos em bases confiáveis, para que você mantenha o seu conhecimento acerca das recomendações de ingestão de energia, macro e micronutrientes, bem como a biodisponibilidade de nutrientes, sempre atualizadas para o alcance do sucesso na atuação clínica. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre o planejamento qualitativo das dietas, conhecendo a pirâmide alimentar e o guia alimentar para a população brasileira; • conhecer sobre as metodologias atualmente vigentes para a determinação do gasto energético; • aprender sobre as recomendações de ingestão de macro e micronutrientes, bem como determinação do gasto energético por meio das DRIs; • conhecer as vertentes que influenciam no planejamento dietético da população adulta; • compreender princípios de biodisponibilidade de nutrientes; • compreender a biodisponibilidade do ferro, um dos principais minerais presentes na dieta humana. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2014. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de minerais. R. Nutr. Campinas, 10(2): 87-98, jul./dez., 1997. ________. Biodisponibilidade de Nutrientes. Editora: Manole. 5ª Ed revisada e atualizada. 2016. ESCUDERO, P. Alimentação. Trad., Helion Póvoa e Waldemar Berardinelli. Rio de Janeiro: Scientifica, 1934. GALISA, M.S. et al. Nutrição. Conceitos e Aplicações. 1. ed. [S.l.]: MBOOKS, 2008. ILSI BRASIL. Usos e aplicações das “dietary reference intakes” DRIS. São Paulo,SP Novembro/2001. Disponível em: http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2014/03/Como-usar-DRIs- Brasil.pdf. Acesso: 06/fev/2020. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes; the essential guide to nutriente requirements. Washington (DC): National Academy Press; 2006. MAHAN, L. K. et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 1228 p PHILIPPI, S. T. Pirâmide Dos Alimentos - Fundamentos Básicos da Nutrição. Editora Manole - 3ª Ed. 2018. TEIXEIRA F.N. Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos - TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: UNICAMP/NEPA, 2011. 161 p. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela>. Acesso em: 06/fev/2020. http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2014/03/Como-usar-DRIs-Brasil.pdf http://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2014/03/Como-usar-DRIs-Brasil.pdf http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela NUTRIÇÃO E DIETÉTICA AVANÇADA – Unidade 2 GESTAÇÃO E LACTAÇÃO Andressa Reginato OLÁ! Bem-vindos à Unidade Gestação e Lactação. Conheça aqui a importância da nutrição em ciclos muito importantes para a vida da mulher e também para o desenvolvimento de todos os seres humanos: a gestação e a lactação. Neste sentido abordaremos a importância da preocupação com o estado nutricional e nutrição das mães, antes mesmo da concepção, sendo que a gestação e lactação constituem períodos de extrema importância para a saúde do bebê. Assim, o nutricionista possui um amplo campo de atuação nessa área. Além da nutrição da mãe durante a gestação e a lactação, você aprenderá também que o momento da seleção da alimentação complementar (ou seja, a introdução dos alimentos na alimentação dos bebês) é essencial para a saúde da criança. E, infelizmente, esse é um assunto muito negligenciado, uma vez que profissionais da área da saúde, que não o nutricionista, usualmente, fazem aconselhamentos errôneos que prejudicam o nosso trabalho, bem como a saúde da criança. Bons estudos! 1. Nutrição na gestação O papel do ambiente de desenvolvimento intrauterino, bem como o aleitamento materno são destaque para a saúde dos filhos. Hoje, diversos cientistas estudam uma teoria conhecida como hipótese da origem fetal das doenças que acometem os adultos. Assim, sabendo dessa importância, é natural que a preocupação com o estado nutricional e com todos os hábitos de vida que impactam nisso (atividade física, uso de drogas/medicamentos, NUTRIÇÃO) recebam cada vez mais atenção. Figura 1 - Nutrição na gestaçãoFonte: SUBBOTINA ANNA, Shutterstock, 2020. Sabendo que o ambiente intrauterino (e posteriormente a composição do leite materno) irá receber influências ambientais, induzindo a