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KELLY CRISTINA DE ALMEIDA RA:8117393 Metodologia da Pesquisa Cientifica OS DESAFIOS DO ENSINO DA HISTÓRIA E GEOGRAFIA NA ATUALIDADE Tutor: Prof. Elza Silva Cardoso Soffiatti Claretiano - Centro Universitário PRIMAVERA-SP 2020 Resumo: No presente artigo, a formação do professor, especialmente de geografia e história, é trabalhada utilizando a importância da entrevista como uma técnica de coleta de dados, bem como pesquisas bibliográficas, com levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, artigos científicos e páginas de web sites para a captação de dados subjetivos. São diversos os tipos de entrevistas, diante disso, explicitamos a entrevista não estruturada e nela discutimos a respeito da dificuldade encontrada no Ensino da História e Geografia, (Ens. Fundamental I e II), fazendo referência a formação do professor , sua área de atuação, carga horária de suas disciplinas, verificando se a estrutura da escola oferece suporte para que o mesmo possa desenvolver seu trabalho, quais dificuldades encontradas no ensino em sala de aula, qual apoio técnico o professor tem para a aplicação do bom trabalho em sala de aula, qual relação tem o conteúdo relacionado ao cotidiano, e a satisfação do professor quanto a sua remuneração . Palavras Chave: pesquisa bibliográficas, levantamento de referências, artigos científicos, entrevista não estruturada, professor. INTRODUÇAO Segundo a pesquisa realizada a educação e o processo ensino-aprendizagem eram colocados como uma orientação de concepção tradicional de educação, o professor utilizava a exposição oral pois era a maneira pela qual conseguia transmitir mais conhecimentos em menos tempo. Isto prevaleceu durante muito tempo de forma inquestionável, no decorrer dos tempos com as mudanças principalmente no campo social e econômico, vários estudos foram feitos por educadores, psicólogos, sociólogos e surgiram outras maneiras de se conceber a educação, o ensino e a aprendizagem. Atualmente são várias as concepções educacionais que orientam o processo de ensino e aprendizagem, possibilitando ao professor fazer escolhas tomando decisões, propondo mudanças e transformações em todos os setores das atividades humanas tornaram a sociedade mais complexa e alteraram significativamente o papel da escola, do professor e do aluno. Neste sentido, a escola tem como papel se constituir em espaço que “[...] respeite a criança tal qual é, e ofereça condições para que possa desenvolver-se em seu processo de vir a ser uma escola que ofereça condições que possibilitem a autonomia do aluno.” (MIZUKAMI, 1986). Dentre os vários desafios propostos ao professor, um deles é possibilitar aos estudantes compreender que os conteúdos escolares que são por eles estudados, também são resultado do trabalho humano, que faz parte da construção da trajetória da humanidade. (MIZUKAMY, 1986), ao apresentar a abordagem cognitivista, fundamentada em Piaget, no que se refere ao professor coloca que, caberá a este “criar as situações, propiciando condições onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional.” E acrescenta que compete ao professor evitar as rotinas, a fixação de respostas, hábitos, mas propor problemas que provoquem desafios e desiquilíbrios nos alunos, sem ensinar-lhe as soluções. A iniciativa sobre o que estudar, quando e como estudar é do aluno, o professor-facilitador é procurado pelo aluno quando este apresenta dúvidas sobre o que se propõe a estudar e aprender, a autenticidade e congruência são condições facilitadoras da aprendizagem, assim como aceitar e crie cultura.” O professor é o profissional que têm conhecimento das mais diversas áreas, inclusive conhecimentos da atualidade, para que possa analisar o contexto em que vive, transformá-lo, se necessário, e ser criador de cultura. Segundo GAUTHIER e TARDIF (2010), o papel do docente é concebido como “um profissional de intervenção pedagógica.” Explica que o professor, que domina muitos saberes, diante de situações complexas não pode aplicar automaticamente os saberes de que dispõe, mas “deliberar, refletir, sobre essa situação e decidir.” Isto é, diante das imprevisões de uma situação, reflete, julga o que fazer e decide mesmo que posteriormente tenha de modificar seus planos e adequar a sua ação às circunstâncias do momento. Para ele “a ordem pedagógica não é mais dada, como em uma abordagem da escola nova; é preciso construí-la.” Para desempenhar este papel precisa do estabelecimento de relações entre três elementos fundamentais quais sejam: a situação educativa, os saberes do docente e o julgamento. e compreender o aluno como ele é, para MIZUKAMI (1986) apoiando-se em Freire, um professor “engajado numa prática transformadora procurará desmitificar e questionar, com o aluno, a cultura dominante, valorizando a linguagem e cultura deste, criando condições para que cada um analise seu contexto.” Portanto, tratando-se especialmente do ensino de História e Geografia, o objetivo é que o aluno se aproprie dos conhecimentos históricos, situando os no tempo e espaço das questões geográficas e de suas transformações, e a partir destes acontecimentos, o papel do professor é possibilitar condições para tornar o cidadão integrado no meio em que vive. DESENVOLVIMENTO Em pesquisa na web, artigos publicados, entre outros, notou-se que as dificuldades no ensino de História e Geografia vão desde a violência em sala de aula a problemas familiares, e todos eles afetam diretamente a forma na qual os alunos terão acesso ao ensino e sobre como eles irão aprender. A falta de motivação para estudar, ações de bullying ou até mesmo problemas no processo de ensino podem elevar os casos de evasão. Mas essas dificuldades sempre existiram, e na atualidade, soma-se a isso o desafio da escola contemporânea de aprender a lidar com a tecnologia e transformá-la em aliada da educação. Os professores foram, são e continuarão sendo mediadores indispensáveis no aprendizado, o que não descarta a necessidade de aprender a lidar com a tecnologia. Na educação do século XXI, o conhecimento está fora da redoma, o grande desafio dos professores e escolas dos novos tempos, e assimilar as transformações criando métodos para atrair a atenção dos estudantes, e agregar conhecimento a eles, oferecendo algo além do que eles poderiam obter na internet. Para entender melhor essas dificuldades no ensino, foi realizado uma entrevista com Coordenador da rede Estadual de Ensino do Munícipio de Rosana-SP, a respeito da dificuldade encontrada no Ensino da História e Geografia, (Ens. Fundamental I e II). Entrevista com Professor e Coordenador realizada dia 20 de outubro de 2020 Professor/Coordenador: João (nome fictício) Formação: Mestre em História, pós graduado em Geografia Área de atuação: Professor e coordenador na disciplina de História e Geografia Como é a estrutura escolar onde trabalha, que suporte a escola oferece ao professor? A escola conta com espaços renovados, biblioteca, acesso a internet, algumas salas já climatizadas, possibilitando as crianças e jovens um conforto ao estudar e, além disso, tende a melhorar a assiduidade e o interesse dos estudantes e professores pelo aprendizado. A escola oferece a possibilidade de aquisição de conhecimento ao estudante em um lugar onde ele se sinta bem e, por isso, tenha mais disposição para aprender, fazer amigos, se relacionar e explorar a diversidade de experiências à sua disposição. Sei que infelizmente não é uma realidade do nosso país, pois a desigualdade entre escolaspúblicas e privadas é notória cada vez mais, prejudicando a aprendizagem do aluno que quer aprender, mas falta uma boa biblioteca, com bons livros, uma sala de informática para se antenar a atualidade, recursos por muitas vezes pequenos, e que nas escolas privadas tem, mas que falta as escolas públicas, lamentável. Qual sua carga horaria? 20 horas/aula semanais, distribuídas em: - 4 (quatro) horas/aula para acompanhar hora-atividade, para realizar grupos de estudos com os professores tutores, e outros; - 5 (cinco) horas/aula + 20 minutos (da 6h/a) para acompanhar o momento presencial; - 10 (dez) horas/aula + 30 minutos (da 6h/a do sábado) para as demais atribuições de Coordenador. Quais dificuldades encontradas no ensino em sala de aula? Dificuldades na escrita, na leitura, na interpretação, no raciocínio, problemas comportamentais, problemas estruturais como a falta de acompanhamento da família na vida escolar, dificuldade em lidar com as novas tecnologias, dificuldade de acesso à internet por parte dos alunos e a falta do contato direto com os discentes. Qual suporte técnico o professor tem para a aplicação do bom trabalho em sala de aula? A escola oferece suporte no que concerne ao planejamento de aulas e de recursos, gestão da sala de aula, organização do tempo. Qual relação tem o conteúdo relacionado ao cotidiano? Os valores mais importantes em uma escola é a cooperação, ajuda mútua, justiça, compreensão, esses alunos serão inseridos na sociedade onde o comportamento, a convivência social e solidariedade impõem seus valores, formamos sujeitos críticos e criativos , a escola propõe trabalhos diferentes, com humor , irreverencia , alegria, sendo presente nesse contexto educacional, tornando o aprendizado mais divertido, leve e prazeroso, e, consequentemente, os