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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS PROFESSORAS: Drª Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Drª Clélia de Moura Fé Campos ESCALA ESTRUTURADA HELLEN SOARES TERESINA-PI 2022 HELLEN SOARES ESCALA ESTRUTURADA ESTAGIÁRIAS DOCENTES: Anne Rafaele da Silva Marinho Dayane Dayse de Melo Costa TERESINA-PI 2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...............................................................................6 4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 10 REFERÊNCIAS .........................................................................................................11 3 1. INTRODUÇÃO A análise sensorial constitui uma importante área da Ciência e Tecnologia de Alimentos que pode ser definida como uma ferramenta científica fundamentada em um conjunto de técnicas e métodos baseados nas propriedades sensoriais dos alimentos, percebidas pelos órgãos dos sentidos (NOGUEIRA, 2021). Desse modo, essa disciplina científica evoca, mede, analisa e interpreta reações das características de alimentos e materiais como são percebidas pelos órgãos da visão, olfato, gosto, tato e audição (AMARAL; SANTOS, 2017). Nessa perspectiva, a avaliação sensorial dos alimentos pode ser realizada por meio de diferentes testes, sendo os principais: testes afetivos, testes de discriminação e testes descritivos. O teste afetivo é aquele no qual se busca avaliar a aceitação do produto a partir da reação do avaliador. No teste de discriminação deseja-se avaliar se duas amostras são suficientemente diferentes para ser catalogadas como tal. Por fim, os testes descritivos definem as propriedades de um alimento, da maneira mais objetiva possível. Entretanto, para que os testes sensoriais obtenham os resultados desejados é importante o treinamento dos avaliadores para determinar suas capacidades sensoriais, como detecção de cor, de odor, de gostos básicos, a exatidão sensorial e a avaliação da percepção sensorial (DUARTE; PEREIRA, 2022). Na avaliação dos atributos sensoriais dos alimentos são utilizadas escalas, as quais permitem a determinação da intensidade de cada atributo sensorial da amostra, configurando-se como um método descritivo, o qual utiliza escalas de intervalo ou de proporção, as relacionam uma grandeza com intensidade da sensação, e a direção das diferenças entre as amostras. Dessa forma, a partir do uso de escalas é possível descobrir o quanto as amostras diferem entre si, e qual a amostra que apresenta maior intensidade do atributo sensorial que está sendo avaliado. Em contrapartida, a utilização de escalas exige maior treinamento e habilidade dos julgadores (SARTOR et al., 2021). Os testes de escala podem ser divididos em três tipos principais, que são escalas hedônicas, escalas hedônicas faciais, e escalas numéricas. A aplicação dessas escalas pode ser de forma escrita, para o degustador preencher ou podem ser verbais, onde o degustador expressa verbalmente sua apreciação sobre o produto para o coordenador do teste. As escalas verbais são mais simples de se 4 aplicar, porém não é recomendado o uso dessas com mais de cinco descrições de apreciação ou com mais de duas amostras (TEIXEIRA, 2009). Ademais, nas escalas numéricas o degustador localiza a classificação do produto em uma escala de pontuações, sem apreciações. Estas podem ainda ser divididas em estruturada e não estruturada. Na escala numérica estruturada todos os graus e termos aparecem, enquanto na não estruturada tem-se somente uma linha que não tem pontos marcados e que somente nas extremidades apresentam os temos que expressam o máximo e o mínimo de intensidade dos parâmetros testados (TEIXEIRA, 2009). Desse modo, a escala estruturada consiste em intervalos que são