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Aluna: Tainar Vieira dos Santos Barros
TICs
A doença falciforme é hereditária e se caracteriza pela mudança na estrutura dos glóbulos vermelhos, que assumem formato semelhante ao de uma foice ou meia lua. Assim, há dificuldade no transporte de oxigênio entre as células e até obstrução nos vasos sanguíneos. O fenômeno provoca anemia e outros sintomas que vão desde dores nos ossos e nas articulações até infecções e atraso no desenvolvimento.
A doença falciforme apresenta diversos sintomas clínicos, que se dividem em agudos e crônicos. A gravidade da doença está relacionada com a maior proporção de Hb S. Assim, os portadores da Hb SC têm doença menos severa que os portadores da Hb SS. Os sintomas agudos são causados, principalmente, pela obstrução dos vasos sanguíneos pelas hemácias em forma de foice e pela hipóxia dos tecidos, provocada pela perfusão anormal do sangue. As hemácias falciformes tornam o sangue mais viscoso, pois elas perdem a capacidade de deformação própria da forma bicôncava. Entre os sintomas agudos mais comuns estão as crises de dor, que podem ocorrer, sobretudo, na região abdominal, nos pulmões, nas articulações e nos ossos, devido à isquemia em seus tecidos. O baço é um dos órgãos mais afetados pela obstrução dos vasos sanguíneos, com a consequente perda de sua função durante os primeiros anos da infância. Uma vez que esse órgão é essencial no combate a infecções quando o organismo ainda não formou anticorpos, a resposta imunológica fica comprometida, tornando o indivíduo mais susceptível a infecções.
A Doença Falciforme (DF) originou-se na África, estendeu-se para a Península Arábica, sul da Itália, Índia e foi trazida às Américas pela imigração forçada de cerca de 3-4 milhões de africanos vindos como escravos. Considerada a patologia genética de maior prevalência mundial, a anemia falciforme possui uma frequência de 25 a 40% em países africanos. A população brasileira apresenta uma composição de mistura de três grupos genéticos, ameríndios, europeus e africanos, sendo estes últimos um conjunto de diversos grupos étnicos. Este grupo veio para o Brasil na condição de escravos, sendo que em várias regiões do país formaram quilombos, comunidades de fugidos. No campo da saúde pública a ênfase na anemia falciforme como doença étnico-racial apoia-se em três aspectos relacionados a essa patologia que caracterizariam uma maior suscetibilidade da população negra e parda: origem geográfica, etiologia genética e estatísticas de prevalência1-5.
O gene da hemoglobina S é de alta frequência em toda a América e no Brasil, país este no qual é mais frequente nas regiões sudeste e nordeste. Na África Equatorial 40% da população é portadora e a doença falciforme atinge uma prevalência de 2 a 3% da população. No Brasil, a anemia falciforme acomete de 0,1 a 0,3% da população negra, com tendência a atingir parcela cada vez mais significativa da população, devido ao alto grau de miscigenação em nosso país. De fato, estudos populacionais têm demonstrado a crescente presença de hemoglobina S em indivíduos caucasoides3.
Referência
SOARES, Leonardo Ferreira Soares; LIMA, Eleonidas Moura; SILVA, José Alexsandro da; FERNANDES, Suenia Soares; SILVA, Keyla Malba da Costa; LINS, Sarah Pereira; DAMACESNO, Bolivar Ponciano Goulart de Lima; VERDE, Roseane Mara Cardoso Lima; GOLÇALVES, Marilda de Souza. Prevalência de hemoglobinopatias variantes em comunidades quilombolas no estado do Piaui. ciênc. saúde colet. 22 (11) Nov 2017 •