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1 
 
SUMÁRIO 
1 SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ........................................... 2 
2 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS PARA A SEGURANÇA 
ALIMENTAR E NUTRICIONAL ................................................................................... 7 
2.1 PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 
(PLANSAN) ..............................................................................................................9 
3 DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA ............................... 11 
4 SISTEMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – SISAN .... 13 
5 POBREZA E SEGURANÇA ALIMENTAR ................................................ 16 
6 SEGURANÇA ALIMENTAR E AGRICULTURA FAMILIAR ...................... 18 
7 CONTEXTO INTERNACIONAL DA SEGURANÇA ALIMENTAR ............. 22 
8 CONSUMO, SEGURANÇA DOS ALIMENTOS E DIREITOS DO 
CONSUMIDOR ......................................................................................................... 25 
9 SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR ......................................................... 29 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 33 
 
 
 
2 
 
1 SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 
 
Fonte: mds.gov.br 
De forma geral, segurança alimentar é um termo considerado bastante flexível 
e multidimensional, abrindo espaço para que seja interpretado das mais diversas 
formas. Originalmente, o termo era utilizado para explicar a capacidade de um país 
em conseguir abastecer e satisfazer as necessidades alimentares da sua população 
(SILVA et al, 2019). 
Existe segurança alimentar quando as pessoas têm, de forma permanente, 
acesso físico e econômico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para 
satisfazer as suas necessidades dietéticas e preferências alimentares, a fim 
de levarem uma vida ativa e saudável (FAO, 1996 apud FRANCHIKOSKI, 
2018). 
Olhando com atenção para a definição apresentada e veiculada pela 
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), verifica-se 
que a segurança alimentar e nutricional (SAN) enfoca a produção e a distribuição dos 
alimentos, a análise do estado nutricional que, por sua vez, considera a alimentação 
e a saúde das pessoas, incluindo, ainda, o acesso a outras condições que contribuem 
para uma vida saudável (acesso aos serviços de saúde, moradia, abastecimento de 
água, condições sanitárias e educação) (FRANCHIKOSKI, 2018). 
Pressupõe a disponibilidade de alimentos, sua acessibilidade pelos 
mecanismos de distribuição e condições de renda das pessoas, além do 
http://www.mds.gov.br/
 
3 
 
aproveitamento biológico determinado pela situação de saúde ou doença dos 
indivíduos. Contudo, o entendimento sobre o que é a SAN sofreu uma evolução ao 
longo do tempo. Vejamos os principais aspectos que influenciaram essa evolução: O 
termo segurança alimentar originou-se na Europa, a partir da 1ª Guerra Mundial (1914-
1918) e seu conceito tinha estreita ligação com o de soberania e a capacidade de 
cada país produzir sua própria alimentação (FRANCHIKOSKI, 2018). 
Segundo o autor, esse conceito ganhou força com o advento da 2ª Guerra 
Mundial (1939- 1945), especialmente quando a Organização das Nações Unidas 
(ONU) foi criada. No mesmo período, criou-se a Food and Agriculture Organization of 
the United Nations (FAO) que entendia o acesso ao alimento de qualidade como um 
direito humano. Na década de 1970, no contexto da crise alimentar mundial, a atenção 
recaiu sobre os problemas de abastecimento alimentar para assegurar a 
disponibilidade e a estabilidade dos preços dos alimentos básicos ao nível nacional e 
internacional. 
Neste período os estoques mundiais de alimentos diminuíram drasticamente 
devido a quebras acentuadas na produção em vários países – entre os quais 
a União Soviética, a Índia, a China e a Austrália – o que originou subidas 
acentuadas dos preços de cereais e a consequente crise alimentar à escala 
global. A FAO organizou em 1974 a sua primeira Cúpula Mundial da 
Alimentação, da qual resultou um consenso sobre a necessidade de existir 
uma disponibilidade suficiente de alimentos para abastecer toda a população 
do mundo, levando os líderes mundiais a aceitarem, pela primeira vez, a 
responsabilidade comum de acabar com a fome e com a desnutrição (PINTO, 
2013, p. 9 apud FRANCHIKOSKI, 2018). 
Ainda de acordo com o autor, em 1980 começa-se a perceber que o aumento 
da produção de alimentos não resultou na alteração do quadro de fome e pobreza no 
mundo. Ao contrário, foi justamente o período em que aumentou o fosso entre pobres 
e ricos, evidenciando a necessidade da adoção de medidas estruturais que pudessem 
propiciar maior equidade no acesso aos alimentos. 
Na década de 1990 surgiram inúmeras organizações, articulações e redes da 
sociedade civil com expressivas discussões e incidências sobre as propostas de SAN 
no Brasil, ao mesmo tempo em que o governo passou a desenvolver algumas políticas 
públicas voltadas à questão alimentar. Nesse contexto, a noção de Segurança 
Alimentar assimilou novas perspectivas à abordagem da segurança alimentar, como 
nutrição, saúde, cultura, qualidade e inocuidade. Tais perspectivas surgem pelo fato 
de se compreender que a disponibilidade e acesso ao alimento, por si só, não são 
 
4 
 
suficientes para garantir uma situação de segurança alimentar. Percebe-se que a 
composição e variedade da dieta, assim como a qualidade (química, biológica, física) 
e inocuidade dos alimentos são também determinantes fundamentais 
(FRANCHIKOSKI, 2018). 
Com a incorporação das novas perspectivas de saúde e segurança dos 
alimentos, o foco da abordagem da SAN passa a olhar também para o 
indivíduo, e não apenas para o contexto nacional. Esse foco leva a considerar 
a forma como a alimentação é distribuída dentro do agregado familiar, 
evitando o acesso desigual aos alimentos pelos diferentes membros da 
família; e a utilização biológica dos alimentos por parte dos indivíduos, 
levando em consideração a forma como os alimentos são assimilados pelo 
organismo e transformados em energia necessária para satisfazer as 
necessidades dietéticas mínimas (SAWAYA et al, 2003; PESSANHA, 2002 
apud FRANCHIKOSKI, 2018). 
Percebe-se que a abordagem da SAN evoluiu consideravelmente ao longo do 
tempo, sobretudo a partir dos anos setenta. Nas primeiras formulações o foco 
encontrava-se apenas na disponibilidade como forma de garantir a oferta de alimentos 
básicos a nível internacional e nacional. Depois, outras dimensões foram sendo 
incorporadas, tais como o acesso aos alimentos, a utilização biológica dos alimentos, 
questões de saúde dos indivíduos, a educação alimentar e a inocuidade dos 
alimentos, a sustentabilidade e a estabilidade da produção e as preferências 
alimentares relacionadas com questões culturais ou religiosas. Foram ainda 
incorporados vários níveis de análise (internacional, nacional, familiar, individual) e 
consumou- se a sua relação direta com a satisfação de outras necessidades básicas 
e com as escolhas e preferências dos indivíduos num quadro de garantia da 
segurança humana e dos direitos fundamentais (FRANCHIKOSKI, 2018). 
No Brasil, o conceito da Segurança Alimentar e Nutricional está estabelecido 
no Art. 3º da Lei 11.346/2006 (Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – 
LOSAN), e consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente 
a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a 
outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras 
de saúde que respeitem a diversidade cultural, além de serem ambiental, cultural, 
econômico e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006). 
De acordo com o Art. 4º da mesma lei (LOSAN), a segurança alimentar e 
nutricional abrange: 
 
