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FETOS NATIMORTOS
CASO CLÍNICO I
Revisão de Literatura
Gestação
Período gestacional: 63d em média
Pode haver prolongamento ou encurtamento desse período
A proximidade do parto é sinalizada
CASO CLÍNICO I
A ultrassonografia gestacional possui grande utilidade durante a rotina clínica
-confirmar gestação
- acompanhar desenvolvimeto embrionário
- detectar malformações
-avaliar a viabilidade fetal
É um exame preciso e inofensivo
a ultrassonografia gestacional possui grande utilidade durante a rotina clínica: Suas indicações vão desde permitir a confirmação da uma gestação precoce, como também por acompanhar o desenvolvimento embrionário, a detecção precoce de possíveis malformações, avaliação da viabilidade fetal, entre outras. No terço final da gestação, o exame é indicado para acompanhamento dos fetos na análise das variações da frequência cardíaca fetal (FCF) juntamente com o IR da artéria umbilical, e na detecção precoce de possíveis sofrimentos fetais para constatar o momento mais próximo do parto (Giannico et al., 2015; Gil et al., 2014). Dessa forma garantindo os cuidados tanto aa mãe quanto ao filhote. Além de ser o método diagnóstico preciso, ele também é inofensivo tanto para a mãe quanto para o feto.  A gestação pode ser identificada com o auxílio do exame ultrassonográfico por volta dos 15 dias de prenhez. Sendo possível notar uma pequena formação dos filhotes em torno de 1 mês depois. Aos 45 dias de gestação é notório a calcificação dos ossos (sendo possível ver durante o ultrassom, a presença de sombra acústica). É possível também realizar a sexagem dos filhotes, mas isso somente quando estiver muito próximo da data de nascimento, estimada mais ou menos por volta dos 55 dias de gestação
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CASO CLÍNICO I
É de alta precisão na avaliação do sofrimento fetal
A taxa de mortalidade pode atingir entre 20 e 30% 
Maior parte das mortes são no período perinatal
-variáveis da ninhada
- cadelas com mais de 6 anos
- primeira ninhada
- higiene precária
O exame ultrassonográfico também é capaz de identificar sinais de sofrimento fetal, sendo considerado um procedimento de alta precisão durante a avaliação gestacional. A ferramenta que indica sofrimento fetal é a medição da FCF (frequência cardíaca fetal). Ela é considerada normal quando está acima de 200 bpm (batimentos por minuto) e mantém uma constante aceleração e desaceleração desse valor. Um valor de FCF normalmente encontrado mede em torno de 220- 240 bpm, o que é de duas a três vezes maior que a FMF (frequência materna fetal) e isso indica uma situação esperada. No entanto, ao se encontrar um FCF onde a medida é entre 180- 199 bpm durante um período maior que três minutos, tem-se isso considerado um quadro de sofrimento fetal. 
 Uma outra forma de se observar o sofrimento fetal é através de uma análise dos fluídos fetais, onde o aumento da ecogenicidade pode indicar hemorragia ou passagem de mecônio. Com relação ao volume, sabendo-se que à medida que avança a gestação, o normal é que se reduza a quantidade de fluidos ao redor do feto
-De acordo com Tonnessen (2012), os riscos que envolvem as mortes perinatais têm mais correlação com as variáveis da ninhada do que à raça ou ao porte racial, além de ser mais frequente na primeira ninhada e três vezes maior quando a cadela tem o primeiro parto com mais de 6 anos de idade. Ambiente inadequado, fatores estressantes e doenças na cadela são também fatores de risco para a mortalidade fetal e neonatal, pois favorecerem a ocorrência de hipotermia, hipertermia, hipoglicemia, traumas, distocia, agalactia, abandono da ninhada pela mãe, canibalismo e infecções (Dumon, 2005; Peterson, 2011). Não esquecendo da higiene precária que também é um importante fator, por ser predisponente a inúmeras doenças infecciosas.
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Caso clínico 1
Atendimento: 05/09/2022
Canídeo, Shihtzu, fêmea, 4 anos e 10 meses e com 4,45kg de massa corporal. 
Queixa: animal iniciou trabalho de parto mas depois de algumas horas não expeliu os fetos 
Histórico: 
Cópula por volta do dia 17/07
Cruzou com macho da mesma espécie e tamanho 
Vacinação e vermifugação em dia
Sem vômito ou diarreia
Diminuição do apetite a uns 15 dias antes
Não tinha acesso a rua
CASO CLÍNICO 1 – FETOS NATIMORTOS
Caso clínico 1
Alerta
Mucosas hipocoradas
Linfondos não reativos
Exames solicitados:
Hemograma
Bioquímico
Ultrassonografia
Exame físico
Caso clínico 1
Ultrassonografia: confirmou-se prenhez 
2 fetos viáveis
(FCF=235bpm)
2 fetos não viáveis
ausência de batimentos
Sem vascularização ao Doppler colorido
Resultados e discussão
No laudo ultrassonográfico confirmou-se a prenhez, no entanto, era possível ver pelo menos 2 fetos viáveis no momento do exame e pelo menos mais 2 fetos não viáveis. Os viáveis apresentaram presença de movimentação fetal ativa, atividade cardíaca evidente e frequência cardíaca oscilando em torno de 235 bpm(Figura 18). Os dois fetos inviáveis no momento do exame se apresentavam sem vascularização ao Doppler colorido, além da ausência de batimentos cardíacos.
