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18- Câncer de cabeça e pescoço Sítios anatômicos: ● Cavidade oral: lábios, mucosa oral, face anterior da língua, assoalho da boca, palato duro e gengiva ● Faringe: nasofaringe, orofaringe e hipofaringe ● Laringe: região supraglótica, laringe glótica e laringe infraglótica ● Cavidade nasal e seios paranasais ● Glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual) e glândulas salivares menores ● Tireoide Cadeias linfonodais: ● Ia: submentoniano ● Ib: submandibular ● IIa: jugular superior ● IIb: jugular superior ● III: jugular médio ● IV: jugular anterior ● Va e Vb: triangulo posterior – musculo esternocleidomastoideo e trapézio ● VI: compartimento anterior – pré e paratraqueal, pré cricóide e peritireoideano ● VII: mediastino superior Epidemiologia ● Depende da região do planeta e dos hábitos locais ● Acometem mais indivíduos do sexo masculino do que o feminino, numa proporção que pode variar de 2:1 até 5:1 ● Mais frequentes entre a 6a e ta década de vida, quando não associado ao Human Papiloma Vírus (HPV) ○ Mais jovem: HPV ○ Mais idoso: álcool e tabaco Etiologia ● Tabaco: associado a 90% dos casos ○ Cancer de cavidade oral, orofaringe e hipofaringe: aumenta o risco em 4 a 5 vezes ○ Cancer de laringe: aumenta o risco em 10 vezes ● Álcool: aumenta o risco entre 1-4% (principalmente em hipofaringe) ○ 4 doses de alcool/dia + 2 ou mais maços de cigarro/dia: aumento do risco em 35 vezes ● Processo viral: HPV ou EPV ○ Acomete mais jovens ● Presença de lesões pré-malignas (leucoplasia e eritroplasia) ● Infecção por HIV ou outrass imunodeficiências ● Dieta pobre em folatos ● Higiene oral inadequada ● Anemia de Fanconi ● Sd de Li-Fraumeni Histologia ● Pré-malignas ○ Leucoplasia (queratose do fumante): é um tumor pré-maligno marcado por um espessamento ou placas brancas espessas e irregulares (normalmente aparecem quando permitem que os cigarros queimem até o final do lábio) ○ Displasia: alteração na maturação da superfície da mucosa, bagunça das células escamosas (as células perdem a organização e evoluem para carcinoma in situ ○ Displasia grave: células perdem a morfologia e é possivel a visualização de figuras de mitose bem evidentes no meio do epitélio ○ Eritroplasia ● Displasia -> displasia grave -> tumores invasivos ● 95% é carcinoma de células escamosas ● Tumores invasivos ○ Carcinoma espinocelular (CEC): 90 a 95% ■Grau I = menos de 25% de células indiferenciadas (bem diferenciado) ■Grau II = menos de 50% de células indiferenciadas (moderadamente diferenciado) ■Grau III = menos de 75% de células indiferenciadas (pouco dferenciado) ■Grau IV = mais de 75% de células indiferenciadas (anaplásico) ○ Queratinização, pleomorfismo nuclear, mitose, profundidade da invasão, invasão vascular ○ Outras histologias: carcinoma verrucoso, adenocarcinoma, carcinoma adenoide cístico e carcinoma mucoepidermóide ○ Tumores invasivos (CEC): ■Inicia como forma de ulcera e invade/infiltra toda a mucosa ○ Vias celulares envolvidas no CCP: ■Alguns genes são caracterizados que permitem a proliferação, diferenciação, sobrevivência e invasão/metastatização ■Existem genes supressores de tumor, oncogenes e outros ■Difícil ter um único responsável por ativar e desativar essa cascata, normalmente são vários Vias genéticas ●Oncogenese: fator supressor de diferenciação epitelial e KRAS Quadro clínico Lábios ● 15% de