5 
 
• ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em 
especial, da agricultura tradicionale familiar, do processamento, da 
industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos internacionais, do 
abastecimento e da distribuição dos alimentos, incluindo a água, bem como da 
geração de emprego e da redistribuição de renda; 
• conservação da biodiversidade e utilização sustentável dos recursos; 
• a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-
se grupos populacionais específicos e populações em situação de 
vulnerabilidade social; 
• a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos 
alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e 
estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica e racial e cultural 
da população; 
• a produção de conhecimento e o acesso à informação; e a implementação de 
políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, 
comercialização e consumo de alimentos, respeitando-se as múltiplas 
características culturais do País. 
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores de alimento do mundo, 
parcela significativa da população não tem acesso aos alimentos básicos necessários. 
Situações de insegurança alimentar e nutricional podem ser detectadas a partir de 
diferentes tipos de problemas devido à falta ou insuficiência de alimentos e/ou devido 
à utilização inadequada ou excessiva de alimentos, trazendo como consequência 
doenças de carência e doenças de excesso de alimentos e nutrientes, 
respectivamente. 
Além disso, a estrutura de produção de alimentos predatória em relação ao 
ambiente natural ou às relações econômicas e sociais; alimentos e bens essenciais 
com preços abusivos e a imposição de padrões alimentares que não respeitam a 
diversidade cultural, são também causas da insegurança alimentar. Uma política de 
SAN deve avaliar a questão da produção agroalimentar no Brasil, levando em conta 
os aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais associados à produção. Deve, 
também, usar o crescimento de demanda como um importante alavanca econômica 
para os pequenos e médios produtores. 
 
6 
 
De acordo com a II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
(CONSEA, 2004, p. 7), as políticas de estímulo ao crescimento da produção 
agroalimentar, importante para a segurança alimentar e para a exportação, devem 
estar associadas à promoção de formas socialmente equitativas e ambientalmente 
sustentáveis de ocupação do espaço agrário; à valorização das culturas alimentares 
locais e regionais; ao enfrentamento da pobreza rural, já que são nas áreas rurais que 
se localizam os mais elevados índices de pobreza e de insegurança alimentar; ao 
estímulo ao desenvolvimento local e regional; ao apoio aos pequenos e médios 
produtores rurais e urbanos de alimentos promove a equidade e a inclusão social, pois 
são grandes geradores de ocupação e de renda, ao mesmo tempo que resulta em 
maior e mais diversificada oferta de alimentos de qualidade à população, produzidos 
sob formas sustentáveis (FRANCHIKOSKI, 2018). 
Nesse sentido, a SAN converte-se num dos eixos ordenadores das 
estratégias de desenvolvimento de um país, sugerindo formas mais 
equânimes e sustentáveis de produzir e comercializar os alimentos, 
questionando o padrão de consumo alimentar e requalificando as ações 
dirigidas para os grupos sociais mais vulneráveis à fome, à desnutrição e aos 
demais problema nutricionais. As ações e políticas públicas de SAN 
participam, portanto, da difícil tarefa de associar dinamismo econômico, 
promoção de equidade social e melhoria sustentável da qualidade de vida 
(CERESAN, 2006, p. 22 apud FRANCHIKOSKI, 2018). 
O estabelecimento de políticas públicas compensatórias e estruturantes da 
SAN deve abranger três eixos essenciais, a saber segundo Franchikoski (2018): 
• Acesso aos alimentos, através da produção sustentável em quantidade 
suficiente, em todas as épocas do ano e da oferta de alimentos com preços 
estáveis e compatíveis com o poder aquisitivo da população. 
• Qualidade de alimentos, sendo seguros e adequados quanto à composição, 
conteúdo nutricional e sanidade e também satisfaçam hábitos e práticas 
alimentares saudáveis. 
• Educação alimentar através da formação para um melhor conhecimento sobre 
os alimentos como tais e sua relação com a saúde. 
Considerando todos esses aspectos, é notadamente perceptível que a SAN 
define a estabilidade de uma população, tornando-a vulnerável quando os fatores que 
colocam em risco o acesso aos alimentos se tornam presentes e atuantes. As 
estratégias para evitar e combater esses riscos é o que torna a SAN uma política 
 
7 
 
pública tão fundamental, capaz de assegurar a qualidade de vida de uma população 
e seu consequente desenvolvimento social e econômico (FRANCHIKOSKI, 2018). 
2 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR E 
NUTRICIONAL 
 
 
Fonte: portoferreirahoje.com 
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA, 2014) 
define política de segurança alimentar e nutricional como um conjunto de ações 
planejadas para a garantia de oferta e acesso de alimentos para toda a população, 
promovendo a nutrição e saúde, e que sejam sustentáveis, ou seja, programadas para 
o longo prazo. Nesse sentido, a preocupação com a segurança alimentar e nutricional 
no Brasil começa a aparecer nos discursos políticos como parte da desigualdade 
social muito proeminente no país (SILVA et al, 2019). 
Em 1940, durante o Estado Novo, instituiu-se o Serviço de Alimentação da 
Previdência Social (SAPS), a primeira política pública brasileira voltada ao 
combate à fome e a educação alimentar e nutricional, dando início ao possível 
debate da segurança alimentar no país, embora priorizava-se principalmente 
os trabalhadores do mercado formal (PINTO, 2014). Em 1953, ao fim do 
Estado Novo, foi lançado o Plano Nacional de Alimentação, onde se 
consolidou a criação de estratégias de segurança alimentar e nutricional, 
neste caso, direcionada especificamente para cidadãos menos favorecidos 
(PINTO, 2014 apud SILVA et al, 2019). 
 
