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Doenças infecciosas – parte 2 APRESENTAÇÃO Uma doença infecciosa ocorre quando um agente patogênico causa disfunção orgânica. Esse desequilíbrio da homeostase provoca várias reações no organismo, que podem ser sintomáticas ou assintomáticas. A gravidade da infecção varia de acordo com a potencialidade do agente patogênico e das condições imunológicas do hospedeiro. Os desfechos clínicos podem ser: erradicação do patógeno, infecção crônica ativa, latência do agente nos tecidos do hospedeiro ou morte do hospedeiro. Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos a diarreia infecciosa, a sepse e o choque séptico. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a etiologia, os sintomas e o tratamento da diarreia infecciosa.• Relacionar a síndrome da resposta inflamatória sistêmica com a sepse.• Identificar os fatores que levam à sepse grave e ao choque séptico.• DESAFIO Estudos mostram que existe uma tendência de aumento dos casos de sepse no Brasil. 1. Pesquise e explique qual o motivo principal dessa tendência. Você está acompanhando um caso clínico de um idoso de 80 anos recém-chegado à emergência, com febre, taquicardia e crepitação do tórax à auscultação (taquipneia). 2. Você poderia, a partir desses sintomas, suspeitar de um caso de sepse? Por quê? De qual órgão você suspeitaria em primeiro lugar? Não há nenhum marcador específico de sepse, sepse grave e choque séptico em testes laboratoriais. 3. Existe, então, a possibilidade de que esses quadros clínicos não sejam diagnosticados ou sejam diagnosticados tardiamente? INFOGRÁFICO O esquema a seguir apresenta um resumo geral sobre o que vamos trabalhar nesta unidade de doenças infecciosas (parte 2). CONTEÚDO DO LIVRO Microrganismos podem invadir qualquer tecido do organismo humano e causar lesões na área atingida. Fatores como o grau de virulência do patógeno e a imunidade do hospedeiro definirão a evolução da doença infecciosa, a qual pode ser apenas local ou levar a situações graves de septicemia como o choque séptico e até mesmo a morte. No capítulo Doenças Infecciosas - Parte 2, da obra Genética e Patologia, você irá aprender sobre a diarreia infecciosa, a relação da resposta inflamatória sistêmica com a sepse e o que predispõe a sepse grave e o choque séptico. Boa leitura. GENÉTICA E PATOLOGIA Adriana Dalpicolli Rodrigues Doenças infecciosas — parte 2 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a etiologia, os sintomas e o tratamento da diarreia infecciosa. Relacionar a síndrome da resposta inflamatória sistêmica com a sepse. Identificar os fatores que levam à sepse grave e ao choque séptico. Introdução As doenças infecciosas ocorrem quando microrganismos invadem o orga- nismo de um hospedeiro, sobressaem-se sobre as defesas imunológicas dele, multiplicam-se e se alimentam, deixando o hospedeiro doente. A busca do organismo por eliminar imediatamente o patógeno desencadeia respostas inflamatórias, que resultam em reações desconfortáveis ao hospedeiro, como febre, diarreia, náuseas, vômitos, entre outras. Esses microrganismos patogênicos podem ser provenientes de fontes externas, como água ou alimentos contaminados, ou de tecidos do próprio hospedeiro. Nesse último exemplo, por um desequilíbrio ou uma lesão, bactérias que normalmente colonizam a pele podem invadir a circulação sanguínea, causar uma doença infecciosa e desencadear qua- dros graves, como síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS, do inglês systemic inflammatory response syndrome), sepse ou quadros ainda mais graves, como o choque séptico, que pode levar o paciente a óbito. Neste capítulo, você vai estudar aspectos relacionados à diarreia in- fecciosa, como sua etiologia, seus sintomas e suas formas de tratamento. Você também vai verificar a relação entre a SIRS e a sepse e os fatores que predispõem à sepse grave e ao choque séptico. 