influências na saúde dos filhos, devemos nos atentar para o fato de que, antes mesmo da fecundação, em uma condição ideal, é necessário que as futuras mães já busquem auxílio para corrigir a sua alimentação. Vamos conhecer passo a passo os principais pontos a serem abordados no acompanhamento nutricional das mães. 1.1 Pré-concepção e concepção Conforme mencionado acima, o estado nutricional pré-concepção pode influenciar, em muitos fatores, a gestação, começando pela dificuldade em engravidar. Assim, é muito comum que mães tanto com desnutrição, como com obesidade sofram de infertilidade. Isso acontece pois os hormônios circulantes em nosso organismo, que regulam todo o nosso funcionamento biológico dependem de moléculas derivadas de lipídeos para o correto funcionamento. Na desnutrição, a porcentagem de reservas energéticas em forma de gordura é extremamente reduzida, influenciando inclusive na ausência de menstruação (amenorreia). Consequentemente, todo o ciclo menstrual de preparo para a ovulação é comprometido. Da mesma forma, o excesso de tecido adiposo também é prejudicial, visto que nesse estado doenças como hipertensão e diabetes mellitus podem se instalar. Uma vez presente, o excesso de tecido adiposo atua desencadeando um estado inflamatório de baixo grau, presente constantemente no organismo. A inflamação está associada tanto ao desenvolvimento de doenças associadas (hipertensão e diabetes), quanto à infertilidade e perda de fetos, devido a alterações na sinalização intracelular de hormôniose no funcionamento da placenta. Outro ponto importante, o próprio ganho de peso durante a gestação, será determinado a partir do IMC (índice de massa corporal) pré-gestacional. E, para finalizar, sabe-se hoje em dia, por meio dos estudos de hipótese de origem fetal, que o óvulo materno pode carregar alterações que impactam na saúde dos filhos quando eles estiverem na vida adulta. Por isso, mulheres que desejem engravidar devem procurar atendimento multiprofissional de equipes em saúde, para realizar esse planejamento. Devem tentar ganhar ou perder peso, para que a faixa da normalidade de estado nutricional seja atingida, e com isso facilite a concepção e colabore para a saúde do bebê. 1.2 Período gestacional: características Durante a gestação, a mãe passará por diversas alterações metabólicas em seu organismo, que afetam as suas necessidades nutricionais e impactam diretamente no hábito alimentar, bem como no seu estado nutricional. Dessa forma, o planejamento do ganho de peso é de extrema importância na conduta do nutricionista, bem como as orientações para o enfrentamento de algumas intercorrências normais ao período como enjoo, náuseas, entre outros. Iremos discutir o planejamento dietético logo a seguir, pois antes começaremos entendendo quais as principais mudanças no organismo materno durante a gestação. O passo inicial para a compreensão das mudanças na gestação é conhecer quanto tempo ela dura. Basicamente, uma gestação normal compreende o período de 40 semanas. Conforme mencionado, essas semanas apresentam características diferenciadas. Por isso, a gestação é normalmente dividida e agrupada em três trimestres, nos quais o desenvolvimento depende de fatores diferentes, que iremos conhecer a seguir. imagem no tamanho original Figura 2 - Duração da gestação em seres humanosFonte: Elaborado pela autora, 2020. Primeiro Trimestre O embrião utiliza reserva energética da mãe antes da gestação para suprir suas necessidades de crescimento. Por isso é importante que a gestante tenha mantido um peso adequado anteriormente à gestação. Segundo Mahan et al. (2010): “durante as semanas 1 e 2 o zigoto se divide, e a implantação ocorre. A partir das semanas 3 e 4, o sistema nervoso central, os olhos, os braços e as pernas começam a ser formados”. É importante observar que, nesse trimestre, é muito comum a ocorrência de enjôos e vômitos. No entanto, esses sintomas não são capazes de prejudicar o desenvolvimento do bebê se as reservas energéticas da mãe estiverem adequadas. Falaremos em breve das orientações gerais para essas complicações. Segundo e Terceiro Trimestres Nessa fase, o desenvolvimento já