- No exame ultrassonográfico foi observado que o corno uterino direito havia pelo menos dois fetos mortos (Figura 19). No corno esquerdo observou-se a presença de dois fetos vivos apresentando bom desenvolvimento, sinais vitais, anexos fetais, bem como a quantidade de líquido amniótico adequados para a fase gestacional. Os achados não caracterizavam sofrimento fetal e indicavam o desenvolvimento adequado dos fetos vivos. Adequada quantidade de líquido intrauterino no momento do exame e apresentando aspecto anecóico, sem indícios de hemorragia ou infecção associada.
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Caso clínico 1
Nos fetos vivos também foi possível visualizar a diferenciação entre cabeça e corpo, individualização de câmaras cardíacas, estômago e bexiga puntiforme, esqueleto com mineralização e diferenciação entre pulmão hiperecóico x fígado hipoecóico(Figura 20).
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Caso clínico 1
Medida cranial fetal: 1,86cm
Idade gestacional estimada: 46 a 50 dias
As medidas craniais fetais foram mensuradas em uma média de 1,86 cm de diâmetro(Figura 21). De acordo com a organogênese fetal, a idade gestacional foi estimada entre 46 e 50 dias.
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Caso clínico 1
Exames laboratoriais:
Caso clínico 1
Maior parte das mortes gestacionais ocorrem no período perinatal
Diversas causas podem estar envolvidas:	
Variáveis da ninhada, idade, primipariedade
Não infecciosas: hipóxia, distocia, trauma, avulsão do cordão umbilical, drogas que podem gerar toxicidade
 Infecciosas: bacteriana, virais, protozoais e helmínticas
O exames laboratoriais indicaram forte positivo para Erliquiose.
-Dentre as causas não-infecciosas de mortalidade fetal e neonatal canina tem-se hipóxia, distocia, traumas, avulsão do cordão umbilical e evisceração durante o parto, canibalismo ou lacerações e agalactia. O uso de medicamentos durante o período gestacional também pode influenciar na morte embrionária, fetal ou até mesmo má formações. De acordo com Dumon(2005), as drogas relacionadas à toxicidade na gestação da cadela incluem griseofulvina e outros antifúngicos, progestágenos, corticoides, antibióticos(dihidrostreptomicina, terramicina, tetraciclina, gentamicina), carbaril, diacinon bromocriptina, carbaril, dexametasona, estradiol e prostaglandinas. 
-ja as causas infecciosas também podem comprometer a gestação e levar a morte fetal/neonatal, sem a infecção direta do filhote ou da placenta (Johnson et al., 1987). A cadela pode até não apresentar alterações clínicas nem hematológicas sendo assim, o aborto e/ou mortalidade perinatal podem ser o único sinal clínico relatado. Muitas vezes a fonte de infecção fetal e neonatal é a própria mãe, sendo sua cavidade oral, fezes, secreção vaginal e leite a fonte de contaminação (Schäfer-Somi et al., 2003; Münnich e Lübke-Becker, 2004)., podendo essas fontes de infecção ser do tipo bacteriana, virais, protozoais e helmínticas. 
Identificar as causas da mortalidade de filhotes no período pré e pós-natal é algo difícil pois podem estar relacionados com vários fatores: relativosà cadela (agalactia ou trauma), processos do parto (distocias), inerentes ao neonato (baixo peso ao nascer e as malformações congênitas), ao ambiente e aos agentes infecciosos (MÜNNICH, 2014). Mas de acordo com MÜNNICH e LUBKE-BECKER, 2004, observou-se que uma das maiores causa de mortalidade fetal e neonatal pode estar relacionado a doenças secundárias originárias por doenças infecciosas, sendo as infecções bacterianas indicadas como a segunda causa mais importante de morte neonatal. 
Os resultados dos exames laboratoriais da paciente apresentaram indicativo de Erliquiose. Na literatura não se encontra informações a cerca da correlação entre morte fetal, aborto com a infecção por Ehrlichia canis. No entanto, segundo o estudo de FREIRE, 2016, onde se foram observados animais gestantes acometidos por infecções bacterianas, os grupos de animais infectados com E. canis apresentaram problemas reprodutivos. No hemograma, da paciente observou-se que ela apresentava anemia e trombocitopenia, condizendo com informações já descritas acerca de animais infectados por E. canis. Portanto, a morte fetal decorrente de doenças infecciosas parece ser algo provável nesse caso. A identificação da etiologia da morte fetal ou neonatal é de difícil elucidação uma vez que precisaria realizar necropsia para se ter respostas concretas. 
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Caso clínico 1
Conclusão:
O exame de ultrassonografia tem grande importância no acompanhamento gestacional.
Prolongamento do parto pode ser provocado por diversos fatores, mas no relato foi possível associar o caso em decorrência da mãe está com uma infecção bacteriana (Erliquiose).
Pode-se concluir que o exame de ultrassonografia além de ser um método diagnóstico bastante seguro, tem grande importância no acompanhamento gestacional dos animais de companhia por ser um método que permite rapidez no diagnóstico de gestação, ser um exame não invasivo trazendo menos estresse possível para mãe e fetos, traz um cálculo preciso da previsão do período do parto e acompanhamento da saúde dos filhotes
E nos casos de morte fetal, o exame traz direcionamento na avaliação das condições internas do paciente, de útero à viabilidade dos outros fetos, caso haja. 
O prolongamento do parto pode ter sido causado pela paciente estar infectada com erliquiose, mas mais estudos são necessários na área para poder se afirmar com certeza. 
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