1 Diarreia infecciosa: etiologia, sintomas e tratamento A diarreia é um distúrbio intestinal que ocorre, na maioria das vezes, no intestino grosso e consiste em um rápido movimento de matéria fecal ao longo desse órgão, para que haja a eliminação do que é impróprio para o organismo. A diarreia infecciosa, também denominada enterite ou gastrenterite, refere- -se à infecção provocada por microrganismos como vírus, bactérias, fungos e parasitas no tubo intestinal. Normalmente, há a ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas no período de 24 horas. Em condições normais, um adulto libera em torno de 150 mL de líquidos nas fezes. Com diarreia, o indivíduo pode eliminar mais de 1 litro por hora, o que predispõe a uma significativa desidratação, que, se não tratada, pode levar a óbito. A morbidade e a mortalidade dessa doença se devem à perda de volume intravascular e de eletrólitos, com insuficiência cardiovascular resultante. A infecção pode resultar da transmissão de pessoa para pessoa, fecal-oral ou veiculada por água ou alimentos e do tratamento com medicamentos que destroem a flora gastrintestinal, como antibióticos ou antiácidos. O microrganismo invasor precisa sobreviver ao trânsito do ambiente gástrico ácido e ser capaz de persistir no trato gastrintestinal, apesar do peristaltismo e da competição por nutrientes escassos com a flora bacteriana existente. A aderência pode ser em qualquer área do trato intestinal. Após a colonização e a multiplicação do microrganismo, o cenário está completo para ocorrer a lesão do hospedeiro (GUYTON; HALL, 2017; HAMMER; MCPHEE, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2012; SBP, 2017). Entre os principais microrganismos que podem ser agentes etiológicos da diarreia, pode-se citar: bactérias, como Vibrio cholerae, Campylobacter sp., Clostridium difficile, Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Escherichia coli, Salmonella sp., Shigella sp.; vírus, como rotavírus, norovírus, coronavírus, adenovírus e astrovírus; parasitas, como: ■ protozoários Entamoeba histolytica, Cryptosporidium sp. (pacientes imunodeprimidos, como portadores do vírus da imunodeficiência humana, o HIV, são mais propensos a se infectarem com esse para- sita), Isospora e Giardia lamblia; e ■ helmintos, que geralmente causam diarreia apenas em crianças ou imunocomprometidos; fungos, como a Candida albicans, entre outros. Doenças infecciosas — parte 22 A colonização do trato gastrintestinal por E. coli ocorre, comumente, horas após o nascimento do ser humano. Contudo, há cepas patogênicas que não estão presentes na flora intestinal e podem desencadear doença localizada ou, até mesmo, sistêmica. Existem cinco classes principais de E. coli que provocam diarreia, com vários subgrupos: enterotoxigênica (ETEC); enteropatogênica (EPEC); enteroemorrágica (EHEC); enteroagregadora (EAEC); enteroinvasiva (EIEC). Essas bactérias apresentam característica de evasão de defesas do hospe- deiro, colonização da mucosa intestinal e multiplicação com lesão de células do hospedeiro (HAMMER; MCPHEE, 2016). O Quadro 1 mostra as populações mais facilmente atingidas pelas diferentes classes de bactérias, a apresentação clínica da diarreia e a toxina relacionada a cada caso. Populações suscetíveis Classe Países desenvolvidos Países em desenvolvimento Síndrome clínica Local Toxinas ETEC Viajantes em retorno Idade < 5 anos Diarreia aquosa Intestino delgado Toxina termolábil e termoes- tável EIEC Rara Todas as idades Disenteria (diarreia sanguino- lenta, muco, febre) Intestino grosso > intestino delgado Enterotoxina Shiga-like EHEC Crianças, idosos Rara Colite he- morrágica, síndrome hemolítico- -urêmica Intestino grosso Toxinas Shiga (Stx1 e Stx2) Quadro 1. Escherichia coli na diarreia infecciosa (Continua) 3Doenças infecciosas — parte 2 Os sintomas associados a quadros de diarreia infecciosa variam de acordo com o local afetado. Em geral,são desencadeados, principalmente: sintomas do trato superior, como náusea, vômitos e dor epigástrica em cólica; sintomas do intestino delgado, como diarreia aquosa profusa; sintomas do intestino grosso, como tenesmo, urgência fecal e diarreia sanguinolenta. No entanto, na maior parte dos casos, os sintomas apresentados são auto- limitados, e não se realiza avaliação diagnóstica. Busca-se um diagnóstico específico no caso de pacientes que apresentam sintomas mais graves, como febre alta ou hipotensão, bem como pacientes com idade avançada, imuno- comprometidos ou com quadros diarreicos com duração prolongada (p. ex., 14 dias ou mais). Para a realização do diagnóstico específico, são necessários testes laboratoriais, como testes microbiológicos — de coprocultura, para identificação da bactéria causadora, ou de semeadura em meio de cultura específico, como pesquisa de Shigella/Salmonella —, testes sorológicos ou testes moleculares, dependendo da suspeita clínica (HAMMER; MCPHEE, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2012). Fonte: Adaptado de Hammer e McPhee (2016). Populações suscetíveis Classe Países desenvolvidos Países em desenvolvimento Síndrome clínica Local Toxinas EPEC Rara Idade < 2 anos Diarreia aquosa Intestino delgado Desconhe- cidas EAEC Rara Crianças Diarreia aquosa persistente Intestino delgado Enteroto- xina ter- moestável enteroagre- gadora Quadro 1. Escherichia coli na diarreia infecciosa (Continuação) Doenças infecciosas — parte 24 A diarreia pode ser classificada como aguda (duração menor do que duas semanas) ou crônica (persistência maior do que quatro semanas). A diarreia infecciosa é aguda e pode ser subclassificada como descrito a seguir (HAMMER; MCPHEE, 2016; LEVINSON, 2016). Secretora (aquosa) — não apresenta leucócitos nas fezes, mas pode apresentar sangue oculto. Inflamatória — ocorre invasão da mucosa do lúmen, com consequente morte celular. O paciente se apresenta febril, com dor abdominal em cólica e fezes diarreicas com muco. A palavra “disenteria” é usada para esse tipo de diarreia quando há números significativos de leucócitos fecais e sangue macroscópico. Hemorrágica — é uma variante da diarreia inflamatória; é causada principalmente pela EHEC, a qual pode provocar diarreia sanguinolenta. Em relação ao tratamento da diarreia infecciosa, este pode ser realizado baseado no microrganismo causador, quando identificado. Por exemplo, infec- ções bacterianas devem ser tratadas com antibióticos específicos, infecções parasitárias, com antiparasitários, e assim por diante. Pode ser necessário também o tratamento com medicamentos antieméticos (prevenção de vômitos), medicamentos para febre e dor, vitamina A, probióticos (para reconstrução da flora intestinal), entre outros. Além disso, deve ser considerado sempre o nível de hidratação do paciente. O paciente deve se manter o mais hidratado possível; para isso, deverá aumentar a oferta de líquidos (sopas, água de coco, água e sucos de frutas com baixo teor de fibras, como o maracujá) para além do que ingere normalmente. São indicados soro de reidratação oral e suplementação de zinco, potássio e outros eletrólitos. O paciente deve receber orientações para a manutenção da alimentação, ou seja, para evitar alimentos que não agravem a diarreia. É considerado inade- quado o consumo de refrigerantes, líquidos açucarados, sucos industrializados, café, entre outros. Há muitos casos de desidratação em que é necessária a administração de soro fisiológico puro, com glicosado e/ou cloreto de potássio (SBP, 2017). No Quadro 2, a seguir, é apresentado um resumo dos principais sintomas, critérios e exames para o diagnóstico e tratamento dos casos de diarreia infecciosa mais comuns. 5Doenças infecciosas — parte 2 (Continua) Patógeno Apresentação clínica Diagnóstico Tratamento Comentários 1. Diarreia não inflamatória aguda (aquosa, fezes não sanguinolentas; normalmente sem febre) A. Bactérias Staphylococcus aureus Vômito, dor epi- gástrica, diarreia (branda) Clínico; alimentos e fezes podem ser testados para a presença da toxina Tratamento suporte Normalmente dentro de 6 horas após o consumo de alimentos in- fectados (produtos lácteos, maionese, produtos à base de carne); recupera- ção em 1 a 2 dias Bacillus cereus Vômito, dor epigástrica, diarreia Clínico; alimentos e fezes podem ser testados para a presença da toxina Tratamento suporte Normalmente dentro de 6 horas após o consumo de alimentos infectados (arroz reaquecido) Escherichia coli ETEC Ausência de febre, diarreia aquosa Coprocultura Ciprofloxacina “Diarreia do viajante” B. Vírus Norovírus Ausência de febre, vômito, cefaleia, diarreia Clínico; reação em cadeia da polime- rase (PCR) disponí- vel para análise de fezes Tratamento suporte Surtos em navios de cruzeiro e em casas de repouso Rotavírus Febre e vômitos prodrômicos, seguidos de diarreia Clínico; PCR dispo- nível para análise de fezes Tratamento suporte Comum em crianças Quadro 2. Agente etiológico, sintomas, diagnóstico e tratamentos dos principais quadros de diarreia infecciosa Doenças infecciosas — parte 26 (Continuação) (Continua) Patógeno Apresentação clínica Diagnóstico Tratamento Comentários 1. Diarreia não inflamatória aguda (aquosa, fezes não sanguinolentas; normalmente sem febre) C. Protozoários Giardia lamblia Cólicas abdomi- nais, flatulência, diarreia (aguda ou crônica); as fezes são gordurosas, malcheirosas e podem flutuar A análise de fezes para a presença de ovos e parasitas pode revelar cistos ou trofozoítos; o teste de antígenos fecais é cada