acaba sendo influenciado pelo meio externo. Fatores como o ganho de peso adequado, a ingestão de energia e nutrientes, fatores emocionais e o estilo de vida são capazes, portanto, de influenciar no desenvolvimento do bebê. Por isso, a mãe deve ser orientada sempre a evitar situações estressantes, bem como a seguir corretamente as orientações nutricionais. Especificamente, segundo Mahan et al. (2010): “as semanas de 4 a 8 são consideradas como o período embrionário. Nas semanas 5 e 6, os olhos e os ouvidos se desenvolvem, seguidos pelo desenvolvimento genital, rins, palato e dentes. Na semana 9 é finalizado o período embrionário, começando o período conhecido como fetal. É frequentemente após 4 semanas de gestação que a mulher saberá que está grávida, o que corresponde a duas semanas após a falta de menstruação”. Agora que entendemos um pouco mais sobre como o período gestacional está subdividido, bem como sobre algumas alterações gerais relacionadas ao desenvolvimento do bebê acontece em cada trimestre, vamos entender como são as mudanças fisiológicas no período gestacional. Agora que entendemos um pouco mais sobre como o período gestacional está subdividido, bem como sobre algumas alterações gerais relacionadas ao desenvolvimento do bebê acontece em cada trimestre, vamos entender como são as mudanças fisiológicas no período gestacional. 1.3 Período gestacional: alterações fisiológicas Tudo o que a gestante sentir em relação a emoções e padrões alimentares, durante a gestação, está intimamente associado às mudanças fisiológicas que podem ocorrer durante a gestação. Para isso vamos conhecer abaixo um breve resumo dessas mudanças: - Volume e composição sanguíneos: ao final da gestação, a mãe terá cerca de 50% do seu volume sanguíneo aumentado e isso acontece, pois há acúmulo de líquidos que pode culminar na diminuição de albumina sérica. - Função cardiovascular e pulmonar: o tamanho cardíaco aumentará em cerca de 12% durante a gestação, em função do trabalho executado. Embora a pressão diminua nos primeiros dois trimestres, uma vez que a vasodilatação estará acontecendo para facilitar o transporte de nutrientes para o bebê, a partir do terceiro trimestre espera-se que a pressão retorne aos níveis pré- gestacionais. É comum que a mãe sinta falta de ar (dispneia), pois o crescimento do útero empurra o diafragma para cima, bem como há aumento na necessidade de oxigênio. - Função gastrointestinal: importantes alterações durante o período gestacional podem acontecer, o que influencia diretamente o estado nutricional. No primeiro trimestre, podem acontecer náuseas e vômitos bem como desejos e aversões alimentares. É comum também a constipação, devido à redução da motilidade do trato gastrointestinal, uma vez que níveis de progesterona estão alterados na circulação da mãe. É comum também alterações na função da vesícula biliar materna, em função das alterações nos hormônios circulantes, bem como do uso de dietas inadequadas em qualidade e quantidade. - Função renal: a reabsorção no túbulo renal é menos eficiente devido à maior necessidade de filtração glomerular, e isso pode culminar em glicosúria. Mães devem fazer os exames de rotina para acompanhamento da função renal ao longo do curso da gestação. - Placenta: esse órgão será responsável pela produção dos diversos hormônios envolvidos na regulação do crescimento fetal. Além disso, representa o canal de trocas de nutrientes, oxigênio e excreções metabólicas. Problemas na placenta comprometem a capacidade de nutrição materno/fetal, podendo inclusive ocasionar o aborto. Todas essas alterações que o organismo materno passará ao longo das 40 semanas de gestação são muito interessantes. E todas essas alterações associadas ao crescimento fetal estão relacionadas ao ganho de peso da mãe. Vamos agora conhecer como esse ganho de peso acontece, e como pode ser programado. 