alunos se sentirão mais motivados a participar. Qual a satisfação do professor quanto a sua remuneração? Hoje enfrentamos novas funções e inúmeras responsabilidades, isso representa uma sobrecarga de trabalho, provoca o esgotamento e, consequentemente, a desmotivação. Mas sou professor, sou coordenador e acima de tudo gosto e tenho enorme respeito ao que faço, acredito em um futuro melhor aos meus alunos e não só a eles, bem como a essa nova geração que chegou, contudo, diferente do que tivemos na nossa geração. A remuneração poderia sim ser melhor, mas eu particularmente venho de uma família que sempre teve pouco, e hoje consigo ajudar meus pais, e ainda ter minha vida particular em ordem, claro a um pai de família, aluguel despesas enfim não é fácil, só que acreditamos no que fazemos, e a remuneração não vem só em valor real carinho dos alunos, com dedicação que vejo neles em sala de aula, na escola, isso não tem preço. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a elaboração da pesquisa observou-se que é muito importante valorizarmos o cotidiano escolar, desenvolvendo a reflexão na prática, valorizando o trabalho docente, com a construção histórica e cotidiana, que abrange discentes e docentes na sala de aula. A sociedade atual, marcada pelo avanço cientifico e tecnológico, abre caminho para novas relações culturais, sociais e econômicas e em dias atuais a profissão Professor, enfrenta desafios dentro e fora das salas de aula, nesta nova era onde um simples toque no teclado, ou tela de celular, nos traz notícias de qualquer canto global, um dos maiores desafios da escola contemporânea é aprender a lidar com a tecnologia e transformá-la em aliada da educação. Os professores foram, são e continuarão sendo mediadores indispensáveis no aprendizado, o que não descarta a necessidade de aprender a lidar com a tecnologia , e o educador se vê compelido a buscar informação e conhecimento seja com qualificações acadêmicas, e capacitações, além de preparar aulas, avaliações, reuniões pedagógicas, administrativas, aconselhar pais e alunos. Nas pesquisas realizadas pode se observar dentre os desafios enfrentados dentre eles a pouca articulação entre escola e família, excesso de alunos por turma, defasagem de aprendizado, ambientes violentos, falta de apoio pedagógico, formação em serviço deficitária, currículos e métodos ultrapassados. Em entrevista feita ao Professor Coordenador notou-se que em sua escola não há grandes problemas de infraestrutura, mas ele enfatizou a grande falta do mesmo em escolas do nível Brasil, nem muitas tem a mesma sorte de estar bem aparadas , quanto a escola que ele leciona, trazendo prejuízos aos alunos de uma forma geral. Uma escola com boa infraestrutura, professores bem capacitados, faz com que o desenvolvimento desses alunos não se tornem limitado, tornando-os alunos pesquisadores, autônomos e livres das amarras construídos ao longo do processo de escolarização, onde se tinha a ideia que para saber História e Geografia bastava saber ler e escrever. As dificuldades encontradas na aprendizagem se tornam amenas, pois o aluno também passa a ser agente no seu próprio processo de cognição, refletindo como se deu a construção da interpretação, da hipótese, confrontando as fontes de pesquisa e conclusão final ao que se é estudado em sala de aula. Assim o aluno se sente valorizado, mais participativo, respeita a opinião alheia dentro e fora da sala de aula. A educação é um processo crítico, que envolve valores, transmissão, e construção de relações sociais e devera sempre estar voltada as transformações culturais da sociedade, e não deve ser terceirizada, para a transformação do mundo todos devem assumir o papel de educadores e colaboradores, partindo da teoria para a pratica. Pois como diz VASQUEZ (1968) “A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para a sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação.” Partindo então desta realidade, onde o Professor é aquele que ensina, que transmite conhecimento, e é essencial na formação do ser humano, onde uma sociedade desenvolvida, é uma sociedade esclarecida, e o esclarecimento vem através dos professores, com ensino de qualidade, e participação da sociedade (FREIRE, 1979). Contudo, talvez quem melhor explicou a educação brasileira foi Paulo Freire, sempre buscando o desenvolvimento da consciência crítica por parte de todos os cidadãos, fundamentou o pensamento da ação educativa crítica, FREIRE (1996) defende uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Marciano Vieira de. A Evolução do Sistema Educacional Brasileiro e seus Retrocessos. 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