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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA RHAYGNER BATISTA DE SOUZA REFLEXÃO SOBRE A NATUREZA DO CONHECIMENTO MANAUS – AM 2021 INTRODUÇÃO Primordialmente, o processo de ensino e aprendizagem, complexo, abrange não somente a objetividade da passagem de conhecimento, mas o que e como isso impacta na forma que a informação chega ao aluno. Fala-se em redução do processo mencionado, fazendo assim, com que ele, erroneamente pareça simples, como uma receita de bolo, quando na realidade não existe uma “fórmula mágica”, mas uma adequação a cada caso, e principalmente, é necessário que haja certa empatia do docente em relação ao seu aluno. Tratar todos de forma igual é necessário, mas expor todos aos mesmos processos seletivos, processos estes que priorizam características que apenas alguns podem ter ou desenvolver, é errado, é preciso que a igualdade acompanhe todo o processo e que se adeque ao público que irá fazer parte de uma seleção. No âmbito escolar, o conhecimento, na maioria das vezes está mais ligado a quantidade de informações repassadas aos alunos do que à aplicabilidade crítica do próprio conhecimento. Ainda nesta senda, as seleções pelas quais os alunos passam, por se tratarem de seleções que exigem qualidades ou particularidades, dificultam a diversidade, porque por mais que todos façam parte do mesmo ambiente de ensino, suas características (até biológicas) contribuem de diferentes formas para o desenvolvimento ou não de alguma habilidade. CONHECIMENTO APLICADO NAS ESCOLAS Quando se trata da forma de como o conhecimento é trabalhado pelas escolas, resta cristalino que ele é limitado, de modo que se restringe única e exclusivamente à distribuição de informações. Quanto a isso, Edgar Morin em entrevista ao Jornal O Globo afirmou que: O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. (MORIN, Edgar. 2019) Morin, é preciso quando fala do reducionismo sobre a natureza de como o conhecimento é trabalhado nas escolas, pois, apesar dos seres humanos pertencerem à mesma espécie, todos carregam diferenças entre si, por fatores biológicos e por conta do ambiente a da realidade em que estão inseridos, e isso diz respeito ao país, região, estado, cidade, bairro, etc. em que vivem, isso é fato, e não é a distribuição de informações, muitas das vezes de maneira exagerada e em grande fluxo que mudará isso. Uma das imagens (anexo abaixo) que serve como problema para este trabalho demonstra claramente isso: A imagem acima reflete claramente como funciona a aplicação do conhecimento pelas escolas, pelo menos na maioria delas. Fazendo uma analogia simples, as diferentes espécies de animais retratam os seres humanos, dotados de diferenças (ainda que pertencentes à mesma espécie) influenciadas por exemplo pela cultura, o lugar em que estão inseridos, entre outros, pois, estamos em uma sociedade e a sociedade está em nós, pois desde o nosso nascimento a cultura se imprime em nós. Nós somos de uma espécie, mas ao mesmo tempo a espécie é em nós e depende de nós (MORIN, 2000), logo, submeter um corpo de alunos a um mesmo exame que seja mais fácil para uns a quase que impossível para outros é o que o reducionismo da forma como o conhecimento é repassado causa. Dessa forma, fica claro que Edgar Morin é adepto da ideia repassada pela imagem, de que isso ocorre no sistema de ensino atual, na forma como o conhecimento é repassado nas escolas, de modo que é notório que existe muito mais exclusão do que inclusão ou mesmo democracia nos processos. Ainda nesta seara, dizer que a escola tem se preocupado com a ética do gênero humano, tendo em vista estabelecer uma relação de “controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a Humanidade como comunidade planetária” (MORIN, p. 2001), pode até ser real, mas está sendo feito da maneira errada, pois, quando se exclui, quando não se faz a democracia valer, não há o que falar em comunidade planetária, para isso seria preciso que realmente se pusesse em prática a democracia, não só de conhecimento, mas de muitos outros fatores que contribuem para o bem-estar do corpo social (e nesse, de forma lógica, se incluem os alunos), de modo que isso naturalmente traria a tona o ideal de comunidade planetária. CONSIDERAÇÕES FINAIS Antes o exposto, é fato que a complexidade com repasse de conhecimento exige cautela, cuidado e principalmente respeito às adversidades tanto de docentes quanto de alunos. Uma boa solução para os problemas relacionados a como o conhecimento é repassado dentro das escolas pode ser o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos, pois promovendo um ambiente onde eles possam desenvolver sua criatividade, proatividade, colaboração, pensamento crítico, comunicação, perseverança. E dessa forma permitir que o aluno possa se autoconhecer, relacionar-se bem com os outros e aprender a lidar com os desafios na vida pessoal e escolar. No dia a dia, isso pode ser feito por meio de sessões de debates, atividades lúdicas e esportivas e até mesmo no momento de usar as ferramentas tecnológicas na aprendizagem, além disso, cabe aos professores do Ensino Fundamental começar a derrubar as barreiras entre os conhecimentos, por duas razões principais: eles têm a experiência generalista (pelo menos os que trabalham nas séries iniciais) e lidam com as crianças mais novas, que guardam uma curiosidade e um modo de pensar ainda não influenciados pela separação dos conteúdos em disciplinas. Dessa forma, manter a ética e o respeito pelo diverso é a chave para conseguir repassar o conhecimento de forma democrática e sem agredir qualquer ideal do aluno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa, Instituto Piaget, 1991 __________ O Método III: O conhecimento do conhecimento. Portugal, Publicações Europa-América, 1986. __________ LE MOIGNE, J.L., A inteligência da complexidade. São Paulo: ed. Peirópolis, 2000 __________ O Método II. A vida da vida. Porto Alegre: Sulina, 2001. ___________ Diálogo sobre o conhecimento (entrevistas). São Paulo: Cortez, 2004. ___________ Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000. ___________ A Inteligência da Complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000
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