1.4 Período gestacional: controle do ganho de peso O ganho de peso ideal deve ser traçado de acordo com o perfil da gestante e de como o seu estado nutricional se encontra no início da gestação. Mulheres com o peso adequado devem ganhar de 11,5 a 16 Kg ao longo das semanas de gestação. Já mulheres com baixo peso podem ganhar de 12,5 e 18 Kg, com sobrepeso de 7 a 11,5 Kg, e obesas menos de 7 Kg (Figura 03). Essa classificação em peso normal, baixo peso ou acima do peso irá ocorrer com base em um índice chamado IMC (índice de massa corporal). Para fazer o cálculo do IMC, você irá precisar de dados como peso e altura atual. A fórmula é: IMC (Kg/m²) = Peso (Kg) Altura (m). Para indivíduos adultos, utilize a seguinte classificação: Figura 3 - Classificação IMC na gestaçãoFonte: Organização Mundial da Saúde Entretanto, lembre-se de que o IMC é uma ferramenta muito útil na maioria dos casos, mas, em outros momentos, pode ser falho porque ele considera apenas o peso corporal para o cálculo. O ideal nesse caso seria avaliar também a distribuição de massa magra e de massa gordurosa, para uma melhor classificação. Em mulheres já grávidas, por exemplo, essa classificação da tabela acima não deve ser utilizada, pois existem outros fatores incluídos no peso corporal, como veremos a seguir. Nesse caso, o ganho de peso da gestantepode ser acompanhado pelo gráfico de acompanhamento nutricional da gestante, que considera o IMC ao longo das semanas de gestação. Agora que vimos que o ganho de peso é necessário para a adaptação do corpo da mulher à gestação, fica fácil entender que ele não será composto apenas por um ganho de gordura. É de extrema importância explicar isso para mães em aconselhamentos nutricionais, uma vez que atualmente muitas pessoas sofrem distúrbios psicológicos relacionados à imagem corporal. Esclarecendo que o ganho de peso é normal, e que, com acompanhamento nutricional, será adequado e possibilitará a sobrevivência do feto, acredita-se que mães portadoras de distúrbios se esforcem em seus hábitos durante o período gestacional. Além disso, todo o acréscimo de peso corporal será perdido após a gestação, caso seja seguido o acompanhamento nutricional. Observe abaixo os fatores que contribuem para o ganho de peso durante a gestação: 9% - Feto 14% - Aumento das mamas 23% - Membranas fetais e líquido plasmático 27% - Gordura de depósito materno 27% - Aumento do volume plasmático Lembre-se também de que o ganho de peso materno deve ser controlado para evitar o surgimento de complicações metabólicas associadas. É muito comum que sobrepeso/obesidade, associados a erros alimentares, culminem em hipertensão e diabetes gestacional, o que pode levar a complicações no parto e até mesmo perda do bebê. Além disso, o tempo de parto e recuperação estão intimamente associados à atividade inflamatória materna, que está prejudicada na obesidade. Infecções urinárias podem ser comuns devido à desidratação e composição corporal inadequada. Por fim, o estado nutricional inadequado conduz a doenças nos filhos na vida adulta (hipótese de origem fetal ou programação metabólica). • Por que é importante controlar o ganho de peso? • - Favorece o Diabetes Gestacional. • - Pressão Alta. • - Infecções urinárias. • - Tempo do parto. • - Programação Metabólica. Assim, finalizamos o entendimento das transformações ocorridas no organismo materno, durante o período gestacional, o que influencia diretamente no ganho de peso. Agora vamos conferir como deve ser o planejamento de cardápios quantitativo e qualitativo para gestantes. 2. Planejamento do cardápio qualitativo e quantitativo: adequação para gestante A alimentação saudável e equilibrada é essencial na prevenção e controle de doenças. Ela deve conter alimentos capazes de fornecer quantidades adequadas de nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais, fibras e água). Nosso organismo necessita de todos eles, porém, como não são encontrados em um único alimento, devemos consumir uma alimentação variada. Tanto a falta, como o excesso de um ou mais nutrientes pode causar um desequilíbrio do organismo e problemas com a saúde. Por isso, é preciso entender aspectos quantitativos e qualitativos do planejamento do cardápio, vamos começar pelos requerimentos nutricionais quantitativos durante a gestação. 