rotulados, sendo categorizados com números ou adjetivos comuns para o julgador, procurando da, melhor forma manter intervalos iguais entre as categorias que as compõem. Além disso, podem ser classificadas em escala verbal ou nominal, quando as categorias consistem em termos verbais (nenhum, fraco, moderado, forte, muito forte); escala numérica, quando as categorias consistem em séries numéricas (0 a 6, por exemplo); e escala mista, quando utiliza tanto adjetivos quanto números para marcar a categoria (DUTCOSKY, 2011). Em relação ao número de categorias de uma escala, pode-se dizer que uma escala muito pequena oferece pouco poder de discriminação e que uma escala muito longa aumenta muito a variabilidade entre os julgadores, aumentando o erro experimental. Diante disso, a literatura apresenta geralmente escalas entre 5 e 15 pontos, sendo a escala de 9 categorias a mais utilizada (DUTCOSKY, 2011). Mediante o exposto, o objetivo da presente prática, referente a escala estrutura foi determinar a intensidade de cada atributo sensorial presente na amostra, sendo estes, sabor e crocância. 5 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais - Copos de café descartáveis; - Petas; - Água; - Copo descartável. 2.2 Métodos A prática de escala estruturada foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial, no Departamento de Nutrição, da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Para a realização desse teste, a turma foi dividida em grupos, para melhor acomodação no laboratório. Cada assessor ficava em sua cabine, com luzes coloridas acesas, e à sua frente estavam posicionadas duas amostras em copos de café descartáveis, identificados com códigos de três dígitos de forma aleatória. Cada assessor foi orientado a provar cada amostra e indicar a intensidade do sabor e da crocância referente a cada uma delas, de acordo com a escala estruturada mista, composta por 9 pontos e pelos seguintes adjetivos: nenhum, fraco, moderado, forte e muito forte. 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise estatística dos resultados obtidos nos testes de escala é realizada por análise de variância (ANOVA) e teste de média, como, por exemplo, o teste de Tukey (mais utilizado) e o teste de DUNCAN (menos acurado). A metodologia para avaliação dos produtos alimentícios por testes que se utilizam de escalas é normatizada pela ISO 4121 (2003) e NBR 14141 (1998) (DUTCOSKY, 2011). Ademias, no Quadro 1, e nos Gráficos 1 e 2, é possível observar os resultados referentes aos atributos sensoriais (sabor e crocância) avaliados na amostra 1. Quadro 1. Resultados da escala estruturada para amostra 1 quanto aos atributos sensoriais: sabor e crocância. Teresina. 2022. Intensidade Sabor Nº de assessores % Crocância Nº de assessores % Nenhum 0 0 0 0 Fraco 4 12,50 3 9,375 Moderado 18 56,25 11 34,375 Forte 6 18,75 8 25,00 Muito forte 4 12,50 10 31,25 Total 32 100 32 100 Fonte: Pesquisadireta. Gráfico 1. Classificação da amostra 1 quanto ao sabor. Teresina. 2022. Fonte: Pesquisa direta. Fraco Moderado Forte Muito forte 7 Gráfico 2. Classificação da amostra 1 quanto a crocância. Teresina. 2022. Fonte: Pesquisa direta. Mediante os dados expostos no Quadro 1, Gráfico 1 e 2, nota-se que referente a amostra 1, a maior parte dos assessores (n = 18), representando 56,25%, identificaram o sabor como moderado. Em relação a crocância, a maioria dos julgadores (n = 11), ou seja, 34,375% a classificaram como moderada. A seguir, no Quadro 2 está exposto os resultados referentes as análises quanto ao sabor e a crocância da amostra 2. Quadro 2. Resultados da escala estruturada para amostra 2 quanto aos atributos sensoriais: sabor e crocância. Teresina. 