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Cozinha Internacional Hugo Leonardo de Castro Alves DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró- Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdo Celso Luiz Braga de Souza Filho, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de projetos especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador de Conteúdo Vinícius Pires Martins, Projeto Gráfico e Editoração Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho, Designer Educacional Paulo Victor Souza e Silva, Revisão Textual Viviane Notari, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, forman- do profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050- 900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALVES, Hugo Leonardo de Castro. Cozinha internacional. Hugo Leonardo de Castro Alves Reimpressão 2021. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 120 p. “Graduação em Gastronomia - EaD”. 1. Cozinha. 2. Internacional. 3. Gastronomia. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0263-8 CDD - 22ª Ed. 641.56 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Impresso por: 3 pa la vr a do re it or Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pes- soas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: ino- vação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais ci- dadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Reitor Wilson de Matos Silva bo as -v in da s Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, reno- vável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comuni- cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conec- tividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conhecimen- to, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em infor- mações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor Executivo de EAD William V. K. de Matos Silva 5 bo as -v in da s Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro- fissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor- tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transfor- mação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pe- dagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desen- volvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de ma- neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as- sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação e Pós Kátia Solange Coelho Diretoria de Design Educacional Débora do Nascimento Leite Diretoria de Permanência Leonardo Spaine C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Ap re se nt aç ão d o Li vr o Professor Especialista Hugo Leonardo de Castro Alves Caro(a) aluno(a), prepare suas malas! Neste livro, você viajará, apreciará e conhecerá as principais cozinhas do nosso planeta, aprendendo um pouco sobre cada civilização, suasinfluências e a relação dela com o alimento. A gastronomia ultrapassa o conceito de alimentação, por ela é possível compreender os preceitos culturais e como uma civilização se relaciona com os recursos disponíveis. Nosso aprofundamento será nas particularidades culinárias, religiosas e nos hábitos ali- mentares dos principais países de cada continente, conhecendo os principais elementos que tornaram pratos simples do cotidiano de um povo ícones da gastronomia mundial. Como o livro é denso e trará muitas informações, vou dividir o estudo de forma continental. Posteriormente, abordaremos as cozinhas de cada continente. O primeiro será o Americano, a gastronomia é bem diversificada, devido à pluralidade de povos, climas e vegetações, que acabam levando à mesa pratos saborosos e coloridos. De todas as gastro- nomias, não abordaremos a culinária brasileira, pois essa terá uma disciplina exclusiva. Após isso, viajaremos para o outro lado do globo, para conhecer a exótica culinária asiática e do oriente médio, conhecer os principais métodos e utensílios utilizados no preparo de alimentos. Aqui, a diversidade cultural é gigante e os povos são influenciados fortemente pela religião e pela economia. Por exemplo, os japoneses, por morarem em uma pequena ilha, têm peixe e frutos do mar em seus principais pratos; os indianos, devido à religião, não consomem carne, tornando os pratos vegetarianos sua marca. Nossa viagem continua no velho mundo. A gastronomia europeia é fascinante, tornou-se conhecida por sua pluridade, requinte e simplicidade. Aqui, você conhecerá as principais gastronomias do continente, só não abordaremos a culinária francesa e italiana, serão abordadas na disciplina Cozinha Clássica. Finalizaremos nossa viagem no braço da mãe África, onde os pratos são fortes e substanciosos, com preparo simples. Então, caro(a) aluno(a), prepare-se para a viagem pelo universo da gastronomia internacional. SUMÁRIO UNIDADE 1 O Que é Gastronomia Internacional e a Cozinha das Américas 13 A Cozinha Internacional e sua Evolução 21 Aspectos Históricos e Característicos da Gastronomia dos principais Países da América do Sul 29 Aspectos Históricos e Característicos da Gastronomia dos principais Países da América Central e do Norte UNIDADE 2 Entre sabores, cores e aromas da Cozinha Asiática e do Oriente Médio. 45 Referência de Gastronomia Oriental: Cozinha da China e Japão 57 Gastronomia das Fragrâncias: Cozinha da Índia e Tailândia 67 Gastronomia do Oriente Médio Cozinha da Líbia, Síria e Egito UNIDADE 3 Cozinhas da Europa e Africana: A influência na Gastronomia Mundial 81 Gastronomia Europeia: Cozinha da Alemanha e Espanha 95 Gastronomia Europeia: Cozinha de Portugal e Europa Oriental 105 Gastronomia Africana: a influência cultural em outros povos dica do chef habilidades Legendas de Ícones recapitulando saiba mais fatos e dados minicaso reflita Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Reflita: informações relevantes que proporcionam a reflexão de determinado conteúdo. . Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos. Saiba mais: Informações adicionais ao conteúdo. mão na massa O Que é Gastronomia Internacional e a Cozinha das Américas HUGO LEONARDO DE CASTRO ALVES A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A cozinha internacional e sua evolução • Aspectos históricos e característicos da gastronomia dos principais países da América do Sul • Aspectos históricos e característicos da gastronomia dos principais países da América Central e do Norte • Compreender os aspectos relacionados à palavra internacional na gastronomia e à evolução das cozinhas internacionais pelo mundo, bem como as regiões gastronômicas do continente americano e sua impor- tância para a gastronomia internacional. • Entender os aspectos característicos e históricos dos principais países, exceto o Brasil, que formam o continente americano. • Conhecer a gastronomia típica e suas influências, as preparações que marcaram a culinária local. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Já estão de malas prontas? Nossa viagem pelo mundo gastronômico começa agora. Para que não se perca pelo caminho, é importante entender que a gastronomia é uma expressão cultural de uma civilização, sendo assim, é viva e altera-se no tempo, um exemplo é a influência de outras culturas e do processo de colonização; a chegada de novos hábitos e costumes trazidos de outras civilizações, com o tempo, acaba sendo imprimida, incorporada e adaptada aos costumes, às crenças religiosas dos colonizados. Independente das características de cada região, a gastronomia internacional foi impactada por três escolas. No primórdio, a preocupação era em caráter quantitativo, dando aos pratos um aspecto mais rústico e simples; esse período é conhecido como Cozinha Clássica. Com o passar do tempo e o surgimento de novas tecnologias, tornou-se possível a utilização de novos alimentos, mais leves e frescos, dando origem a cozinha Mincer, que, posteriormente, se tornou a famosa Nouvelle Cuisine, em que o tempo e as porções de alimentos são menores, entretanto há um refino na apresentação dos pratos. A globalização e a troca de informação e de produtos com maior facilidade tornaram possível a Fusion Food, em que os clássicos da culinária inter- nacional são apropriados e adaptados à cultura e aos recursos de uma região. Finalizaremos nossos estudos da unidade conhecendo a gastronomia das Américas, para facilitar o estudo, utilizei a subcontinental (norte, centro e sul). Começaremos pela gastrono- mia do Sulista. A pluralidade de povos, climas e vegetações acabou dispondo pratos saborosos e coloridos. Nesta unidade, você conhecerá, de forma sucinta, as principais gastronomias, com um destaque especial para as carnes argentinas e a culinária litorânea do Peru. 11 C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l 13G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A Cozinha Internacional e sua Evolução Olá, caro(a) aluno(a), vamos iniciar, agora, nossos estudos sobre gastronomia internacional. Para isso, antes de estudarmos sobre as cozinhas, precisamos compreender o fato social da gastronomia de um povo. Para Santo Agostinho, filósofo medieval, todos nós vivemos do passado, haja vista que o presente se