2.1 Planejamento alimentar quantitativo Segundo Mahan et al. (2010): “o crescimento fetal e a gestação demandam de nutrientes adicionais, e esses requerimentos são definidos nas DRIs (dietary reference intakes)”. Vamos conferir abaixo as principais recomendações. - Energia: De acordo com Mahan et al. (2010): “a energia adicional é requerida durante a gravidez para manter as demandas metabólicas da gestação e crescimento fetal”. Assim, de acordo com as recomendações atuais, no primeiro trimestre, as recomendações referentes à energia para mulheres gestantes são as mesmas das mulheres não gestantes (veja a fórmula a seguir para o cálculo abaixo). Assim, deverá ser determinado o Gasto Energético (GE), segundo a prática de atividade física e peso. A partir do segundo semestre, você deve calcular o GE e posteriormente fazer o acréscimo calórico. No segundo trimestre, deve-se acrescentar cerca de 340 a 360 kcal/dia. No terceiro trimestre, o acréscimo do segundo deve ser mantido e ainda deve-se calcular um adicional de cerca de 112 kcal/dia. Caso o estado nutricional da mãe esteja fora do padrão de normalidade, adequações devem ser feitas de modo a permitir que o ganho de peso total seja atingido. Além disso, para mães que procuraram o atendimento nutricional já grávidas, as adequações energéticas da dieta devem ser elaboradas de modo a permitir o ganho de peso linear a partir do segundo trimestre, visto que no primeiro é comum que a mãe não ganhe peso ou até mesmo perca de 1 a 2 kgs. - Proteína: Recomenda-se a ingestão de 1 g/kg/dia de proteína, a partir do peso pré-gestacional. Posteriormente, é feita adaptação de adicional para gestação a partir do segundo e terceiro trimestres. - Carboidratos: São recomendados cerca de 135 a 175 g/dia ao longo da gestação. Pode ser calculado a partir da porcentagem (%) do Valor Energético (VET) e 55 a 75% do VET. - Lipídeos: O seu cálculo deve respeitar a distribuição energética que favoreça o ganho de peso apropriado bem como o fornecimento de ácidos graxos essenciais (geralmente de 15-30% do VET). Além dos macronutrientes, temos também vitaminas e minerais indispensáveis durante a gestação. Confira abaixo: - Ácido fólico: importante na gestação, para a prevenção de más formações no tubo neural (espinha bífida); importante para o crescimento placentário e circulação materna. Sua deficiência pode causar descolamento da placenta e baixo peso ao nascer. Fontes: vegetais de folha verde (especialmente espinafre, aspargo e brócolis), carne bovina magra, suco de laranja e feijões secos. -Colina: importante para as membranas celulares e impulsos neurais. Fontes: bife de fígado, frango, peixe, gema de ovo, germe de trigo. -Vitamina B6: importante para o controle de náuseas e de vômitos durante a gestação. Fontes: leite, gema de ovo, farinha de aveia, leguminosas, germe de cereais. -Vitamina C: deficiência de vitamina C na gestação pode estar relacionada a pré- eclâmpsia, em alguns estudos, e parto prematuro. Fontes: frutas cítricas, goiaba, tomate. -Vitamina D: deficiência também predispõe a pré-eclâmpsia. Importante para o desenvolvimento dos ossos e transporte de cálcio pela placenta. Fontes: peixes, fígado, leite e derivados. -Cálcio: o metabolismo de cálcio pode ser alterado na gestação, por isso as mães devem sempre consumir alimentos que são fontes, para não desenvolver deficiência. Fontes: leite e derivados, vegetais verdes escuros. - Ferro: a gestação conta com aumento no volume sanguíneo, por isso deve-se aumentar a ingestão de fontes de ferro, principalmente no último trimestre. Os níveis devem ser controlados por exames, já que frequentemente é indicado o uso de suplementos de ferro em forma de sais de ferro. É preciso ter cuidado, porque uma gestante anêmica tolera muito pouco a hemorragia decorrente do parto, e está mais propensa a infecções. Fontes: fígado, carne vermelha, feijão e espinafre. O ácido fólico é essencial na gestação. Sua relevância é tão grande, que sua suplementação costuma ser indicada a mulheres mesmo como preparo, quando planejam a gestação. Além disso, ainda que o consumo de alimentos fonte de ácido fólico seja adequado, ele deve ser suplementado. Muitas vezes, a indicação é de suplementação até o terceiro mês pós-parto. 