8 
 
Durante o Regime Militar as principais estratégias neste sentido foram a criação 
do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) em 1972, que tinha por objetivo 
auxiliar o governo na formulação de políticas alimentares e nutricionais e também o 
Programa de Alimentação do Trabalhador de 1976, política essa, voltada para 
trabalhadores de baixa renda (SILVA et al, 2019). 
No pós-regime militar, durante a metade da década de 80, o discurso da 
segurança alimentar e nutricional ganhou mais força. Destacam-se o ano de 1985, 
com o lançamento do documento do Ministério da Agricultura intitulado “Segurança 
Alimentar – Proposta de uma política de combate à fome” e também a realização da 
primeira conferência nacional sobre o tema. Em 1993, foi formalizado o Conselho 
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), principal órgão 
governamental para a segurança alimentar e nutricional do Brasil e o maior ator na 
formação de políticas alimentares e nutricionais atuais no país (SILVA et al, 2019). 
Assim que a Segurança alimentar e nutricional (SAN) foi implantada como 
objetivo estratégico do governo brasileiro, ela passou a ser o centro das 
políticas de produção agrícola para a alimentação, comercialização e 
distribuição de alimentos (MALUF et al., 1996 apud SILVA et al, 2019). 
Estudos também ressaltam a importante participação brasileira em políticas de 
transferência de renda, que contribuem para a garantia da segurança alimentar e 
nutricional em populações mais pobres. A partir deste tópico, serão abordadas as 
principais ações em políticas públicas para a segurança alimentar e nutricional no 
Brasil, os planos e programas implementados nacionalmente. Essas ações têm foco 
na ligação e importância mutua da agricultura familiar para a segurança alimentar e 
nutricional (SILVA et al, 2019). 
 
9 
 
2.1 PLANONACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 
(PLANSAN) 
 
Fonte: ecos-redenutri.com 
A partir das diretrizes nacionais de segurança alimentar e nutricional e 
considerando o cenário global moldado pelos Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS), foi acordado o II Plano Nacional de Segurança Alimentar e 
Nutricional (PLANSAN). 
O II PLANSAN é responsável pela definição de objetivos e iniciativas brasileiras 
em SAN, além de divulgar os custos públicos necessários à implementação e quais 
órgãos e programas brasileiros serão empregados para atingir tais objetivos. O 
primeiro PLANSAN foi criado em 2011 e programado para o período de 2012-2015. 
O plano contou com 10 desafios que pretendiam erradicar a extrema pobreza 
e a insegurança alimentar grave, garantindo a promoção da produção familiar e 
sustentável, e promovendo o fortalecimento das ações brasileiras na defesa do Direito 
Humano à Alimentação Adequada (DHAA). 
O esforço na implementação e no investimento em programas que compõem 
a estratégia de acesso aos alimentos, contribuíram para o aumento no acesso 
a alimentos pela população brasileira, levando consequentemente à uma 
redução da pobreza e extrema pobreza. Desta forma, através de políticas 
públicas para a inclusão produtiva, para a geração de renda para as famílias 
que vivem no campo, garantindo crédito rural e incentivos para a aquisição 
de alimentos da agricultura familiar para suprir os mercados institucionais, por 
exemplo, foram possíveis grandes conquistas que puderam ser sentidas em 
todo o território nacional (CAISAN, 2014 apud SILVA et al, 2019). 
 
10 
 
A experiência com o primeiro período do PLANSAN mostrou a necessidade de 
criação de estratégias claras e de identificar a insegurança alimentar presente nos 
grupos de minorias mais vulneráveis (mulheres, indígenas, quilombolas e outras 
comunidades tradicionais brasileiras) (CAISAN, 2016). 
Constatou-se que o elevado número de objetivos e metas (43 objetivos e 330 
metas) dificultava o seu monitoramento, o que prejudicou o foco que deveria ser dado 
a questões mais sensíveis. Portanto, oficinas intersetoriais foram feitas por diretriz do 
plano. Além disso, implementou-se o Sistema de Monitoramento do PLANSAN - 
SISPLANSAN, cujo objetivo foi monitorar o funcionamento do plano (CAISAN, 2016). 
Apesar dos resultados positivos, o I PLANSAN deixou algumas lições para a 
formulação do II PLANSAN: primeiramente, a) o Plano deve ter um caráter 
estratégico, possuindo metas ainda mais claras e robustas para impactar a 
sociedade; b) temas regulatórios também devem ser incluídos; c) deve-se 
comunicar os seus objetivos e resultados, lembrando-se sempre do período 
de 4 anos; e d) deve-se haver a capacidade de monitorar as vulnerabilidades 
mais específicas em termos de insegurança alimentar e nutricional, 
acompanhando sempre as agendas transversais, envolvendo a juventude, os 
indígenas, as mulheres, quilombolas, outros povos e comunidades 
tradicionais e a população negra (CAISAN, 2016 apud SILVA et al, 2019). 
Em 2015, aconteceu no Brasil a V Conferência Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional, que teve como tema “Comida de verdade no campo e na 
cidade” e objetivou ampliar os compromissos políticos para a promoção da soberania 
alimentar, com a garantia do DHAA, através da gestão do Sistema Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) na Política Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional e no II PLANSAN (CONSEA, 2015). 
A V Conferência resultou em uma Carta Política, que dá as prioridades e 
diretrizes para a criação do II PLANSAN. Assim, a Câmara Interministerial de 
Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), em conjunto com o Conselho Nacional 
de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), baseou-se na Carta para a criação 
do plano para o período 2016-2019 (SILVA et al, 2019). 
O II PLANSAN foi formulado a partir de 9 desafios brasileiros na garantia de 
SAN, com atenção para um macro desafio: a promoção de sistemas alimentares 
saudáveis e sustentáveis, que envolve os desafios 3, 4 e 5. 
O processo de planejamento e construção dos desafios do II PLANSAN buscou 
alinhar os objetivos nacionais com os objetivos assumidos pelo Brasil 
 