torna passado imediatamente e o futuro também, mas isso não garante que não ocorram mudanças. É importante que você tenha conhecimento disso para entender que a gastronomia de um povo está em eterna evolução, sendo sempre influenciada, e a consequência disso são novos pratos e tendências C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Agora, é necessário que você compreenda a eti- mologia da palavra INTERNACIONAL. Segundo o dicionário Michaelis (2009), internacional é tudo aquilo que é relativo às representações de diferentes nações. Ao pesquisar sobre algumas cozinhas in- ternacionais, com o intuito da criação de um menu ou mesmo de um restaurante étnico, é importante que faça uma reflexão histórica e cultural daquela civilização, pois a cozinha de cada país é um elemento cultural da sociedade, sendo assim, é influenciada pelo meio, como: geografia, religião e cultura geral. A cozinha internacional é um tipo de cozinha que facilita a alimentação dos viajantes, turistas ou não, porque sabem que nela poderão encontrar pratos de sabor que eles conhecem bem. Nela todos os bifes se parecem e todas as sopas de confundem nos por menores de seus ingredientes. Isso acaba facilitando a comunicação e a compreensão entre os povos, fazendo a cozinha internacional sermuito bem aceita pela maioria das pessoas (MACEDO, 2006, p. 55). Dessa maneira, pode-se optar simplesmente por influência de alguma cultura ou região sobre ingredientes, preparações escolhidas ou mesmo focar em pratos tradicionais do local escolhido. O mais importante é manter a mente aberta para descobertas inusitadas e exóticas. A gastronomia é uma área do conhecimento humano que tem por função o estudo, a conser- vação e a apresentação dos alimentos. Indo para os pressupostos históricos, desde os pri- mórdios da humanidade, a obtenção de comida é uma necessidade e, inicialmente, o homem só consumia produtos nascidos e regionais. Com o passar do tempo, a humanidade aprendeu a domes- ticar plantas e desenvolveu técnicas de conservação, tornando possível o transporte da comida. A isso foi dado o nome de Revolução Agrícola, marco da Idade Média. O segundo marco social que influenciou a gastronomia foi a expansão europeia. As nave- gações portuguesas e espanholas, a cada viagem de desbravamento ou colonização, voltavam com novas técnicas e ingredientes que outras civilizações utilizavam. Vamos avançar mais no tempo, vindo para o fim do século passado e começo deste século, o que de novo aconteceu no mundo da gastro- nomia? O primeiro ponto foi que a indústria de alimentos tornou seus produtos mais acessíveis e, dentro dos lares, a praticidade é o principal de uma alimentação. Os produtos estão prontos e foram sendo esquecidos ou deixados de lado, ou a gastronomia se reinventou e surpreendeu a todos novamente? O que fica explicado é a diferença entre o ambiente de casa - em que consumir os produtos industria- lizados prontos ou de fácil preparação ganhou mais adeptos - e o que aconteceu com o ambiente dos restaurantes profissionais. A partir da década de 1970, podemos dizer que três importantes pontos aconteceram, os quais descreveremos a seguir. 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Cozinha Clássica As principais receitas dessa cozinha são basea- das na alimentação medieval na Europa; a cozi- nha clássica tem na composição de suas receitas principalmente gorduras, açúcares e farinhas. Primordialmente, as porções dessa cozinha eram maiores e a preocupação era nutritiva. Após o período medieval na Europa, a gas- tronomia francesa ganha características da co- zinha clássica italiana, por esse motivo é que, quando falamos de cozinha clássica, sempre teremos França e Itália como protagonistas. Essas características da cozinha italiana conquistaram Napoleão Bonaparte, o impera- dor francês, pois sua preferência era por pratos tradicionais, sem muitas especiarias e com praticamente nenhuma sofisticação. Napoleão achava perda de tempo a degustação por igua- rias e pratos sofisticados. Observe a opinião de Napoleão. (...) quero que a cozinha seja simples, não gosto de cozinheiros muito espiri- tuosos; um bom refogado à genovesa, arroz com carneiro à moda milanesa e talharins à Corsa valem mais para mim do que toda as maravilhas da arte de Beuvilliers (proprietário do primeiro restaurante de luxo em Paris) (MACEDO, 2006, p.50). No entanto a maior personalidade da gastro- nomia de todos os tempos apareceu nessa época. Chamado de Marie-Antoine Carême, mais conhecido como Antoine Carême, o rei dos chefs de cozinha. Macedo (2006, p.52) completa. O maior cozinheiro de todos os tempos foi Marie-Antoine Carême. Ele causou verdadeiro impacto na cozinha, tendo enfatizado três questões importantes: delicadeza, ordem e economia. Carême e renovador da arte culinária, tendo servido importantes figuras como, por exemplo, os imperadores da Rússia e da Austrália e o rei da Inglaterra (...). Devido a sua paixão pelos bolos ar- quitetados de forma monumental, Carême dizia que as belas-artes eram cinco: pinturas, poesia, música, es- cultura e arquitetura, incluindo aí a pastelaria. Uma das especialidades e paixão de Carême na cozinha foi a sopa, ele afirmava que toda a refeição deveria começar com uma bela sopa. Por coincidência, Carême foi o primeiro a usar a nomenclatura nouvelle cuisine, que mais tarde seria utilizada por todos na gastronomia a partir do século XX. Carême cresceu numa época em que a sopa era a comida saudável da moda, e mais tarde, durante a vida, sempre foi categórico em afirmar que toda a refeição deveria começar com uma sopa. Para ele, essa era uma questão tanto de filosofia e de medicina quanto de culinária (...) ele chamou seus menus que tinham a sopa como base da nouvelle cuisine (KELLY, 2005, p. 37). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Nouvelle Cuisine No início dos anos 70, o chefe Michel Guerárd revolucionou a gastronomia criando a cozinha Mincer, à base de molhos magros, feito de caldos concentrados, utilizando ingredientes frescos e de melhor qualidade, com legumes “al dente”. Em seguida, chefs conceituados no cenário gas- tronômico, como o famoso Paul Bocuse e os irmãos Troigros, executavam em seus restauran- tes preparações mais leves, frescas, em peque- nas porções e, ainda, com sabores marcantes, mas harmoniosos entre os ingredientes. Outra característica dessa cozinha é o requinte na de- coração dos pratos. Posso citar como exemplo os clássicos da gastronomia francesa, o Boeuf Bourguignon, com mais leveza, o Cassoulet, tendo uma quantidade menor de gordura em sua composição, porém sem perder a identidade do prato original. Fusion Food Existem relatos que indicam que esse conceito surgiu em Nova Iorque, trazido pelos chefes franceses, pois, nos EUA, os trabalhadores da cozinha foram se profissionalizando e transfor- mando a gastronomia da época. A ideia da fusion food é trabalhar os pratos tradicionais e repaginá-los, misturando as formas de preparo criadas na França, China, Japão ou Itália com insumos cultivados na região, man- tendo a qualidade superior. Não deixe de revisitar sempre a disciplina de Cozinha Clássica, para utilizá-la como complemento de estudo para o conteúdo desta tão importante disciplina. Um dos irmãos Troigros, o Claude Troigros, veio para o Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, e trouxe as técnicas da Nouvelle Cuisine adaptada para os ingre- dientes locais. Fonte: Figueira (online). 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Gastronomia Internacional Contemporânea Atualmente, a cozinha espanhola começou a ganhar destaque no cenário mundial da gas- tronomia, sendo vista como a nova tendência da gastronomia mundial; para conhecê-la, é importante conhecer os principais ícones da gastronomia atual. Começemos em 1961, com o chefe da co- zinha do hotel Porca, Josep Mercader, que re- solveu incluir em seu cardápio pratos simples e da Cataluña com recriações originais, como um Ratatoulle à base de molho de assados ou o creme catalão, que utiliza a mesma técnica do creme Brulée, mas com sorvete. Outro chefe reconhecido é Ramon Cabal, que inaugura o restaurante Agut d´ Avignon com objetivo de recriar pratos clássicos com ingredientes sazo- nais, e acabou cometendo suicídio alguns meses após vender seu restaurante. Já em Barcelona, o restaurante Sant Feliu, dirigido pelo chefe catalão Lluis Cruanyes, tem o intuito de criar pratos que despertam os sabo- res regionais. A rotina do Restaurante é princi- palmente direcionada para testes e pesquisas, sendo que ele abre para o público somente na alta temporada, primavera-verão, os outros seis meses são dedicados à pesquisa de novas téc- nicas e ingredientes para um novo cardápio. O restaurante El Bulli, dirigido pelo chefe Ferran Adrià, ficou conhecido pelos seus pratos reconstruídos com novos ingredientes; mesmo sendo inovador, o chefe tem uma rotina ali- mentar muito simples, como qualquer campo- nês espanhol, à base de frutos do mar e arroz, mostrando que a real comida não é sempre que se perpetua. O Chefe Santi Santamariaé conhecido pelas três estrelas Michelin que conquistou para o restaurante Can Fabes, em Sant Celoni. Ele con- firma a ideia de Adrià e acredita que o cozinheiro não deve cozinhar o que gosta de comer, e sim o que é interessante para seu cliente, fazendo o que esse gosta de comer. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A gastronomia contemporânea mantém a tradição juntamente com a evolução; para escrever o novo, não devemos nos esquecer do pas- sado. A partir dessas definições, é possível ter um olhar diferente para as variadas cozinhas existentes no planeta. Para melhor compreen- são, as cozinhas, neste livro, foram divididas da seguinte forma: Américas: Olhando por uma ótica mais atual das cozi- nhas do Chile, Argentina e Peru, México, Caribe, E.U.A e Canadá. Ásia e Oriente médio: Cozinha Oriental e do Oriente médio, focada nos principais países e em suas técnicas culinárias. Europa e África: Do continente europeu e africano, falaremos dos países em maior evidência na gastronomia, exceto França e Itália, que já foram tratadas em uma disciplina separada. 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O Guia Michelin surgiu em 1900 com um apanhado de informações úteis para ajudar os motoristas em viagem com um compilado de indicações de onde fazer manutenção do veículo e sugestões de lugares para ficar e comer. Atualmente, categoriza, com estrelas, os principais restaurantes e hotéis de 20 países. Uma estrela significa que ele é muito bom con- forme seus indicadores. Duas estrelas re- presenta uma cozinha excelente e uma adega excepcional. E o ápice, dentro da classificação, são as três estrelas; são pou- quíssimos restaurantes que conseguem esse feito, no mundo, atualmente, temos pouco mais de 80. Fonte: Grizzo (2010, online). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Aspectos Históricos e Característicos da Gastronomia dos principais Países da América do Sul O continente americano tem uma ampla extensão territorial no sentido Norte-Sul. Além disso, tem diversos relevos, climas e ci- vilizações. Isso tudo acabou proporcionando uma diversidade cultural e geográfica. Podemos dividi-lo de forma geográfica em três partes distintas: América do Sul, Central e do Norte. Ou, também, podemos optar por uma divisão cultural, separando em América Ibérica, colonizada pelos portugueses e espanhóis, e Anglo Saxônica (Inglaterra, principalmente). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A gastronomia do México e do Peru marca a tendência gastronômica do momento, pratos como ceviche, pozoles e tiraditos invadem os menus sofisticados e dentro dos Fast Food começam a surgir arepas, tacos e tamales. E os ingredientes latinos que estão mar- cantes no momento são: quinoa, yuca, abacate, pimentas, camu cau, maracujá e cacau. Alguns projetos começam a surgir para inovar a gastronomia internacional, como o do chefe Andoni Luis Aduriz, um dos cozi- nheiros mais influentes do momento, que tem um novo restaurante voltado para os sabores latinos. Outro projeto que surgiu com essa tendên- cia é o restaurante Nikkei em Barcelona. O chefe Albert Adrià desenvolveu um cardápio de fusão da cozinha peruana e japonesa. Fonte: Medina (2014, online). Na parte histórica, a América do Sul tem pre- dominância da colonização portuguesa e espa- nhola. Portugal colonizou a região que originou o Brasil e o restante foi de colonização espanho- la, originando os países Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, dentre outros. Os colonizadores trouxeram influências religio- sas, alimentares e algumas novas técnicas, mas é a população originária do local quem mais influen- cia as tradições. A união das culturas europeia e africana, junto com as tradições nativo america- nas, enriqueceu ambas. Muitos ingredientes e técnicas foram apresentados. Enquanto os na- tivos brasileiros e africanos aprenderam com os europeus a técnica de fritura, novos ingredientes foram introduzidos na culinária europeia. A extensão territorial da América abrigou várias civilizações e a gastronomia de cada região foi construída pelo choque cultural entre as civilizações nativas e seus colonizadores e imigrantes. Alguns pontos podem ser conside- rados comuns, como o milho e uma variedade de pimentas na América do Sul. 23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Quando os europeus chegaram aqui e provaram das especiarias locais, tudo que tinha gosto picante recebia o nome de pimenta, por conta da semelhança com as famosas Pimentas-do-Reino. Fonte: Origem… (online). Abordaremos a culinária dos outros continen- tes nas próximas unidades, mas é importante que saiba que também influenciamos a gas- tronomia dos países europeus, apresentando muitos ingredientes e sabores, como tomate, milho, batata, cacau, além de diversas frutas. Agora, com esse contexto histórico e cultural, serão explicadas as cozinhas de mais destaque na América do Sul. Cozinha da Argentina Nossos rivais no futebol tiveram sua coloni- zação dos italianos, espanhóis, franceses e judeus do centro e leste da Europa, por isso, sua gastronomia é bem distinta do resto da América. Suas tradições vêm dos índios guara- ni, nativos da região, com novos ingredientes e técnicas. A grande maioria dos argentinos é de descendente de italianos, espanhois, e outras nacionalidades européias. Quase todos os povos indígenas nativos foram exterminados durante a colonização, res- tando algumas comunidades ao norte e nas zonas andinas (ADAS, 2011, p. 179). Na vegetação, predominam os pampas, assim como no Rio Grande do Sul, isso explica as semelhanças culturais. Economicamente, os argentinos são prestigiados pela sua pecuária. As carnes de gado, suína e caprina têm padrão de qualidade reconhecido mundialmente. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Quando falamos da cultura argentina, o ponto alto é a gastronomia. A cozinha tem como in- gredientes os peixes: traira e dourado, vegetais como: abóbora, mandioca, milho, feijões e bata- tas e algumas carnes vermelhas e de caça, como boi, porco, cabra, coelho, veado, javali, lhama e cuy (porquinho da índia). Quando falamos em técnicas, a mais uti- lizada, para assar, é churrasco fogo de chão e, para conservação, é salga. Quando a carne parece estar pronta, ras- pam-se as partes queimadas com uma faca. Em outras regiões do país, assa-se na grelha tradicional, instalada em um local construído com esse objetivo, e regulada para que se possa alcançar várias alturas. Outra divergência diz respeito à origem das brasas: alguns preferem lenha, outros o carvão ve- getal, apesar de um certo predomínio da primeira. Também se assa na grade ou em cruz, um sistema que se baseia numa estrutura metálica em forma de cruz, que serve de suporte para o cor- deiro inteiro – aberto ao meio, com as patas estendidas – ou para uma peça de boi. A cruz é espetada no chão, ligei- ramente inclinada para frente, diante de um copioso leito de brasa ou de um fogo suave, que é sempre renovado (MEDINA, 2006, p. 10). Outro emblema da gastronomia argentina são suas sobremesas, em sua maioria, utilizam doce de leite, as mais populares são Alfajor e Mazamorra. Uma das influências dos imigrantes espa- nhóis na culinária são as empanadas com uma massa simples de farinha e recheio de carne. Finalizo falando que as bebidas tradicionais são o mate e o vinho. Por todas essas influências, a mistura de ideias, de costumes e a combinação de cozinhas fazem com que a gastronomia Argentina ganhe o título de cozinha mais europeia da América do sul. Assista com atenção à aula conceitual sobre a cozinha típica da Argentina, em que o chef-professor irá preparar um Bife Ancho e ensinar as técnicas de manipulação e cocção correta desse corte característico! Diz-se que o churrasconão é originário da Argentina, mas sim dos pampas bra- sileiros. Pode ser, mas não é certo, por que ambos os países desenvolveram as suas próprias fórmulas. Entre o rodízio e a grelha crioula interpõe-se um mundo. Os argentinos têm diferentes técnicas de assado. A técnica tradicional do Pampa coloca brasa sobre o chão, o ar livre e a grelha diretamente apoiada sobre elas. 