vez mais utilizado Metronidazol ou tinidazol A diarreia pode persistir por semanas Cryptospori- dium hominis Dor e cólicas abdominais, diarreia aquosa Observação de cistos em amostras de fezes que apre- sentam coloração acidorresistente Nitazoxanida para diarreia grave; terapia antirretroviral para a res- tauração do sistema imune em pacientes com aids Causa de grandes surtos comunitá- rios oriundos de fontes de água contaminada; importante causa de diarreia em pa- cientes com aids 2. Diarreia inflamatória aguda (as fezes podem ser sanguinolentas; pode haver febre) A. Bactérias E. coli produ- tora de toxina Shiga (STEC) Diarreia san- guinolenta, dor abdominal, normalmente com ausência de febre A cultura de fezes revela o cresci- mento de bactérias E. coli, que não fermentam o sorbi- tol; necessidade de testes específicos para a identificação de linhagens STEC Nenhum; os antibióticos podem elevar o risco de síndrome hemolítico- -urêmica, sobretudo em crianças Associada à carne moída malcozida e a hortifrutigranjei- ros contaminados Quadro 2. Agente etiológico, sintomas, diagnóstico e tratamentos dos principais quadros de diarreia infecciosa 7Doenças infecciosas — parte 2 Patógeno Apresentação clínica Diagnóstico Tratamento Comentários 2. Diarreia inflamatória aguda (as fezes podem ser sanguinolentas; pode haver febre) A. Bactérias Clostridium difficile Diarreia sangui- nolenta, febre Exame de fezes para a identifica- ção de toxinas; a colonoscopia pode revelar a existência de placas amareladas características Metronidazol oral (ou intra- venoso) ou vancomicina oral Tradicionalmente associada ao uso de antimicrobianos; ele- vação na frequência de casos adquiridos na comunidade, em pacientes sem fatores de risco tradicionais Shigella Diarreia, nor- malmente com a presença de sangue ou pus; cólicas abdomi- nais; pode ser febril Coprocultura Ciprofloxacina Pode ocorrer disse- minação interpes- soal; seres humanos são os reservatórios da bactéria; não encontrada em animais Salmonella A diarreia pode ser sanguino- lenta; febre baixa Coprocultura Ciprofloxa- cina (em caso de doença grave) Adquirida pela ingestão de ovos malcozidos, laticínios não pasteurizados, vegetais crus ou aves domésticas malcozidas;também é adquirida pela exposição a cobras e tartarugas de estimação Campylobac- ter jejuni Febre, diarreia Exame de fezes em meio especial Ciproflo- xacina ou azitromicina Associada à síndrome de Guillain-Barré Yersinia enterocolitica Febre, diarreia Exame de fezes em meio especial Ciprofloxa- cina (em caso de doença grave) Provoca adenite mesentérica, que pode mimetizar a apendicite Quadro 2. Agente etiológico, sintomas, diagnóstico e tratamentos dos principais quadros de diarreia infecciosa (Continuação) (Continua) Doenças infecciosas — parte 28 2 Relação entre síndrome da resposta inflamatória sistêmica e sepse A SIRS é defi nida como um estado infl amatório sistêmico inespecífi co, que pode ter origem infecciosa, metabólica ou traumática. Como exemplo de condições não infecciosas, podem ser citados os casos de pancreatite, embolia pulmonar e infarto do miocárdio. A sepse tem como defi nição as manifesta- ções graves que ocorrem em todo o organismo decorrentes de uma infecção provocada por algum microrganismo, podendo ser vírus, bactéria, parasitas ou fungos. De forma simplificada, pode-se dizer que a sepse é uma infecção genera- lizada, e o seu desenvolvimento se deve provavelmente a alguma infecção em determinado local. Por exemplo, uma infecção que afeta um órgão específico como os rins provoca, em todo o organismo, uma resposta com inflamação. A resposta inflamatória ocorre para que o agente da infecção (microrganismo) seja eliminado ou a sua ação seja reduzida. Assim sendo, como consequ- ência, pode haver o comprometimento do funcionamento de vários órgãos Fonte: Adaptado de Levinson (2016). Patógeno Apresentação clínica Diagnóstico Tratamento Comentários 2. Diarreia inflamatória aguda (as fezes podem ser sanguinolentas; pode haver febre) B. Protozoários Entamoeba histolytica Diarreia sangui- nolenta, febre e dor abdominal A análise de fezes para a presença de ovos e parasitas pode revelar cistos ou trofozoítos; sorologia Metronidazol ou tinida- zol para a eliminação de trofozoítos teciduais, em associação com um agente lumi- nal, como a paromomicina Também pode ocasionar abscessos hepáticos Quadro 2. Agente etiológico, sintomas, diagnóstico e tratamentos dos principais