11 
 
internacionalmente na assinatura dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, 
buscando atingir ambos de forma conjunta. 
De acordo com o plano (CAISAN, 2016), o Objetivo referente à segurança 
alimentar é o de número 2: “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e 
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”. Dentro das metas do II 
PLANSAN são citados outros programas brasileiros que serão responsáveis pela 
contribuição ao plano na promoção da segurança alimentar e nutricional neste período 
(SILVA et al, 2019). 
3 DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA 
 
Fonte: appm.org.br 
Os Direitos Humanos são um conjunto de prerrogativas que todos os indivíduos 
possuem por serem parte da espécie humana. Esses direitos foram firmados 
internacionalmente em 1948, na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O 
CONSEA (2004, p. 13) aponta algumas características que definem os Direitos 
Humanos: 
• são universais, ou seja, se aplicam a todos os seres humanos de forma 
indistinta; 
• são indivisíveis e interdependentes, o que significa que um direito não será 
garantido se outro for violado: um escravo não tem seu Direito Humano à 
 
12 
 
Alimentação garantido, ainda que tenha acesso ao alimento, pois foi privado da 
liberdade, também um direito humano. 
• são pautados pelo respeito à diversidade, ou seja, não admitindo nenhum tipo 
de discriminação política, religiosa, cultural, étnica ou de gênero. 
A alimentação foi reconhecida como direito humano no Pacto Internacional 
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, do qual o Brasil é signatário, 
e que foi incorporado à legislação nacional em 1992. Posteriormente, em 1999, o 
Comitê dos Direitos Econômicos e Sociais das Nações Unidas formulou um 
documento que definia que “o direito à alimentação adequada é alcançado quando 
todos os homens, mulheres e crianças, sozinhos, ou em comunidade, têm acesso 
físico e econômico, em todos os momentos, à alimentação adequada, ou aos meios 
para a sua obtenção” (FRANCHIKOSKI, 2018). 
O termo adequação refere-se não exclusivamente a um pacote mínimo de 
calorias e nutrientes, mas também a condições sociais, econômicas, culturais 
e ambientais para uma sobrevivência digna (CONSEA, 2004, p. 12 apud 
FRANCHIKOSKI, 2018). 
Esse documento transformou-se em um marco para as organizações de 
direitos humanos e um norte para toda a comunidade internacional. O documento 
propõe no Comentário Geral número 12 (1999) expressamente em seu parágrafo 15: 
Sempre que um indivíduo ou grupo é incapaz, por razões além de seu controle, de 
usufruir o direito à alimentação adequada com recursos à sua disposição, os Estados 
teriam a obrigação de realizar (prover) tal direito diretamente. Esta obrigação também 
deve existir no caso de vítimas de desastres naturais ou provocados por causas 
diversas (ONU, 1999). Sendo assim, o direito de se alimentar regular e 
adequadamente não deve ser resultado de ações de caridade, mas sim, uma 
obrigação a ser exercida pelo Estado. Para a garantia do DHAA o Estado precisa 
estabelecer políticas que melhorem o acesso das pessoas aos recursos para 
produção ou aquisição, seleção e consumo de alimentos (FRANCHIKOSKI, 2018). 
 Essa obrigação se concretiza através da elaboração e efetivação de 
políticas, programas e ações que promovam a realização do direito humano 
à alimentação para todos, definindo metas, prazos, indicadores, e recursos 
alocados para tal fim (HIRAI; SILVA; MAIA, 2015, p. 5 apud FRANCHIKOSKI, 
2018). 
 
13 
 
Segundo Burlandy e Maluf (2010), é por meio da Política de Segurança 
Alimentar e da Soberania Alimentar articulada a outros programas e políticas públicas 
que o Estado deve respeitar,proteger, promover e prover o DHAA. Os principais 
conceitos empregados na definição de Direito Humano à Alimentação Adequada são 
disponibilidade de alimentos, adequação, acessibilidade e estabilidade do 
fornecimento. 
De acordo com Valente (2004, p. 27 e 28), a promoção do DHAA demanda a 
realização de ações específicas para diferentes grupos e passa pela promoção da 
reforma agrária, da agricultura familiar, de políticas de abastecimento, de incentivo a 
práticas agroecológicas, de vigilância sanitária dos alimentos, de abastecimento de 
água e saneamento básico, de alimentação escolar, do atendimento pré-natal de 
qualidade, da não discriminação de povos, etnia e gênero, entre outros. Desta forma, 
o acesso à alimentação constitui-se no direito humano mais elementar, pois dele 
depende a própria realização da vida, condição básica para a cidadania. Nessa 
compreensão, não se justificam quaisquer razões (econômicas, políticas, sociais, etc.) 
que possam ser alegadas para dificultar ou negar o Direito Humano à Alimentação 
(FRANCHIKOSKI, 2018). 
4 SISTEMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – SISAN 
 
Fonte: 9treinamentos.com 
 
14 
 
O SISAN é o sistema adotado pelo Governo Brasileiro para articular e integrar 
esforços entre os vários setores e esferas governamentais e da sociedade civil para, 
através de uma Política Nacional definida, promover a Segurança Alimentar e 
Nutricional no País. Tem como principais objetivos segundo Franchikoski (2018): 
• formular e implementar políticas e planos de segurança alimentar e nutricional; 
• estimular a integração dos esforços entre governo e sociedade civil; 
• promover o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação da Segurança 
Alimentar e Nutricional do País. 
O Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional é um conjunto de 
mecanismos, órgãos e atores sociais, interdependentes, que atuam com o objetivo de 
implementar a política municipal de segurança alimentar e nutricional. Integra os 
sistemas nacional e estadual de segurança alimentar e nutricional, instituídos 
respectivamente pelas leis 11.346/2006 e 15.982/2006. Esse sistema é integrado por: 
Atores sociais: esse grupo engloba a sociedade civil por meio de organizações, 
cooperativas, associações, sindicatos, movimentos sociais e populares, pessoas 
engajadas na promoção da segurança alimentar e nutricional. Órgãos: são as 
secretarias municipais, setores da administração direta e indireta, instâncias dos 
governos federal e estadual descentralizadas, presentes na região que desenvolvem 
ações promotoras de segurança alimentar e nutricional. Mecanismos: são as 
conferências, leis, decretos, o plano municipal de SAN (FRANCHIKOSKI, 2018). 
Importante observar que a articulação dos órgãos e atores sociais para a 
implementação da política municipal se dá prioritariamente no espaço do Conselho 
Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Para garantir o pleno funcionamento 
do SISAN devem ser observados os seguintes princípios de acordo Franchikoski 
(2018): 
• intersetorialidade: é a articulação dos diferentes setores, em ação conjunta, 
respeitando as atribuições de cada um, no processo de construção do todo. O trabalho 
intersetorial supõe diálogo, sinergia, responsabilidade e esforços entre os atores 
envolvidos na busca de resultados integrados. 
• equidade no acesso à alimentação saudável: busca da diminuição das 
desigualdades socais para que o acesso à alimentação saudável seja 
concretizado como direito de todos. 
 