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A Cozinha do Chile Banhado pelo oceano pacífico e com um relevo acidentado, montanhoso e vulcânico, o Chile tem peculiaridades culturais e econômicas. As Montanhas possuem terra fértil, pos- sibilitando plantio principalmente de uva, cana-de-açúcar, maçã, trigo, milho e uma va- riedade de batatas. Quando falamos de pecuária, esta é simples e limitada, desenvolvida basicamente em planícies costeiras, o que dificulta o confinamento e a engorda dos rebanhos de gado bovino, ovino; em contrapar- tida, a sua grande extensão marítima possibilita uma pesca pesada para consumo e exportação. O Peru e Chile têm seus litorais banhados pelas águas do Oceano pacífico que sofrem a influência da corrente de Humboldt. Essa corrente traz o plâncton, que serve de alimento para outros animais, isso atrai e torna essas áreas do Oceano pacífico altamente pescosas (ADAS, 2011, p. 208). As bebidas mais consumidas são vinhos e chás e um prato típico chileno é Porotos Granados, um guisado com abóbora, feijão, arando, milho e tomate, algo bem tradicio- nal e admirado por habitantes e pelos turis- tas. A gastronomia chilena surgiu de uma grande miscigenação das culturas árabes, britânicas, indianas, italianas e espanholas, as últimas influenciaram nos hábitos do uso de tempero com alho e cebola e o consumo de carne de frango e carne suína. A Cozinha do Peru O Peru é um país surpreendente em todos os aspectos. Com um ecossistema plural e uma pré-civilização consistente, os costumes sur- preendem e apaixonam. Em termos Geográficos, o país é diverso, com montanhas, florestas tropicais e desertos. Basicamente, a agricultura é desenvolvida nas planícies costeiras, com uma enorme varieda- de de batatas, algo próximo de 800 espécies, além de milho, amendoim, arroz, batata-doce e banana da terra. A cultura dos peruanos é baseada nas tradições incas, enriquecida com as influ- ências vindas dos imigrantes espanhóis e asiáticos, sendo que o último trouxe técnicas de preparo de peixes e frutos do mar. Essa in- fluência fica clara no conhecido Ceviche, um C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l prato da gastronomia peruana que, devido à gastronomia de fusão, vem se adaptan- do à cultura mundial e sendo apreciado no mundo inteiro. Entre os produtos mais genuínos, o primeiro é o ají. Nós chamamos de pi- mentões e o distinguimos de malague- tas, mas no Peru, o nome abrange uma família que se entende por variedade doce e picante, pequenas e grandes, o ají panca, o mirasol, o rocoto, o ají colo- rido etc, presentes na grande maioria dos ensopados tradicionais do país. O ají reina desde o Ceviche à sopa de frutos do mar (parihuela), passando pelo arroz com marisco ou pelo peixe (à macho) (MEDINA, 2006, p. 09). Uma das bebidas mais populares no Peru é a chicha, um tipo de bebida fermentada, como a cerveja, preparada à base de milho e feita pelas mulheres andinas. Também tem o pisco, uma aguardente de uva muito apreciada e utilizada no drink, chamada de pisco sour, que utiliza clara de ovo e licor pisco. Cuzco é a capital do Império inca, na língua quichua significa “umbigo”, pois, para os incas, essa cidade estava no centro do mundo. Nessa região vive cerca de 50% da população peruana, a maioria indígenas, que praticam a agricultura de subsistência (batata e cereais), a criação de lhamas, alpacas, ovinos e bovinos e se dedicam ao trabalho nas minas de cobre, prata, ouro, zinco, chumbo etc. (ADAS, 2011, p. 216). Demais países Os outros países que compõem a América do Sul não têm grande expressão em termos de gastro- nomia, no entanto, produzem alguns produtos importantes para o continente americano. • Uruguai: reconhecido internacionalmen- te pela produção de bovino, o país cria seu gado em planícies, dando uma textu- ra e sabor. Um prato que merece destaque é a Parrilla, um sistema de grelhas fixas ou móveis parecido com nossas chur- rasqueiras, a diferença é que na parrilla são utilizadas somente brasas para assar. • Colômbia: com recursos naturais abun- dantes e agricultura forte, a Colômbia produz café e cacau de renome interna- cional. Quando pensamos na cozinha, os ingredientes base são milho, banana verde e coco. Um prato clássico são as Arepas, uma tortilha grossa à base de milho. • Equador: conhecido mundialmente pela sua produção de Jerked Beef, aqui, no Brasil, é conhecido como carne seca ou charque. A culinária do Equador é bem distinta, como o arroz com abacate, e uma curiosidade é que a culinária a bei- ra-mar é bem distinta da litorânea. • Paraguai: com agricultura de subsistên- cia, concentrada em batata, feijão e man- dioca, tem forte influência indígena e espanhola. Seus pratos usam geralmente 27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R milho. Um dos pratos mais conhecidos é a sopa paraguaia, uma mistura de fubá, ovo cozido, cebola e leite. • Bolívia: como o Paraguai, sua agricultura é de subsistência, produzindo principal- mente cevada, batata e trigo. Quando falamos da cozinha, os principais ingre- dientes são o milho, a batata e a pimen- ta Ají, amendoim, mandioca e arroz, os pratos típicos distinguem-se de acordo com a região. • Venezuela: a cozinha venezuelana é uma fusão entre as tradições indígenas e o legado colonial. A culinária é bem regional, tendo o milho como ingredien- te base. O Hayaca, uma trouxa feita de carne e farinha de milho, é um dos pratos típicos da Venezuela. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l 29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Aspectos Históricos e Característicos da Gastronomia dos principais Países da América Central e do Norte A Cozinha do México Os mexicanos possuem uma gastronomia muito rica, com diferen- tes pratos, doces e bebidas tradicionais, distintos para cada região e povoado. Mas, no geral, a base da cozinha mexicana sustenta-se de milho, feijão e chilli. As populações indígenas dessa região, principalmente dos Astecas, cultivavam cacau, baunilha, agave, milho, feijão, abacate, abacaxi, tomate, chilli, coentro, folha de abacateiro e orégano; esses eram os ingredientes base de sua dieta. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A chegada dos colonizadores espanhóis incorporou novos ingredientes, como arroz, canela, azeitona, porco, frango, cebola e grão de bico e os queijos. Mas, na dieta mexicana, os defumados e o alho são consumidos diariamente e as tortilhas, de trigo ou milho, são primordiais para os princi- pais pratos desse país. Quase como um processo de produção artesanal, tão antigas quanto o país, uma boa tortilha precisa ter grãos de milhos bem cozidos, para que sejam triturados e amassados até formarem uma pasta consistente. Em segui- da, essa pasta é modelada e colocada sobre uma chapa quente para assar e dourar. Depois de prontas, essas delícias mexicanas são utilizadas de várias formas – como frias, quentes, fritas ou tostadas. O recheio delas pode ser carnes, feijões ou guacamole (um tradicional creme à base de abacate). As zonas mais férteis produzem o tomate, o pequeno tomate verde, a abóbora, da qual se aproveitam a polpa, as sementes (que moídas constituem um apreciado tempero) e a flor considerada deliciosa ou os nopal (figueira da índia), que propor- cionam os nopalitos (ramos carnudos da planta) e o fruto, o figo da índia. Também se destacam uma imensa variedade de pi- mentões e pimentas que povoam a cozinha mexicana. Os aromas de coentro, epazote,achiote ou de absinto flutuam sobre os fogões mexicanos. Não nos esqueçamos do orégano, imprescindível na cozinha de guerrero, ou da manjerona. Os feijões cons- tituem outro ponto de união entre todas as cozinhas do país (MEDINA, 2006, p. 10). A região norte é a principal produtora de carne próxima à fronteira norte e os cortes feitos são ao estilo norte-americano. Quando falamos de gastronomia, ali foram criados os pratos fajitas e enchiladas, utilizando ingredientes peculiares, como cactos, insetos e animais de caça. O território mexicano é pouco favo- rável à agropecuária. A presença de montanhas e de clima árido e semi- árido reduz a possibilidade de áreas cultiváveis. Ainda assim esse setor em- prega cerca de 20% da PEA (população economicamente ativa) do país. Cerca de 40% do territorio é ocupado pela pecuária, voltada principalmente para a criação de gado bovino e praticada no centro-norte do país (ADAS, 2011, p. 169). Já na região central do país está localizada a Cidade do México, onde se concentra a maior parte da população e movimenta a economia do país. A conservação da carne utiliza técnica de salga que garante ótimos pedaços de carne seca. Por fim, ao sul, tem costa litorânea intensa, o que permite alguns molhos crus e apimentados, à base de tomates, peixes e frutos do mar. Nessa região, é perceptível uma influência europeia, por utilizarem ingredientes típicos do medi- terrâneo, como azeite, alcaparras, azeitonas e jalapeños. 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O clima do México em sua maioria é tropi- cal árido e não tem abundância aquifera. Toda a água consumida no país é extraída de seis mil poços perfurados. Fonte: Adas (2011, p. 166). As bebidas são baseadas em ervas e plantas em que se destilam diferentes licores, dentre eles, a mais conhecida no mundo é a Tequila, obtida a partir da fermentação e destilação do suco de agave azul; outra bebida também produzida dessa planta é o mezcal, conhecida por ser mais rústica e com destilação simples; para garantir o seu teor alcoólico, um verme proveniente da planta é colocado junto à bebida. A Cozinha do Caribe Segundo o CIA (2009), a gastronomia caribenha é constituída de influências dos povos nativos, provenientes do Peru, e dos colonizadores es- panhóis, franceses, ingleses e holandeses, além dos portugueses, irlandeses, chineses e india- nos que trouxeram seus hábitos mais tarde, quando foram instaladas indústrias cafeeira, açucareira e tabacal. Por ser um aglomerado de ilhas, a culiná- ria é baseada em peixes e frutos do mar, tendo distinção no preparo entre as ilhas. Os ingre- dientes base da culinária são arroz, feijão, frutas tropicais, milho e coentro. A economia dos países da América cen- tral continental tem por base a agrope- cuária, com destaque para a produção de café, banana, açúcar, algodão, frutas tropicais e carne. O principal parceiro co- mercial são os Estados Unidos, recebem em média 50% das exportações desses países (ADAS, 2011 p. 254). Dentre as ilhas do Caribe, a culinária mais expressiva é a cubana, conhecida também como cozinha crioula, ela é baseada nas tradições dos colonizadores espanhóis, com influência dos escravo africanos, aborígenes da ilha e chineses, que migraram para trabalhar nas lavouras em 1942. Apesar de a cozinha cubana acolher tanta influência, [...] ela também tem suas preferências. Para começar, perce- be-se uma absoluta devoção à carne de porco, que vem sempre acompanhada de arroz, feijões e uma longa lista de pro- dutos “imprescindíveis”, sem os quais o porco, o arroz e os feijões perderiam a graça (MEDINA, 2006, p. 10). Os pratos da gastronomia cubana vêm sempre acompanhados de arroz branco, sempre muito nutritivos, tendo cozidos e ensopados como base. Uma das características é que não existe etapa na refeição, como nos jantares europeus na cozinha caribenha é sempre oferecido um prato farto e nutritivo. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l E, quando falamos de bebida, Caribe é referência no mundo na produção de rum, uma bebida fermentada à base de canas frescas trituradas e de seu melado. A Cozinha dos Estados Unidos A culinária dos EUA nunca poderia ser definida como única, sua civilização foi estabelecida pela fusão das distintas tribos nativas e os coloniza- dores de vários grupos sociais, políticos e religio- sos. Essas várias influências culturais criaram uma gastronomia não homogênea, sendo um conjunto de culinárias mundiais, influenciado pelos hábitos dos nativos americanos. Os três ingredientes principais, em todo o país, são milho, feijão e abóbora. Os principais imigrantes que influencia- ram a gastronomia estadunidense foram os italianos, que vieram, no início do século XIX, trazendo pratos como pastas, pizzas, ossobu- co e minestrone. Outro grupo imigrante forte são os trabalhadores chineses, que vieram para construção das ferrovias; eles, por opção ou obrigação, viviam em guetos americanos. Foi somente nas últimas décadas que alguns pratos e técnicas foram inclusos na mesa com sabores agridoce, salgado e picante. Não existe nenhum registro de pratos criados pelos imigrantes chi- neses, porém existem relatos de que o arroz Chop Suey é uma receita criada nos Estados Unidos, por um cozinheiro chinês que traba- lhava nas ferrovias. Mas, como falei no começo, a gastronomia estadunidense é regional e tem hábitos alimen- tares dos países de origem e condições geoclimá- ticas específicas de cada região dos EUA. Já os hábitos alimentares de cada região foram diferenciados conforme adaptações dos imigrantes, além das influências geoclimáticas de cada local. Os Estados Unidos são o país que tem a mais extensa superfície cultivada, com lavouras que ocupam aproximada- mente 21% do território (no Brasil as lavouras ocupavam apenas 9% da área total do país em 2006). Isso somado à porcentagem de áreas ocupadas pelas pastagens (21% do território), permite afirmar que as atividades agropecuárias ocupam quase a metade do território desse país (no Brasil, a agricultura e a pecuária ocupam juntas, 30% da área total) (ADAS, 2011, p 124). Quando falamos de carnes, as mais consumi- das são bovina, suína com cortes bem especí- ficos. Para assar, a principal técnica utilizada é o churrasco, usando a técnica dos nativos para tempero, com especiarias secas e líquidas. Fazer churrasco envolve usar um tempe- ro líquido ou seco, aplicado a um pedaço de carne antes que essa seja assada len- tamente sobre uma cova em que há um fogo aberto. No Sudoeste, utiliza-se so- bretudo o porco, mas as carnes de boi, de frango e de caça também são boas para isso. Os temperos líquidos e secos variam de casa para casa, de restau- rante para restaurante de pessoas para 33G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R pessoas, alguns exemplos de ingredien- tes para temperar a seco são: sal, açúcar, páprica, alho, pimenta do reino, cebola e ervas, enquanto os ingredientes para um tempero líquido poderiam incluir óleo, ervas, especiarias, vinagre, vinho, suco de frutas cítricas e purê de tomate (IAC, 2009, p. 63). A região nordeste foi colonizada por ingleses, escoceses e irlandeses, com inverno rigoroso e com áreas de plantio reduzidas, acabou desen- volvendo uma culinária robusta e simplistas. As técnicas mais utilizadas para conservação de carne é salga e defumação, um dos pratos típicos é corned beef, uma carne salgada e, posteriormente, fervida lentamente em vi- nagre. Mesmo com essas características, a diversidade de povos dessa região acabou criando várias pequenas cozinhas, como a nova iorquina ou amish. Indo, agora, para região Sul, temos um clima tropical com solo fértil, propício para agricultura abundante. Devido a condições históricas, colo- nização espanhola e coronelismo, a população é formada em grande parte pelos latinos,tendo como ingredientes primordiais chilles, milho, batata doce, amendoim, carne suína e de caça, além de peixes e frutos do mar. A regionalidade aqui também predomina nas técnicas. As cozinhas mais relevante são a Cajun, influenciada pelos imigrantes franceses, e a creoula, oriunda dos negros escravos da região, com pratos à base de arroz e de frutos do mar. No oeste, a última região a ser colonizada, onde os colonizadores utilizaram para cocção as lareiras, as refeições eram sempre robustas e somente um prato. Em linhas gerais, a gastronomia utiliza in- gredientes energéticos e a principal técnica utiliza- da é a defumação. Os principais pratos são queijos, liguiças e peixe defumado. Uma das cozinhas com maior destaque é a californiana, com produtos frescos e utilização de alimentos da época. Isso acaba não tradicionalizando nenhum prato, tudo é desenvolvido conforme a sazonalidade dos pro- dutos locais. Mas, mesmo sem tradição gastro- nômica, aquela região não permitiu a entrada da culinária europeia, provando seu espírito patriota. Outras regiões mais afastadas possuem suas regionalidades, como o Alaska, que, mesmo com seu inverno rigoroso, possui áreas cultiváveis, onde são plantados batata, repolho e frutas. A economia é basicamente vinda da indústria pesqueira e a criação de gado e de outros animais de corte acontece em pequena escala. Outra região bem singular é o arquipélago do Havaí, constituído por mais de 8 mil ilhas, foi colonizado por vários povos; os primeiros a chegarem, posteriormente, foram os ingleses, chineses, japoneses, coreanos, vietnamitas e tai- landeses. A principal técnicas de cocção é o stir- -fry, o cozimento no vapor, assado e grelhado. Atualmente, alguns hábitos europeus foram incorporados à gastronomia havaiana, devido à chegada dos chefes franceses para trabalharem em grandes hotéis e resorts da região. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a lA Cozinha dos Estados Unidos 35G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R F inalizando a gastronomia americana, precisamos falar da sua principal ex- portação cultural, os fast-foods, lojas de conveniência, snack bar, coquetéis, sorvetes, enlatados, que são criações tipica- mente americanas que dominaram o mundo, devido, principalmente, ao nosso estilo de vida, em que “tempo é dinheiro”, além do aprimo- ramento das técnicas de conservação dos ali- mentos, que proporcionou o surgimento dessa nova cultura alimentar. O que identifica a culinária Americana é a grande diversidade de origens. A mistura de ingredientes e modos de cozer indígenas, somados àqueles do fluxo constante de ex- ploradores, conquistadores e imigrantes, fez com que se desenvolvesse uma culinária que mostra as marcas de muitas culturas Fonte: CIA (2009, p. 59). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A Cozinha do Canadá A cozinha Canadense não é muito conhecida e difundida fora de sua região, por não conter muitos diferenciais gastronômicos. Entretanto o país é rico em agricultura, com muitas zonas rurais atrativas para Gourmets, onde encon- tram-se maravilhosos ingredientes, além de muitas especialidades da gastronomia regio- nal, como os alimentos próprios dos nativos locais, tais como a carne de alce, búfalo, veado, peixes, arroz selvagem e uma grande variedade de bagas. Na região de Quebec, a cozinha tem influên- cias francesas e é caracterizada como uma cozi- nha mais equilibrada e suave, que trabalha mais com ingredientes regionais, como porco, aves e caça, e, também, faz a introdução de legumes e hortaliças nas sopas, das quais as mais fa- mosas são as de cebola e couve. O prato mais típico é o tourtierre, pastel de batata e carne de caça como perdiz, veado e coelho, usualmente preparado com carne de porco. Quando vamos para Toronto, a cozinha já é mais temperada. O salmão faz parte da cultura nacional e seu preparo e consumo são muito usuais no país. Podem-se reconhecer no Canadá, três regiões agrícolas: a região dos Grandes Lagos, e do Vale do Rio São Lourenço, a região das planícies centrais e a região da Columbia Britânica. Na região dos gran- des lagos e do vale do rio são lourenço, a policultura (cereais, frutas, hortaliças e beterraba açucareira) e a pecuária in- tensiva (produção leiteira) abastecem o mercado interno (ADAS, 2011 p. 150). 