todos os canceres de cabeça e pescoço ● Lábio inferior (95%) ○ Crosta recorrente, ferida ou bolha ○ Persistente ○ Crescimento lento ● É descoberto precocemente -> são externos ● 5 a 10% tem comprometimento linfonodal -> linfonodos submandibulares (geralmente sem comprometimento linfonodal) ● Sobrevida em 5 anos > de 90% ● Sobrevida em 5 anos sendo T4 ou N+ passa a ser 65% Cavidade oral ● Locais: assoalho da boca, língua oral, mucosa bucal, gengiva, trígono retromolar (cirurgias muito grandes), palato duro ● 20% de todas as neoplasias de cabeça e pescoço ● Quadro clínico: ○ Lesões assintomáticas notadas em exames dentários de rotina: ■Úlceras dolorosas com ou sem otalgia ■Associação com dentaduras mal ajustadas ■Dificuldade em engolir, mastigar ou falar ○ Adenopatia em cadeia jugular superior e submandibular (40% dos casos) ○ Carcinomas dos terços médio e posterior da língua móvel tem o potencial metastático (pulmão) Nasofaringe: não tumor de vírus (muda etiologia, idade e região do planeta: mais comum no sudeste da ásia) ● Neoplasia epitelial indiferenciado e não- queratinizante ● Minimamente associado ao uso de tabaco ● 25x mais prevalentes em pacientes de ascendência chinesa no sul ● Associado ao EBV o População mais jovem ● Risco elevado de disseminação precoce em locais regionais e distantes ● Alta sensibilidade a quimioterapia e radioterapia: quase nunca opera ● Quadro clinico ○ Epistaxe, obstrução nasal ou perda auditiva unilateral devido à obstrução da trompa de Eustáquio -> depende da extensão dos tumores ○ Dor de cabeça ○ Envolvimento ósseo direto da região parenofenoide ○ Neuropatias cranianas múltiplas devido à extensão do tumor atras do esfenoide ou ao longo da base do crânio em relação ao forame do hipoglosso ○ Pode ter acometimento de par craniano, dependendo da extensão do tumor -> nervo optico (II), nervo abducente (VI), nervo acessório (XI) e hipoglosso (XII) ● A adenopatia maligna envolvendo a retrofaringe e a parede lateral da faringe está presente em 80% dos pacientes na apresentação ● A adenopatia bilateral é comum e o envolvimento da cadeia cervical posterior é característico ● Podem até invadir a base do crânio evoluindo para um tumor intracraniano Orofaringe ● Pilares amigdaliano, palato mole, base da língua e parede lateral ou posterior da faringe ● 10% dos tumores de cabeça e pescoço ● Podem ser clinicamente silenciosos até se apresentarem como tumores avançados com dor local, odinofagia, disfagia, otalgia referida ou trismo ● Os carcinomas amigdalianos e da base da língua tem o maior potencial metastático, com linfadenopatia jugular superior (subdigástrica ou jugulodigástrica) presente em até 70% dos casos ● Os casos relacionados ao HPV normalmente não precisa fazer quimioterapia -> câncer em orofaringe, principalmente em pacientes jovens Hipofaringe ● Ocorrem principalmente no seio piriforme ● São responsáveis por 5% dos canceres de cabeça e pescoço ● Sintomas: disfagia, otalgia referida ou evidencia de envolvimento laríngeo, incluindo tosse, rouquidão ou aspirações repetidas ● Biologicamente agressivos: ○ Linfonodos retrofaringeos ou jugulares positivos em até 80% dos pacientes ○ A sobrevida em 5 anos de pacientes com é baixa: 20 a 30% Laringe ● Supraglote, glote e infraglote ● 30% dos tumores de cabeça e pescoço ● Eles afetam mais homens do que mulheres ● Na 6ª e 7ª década de vida ● Fatores de risco: inflamação cronica e tabagismo ● Sintomas: rouquidão, otalgia, disfagia ou odinofagia ● Supraglote: ○ Epiglote, cartilagem aritenoide, as pregas ariepigloticas e as falsas cordas vocais ○ Apresentam-se tardiamente ○ Estruturas ricas em canais linfáticos ○ Linfadenopatia jugular média ou superior maligna em 40% dos pacientes ● Glote: ○ Tem poucos canais linfáticos e metástases nodais são raras (menos de 5% dos casos) ○ Lesões primárias limitadas ou avançadas ○ Surgem das cordas vocais verdadeiras ○ Lesões bem diferenciadas apresentando-se precocemente devido à rouquidão ou alteração de voz ● Subglote: ○ Tumores menos comuns da laringe ○ São essencialmente lesões traqueais que surgem imediatamente abaixo das cordas vocais verdadeiras ○ Eles comumente apresentam hemoptise, alteração da voz e dispneia ○ Metástases linfonodais para pescoço baixo ou região retroesternal estão ocasionalmente presentes em pacientes com lesões limitadas, mas podem ser encontradas em até 40% dos pacientes com tumoresavançados Estadiamento ● Estadiamento 1: ○ Exame físico: inspeção, palpação e visualização indireta por espelho ou laringoscopia flexível direta da cavidade nasal, cavidade oral, assoalho da boca, língua, fossa amigdaliana, palato, boca, gengiva e parede da faringe e laringe ○ Exame das cadeias ganglionares adjacentes ● Estadiamento 2: ○ Tumor (T) ■RM é melhor do que TC: ■ Comprometimento perineural ■ Invasão da base de lingua ■ Extensão intracraniana ■TC é mais rápido que RM -> se der faz RM, mas se não der faz TC mesmo ○ Linfonodos (N) ■RM e TC tem baixa sensibilidade da mesma forma ■PET CT tem maior sensibilidade ○ Metástases (M) ■TC de tórax -> metástase pulmonar ou um segundo tumor primário ● TNM ○ T ■T1 < 2 cm ■T2 > 2 cm, mas não superior e a 4cm ■T3 > 4 cm ■T4 invade estruturas adjacentes ○ N ● Estadiamento clínico (I, II, III,IV) ○ Utiliza o estadiamento para definir tratamento ○ I e II têm um prognóstico muito melhor, conforme avança no estágio piora o prognóstico ● Sobrevida ○ Dependendo do local a sobrevida é diferente (faringe são os mais agressivos) Tratamento da doença inicial ● Cavidade oral: ○ Cirurgia é o principal. Quando não dá para operar, faz RT ● Orofaringe ○ Cirurgia é o principal. Quando não dá para operar, faz RT ● Hipofaringe e laringe: ○ Cirurgia e radioterapia. Como tem mais chance de linfonodos também faz linfadenectomia Tratamento da doença localmente avançada: ● Além da cirurgia oferece quimio e radioterapia adjuvante ● Depende e avalia caso a caso ● Esvaziamento linfonodal: ○ Esvaziamento seletivo se usa quando não existem sinais clínicos de comprometimento linfonodal, porém, com alta possibilidade de metástases ocultas ○ Esvaziamento radical é utilizado para doença de grande volume ● Droga utilizada para a quimioterapia: cisplatina (infusão EV), porém ela apresenta efeitos colaterais no sistema hematológico, renal e gastrointestinal Tratamento da doença recidivada ou metastática: ● Sobrevida global: 6 a 9 meses ● Sobrevida em 1 ano: 20 a 40% ● Taxas de resposta a quimioterapia: 15 a 42% (metotrexate, cisplatina, carboplatina, paclitaxel, docetaxel e 5fluoruracil) ● Taxas de resposta ao cetuximabe: 6 a 25% OBS: mesmo com técnicas cirúrgicas, radioterapia e novas drogas, mais de 50% dos pacientes com doença em estádio II, III e IV irão apresentar desfecho desfavorável
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