2.2 Planejamento alimentar qualitativo Além do importante papel do cálculo de cardápio (envolvendo a prescrição de energia e recomendações dietéticas segundo as necessidades nutricionais para cada faixa etária), as orientações qualitativas em relação ao hábito alimentar da mãe devem ser estimuladas, de modo que a gestante tenha autonomia no momento da seleção de alimentos. Para isso, a mãe pode seguir alguns passos importantes recomendados em cartilhas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde de nosso país. Esses passos são semelhantes aos 10 passos para alimentação saudável fornecidospelo Guia alimentar para a população brasileira. 1. Preste atenção no fracionamento das refeições. Segundo o material do governo federal (SENADO FEDERAL, 2015): “Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, evitando ficar mais de três horas sem comer. Entre as refeições, beba água, pelo menos 2 litros”. Ao evitar o longo intervalo entre refeições, a futura mãe pode diminuir o risco de náuseas, enjoos e fraquezas. Outro ponto positivo para o fracionamento das refeições é evitar a fome excessiva em uma única refeição. 2. Inclua cereais em sua alimentação. As gestantes devem ser orientadas a incluir, em todas as refeições e lanches intermediários, porções do grupo de cereais, de modo a fornecer energia suficiente para o desenvolvimento fetal. O grupo dos cereais inclui arroz, milho, pães e raízes (por exemplo, mandioca). A gestante deve ser orientada a preferir a forma mais natural desses alimentos, devido à melhor qualidade em nutrientes (presença de fibras, vitaminas e minerais). 3. Inclua frutas e hortaliças na sua alimentação. Segundo o material do governo federal (SENADO FEDERAL, 2015): “Procure consumir diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. Frutas, legumes e verduras são boas fontes de vitaminas, minerais e fibras”. As gestantes devem ser orientadas a preferir todas as frutas e hortaliças cruas, pois preservam melhor os nutrientes. No entanto, é preciso ter cuidado, elas devem ser higienizadas totalmente. Em relação a sucos, preferir os feitos na hora, sem adição de açúcar. Mais importante, o suco não substitui a fruta, pois ele perde fibras, por isso recomenda-se um revezamento ao longo do dia. 4. Consuma leguminosas (feijões, ervilhas, grão de bico). O consumo de leguminosas, juntamente a cereais (por exemplo, a famosa combinação do arroz com feijão) deve ser extremamente estimulado para as gestantes, pois fornecem o aporte adequado de aminoácidos essenciais. A recomendação é de que a gestante consuma uma parte de feijão para duas partes de arroz cozido. Além disso, a gestante deve ser orientada a variar entre os tipos de feijão, bem preparados, evitando o uso de embutidos e preferindo temperos naturais. 5. Consuma diariamente leite e derivados, carnes, aves, peixes ou ovos. Esses alimentos, assim como a combinação de cereais e leguminosas, são ricos em aminoácidos essenciais (alto valor biológico, uma vez que são de origem animal). O aporte proteico é essencial para o crescimento fetal. A gestante deve ser orientada a evitar cortes de carnes ricos em gordura, e sempre que possível retirar a gordura aparente. O consumo de carnes, aves, peixes ou ovos deve ser estimulado, sendo que a preparação deve ser sempre bem passada, visto o risco de contaminação microbiológica e consequências fetais oriundas de alimentos crus. A gestante deve ser orientada a evitar acrescentar café ou chocolate no leite (diminui a biodisponibilidade de cálcio). 6. Cautela no consumo de gordura saturada. Os alimentos de origem animal, principalmente alimentos processados e ultraprocessados, são ricos em gordura saturada, que, em excesso, pode induzir a inflamação crônica de baixo grau e está associada ao desenvolvimento de diabetes e hipertensão gestacional, conforme já mencionamos anteriormente. Dessa forma, esses alimentos devem ter o seu consumo reduzido. 7. Cautela no consumo de refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos recheados e outras guloseimas. Conforme mencionado acima, esses gêneros alimentícios fazem parte da classe processados e ultraprocessados, além de gorduras saturadas em excesso, também são pobres em fibras, ricos em calorias e açúcares simples. Isso faz com que esses alimentos também estejam associados ao desenvolvimento de hipertensão e diabetes gestacional. Portanto, a gestante deve ser orientada a evitá-los ao máximo, deixando o consumo para momentos festivos e em pequena quantidade. 