37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R co ns id er aç õe s fi na is N esta unidade, entendemos um pouco mais sobre a concepção da cozinha internacional e o caminho percorrido em sua evolução, mostrando as diferentes transfomações marcadas por mudanças de identidades na forma de escolher e preparar os alimentos. Vivenciamos, com a chegada dos exploradores e imigrantes, a evolução comer- cial trazida pelas embarcações, depois, pelos chefs franceses, com a utilização de menos gordura, menos açúcar e mais sabor, e a exportação de chefs profis- sionais franceses por várias partes do mundo, até a cozinha contemporânea elaborada pelos chefs espanhóis e outros chefs ao redor do planeta. Aprofundamos um pouco mais nossos conhecimentos sobre os países que compõem as Américas do Sul, Central e do Norte, suas influências com a chegada dos colonizadores, exploradores e imigrantes, transformando o cotidiano dos povos nativos e incorporando suas formas de cultivo, preparo e consumo dos alimentos, adaptando-se à religião e à economia local. Citamos alguns ingredientes e bebidas produzidos e consumidos pelos povos que ali viviam, juntamente com as técnicas utilizadas para o cultivo e preparo desses alimentos. Com esse primeiro contato com os países que fazem parte do continente Americano, descobrimos que muitos de nossos hábitos e da maneira de en- xergar a gastronomia estão ligados a outros povos que nos cercam; para tudo existe um porquê em nossa alimentação, trazendo um entendimento mais criterioso no momento de desenvolvermos alguma preparação. Por trás de um simples prato preparado em um restaurante existe muita história envolvida. Agora, podemos iniciar a próxima unidade, na qual vamos falar dos principais países milenares que compõem o continente Asiático, como Japão, China, Tailândia e Índia, juntamente com o Oriente Médio, composto por Síria, Líbano e Egito. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l at iv id ad es d e es tu do 1. Cite quais são os países da América do Sul em que o milho é a prin- cipal fonte de alimentos. 2. O Caribe é composto por várias ilhas, fazendo com que o consumo de peixes e frutos do mar seja abundante, cite 4 ingredientes que fazem parte de sua alimentação. 3. Na região americana do Havaí, muitas técnicas de preparo dos ali- mentos foram trazidas pelos imigrantes que chegaram. Indique quais foram as técnicas trazidas pelos imigrantes. 39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R le it ur a co m pl em en ta r As especiarias e as novas rotas marítimas Depois da chegada dos europeus, a América passou a ser fonte de novos alimentos. Ao mesmo tempo, introduzia-se na Europa o gosto por sabores inteiramente novos e a possibilidade de uma dieta muito mais rica. Quando os conquistadores chegaram em território americano, certas culturas indígenas uti- lizavam técnicas agrícolas muito mais avançadas que da Europa. Por conseguinte, os ameríndios também se alimentavam de maneira muito mais variada que a maioria dos europeus. Além de haverem aperfeiçoado o cultivo de milho, os maias, os astecas e os incas cultivavam batata, várias espécies de feijão, abóboras e muitos outros produtos desconhecidos na Europa, tais como: tomate, amendoim, pimentão, cacau, baunilha, goiaba, abacate e abacaxi. Frei Bernardino de Sahagún, que esteve no México antes da consolidação da conquista, ficou impressionado com a variedade dos produtos à venda nos mercados. Elisabeth Lambert Ortiz comenta que os espanhóis, por causa da obsessão pelo ouro,não se deram conta, inicialmente, de que milho, batata, tomate, pimenta, pimentão, cacau, tabaco, abacate, amendoim, mandioca, feijão, abóbora, baunilha e batata doce consistiam em um verdadeiro tesouro. Havia na América extensos campos cultivados. Diego Colombo, irmão de Cristovão, conta ter andado cerca de trinta quilômetros numa plantação bem cuidada de milho, abóbora e feijão. Era cos- tume plantar diferentes tipos de abóbora com milho para impedir o crescimento de ervas daninhas! A humanidade deve muito de sua alimentação diária às conquistas da agricultura ameríndia, sobretudo se nos lembrarmos de que grande parte da carne, do leite, da manteiga e do queijo é obtida de animais alimentados com milho. Afirmou-se sempre que o milho zea mays é originário da America central. Em 1961, entretanto, escavações arqueológicas no Equador, em território ocupado pela cultura Valdívia de 4000 a 200 a. C., revelam a existência de cerâmica decorada com impressões de grão de milho. Os fragmentos dessa cerâmica datam de 2020 a.C. Fonte: Franco (2010, p. 117-118). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l m at er ia l c om pl em en ta r LAROUSSE DA COZINHA DO MUNDO AMÉRICAS Larousse do Brasil Sinopse: Com mais de 120 ilustrações e cerca de 200 receitas, esta obra apresenta a culinária e a cultura dos países sul-americanos (com destaque para o Brasil), Caribe, América Central, México, Estados Unidos e Canadá. Para cada país, ou conjunto de países, o leitor encontra receitas típicas, informações interessantes sobre a cultu- ra e a gastronomia, temperos e ingredientes mais usados. Além disso, para cada um, apresenta-se uma su- gestão de cardápio dividida em: entradas, molhos, pratos principais, sobremesas, pães e biscoitos e bebidas. As receitas, explicadas detalhadamente, trazem o tempo de cozimento e o rendimento. Para alguns pratos, há sugestão da melhor bebida para acompanhá-lo. No final das receitas, há dicas de como escolher acompanhamentos ou adaptar o prato, caso seja difícil encontrar algum ingrediente. Entre sabores, cores e aromas da Cozinha Asiática e do Oriente Médio. HUGO LEONARDO DE CASTRO ALVES A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Referência de gastronomia oriental: Cozinha da China e do Japão • Gastronomia das fragrâncias: Cozinha da Índia e Tailândia. • Gastronomia do Oriente médio: Cozinha da Líbia, Síria e Egito. • Compreender a milenar cozinha chinesa, como referência no continente Asiático, e a cozinha japonesa, com a sua sutileza e autenticidade. • Entender os aspectos característicos e históricos que influencia- ram as cozinhas da Índia e da Tailândia. • Explorar os aspectos da culinária do Oriente médio e as influên- cias da Líbia, Síria e Egito. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem IntroduçãoIntrodução Querido(a) aluno(a), nesta unidade, vamos conhecer melhor as características do continente Asiático, entendendo suas regionalidades, tipicidades e influências. Sabemos que o continente Asiático e a região do Oriente médio são muito vastos, por isso, vamos conhecer os principais países com cenário Gastronômico reconhecido. Sendo o maior continente do mundo, a Ásia foi berço de várias civilizações, vamos conhecer a milenar culinária chinesa, com seus ingredientes e técnicas próprias de preparo bem distintas dos nossos padrões ocidentais. Posteriormente, conheceremos a icônica culinária japonesa, com raiz bem autêntica e conceituada de uma forma bem distinta de todos os outros países que com- põem o continente. Ainda no leste Asiático, falaremos sobre a culinária da Tailândia, conhecida pelos seus sabores picante e agridoce; um dos grandes diferencias da cozinha do continente é a influência dos padrões ocidentais no preparo e hábitos alimentares. Indo agora para o oeste, em sentido ao Oriente Médio, falaremos da Índia, a rainha aro- mática, com influência religiosa significante e com hábitos alimentares bem representativos, como não uso de talheres. Continuando a nossa viagem para o oeste, conheceremos com maestria a culinária Árabe, composta, principalmente, pelo Líbano, Síria e Egito. É uma região com influência forte da religião na forma de se alimentar; por se tratar de países próximos, os ingredientes são muito parecidos, porém cada povo traz características autênticas em seus pratos. Em linhas gerais, esta unidade será nosso primeiro estudo gastronômico falando de outro continente. É importante, caro(a) aluno(a), que entenda que nosso foco é conhecer os ingredien- tes típicos de cada civilização, apresentar suas técnicas de preparo e as identidades culinárias que cada civilização apresenta. 