15 
 
• participação social na formulação, implementação e implantação de ações 
gerais e específicas da sociedade civil, com mecanismos de controle social. 
• descentralização: distribuição de competências e implantação de ações gerais 
e específicas com a garantia da universalização das políticas públicas em toda 
abrangência do município. 
• integração: envolvimento dos atores públicos e sociais, articulação e diálogo 
permanente das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) com as 
organizações sociais, estabelecendo papéis, atribuições e 
corresponsabilidades. 
• sustentabilidade: criação e estabelecimento de instrumentos que proporcionem 
às gerações futuras continuidade das ações e garantam a qualidade de vida e 
a emancipação da população. 
Segundo o autor, os municípios brasileiros interessados em participar do 
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) podem fazer a 
inscrição online. A adesão ao sistema tornou-se possível graças à ferramenta Adesan, 
que permite aos gestores municipais a solicitação e a inserção de documentos e o 
acompanhamento, pela internet, de todos os passos legalmente necessários para 
formalizar o processo. O novo recurso foi disponibilizado pela Câmara Interministerial 
de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN). A adesão ao sistema é voluntária. O 
cadastro é simples e toda a avaliação é feita pelas CAISAN’s nacional e estaduais e 
pela sociedade civil por meio dos Conselhos de Segurança Alimentar (CONSEA) 
correspondentes. 
Todas as informações das prefeituras e documentos podem ser inseridos 
virtualmente, o que agiliza e facilita a análise e o aceite pelos gestores federal e 
estaduais. O município faz inscrição da proposta de adesão e as CAISAN’s e o 
CONSEA’s analisam e aprovam a adesão no sistema. O governo federal ratifica a 
decisão e publica no Diário Oficial da União. 
O Adesan está disponível na página da Caisan Nacional: 
http://mds.gov.br/caisanmds/sisan. Requisitos legais para adesão ao SISAN A adesão 
de estados, Distrito e municípios ao SISAN é voluntária. Para aderir, o Decreto nº 
7.272, de 25 de agosto de 2010, art. 11, §2º, estabelece os seguintes requisitos 
mínimos: 
 
16 
 
I. Instituição de conselho de segurança alimentar e nutricional composto 
por dois terços de representantes da sociedade civil e um terço de 
representantes governamentais. 
II. Instituição da câmara intersetorial de segurança alimentar e nutricional; 
III. Compromisso com a elaboração do plano de segurança alimentar e 
nutricional, no prazo de um ano, a partir da assinatura do Termo de 
Adesão, observado o disposto no art. 20 do Decreto nº 7272/2010 
(FRANCHIKOSKI, 2018). 
5 POBREZA E SEGURANÇA ALIMENTAR 
 
Fonte: cnnbrasil.com 
A pobreza ocupa o lugar de determinante principal da insegurança alimentar, 
isto é, do não acesso regular a uma alimentação adequada, dando origem aos 
fenômenos da fome e da desnutrição. Assim, as políticas e programas de segurança 
alimentar têm que ser capazes de apoiar estratégias de desenvolvimento de médio e 
longo prazo na direção indicada anteriormente, ao mesmo tempo em que se 
implementam ações ou instrumentos de transferência de renda e de alimentos com 
natureza suplementar ou emergencial para fazer frente às carências imediatas 
geradas pela pobreza (MALUF et al, 2019). 
De acordo com o autor, outras fontes de insegurança alimentar causadoras de 
situações emergenciais são a ocorrência de guerras e conflitos armados e os 
 
17 
 
embargos impostos aos países, e também nestes casos os segmentos mais pobres 
são os mais fortemente afetados. A retomada das discussões sobre as desigualdades 
sociais favorece o enfrentamento da problemática alimentar sobretudo em relação às 
carências agudas. Porém, é preciso evitar que a questão alimentar fique inteiramente 
subordinada ao tema da pobreza e seu tratamento reduzido à disponibilidade de renda 
monetária. O objetivo de uma vida saudável sob modelos sociais equitativos e 
sustentáveis requer muito mais do que dispor de renda para adquirir alimentos. 
Os países do Terceiro Mundo apresentam um quadro mais ou menos 
generalizado de i) concentração de renda, ii) níveis crescentes de pobreza urbana e 
iii) incidência decrescente da pobreza rural, ainda que o meio rural apresente os 
índices mais elevados. Estas tendências manifestaram-se num ritmo mais rápido na 
AméricaLatina, em relação ao que se verifica na África e na Ásia. A referida redução 
no número absoluto de pobres rurais se dá em função principalmente da migração 
rural-urbana (MALUF et al, 2019). 
Ainda segundo o autor, a fome, consequência da pobreza, afeta, desde logo, a 
população rural onde se localizam cerca de 3/4 do total de subnutridos do mundo, 
porém, o fenômeno da urbanização estende-a às cidades. Os estilos de 
desenvolvimento que emergem pós-ajuste estrutural tendem a gerar mais 
desigualdades que os anteriores -ainda que se possa verificar alguma redução na 
pobreza relativa- e ampliam a importância das políticas sociais baseadas em redes de 
segurança social com cobertura universal. Mesmo nos países (como os da América 
Latina) que apresentaram uma gradual melhora em indicadores como os de 
mortalidade infantil e de desnutrição, a insegurança alimentar ainda afeta a maioria 
dos países e uma parcela significativa de suas populações. 
O consumo alimentar constitui-se num indicador fundamental para a 
caracterização da pobreza. Na maioria dos países, os gastos necessários para uma 
família adquirir o que se considera uma “cesta básica de alimentos” são a principal 
(em alguns lugares, a única) referência para determinar o valor do salário-mínimo e, 
quando existe, a linha oficial de pobreza e de indigência. A atualização da noção de 
“cesta basica” é uma necessidade colocada em muitos países. Além do que, é 
indispensável acrescentar à renda monetária o acesso a bens e serviços não-
monetários (saneamento básico, alimentação escolar, etc.) que também determinam 
a condição alimentar e o bem-estar da população (MALUF et al, 2019). 
 