quadros de diarreia infecciosa (Continuação) 9Doenças infecciosas — parte 2 do paciente afetado. Septicemia ou infecção no sangue é como a sepse era chamada inicialmente. A sepse grave é definida como a sepse associada com disfunção de órgãos (disfunção orgânica), hipoperfusão ou hipotensão, podendo haver acidose lática, oligúria ou alterações agudas do nível de consciência. Já o choque séptico é definido como a evolução do quadro de sepse, um estado de falência circulatória aguda caracterizado por hipotensão persistente (pressão sanguínea sistólica inferior a 90 mmHg ou diminuição de 40 mmHg abaixo da pressão sistólica na linha de base) que não responde à reposição de líquidos, além das anormalidades de hipoperfusão. A relação entre a SIRS e a sepse se dá pelo fato de que, nos casos de sepse, há sempre a presença de SIRS associada com uma infecção (HAMMER; MCPHEE, 2016). A SIRS é caracterizada por uma sequência de eventos fisiológicos que envolvem todas as células do organismo. Ela é desencadeada frente a uma agressão física, química ou biológica, levando ao processo in- flamatório, com liberação dos mediadores químicos (HAMMER; MCPHEE, 2016; LEVINSON, 2016). As respostas inflamatórias (sinais clínicos) mais corriqueiras de SIRS são: temperatura inferior a 36°C ou febre com temperatura superior a 38°C (decorrente da liberação de interleucinas); hipotensão (decorrente de vasodilatação); taquicardia (frequência cardíaca superior a 90 batimentos por minuto), a qual ocorre para compensar a queda da pressão arterial; taquipneia (frequência respiratória superior a 20/min ou PaCO2 inferior a 32 mmHg); alteração no número de leucócitos: ■ leucocitose — superior a 12 × 109/L; ■ leucopenia — inferior a 4 × 109/L; ou ■ presença superior a 10% de formas imaturas, com predomínio de bastonetes. Para que o quadro clínico seja considerado SIRS, é necessária a presença de pelo menos dois dos sinais clínicos citados anteriormente. A presença de leu- copenia e hipotermia implica um prognóstico insatisfatório quando associada com sepse. Todas essas respostas inflamatórias, sejam leves ou moderadas, servem como defesa do hospedeiro. Entretanto, quando as respostas infla- matórias se tornam extremas, elas podem resultar em dano tecidual extenso, como no caso da sepse (HAMMER; MCPHEE, 2016; LEVINSON, 2016). Doenças infecciosas — parte 210 A seguir, são apresentados exemplos de respostas inflamatórias para a defesa do organismo do hospedeiro. Temperatura corporal elevada: pode inibir a replicação viral ou a multiplicação bacteriana. Hiperemia inflamatória e neutrofilia sistêmica: potencializam o transporte de fagó- citos a áreas de infecção, para promover a destruição bacteriana. Diminuição na disponibilidade de ferro ou outros nutrientes: inibe o crescimento de alguns microrganismos, como a Yersinia, bactéria que necessita de ferro disponível para se multiplicar (HAMMER; MCPHEE, 2016). Em ordem decrescente de frequência, as regiões mais comuns de infecção em pacientes com sepse são: trato respiratório; trato urogenital; fontes abdominais, como a vesícula biliar e o colo; locais relacionados a dispositivos (como cateter); feridas ou tecidos moles. Qualquer microrganismo pode ser responsável pelo desenvolvimento de SIRS. As bactérias principais envolvidas nos casos são as gram-negativas do grupo das Enterobacteriaceae e Pseudomonas; dentre as gram-positivas, destacam-se os estafilococos, e dentre os fungos, destacam-se as espécies de Candida. Mais de 50% dos casos são causados por gram-positivos ou fungos, geralmente devido ao uso de dispositivos de acesso venoso por longos períodos e de material protético implantado. Os casos de sepse relacionados com P. aeruginosa, Candida ou microrganismos mistos (polimicrobiana) têm um prognóstico independente de mortalidade (HAMMER; MCPHEE, 2016; LEVINSON, 2016). Muitas vezes, os sintomas da sepse começam de modo sutil, os quais podem ser confundidos facilmente com doenças mais comuns e de menor gravidade, dificultando o início precoce do tratamento. Como citado anteriormente, para o correto diagnóstico para iniciar o tratamento, são necessários exames labora- toriais de hemocultura, e pode ser avaliada a presença de microrganismos em outros líquidos corporais, de modo direto, cultural, sorológico ou molecular (HAMMER; MCPHEE, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2012). 