43 C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l 45G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Caríssimo(a) aluno(a), é evidente que o continente asiático é um dos mais importantes para a gastronomia internacional, pois, além de ter características bem equilibradas, é rico em técnicas e sabores exóticos. É, também, autêntico na sutileza de seus pratos e, ao mesmo tempo, imponente nos temperos e sabores que aparecem na composição dos alimentos. Vamos juntos descobrir essa região que fascina os profissionais e amantes da gastronomia. Referência de Gastronomia Oriental: Cozinha da China e do Japão C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A Cozinha da China Os primeiros registros gastronômicos que mostravam a culinária da China são datados há mais de 4 mil anos, são manuscritos feitos por poetas e escritores chineses. Mas os prin- cipais registros vieram de um nobre, Confúcio, nascido por volta de 540 a.C. Apreciador da culinária, formou e estabeleceu inúme- ras formas de preparação e apresentação de pratos, baseado em seu conhecimento no re- quinte e na sofisticação. Surgiram na mesma época os discípulos de Lao-Tsé, da religião Taoista, que tinham como doutrina a simpli- cidade e o retorno à natureza. A China, apesar de ter mais de um bilhão de habitantes, tem somente 10% do seu território cultivado. A pecuária também é complicada, por não obter em sua geografia muitas áreas livres para pastos. Sua magnitute geográfica permite várias regiões distintas com monta- nhas, planícies altas, desertos, regiões costeiras, regiões com clima gélido e outras tropicais, além das intervenções urbanas, que criaram espaços completamente urbanizados. Assim como em outras civilizações, a histó- ria e as disponibilidades locais influenciaram a gastronomia chinesa, criando costumes distin- tos, resultando em cozinhas regionais diferentes e com sua identidade técnica de cocção. Historicamente, até o século XVI, a China era o país mais rico do mundo. Não havia civilização mais esplendora que ela, tão rica que chamou a atenção do economista escocês Adam Smith, que, no livro Riqueza das Nações, de 1776, faz inúmeras referências a esse país. Mas, no século XIX, devido às ocupações inglesas, alemãs e russas, mergulhou em profunda decadência. Os anos de Guerra levaram o país a um grande ra- cionamento de alimentos e, devido à densidade populacional, o povo chinês teve que aproveitar todos os recursos naturais disponíveis na época, resultando em técnicas e ingredientes diferen- tes e estranhos, como carne de gato, cachor- ro, cobra, macaco, órgãos internos de peixes, porcos, fungos de madeira, flores comestíveis ou ninhos de pássaros para caldos. Outro grande fato que influencia fortemente os chineses é a religião. O taoismo, religião predo- minante na China, acredita que a harmonia deve estar em todos os aspectos da vida, sendo repre- sentada pelas duas forças, Yin e Yang. Esse concei- to implica na alimentação. Dentro dessa filosofia, o Yin significa o negativo e passivo, refrescante, frio e leve; Yang, o oposto, positivo e dinâmico, forte, quente e pesado. Isso traz a importância para os chineses de sua alimentação ser harmo- niosa, vivendo uma vida saudável ebalanceada. 47G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Segundo Pham: Sob muitos aspectos, a Ásia é a terra dos aperitivos e das entradas. Da China e do japão até a Índia, o Vietnã, a Tailândia e Malásia, esse é realmente o paraíso da “comida de rua”, termo que descreve a comida tipicamente preparada e degustada no caminho, em tigelas e pratos pequenos, e lanches servidos em espetos ou folha de bananeira. Esses pratos, sempre muito saborosos, são feitos em porções pequenas, para viagem; e são ótimos aperitivos. Isso não quer dizer que o fast-food ocidental pode ser comparado com a comida de rua asiática, pois a comida de rua oriental ocupa seu lugar de autêntica e única cozinha, com produtos frescos e feitos com habilidades únicas e por famílias passando de geração para geração, tendo sua exis- tência muito antes dos primeiros restaurantes ocidentais (SABORES DO ORIENTE, 2011 p. 16). De uma forma geral, as crenças e filosofias mile- nares criaram uma cozinha chinesa com sabores entre azedo, salgado, amargo e doce, utilizando várias técnicas de cocção que fazem com que sabores e texturas se complementem de forma harmoniosa e saudável. A mais famosa das técnicas de cocção usada pelos chineses é o stir-fry que necessita de uma panela wok e tem 2 tipos diferentes de técnicas: chao e bao. A técnica chao é muito parecida com o nosso salteado, é colocada em uma wok uma pequena quantidade de óleo frio e, em seguida, são co- locados temperos secos, como alho e gengibre; as carnes são colocadas e agitadas para serem seladas, na sequência, entra os vegetais, que também são agitados e, finalmente, os líqui- dos, isso tudo sempre em altas temperaturas, mantendo, assim, as características próprias dos alimentos. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Na outra técnica, bao, a wok é muito aquecida, normalmente, utiliza-se o óleo de amendoim, que tem seu ponto de saturação mais alto, e, a partir disso, adiciona-se em uma sequência rápida temperos, carnes e vegetais, pois são cortados em tamanhos menores para que cozi- nhem rápida e uniformemente. Outra técnica bastante usada pelos chi- neses é a hung-shu ou cozimento vermelho. Basicamente, cozinha-se uma quantidade grande de carne em molho de soja e água, dando sabor e cor avermelhada às carnes. As diversas técnicas que você aprender em Técnicas clássicas de cocção, na di- ciplina Habilidades de Cozinha, servirão como base e referência para estudar outras técnicas e pratos. Fonte: o autor. Na região conhecida como Cantão, é muito utilizada a técnica de laqueamento, em que, no processo de cocção, a carne é embebida várias vezes com uma mistura muito doce, composta por mel e açúcar, molho de soja ou óleo, dando a ela um aspecto brilhante e crocante. Um dos pratos mais famosos da gastronomia chinesa que utiliza essa técnica é o pato de Pequim. Outra técnica chinesa muito utilizada mun- dialmente é a fritura por imersão, com alimentos empanados com amido de milho e claras de ovos. Essa mistura é muito utilizada nessa técnica, porque bloqueia a água dos alimentos, o que faz com que se tornem macios e saborosos, além de uma maior absorção dos caldos e molhos. Por fim, outra técnica muito utilizada é o cozimento a vapor, principalmente para legu- mes, pois mantém seus nutrientes e sabores característicos. Segundo o pensamento taoísta, viver de acordo com o ciclo das estações é indis- pensável para estar em harmonia com as forças que regem o universo, gozar de saúde e alcançar a longevidade. Isso im- plica comer o que o ciclo sazonal oferece, norma enfatizada por algumas cozinhas orientais (FRANCO, 2010, p. 130). Podemos dividir a gastronomia chinesa em quatro grandes grupos no país, devido aos es- tilos diferente de cozinha: 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Cantão (Sul) Com clima subtropical e cidades importantes, como Macau e Hong Kong, essa região tem mais recursos naturais que qualquer outra região da China. Na agricultura, há predomínio de frutas, legumes, pimentas, batata-doce e arroz, com plantio mais produtivo do mundo, com até 3 colheitas por ano. Por ser uma região com costa marítima de mais de 1000 km de extensão, possui uma grande variedade de frutos do mar, como: camarão, lula, lagosta, berbigão, caramujo e siri, e, em terra, cria animais como marreco, porco, pato. Sua culinária se difere das outras pela pouca utilização de temperos. Usa-se, normalmente, molho de soja, alho, molho de ostra e de ameixa, as técnicas mais utilizadas são o cozimento em vapor, grelhados e stir-fry, pois preferem manter o sabor natural dos alimentos. Um prato típico da região conhecido no ocidente é a carne suína com molho agridoce. Além do tradicional arroz, o Cantão utiliza em sua cozinha os ingrediente tropicais, como: cana de açúcar, abacaxi, lichias, brócolis, cogu- melos e feijões. Pequim (Norte) Com um clima relativamente frio e árido e solo seco, a capital chinesa sempre foi sede da corte imperial, por isso, sua culinária ficou conhecida como criativa e sofisticada. Dentre os ingre- dientes típicos, podemos encontrar trigo, soja, acelga, alho, cebolinha, molho de soja escuro, couve-chinesa, maçã, peras e uvas. C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Por proximidade com a Mongólia, a região foi muito influenciada por seus costumes, como o consumo de carne de carneiro, aves, ovelhas e cabras. Devido aos costumes mongol, a região não consome carne suína. Os dois pratos mais emblemáticos da região são o pato de Pequim e o Huo Guo. Como no fondue, os alimentos são cozidos em caldos quentes, sopas ou óleo por imersão, sendo segurados por um palito. Xangai (Costa Leste) Região com os maiores portos do mundo, pesca e agricultura são abundantes, além das várias ri- quezas naturais, como lagos e rios, que também favorecem a região. Os principais ingredientes utilizados na culinária são arroz, frutas, brotos, verduras e legumes, peixes e fruto do mar. Sua culinária tem como principal concei- to manter o sabor natural dos alimentos com pouco tempero, molhos leves e a preferência sempre foi por comida adocicada, os pratos re- gionais são aromatizados, como molho de soja, açúcar e gengibre, e os pratos doces são à base de gema, açúcar e frutas. As técnicas de cocção mais utilizadas nessa região são stir-frying, cozimento vermelho em baixa temperatura, cozimento por vapor e cozimento no saquê, esse último originou os típicos pratos bêbados, muito característicos dessa região, além da cura de carnes e conserva de legumes e tubérculos. Sichuan (Oeste) O interior da China é muito conhecido por conter em suas características pratos muito temperados, oleosos e agridoce, possivelmente pela influência da Índia e do Paquistão nos hábitos. A criação de animais, como gado bovino e suíno, também aparece em alta nessa região, a agricultura não varia muito das outras regiões, composta por trigo, batata-doce, soja, açúcar e chá. O destaque da culinária é o uso de óleo de gergelim e da pimenta que aparece de várias formas: assada com sal, em pasta, moída, fresca ou em infusão em óleo. A técnica de conservação mais utilizada é a desidratação e os principais alimentos conser- vados são frutas, cogumelos e carne. As técnicas de preparo dos alimentos que predominam em Sichuan são o cozimento a vapor e o stir-fry. Apesar das singularidades de cada região, é possível encontrar pontos comuns nas cozinhas, como a estética de pratos, o grande consumo de arroz e macarrão, a importância dos legumes e o processo rápido de preparações. 