18 
 
No espaço urbano, além das iniciativas relativas às oportunidades de trabalho 
e à geração de renda, as políticas e programas de segurança alimentar envolvem um 
conjunto variado de ações tanto no sentido de enfrentar carências nutricionais como 
no de assegurar a qualidade dos alimentos e de tornar mais saudáveis os hábitos 
alimentares. A pobreza rural, a fome nos campos e o êxodo resultam, em grande 
medida, da falência da atividade produtiva rural de pequena e média dimensão, com 
destaque à produção agrícola, ao que se somam outros fatores. As rendas não-
agrícolas rurais ou urbanas, que integram a reprodução das famílias rurais, podem 
dar importante contribuição para os que dispõem de recursos para desenvolvê-las 
(turismo rural, artesanato, trabalho qualificado, etc.), porém, frequentemente, elas se 
constituem em fonte precária de recursos alternativos (ocupações de baixa 
remuneração). Acrescente-se a questão das expectativas futuras dos jovens filhos dos 
agricultores, elemento chave para qualquer estratégia voltada às famílias rurais 
(MALUF et al, 2019). 
Segundo o autor citado, as transferências de renda pela extensão de direitos 
sociais ao campo (previdência rural) têm grande potencial de retirar da pobreza as 
famílias rurais afetadas pelo êxodo dos mais jovens. Por último, sugere-se adotar um 
enfoque espacial que valorize as dinâmicas dos territórios, de modo a evidenciar a 
interação entre o urbano e o rural presente em muitos casos, e as redes sociais 
essências à reprodução das famílias neles localizadas. 
6 SEGURANÇA ALIMENTAR E AGRICULTURA FAMILIAR 
 
 
19 
 
Fonte: uba.mg.gov 
A atividade agrícola continua sendo a mais importante fonte de renda (e de 
alimentos) para a maioria das unidades familiares rurais. Uma característica 
importante das iniciativas que promovem a produção agroalimentar é a de que elas 
possibilitam enfrentar, em simultâneo, tanto a necessidade de criar oportunidades de 
trabalho e de apropriação de renda a essas famílias, como a de ampliar e melhorar a 
oferta de alimentos em âmbito regional e nacional (MALUF et al, 2020). 
Segundo o autor, generaliza-se, hoje, a perspectiva de agregar valor aos 
produtos oriundos da agricultura realizada em bases familiares, através do 
processamento agroindustrial e da incorporação de serviços a esses bens com base 
em empreendimentos de pequena e média escalas. Amplia-se, também, a adoção de 
marcas ou de selos de qualidade com vários apelos (produtos coloniais, "da roça", da 
agricultura orgânica ou agroecológicos, etc.). 
De acordo com Maluf (2019), as questões de mercado despontam, em geral, 
como o principal determinante das possibilidades de êxito dos programas de apoio à 
produção agroalimentar, ao lado do acesso ao crédito em condições adequadas. 
Destaque especial deve ser dado ao chamado mercado institucional que engloba as 
compras governamentais de alimentos para serem utilizados em programas e 
organismos públicos (alimentação escolar, hospitais, presídios, distribuição de cestas 
básicas, etc.). 
Alguns deles, como a alimentação escolar, têm papel central no acesso aos 
alimentos por uma parcela vulnerável e numericamente expressiva da população. Em 
países onde as compras governamentais são significativas e conta-se com uma 
gestão transparente, a participação de pequenos e médios fornecedores -
notadamente, as associações de pequenos produtores agrícolas- nos programas 
públicos de alimentação, dos quais sempre estiveram excluídos, pode constituir-se 
em importante instrumento de alavancagem para estes produtores(MALUF et al, 
2019). 
O associativismo, em suas distintas formas, cumpre um papel vital nos projetos 
envolvendo pequenos e médios produtores. A experiência demonstra que o grau de 
associativismo é fortalecido pelos laços comunitários entre os participantes e pela 
valorização das redes de economia solidária, sobretudo na gestão do crédito e na 
 
20 
 
comercialização da produção. Estes elementos permitem também amenizar os 
impactos das interrupções de programas em função da renovação dos mandatos na 
administração pública. Cabe mencionar, ainda, que abordar a produção mercantil não 
implica desconsiderar o papel que cumpre a produção para autoconsumo como 
componente da reprodução das famílias rurais e, portanto, da sua segurança 
alimentar (MALUF et al, 2019). 
De acordo com o autor, é apresentada como sinônimo de atraso pelos adeptos 
da modernização fundada na especialização produtiva, a presença da produção para 
autoconsumo sempre se constituiu num importante instrumento de proteção frente às 
incertezas e oscilações da produção mercantil. A inexistência de condições de 
produção para autoconsumo pela carência de recursos (água, área útil, etc.), ou a 
perda destas condições devida a opções como a da especialização produtiva, são 
causas de insuficiência alimentar que se somam aos indicadores de pobreza rural 
medidos em termos da renda monetária. Em muitos países tem sido registrada uma 
direta correlação entre o acesso à terra e aos alimentos no meio rural. 
Ou seja, aonde se realizou um processo de reforma agrária e está se manteve 
com razoável grau de consolidação, a situação alimentar e nutricional dessas 
populações mostra-se adequada. Em sentido inverso, aonde permanece a 
terra concentrada e com contingentes elevados de trabalhadores rurais e 
suas famílias sem-terra, é grave a situação de insegurança alimentar. 
Acrescente-se que o retrocesso ou a reversão dos programas de 
redistribuição de terras na maioria dos países onde eles foram 
implementados em décadas passadas vem causando impactos sociais 
negativos maiores do que a penúria a que haviam sido relegados os 
beneficiários destes programas. O Brasil é o exemplo mais vivo desse último 
caso, não tendo ainda realizado uma ampla reforma agrária, como requer sua 
situação fundiária (DELGADO et al, 2017 apud MALUF et al, 2019). 
 A determinação de uma situação de insegurança alimentar está diretamente 
relacionada com essa situação de conflito e exclusão no campo. Do enorme 
contingente de 30 milhões de pessoas que passam fome neste país, metade está na 
área rural, embora apenas 21% de sua população total viva no campo. Estudos 
recentes têm revelado que em assentamentosde reforma agrária no Brasil, que já 
possuem razoável grau de consolidação, o estado nutricional encontrado chega a ser 
superior àquele disfrutado pela agricultura familiar convencional. Em contraposição, 
nos acampamentos de sem-terra em áreas ocupadas, que ainda não foram 
reconhecidas e, portanto, não se encontram em condições de produzir, o quadro de 
desnutrição é gravíssimo (MALUF et al, 2019). 
 