11Doenças infecciosas — parte 2 Para saber mais sobre a SIRS, verificar exemplos e relacioná-la com a sepse, leia o artigo intitulado “Critérios para síndrome de resposta inflamatória sistêmica e predição de morta- lidade hospitalar em pacientes críticos: estudo retrospectivo de coorte”, de Taniguchi et al. 3 Fatores que desencadeiam sepse grave e choque séptico A sepse, a sepse grave e o choque séptico são um grave problema de saúde pública, especialmente em unidades de terapia intensiva (UTIs). Evitar a ocor- rência desses quadros e, consequentemente, as complicações e a mortalidade em pacientes internados continua sendo um desafi o considerável e crescente para o corpo clínico de controle de infecção hospitalar, mesmo com a reali- zação de exames rotineiros (como hemocultura), além dos cuidados diários com biossegurança (especialmente a assepsia) e do treinamento da equipe que manipula o paciente. No Brasil, esses quadros representam a segunda principal causa de morte nas UTIs (BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016). O paciente pode progredir rapidamente de um quadro de SIRS à sepse ou a quadros mais graves, como o choque séptico, dentro de dias, ou mesmo horas. O grau de resposta inflamatória e a potencialidade de virulência do agente etiológico, além decondições gerais de saúde do hospedeiro, contribuem para a evolução do quadro. Algumas das condições que podem comprometer uma infecção localizada e fazer com que ela evolua para sepse, sepse grave ou choque séptico são (HAMMER; MCPHEE, 2016): envelhecimento; procedimentos invasivos; pacientes imunossuprimidos; infecção pelo HIV; uso de agentes imunossupressores e citotóxicos; desnutrição; alcoolismo; Diabetes mellitus; procedimentos de transplantes; infecções nosocomiais e comunitárias; infecções por microrganismos multirresistentes aos antibióticos. Doenças infecciosas — parte 212 A sepse geralmente inicia com uma infecção localizada (veja o box Exemplo); a partir desse ponto, as bactérias podem invadir a corrente sanguínea diretamente, resultando em bacteremia e consequentes resultados de hemoculturas positivas, ou podem proliferar no local e liberar toxinas no sangue. As toxinas surgem a partir de um componente estrutural das bactérias, como as endotoxinas. Estas consistem em uma fração de lipopolissacarídeos, composta por uma cadeia externa de polissacarídeos, que varia entre espécies e não é tóxica, e uma porção lipídica altamente conservada, a qual é tóxica. Essa porção lipídica está presente na membrana externa de bactérias gram-negativas. Já as exotoxinas são proteínas sintetizadas e liberadas pelas bactérias, as quais ativam a cascata da coagulação, o sistema do complemento e o sistema cinina. Além de toxinas, ocorre a liberação de vários mediadores inflamatórios do hospedeiro, como citocinas, fator ativador de plaquetas, endorfinas, fator relaxante derivado do endotélio, metabólitos do ácido araquidônico, fatores depressores do miocárdio, óxido nítrico e outros. A consequência clínica da sepse inclui alterações hemodinâmicas (taquicardia, taquipneia e alterações de temperatura e do leucograma), vasodilatação inapro- priada e má perfusão tecidual, com disfunção orgânica, provocando a sepse grave (GUYTON; HALL, 2017; HAMMER; MCPHEE, 2016). Como exemplos de infecções localizadas que podem desencadear a sepse, podemos citar, com base em Guyton e Hall (2017): uma peritonite causada pela disseminação de uma infecção do útero e das trom- pas de Falópio, normalmente ocasionada por aborto instrumentado efetuado em condições inadequadas de assepsia; uma peritonite provocada pela ruptura do intestino, devido a doença intestinal ou ferimentos; uma infecção cutânea por estreptococos ou estafilococos, que resulta em uma infecção generalizada; uma infecção gangrenosa generalizada, provocada por bacilos da gangrena gasosa disseminados pelos próprios tecidos, que seguem via circulação sanguínea até órgãos internos, como o fígado; uma pielonefrite, ou infecção das vias urinárias, disseminada pelo sangue. Como possíveis disfunções orgânicas da sepse grave, podem ser citadas anormalidades cardiovasculares, alterações respiratórias, insuficiência renal, insuficiência hepática, alterações hematológicas, estado mental alterado, acidose 13Doenças infecciosas — parte 2 láctica e oligúria, geralmente associada com hipoperfusão tecidual. O choque séptico, por sua vez, é o estágio final da sepse, em que há hipotensão e hipoper- fusão (BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016; HAMMER; MCPHEE, 