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Bem diferente do hábito visto no continente americano, os chineses possuem costumes muito peculiares baseados em tradições e em sua religião. Um exemplo bem interessante é que, para os chineses, não existe prato principal, todosos pratos preparados são entregues ao mesmo tempo, pois para eles todos os alimentos têm a mesma importância, o uso de palitos como talheres e como utensílio no preparo dos alimentos, o arroz é o ingrediente que deve conter em todas as refeições feitas pelo chineses, é a sua base na alimentação, seu preparo varia no cozimento a vapor ou fervido. Os pratos são, em sua grande maioria, bem elaborados e decorados. O arroz marca a forma de comer em grande parte do país, inclusive em zonas onde parecia impossível encontrar um palmo de terra plano. Na maior parte da China, o arroz aparece na mesa no início da refeição, em terrinas individuais, fazendo a vez do pão: serve para acompanhar todos os pratos. Sua produção e consumo são menores no norte, onde é substituído por pãezinhos cozidos a vapor e por finas tortas de trigo, que se consomem também na parte central do país. Fonte: Medina (2006, p. 11). C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l A cozinha do Japão Japão é um dos principais países da Ásia, com- posto por um arquipélago que, no total, chega a, aproximadamente, mais de três mil ilhas. Quatro dessas ilhas são as maiores e mais im- portantes. Seu clima é bastante chuvoso no verão, essencial para o plantio do ingrediente primordial, o arroz, e, devido ao seu tamanho, não possui grandes áreas para criação agrícola ou de pastagens, sendo os principais alimentos japoneses retirados do oceano. Tradição e modernidade a serviço de uma cozinha espetacular, refinada como poucas, sutil, de baixas calorias... todos os adjetivos parecem insuficientes quando aplicados à cozinha que seduziu o mundo ocidental. Tão tradicional e, ao mesmo tempo, tão moderna. Grandes partes das preparações revelam uma trajetória secular, apesar de ter sido convertida, na modernidade, na fonte inspiradora da gastronomia atual. A estética minimalista, a pureza dos sabores, os pontos de cozimento – por vezes, ine- xistentes – os contrastes de paladares que pontuam as combinações de especiarias e a depuração da técnica que envolve suas frituras tornaram-se referência obrigatória de um movimento que começou por inundar o mundo ocidental de restaurantes japoneses e prosseguiu com o surgimento de uma corrente que funde duas cozinhas, unindo sabores da culinária local às da japonesa num mesmo prato. Uma cozinha que nasce da união dos opostos, o yig e o yang, o cru e o cozido, o simples e o sofisticado... E, todavia, uma cozinha que está ao alcance de quase todos. É só questão de praticar e liberar a criatividade. (MEDINA 2006, p. 60). Há relatos de que os primeiros moradores das ilhas japonesas foram os chineses vindos do continente, e a religião predominante é o bu- dismo, que veio em meados do século VIII e se espalhou facilmente. Uma das singularidades da religião que influencia é proibir o consumo de animais de 4 patas. As influências chinesas também trouxeram os grãos, trigo e cevada, o arroz cozido no vapor ou em água sem sal. Uma preparação na qual todos pensam quando falamos em culinária ja- ponesa é o sushi, porém o que todos não sabem é que o sushi foi um método de conservação criado pelos chineses para que o peixe ficasse conservado por mais tempo, pois o arroz o con- servava, liberando ácidos próprios. É comum pensarmos, também, na farinha de trigo para fazer macarrão e no saquê, muito utilizado. 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R C o z i n h a I n t e r n a c i o n a l Porém nem só de influências orientais foi for- mada a cultura alimentar dos japoneses. A vinda dos portugueses também trouxe a fritura que, por sua vez, deu origem ao tempurá; sua forma de preparo é basicamente uma mistura de fa- rinha de trigo e água, produzindo uma massa grossa, em que os ingredientes são submersos e, depois, fritos em gordura quente até dourar. Com a expulsão dos portugueses e estrangei- ros, as fronteiras japonesas foram fechadas e o comércio interno se desenvolveu com os produ- tos e produtores locais, com isso, alguns pratos que hoje são conhecidos apareceram naquela época, como sushi, que nada mais era do que uma forma de conservação do peixe para faci- litar o seu transporte envolto em arroz e algas, e obentô (marmitas). Após um longo período fechado para o mundo é que o Japão resolveu se modernizar em tudo e o consumo de carne começou a aparecer, porém foi após a segunda guerra mundial que laticínios, pão, especiarias, café, vinho, cerveja, embutidos e os famosos restaurantes fast-foods apareceram para fazer parte do dia a dia dos japoneses. Mesmo com a evolução da tecnologia, os japoneses não deixaram de valorizar sua co- zinha tradicional e de serem reconhecidos in- ternacionalmente por terem uma cozinha de característica única, diferente do resto da Ásia, com algumas influências do resto do mundo. Podemos definir as características da cozinha japonesa típica de várias formas, como a cozinha da alimentação simples, em que não existe hábito de misturar sabores ou ingredientes; comida ra- cionada e básica com arroz, peixe e legumes; uma comida natural com ênfase no próprio sabor dos alimentos, sem temperos ou cocção, em muitos casos, o peixe cru, em alguns casos, marinados suavemente em vinagre e sal; legumes crocantes cozidos apenas no vapor rapidamente, resultando em uma alimentação leve e saudável. A apresentação dos pratos também é levada em conta pelos japoneses, as porções em quan- tidades pequenas, servidas em louças adequadas a cada preparação, sem esquecer do ambiente relaxado com uma atmosfera leve. Certa vez, ouvi um cozinheiro japonês expe- riente dizer que um alimento tem 48 horas para ser consumido a partir do momento que ele é retirado do seu ambiente natural. Isso quer dizer que a filosofia japonesa de alimentos frescos vai muito além de produtos recém colhidos. Os produtos sazonais são muito utilizados no país, traduzindo uma alimentação de alta qualidade e uma das expectativas de vida mais altas do mundo. As carnes mais consumidas são a carne de porco, a carne bovina de altíssima qualida- de com a raça Kobe e as aves, principalmente o frango, com o título de maior consumidor do mundo; normalmente, as carnes são pouco cozidas e acompanhadas de legumes no vapor. 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Nesse momento, destacaremos algumas das principais técnicas de preparo dos alimentos. • Horokuyaki: é baseada na cocção ao vapor, em que se é colocada uma camada de sal em um recipiente cha- mado (horoku), que é pré-aquecido, em seguida, colocam-se os alimentos sobre esse sal, o recipiente é tampado e volta para o fogo onde o alimento é cozido pelo vapor criado. • Nimono: consiste em ferver o alimento em um líquido ou sopa temperado. • Sukiaki: tem a opção de ser fervido em líquido temperado ou grelhado à mesa. • Teriyaki: sua tradução significa grelhado brilhante, é composto de uma marina- da de shoyu, saquê e açúcar, o alimento é grelhado normalmente e pincelado ou regado com a marinada para dar acabamento. Podemos citar os alimentos mais importantes dessa culinária, tais como: arroz, molho de soja, pasta de soja, vinagre de arroz, saquê, caldo de peixe, raiz forte e gengibre. As algas kombu e nori são muito utilizadas, principalmente a nori, nos sushis, são cultivadas dentro do mar; a kombu é muito utilizada em caldos e arroz. Uma refeição do dia a dia japonês, ao contrá- rio do que todos pensam, não consiste em sushis e sashimis, e sim do tradicional arroz, da sopa e de uma proteína, em sua grande maioria, o peixe. Além disso, a refeição japonesa acompanha vegetais cozidos e em conserva e saquê. Ao final da refeição, a sopa e o arroz são servidos, antes da sobremesa, normalmente composta de frutas e doces simples, e o chá, preparações que não podem faltar na alimentação diária dos japoneses. C o z i n h a I n t e r n a c i o
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