2022. Intensidade Sabor Nº de assessores % Crocância Nº de assessores % Nenhum 0 0 0 0 Fraco 7 21,875 1 3,125 Moderado 15 46,875 8 25,00 Forte 10 31,25 18 56,25 Muito forte 0 0 5 15,625 Total 32 100 32 100 Fonte: Pesquisa direta. Fraco Moderado Forte Muito forte 8 Gráfico 3. Classificação da amostra 2 quanto ao sabor. Teresina. 2022. Fonte: Pesquisa direta. Gráfico 4. Classificação da amostra 2 quanto a crocância. Teresina. 2022. Fonte: Pesquisa direta. De acordo com o Quadro 2 e os Gráficos 3 e 4, é possível constatar que a amostra 2 foi considerada com sabor moderado por 46,875% dos julgadores (n = 15), representando a maior parte deles. Outrora, a crocância foi considerada forte por 56,25% dos avaliadores (n = 18). No estudo de Jacob et al. (2011), foi realizada análise sensorial da carne bovina utilizando a escala estrutura, sendo analisados dois atributos sensoriais, a maciez e a suculência. Para o atributo maciez, os provadores conseguiram discriminar melhor as amostras, sendo que os resultados apresentaram diferença significativa entre contrafilé, coxão duro e filé mignon, porém não houve diferença entre os filés mignon 65ºC e 75ºC. Para suculência, os provadores não conseguiram discriminar as Fraco Moderado Forte Fraco Moderado Forte Muito forte 9 amostras de filé mignon (65ºC), filé mignon (75ºC) e contrafilé, somente a amostra de coxão duro das demais amostras. Segundo Lima et al. (2018), em sua pesquisa sobre o uso de escalas estruturadas e não estruturadas em testes afetivos foram analisados leites fermentados de três diferentes marcas (A, B e C) e foram analisados a acidez e o aroma. Os testes estatísticos mostraram que houve diferença significativa (p < 0,05) entre as amostras para o atributo acidez na análise com escala estruturada, indicando que o produto B foi considerado o menos ácido. Além disso, foi observado de maneira geral, que todos os atributos de ambos os testes apresentaram notas acima de 6. Diante do exposto, cabe destacar que a escala estruturada tem como vantagem o fato de apresentar a grandeza (intensidade da sensação) e a direção das diferenças entre as amostras. Ademais, através delas é possível se descobrir o quanto as amostras diferem entre si e qual apresenta maior intensidade do atributo sensorial que está sendo analisado (DUTCOSKY, 2011). 10 4. CONCLUSÃO Mediante o exposto, verificou-se através da escala estruturada que de 32 assessores, a maioria deles identificou a amostra 1 com sabor e crocância moderado, representando, respectivamente, 56,25% (n = 18) e 34,375% (n = 11). Quanto a amostra 2, esta foi classificada pela maioria dos julgadores com sabor moderado (46,875%) e crocância forte (56,25%). 11 REFERÊNCIAS AMARAL, Antônio; SANTOS, Elisa Norberto Ferreira. Análise sensorial: testes discriminativos, descritivos e afetivos. Anais do Seminário de Pesquisa e Inovação Tecnológica-SEPIT, 2017. DUARTE, Madrith Sthel Costa; PEREIRA, Margarete Aparecida. Desenvolvimento de processos fermentativos e análise sensorial no ensino de engenharia química: uma experiência no ensino remoto. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 3, p. 16590- 16600, 2022. DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 3. ed. Curitiba: Champagnat, 167p. 2011. JACOB, Bianca Maria da Silva. et al. Comparação entre escala estruturada e não estruturada para análise sensorial de carne bovina. 2011. LIMA, Jean Carlos Rodrigues et al. USO DE ESCALAS ESTRUTURADA E NÃO ESTRUTURADA EM TESTES AFETIVOS. Ciência e Tecnologia dos Alimentos. 2018. NOGUEIRA, Michelle Barboza. Fundamentos e Introdução à Análise Sensorial. Análise Sensorial Clássica: Fundamentos e Métodos, p. 9, 2021. SARTOR, Saionara et al. Testes Descritivos. Análise Sensorial Clássica: Fundamentos e Métodos, p. 87, 2021. TEIXEIRA, Lílian Viana. Análise sensorial na indústria de alimentos. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 64, n. 366, p. 12-21, 2009.