8. Controle na ingestão de sódio. Os alimentos processados e ultraprocessados, além de conter temperos industrializados, são ricos em sódio. A gestante deve ser orientada a preferir temperos naturais e evitar os alimentos industrializados, de modo a controlar também a ingestão de sódio. 9. Fumo e álcool são proibidos. Todo e qualquer tipo de droga/álcool e, até mesmo, certos medicamentes que serão orientados pelo médico deverão ser abolidos do hábito de vida da gestante, pois prejudicam o desenvolvimento fetal. 10. Manter-se fisicamente ativa. Com a ajuda de um profissional da educação física, as gestantes devem se manter ativas, de modo a estimular o gasto energético e controlar o ganho de peso, estimulando a saúde. Além disso, a atividade física influencia em hormônios circulantes e pode trazer benefícios para a gestante neste sentido. O controle da respiração também será de extrema importância para o parto. 2.3 Manejo nutricional em situações especiais Os cuidados nutricionais com a mulher grávida merecem uma atenção especial e constante no sentido de fazer jus à nobreza desta situação fisiológica. A fase gestacional é o período de maior vulnerabilidade biológica do ciclo reprodutivo da mulher e traz diversas alterações para o organismo materno, não só fisiológicas e físicas, mas também emocionais, comportamentais e alimentares. Todas estas alterações trazem reflexos para a saúde da gestante e do bebê. O organismo materno é a única fonte de nutrientes para o feto, por meio da ingestão de alimentos ou de suas reservas. Considerando ainda que a boa nutrição intrauterina garante um nascimento saudável e melhores condições de saúde para a idade adulta, as mães devem ficar atentas a esse conhecimento e ter uma boa nutrição. É importante saber que as gestantes apresentam alterações gustativas e olfativas que influenciam as escolhas alimentares. As mães mostram também o paladar menos sensível ao sal, o que pode resultar em aumento na ingestão de alimentos salgados e sal adicionado. Muitas têm maior sensibilidade a odores, o que tem relação direta com as náuseas e hiperemese comuns na gestação. Isso significa menor ingestão de alimentos na presença desta sintomatologia. A mãe também possui mais sensibilidade ao sabor amargo, o que é uma resposta muito inteligente do organismo para evitar a ingestão, por exemplo, de alimentos estragados. Assim, isso é um mecanismo de proteção ao bebê. Assim, há situações e sintomas muito comuns durante a gravidez, e manejos dietéticos podem ser úteis para minimizá-las. Veja, a seguir, orientações básicas e efetivas em algumas situações: • Constipação intestinal – aumentar a ingestão de líquidos (água, longe das refeições) e fibras encontradas nas frutas e verduras cruas e, quando possível, com casca e bagaço; o pão integral, arroz integral, aveia, farelo de trigo, ameixa preta seca. Orientar que evite o excesso de biscoitos, massas e alimentos doces. A prática de atividade física, orientada para o período gestacional, pode ser muito útil por estimular o peristaltismo intestinal. • Flatulência – evitar permanecer muito tempo em uma mesma posição; evitar líquidos junto com as refeições; alimentar-se em ambiente tranquilo e estimular a boa mastigação dos alimentos. Existem diversos alimentos potencialmente flatulentos e o sintoma é individual, devendo-se observar a tolerância de cada mulher. • Náuseas e vômitos – fracionar as refeições (6 refeições ao dia) com pequenos volumes; evitar líquidos durante as refeições e ainda o consumo de frituras e alimentos condimentados. O consumo de alimentos sólidos e secos pela manhã traz alívio das náuseas, tais como: biscoitos craker, torradas integrais, tapioca. Este sintoma pode estar relacionado à hipoglicemia, e os alimentos sugeridos ainda contribuem para regularizar os níveis de glicose sanguínea.
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