2016). Todos os tipos de choque, seja infeccioso ou não (choque cardiogênico, choque hipovolêmico), resultam em perfusão inadequada dos tecidos e subsequente dis- função celular e morte. No início do choque séptico, ocorre hipovolemia, devido à dilatação arterial e venosa inapropriada (baixa resistência vascular sistêmica) e ao extravasamento de plasma para o espaço extravascular. A resistência vascular sistêmica permanece baixa, mesmo que seja feita a correção da hipovolemia, apesar do aumento compensatório do débito cardíaco. O consumo ineficiente de oxigênio e a hipoperfusão tecidual resultam em um aumento no conteúdo de oxigênio da artéria pulmonar. A liberação de substâncias vasoativas resulta em perda dos mecanismos normais de autorregulação vascular, produzindo desequilíbrios no fluxo sanguíneo, com desvio regional e hipoperfusão relativa de alguns órgãos (GUYTON; HALL, 2017; HAMMER; MCPHEE, 2016). No começo do choque séptico, é comum ser observada depressão do mio- cárdio; há baixas pressões de enchimento cardíaco e baixo débito cardíaco secundariamente à depleção de volume e à vasodilatação. O débito cardíaco passa a normal ou aumentado após a reposição de líquidos, mas a função ventricular é anormal. Passadas 24 a 48 horas do início da sepse, há redução nas frações de ejeção ventricular esquerda e direita e aumento nos volumes finais diastólico e sistólico. Essa depressão miocárdica se deve a efeitos tóxicos diretos do óxido nítrico, fator de necrose tumoral e interleucina 1. É possível reverter a fração de ejeção reduzida e a consequente depressão do miocárdio nos pacientes que sobrevivem ao início do choque séptico (HAMMER; MCPHEE, 2016). Grande parte dos pacientes que vão a óbito por choque séptico apresenta hipotensão refratária ou falência de múltiplos órgãos. A hipotensão refratária pode ocorrer pelos seguintes mecanismos: a não manutenção do débito cardí- aco alto em resposta ao estado séptico e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca de alto débito progressiva. A falência circulatória pode estar associada à vasodilatação grave, à hipotensão refratária, à reposição intravenosa de líquidos e à terapia vasopressora. Já o desenvolvimento da falência de múltiplos de órgãos representa a fase final de um processo de aumento metabólico, que se inicia durante as primeiras etapas do choque. Ela é resultado de lesão microvascular induzida pelas respostas inflamatórias locais e sistêmicas à infecção. O fluxo sanguíneo mal distribuído é acentuado por deficiência da capacidade de deformação das hemácias, com obstrução microvascular. Em adição, neutrófilos e plaquetas agregados também podem reduzir o fluxo sanguíneo. A desmarginação de Doenças infecciosas — parte 214 neutrófilos do endotélio vascular tem como consequência uma maior liberação de mediadores inflamatórios e a subsequente migração de neutrófilos para dentro dos tecidos. Componentes do sistema do complemento são ativados, o que provoca a atração de mais neutrófilos e a liberação de substâncias localmente ativas, como prostaglandinas e leucotrienos. O efeito de todas essas alterações é o colapso microvascular e, por fim, a falência de órgãos (HAMMER; MCPHEE, 2016). Na Figura 1, é possível observar a sequência de eventos que levam ao choque séptico. Figura 1. Eventos que levam ao choque séptico: os macrófagos são ativados por endoto- xinas liberadas pela bactéria causadora da infecção e por proteínas; desse modo, ocorre a liberação de mediadores inflamatórios e a modulação do sistema imune, resultando em dano tecidual do hospedeiro ou, até mesmo, morte. Fonte: Hammer e McPhee (2016, p. 83). 15Doenças infecciosas — parte 2 É muito importante que os profissionais da saúde tenham conhecimento sobre a identificação da sepse e os eventos que levam à sepse grave e/ou ao choque séptico, a partir de qualquer quadro infeccioso. Isso porque o diagnós- tico precoce (clínico e com base em exames laboratoriais) e, consequentemente, o tratamento estão diretamente relacionados com o prognóstico do paciente. As condutas que visam à estabilização do paciente são prioritárias e devem ser imediatamente tomadas. BARROS, L. L. S.; MAIA, C. S. F.; MONTEIRO, M. C. Fatores de risco associados ao agrava- mento de sepse em pacientes em unidade de terapia intensiva. Cad Saúde Colet, v. 24, n. 4, p. 388–396, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cadsc/v24n4/1414-462X- -cadsc-24-4-388.pdf. Acesso em: 23 maio 2020. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Guyton e Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre:AMGH, 2016. LEVINSON, W. Microbiologia e imunologia médicas. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labo- ratoriais de Henry. 21. ed. Barueri: Manole, 2012. SBP. Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda. pdf. Acesso em: 25 abr. 2020. Leitura recomendada TANIGUCHI, L. U. et al. Critérios para síndrome de resposta inflamatória sistêmica e predição de mortalidade hospitalar em pacientes críticos: estudo retrospectivo de coorte. Rev Bras Ter Intensiva, v. 29, n. 3, p. 317–324, 2017. Disponível em: https://www. scielo.br/pdf/rbti/v29n3/0103-507X-rbti-20170047.pdf. Acesso em: 25 maio 2020. Doenças infecciosas — parte 216 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 17Doenças infecciosas — parte 2 DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir explica a etiologia, os sintomas e o tratamento da diarreia infecciosa, da sepse e do choque séptico. Confira! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A que se devem a morbidade e a mortalidade ocorridas em função da diarreia? A) À elevação da pressão arterial, decorrente da reação do organismo ao agente causador da diarreia. B) Febre muito alta que sempre acompanha o quadro de diarreia, podendo causar convulsões no paciente. C) Perda das bactérias que normalmente vivem nos intestinos, causando desequilíbrio da flora intestinal. D) Perda de volume intravascular e de eletrólitos através da secreção abundante de fluidos para o lúmen dos intestinos. E) Não há morbidade na diarreia. 2) Indique a alternativa correta sobre o quadro clínico da diarreia infecciosa. A) A diarreia ocorre quando há uma agressão no epitélio do intestino delgado ou do intestino grosso, mas nunca do epitélio gástrico. B) Parasitas podem causar infecções somente em crianças, pois não resistem às enzimas digestivas do hospedeiro adulto. C) A Salmonella é um vírus causador da diarreia infecciosa. D) Pacientes com doenças associadas, como HIV, estão mais propensos à diarreia infecciosa por Cryptosporidium. E) Disenteria é o termo clínico para a diarreia infecciosa. 3) Indique os fatores que podem causar sepse. A) Uso prolongado de cateteres intravasculares e meningocele. B) Fármacos imunossupressores e próteses articulares. C) Hiper e hipoparatireoidismo. D) Agentes quimioterápicos. E) Andropausa e menopausa. 4) "Está elevada(o) no mecanismo de compensação para manter a pressão sanguínea na sepse não infecciosa." Trata-se de: A) Quantidade de endorfina nos terminais sinápticos no sistema nervoso central. B) Resistência vascular sistêmica. C) Temperatura do corpo. D) Número de leucócitos. E) Quantidade de serotonina na fenda sináptica do sistema nervoso central. 5) Sobre as características da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), é correto afirmar que: A) A frequência respiratória é menor que 20/min. B) Um dos sinais da SIRS é a bradicardia. C) Sempre ocorrerá a queda da temperatura corporal do paciente. D) A sepse é um quadro que, necessariamente, tem como precedente a SIRS. E) Ocorre apenas em condições infecciosas. NA PRÁTICA Um quadro clínico muito comum encontrado em locais de pronto atendimento é o referente à diarreia aguda: a criança apresenta fezes amolecidas, várias vezes ao dia, com ou sem vômitos e febre, com ou sem prostração. A causa mais comum da diarreia aguda é o rotavírus, para o qual existe vacina. Essa condição também pode ser causada por bactérias e protozoários, normalmente pela ingestão de alimentos mal conservados (p. ex., pela bactéria Salmonella). SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: SALES JÚNIOR, J.A.L.; DAVID, C.M.; HATUM, R.; SOUZA, P.C.S.; JAPIASSÚ, A.; PINHEIRO, C.T.S. et al. Sepse Brasil: estudo epidemiológico da sepse em unidades de terapia intensiva brasileiras. Rev Bras Ter Intens. Jan-Mar 2006;18(1). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pediatria - Diarréias agudas na infância. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sepse grave. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 8.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. TOY, E.C. Casos clínicos em medicina interna. 3.ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. CHEN, M.Y.M.; POPE, T.L.; OTT, D.J. Radiologia básica. 2.ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
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