21 
 
Segundo o autor, a reforma agrária propicia quatro favoráveis impactos sobre 
a segurança alimentar: 
a) É uma importante política de geração de trabalho e renda, aumentando a 
possibilidade de acesso aos alimentos que são adquiridos para consumo; 
b) Cria as condições para que as famílias possam produzir os próprios 
alimentos que vão consumir; 
c) Fortalece a chamada “segurança alimentar local” através da garantia de 
produção de alimentos para as áreas próximas, 
d) As opções produtivas usualmente adotadas pela agricultura reformada 
tendem ao cultivo de alimentos básicos integrantes da tradição dos agricultores. 
Diante dessas evidências o autor afirma que a reforma agrária, em países 
aonde ainda não foi realizada ou precisa ser retomada, pode ser um meio fundamental 
para a redução da insegurança alimentar. Dedicar-se à produção de alimentos para o 
mercado interno e, mesmo, para exportação, não se constitui na única e obrigatória 
alternativa visando promover a segurança alimentar das famílias no meio rural. Esta 
pode ser obtida através da exploração de produtos não-alimentares, de atividades 
rurais não-agrícolas e de ocupações urbanas, todas com o objetivo de assegurar 
trabalho e renda às famílias rurais que são, no mais das vezes, pluriativas. 
A oferta de bens privados, por sua vez, não é a única relação mantida pelos 
agricultores com a sociedade, pois está abrange um conjunto de outras funções 
caracterizadas como bens públicos tais como a preservação da paisagem, a 
diversidade agrobiológica, a herança cultural e a própria segurança alimentar. Para 
contemplar as múltiplas funções a serem preenchidas pela agricultura -a 
multifuncionalidade da agricultura- é preciso estabelecer um novo pacto entre os 
agricultores e a sociedade que espera respostas dos primeiros sobre o território, a 
qualidade e a ética (MALUF et al, 2020). 
Este último ponto é tão mais importante quando se considera que nem toda a 
agricultura é multifuncional, já que há a agricultura especializada que, aliás, constitui-
se na principal beneficiária das políticas de subvenção pública. A multifuncionalidade 
é uma noção que abrange todos os aspectos e serviços não-comerciais associados a 
uma agricultura de fato capacitada (self-reliant) e sustentável. Como se verá adiante 
a utilização desta noção como instrumento de políticas públicas tem provocado 
repercussões nas negociações comerciais internacionais. Ressalte-se, ainda, o papel 
 
22 
 
ativo que pode (e deve) ser exercido pelas administração pública no nível local 
desencadeando processos, em lugar de apenas responder às solicitações de agentes 
econômicos, grupos sociais ou cidadãos individuais. Esse papel será mais relevante 
quando as administrações melhores assumirem sua condição de agentes promotores 
de desenvolvimento no âmbito local ou regional, tendo a segurança alimentar como 
um dos eixos estratégicos de intervenção (MALUF et al, 2020). 
7 CONTEXTO INTERNACIONAL DA SEGURANÇA ALIMENTAR 
 
Fonte: supermarketnews.com 
A relação entre segurança alimentar e as estratégias e políticas de 
desenvolvimento envolve aspectos que se encontram sob impacto da nova ordem 
internacional. Três elementos se destacam neste contexto. O primeiro refere-se aos 
novos mecanismos de regulação do comércio agroalimentar mundial, marcados até 
agora pela incerteza acerca dos rumos da liberalização comercial e do protecionismo 
no âmbito da OMC. Um dos elementos de controvérsia refere-se à consideração da 
segurança alimentar (no sentido de food security) como um tema comercial ou não 
comercial (MALUF et al, 2020). 
Em paralelo, amplia-se a importância da regulamentação voltada à segurança 
dos alimentos (food safety), cujas repercussões vão até a esfera da produção 
rural. O segundo elemento é a constituição de blocos econômicos regionais 
que apresentam distintos graus de integração e também diferentes 
possibilidades em termos da adoção de estratégias de desenvolvimento e de 
segurança alimentar. As iniciativas no âmbito do Terceiro Mundo, até o 
 
23 
 
momento, revelam que a condição de ‘bloco periférico’ coloca limites à 
formulação e à adoção de políticas supranacionais soberanas acordadas 
entre seus membros (NITZKE et al, 2012 apud MALUF et al, 2019). 
Segundo o autor, o Mercosul, por exemplo, é integrado por um país (Brasil) 
com elevada desigualdade social e expressivo contingente populacional com acesso 
irregular ou insuficiente aos alimentos, num bloco que se destaca como grande 
exportador de produtos agroalimentares. O terceiro elemento diz respeito às 
tendências do sistema agroalimentar crescentemente internacionalizado, que se 
caracterizam pela coexistência de processos de padronização e de diferenciação na 
produção e no consumo de alimentos. 
Assim, de um lado, temos os processos bastante conhecidos de concentração 
da produção agroalimentar (e da propriedade da terra) que ameaçam as agriculturas 
de base familiar e camponesa, mesmo em regiões e cadeias produtivas onde ela tem 
presença tradicional. Por outro lado, assiste-se à criação simultânea de novas 
oportunidades de mercado, muitas delas acessíveis aos pequenos agricultores que 
ainda têm nos alimentos uma importante fonte de renda. A mera exposição à 
competição internacional não é o caminho para a busca de maior eficiência produtiva, 
devido aos componentes “espúrios” desta competição e a natureza intrinsecamente 
excludente da dinâmica das economias capitalistas. Vale mencionar a permanência 
da prática de dumping por parte dos países industrializados, mesmo que sob formas 
legitimadas pelas regras atuais de comércio (MALUF et al, 2020). 
O fato dos preços praticados nos mercados internos, e não os custos de 
produção, serem a referência para caracterizar a prática de dumping 
(exportação a preços inferiores aos praticados no mercado interno) acaba por 
facilitar esta prática. As subvenções destinadas aos agricultores com o 
sentido de assegurar que eles recebam um preço superior aos preços 
internos (como no caso europeu) possibilitam, quando os preços internos são 
menores ou iguais aos internacionais, que a exportação se faça a um preço 
abaixo do custo expresso nos preços recebidos pelos agricultores, mas nos 
níveis praticados no mercado interno, sem que se caracterize dumping 
(SILVA, 2005 apud MALUF et al, 2019). 
Segundo o autor, o enfoque baseado na auto capacidade alimentar, abordado 
adiante, também valoriza implicitamente a opção de submeter os sistemas produtivos 
nacionais a pressões competitivas como elemento indutor de eficiência (às vezes 
chamada de modernização). Porém, é fácil constatar que parcela importante da 
agricultura de base familiar pode ser vítima da maior eficiência e capitalização, no que 
se poderia denominar de ‘armadilha da modernização. 
 
24 
 
A principal conclusão desta breve abordagem do contexto internacional é que, 
mesmo que se admita um maior grau de abertura externa dos países por razões que 
extrapolam a dimensão meramente econômica, sustenta-se que os objetivos e 
políticas de desenvolvimento entre os quais se insere o da segurança alimentar- 
devem prevalecer sobre os objetivos e políticas estritamente comerciais, e orientar os 
esforços de regulamentação do comércio internacional (MALUF et al, 2019). 
Ao considerar a ordem internacional é inevitável incorporar questões de 
soberania à noção de segurança alimentar, valendo-se do princípio da 
soberania alimentar que se fundamenta no caráter essencial e politicamente 
sensíveldos alimentos e nos aspectos culturais associados a estes bens. 
Tomando a definição proposta na Declaração de Yaoundé (1996), a 
soberania alimentar dos povos se exprime na capacidade dos Estados e das 
pessoas de: - produzir os alimentos necessários à população em todas as 
regiões do mundo, de modo a reduzir a dependência ligada à ajuda alimentar; 
- controlar, conservar e utilizar seus recursos genéticos e seus 
conhecimentos próprios; - garantir a disponibilidade e o acesso de todos a 
uma alimentação sadia, diversificada e que respeite a diversidade das 
culturas e hábitos alimentares; - tomar decisões de modo autônomo 
concernentes a suas políticas agroalimentares (RIBEIRO, 2014 apud MALUF 
et al, 2019). 
A busca de algum grau de autossuficiência na produção de alimentos básicos 
constitui-se num princípio ainda válido de soberania alimentar a ser adaptado ao 
ambiente atual de maior abertura econômica. As iniciativas de integração econômica 
regional que explorem as complementariedades e regulem os conflitos entre os 
países-membros podem contribuir nesta direção desde que elas não se limitem a 
simplesmente reproduzir as demandas por liberalização comercial. Mesmo a 
importação de alimentos, em algumas circunstâncias, serve como instrumento auxiliar 
na regulação dos mercados (MALUF et al, 2019). 
De acordo com o autor, argumentos de (in)eficiência são a justificativa básica 
para desqualificar questões como as que são aqui levantadas sob o rótulo da 
soberania e da segurança alimentares, em favor de uma estratégia de inserção 
internacional com benefícios incertos e restritos a pequena parcela da população. A 
efetivação do direito à alimentação tem, entre seus componentes, o exercício 
soberano de políticas de segurança alimentar que se sobrepõem aos supostos 
princípios de boa economia ou à lógica mercantil estrita. 
Com relação à ajuda alimentar destinada aos países mais pobres, sabe-se que 
ela serviu de instrumento comercial para os países donantes, e que gera impactos 
 
25 
 
significativos sobre os sistemas agroalimentares nacionais dos países que a recebem, 
especialmente sobre os pequenos produtores (MALUF et al, 2019). 
O recurso de alguns estados à ajuda alimentar como forma menos custosa 
de prover alimentos à sua população prejudica os esforços dos agricultores 
de satisfazerem as necessidades de víveres de uma população crescente, 
que se vê agravada pela repercussão sobre os preços internos quando ocorre 
a venda dos produtos recebidos à título de ajuda alimentar. Nota-se, também, 
o isolamento da ajuda alimentar das demais ações de integração, quando os 
beneficiários daquela ajuda integram os mais desprovidos (GRAFF, 2013 
apud MALUF et al, 2019). 
As propostas atuais caminham no sentido de constituir um sistema de ajuda 
alimentar que incorpore uma concepção de cidadania dos seus beneficiários e que 
contribua à autonomia destes países no médio prazo. Menciona-se, por exemplo, os 
programas nos quais os recursos são destinados a construir infraestrutura, adquirindo-
se cereais em regiões próximas com excedente para a formação de estoques geridos 
pela comunidade que seria treinada para recompô-los e para comercializar sua própria 
produção. Referência especial deve ser feita à renovação em curso da Convecção de 
Lomé -maior programa de ajuda alimentar do mundo, entre a União Européia e países 
da África, Caribe e Pacífico- que prevê exportações favorecidas à Europa e um fundo 
de financiamento de programas de desenvolvimento (MALUF et al, 2020). 
8 CONSUMO, SEGURANÇA DOS ALIMENTOS E DIREITOS DO CONSUMIDOR 
 
Fonte: verdeghaia.com 
 
26 
 
A abordagem do consumo de alimentos deve considerar o grau de 
heterogeneidade social dos países, particularmente no Terceiro Mundo onde as 
desigualdades de renda tendem a ser mais elevadas. Os gastos com alimentação têm 
um peso muito distinto na composição das despesas das famílias nos diferentes 
estratos de renda, sendo que o acesso regular e adequado aos alimentos nos estratos 
inferiores é custoso (absorve parcela significativa da renda familiar) e pode 
comprometer o acesso a outros bens e serviços necessários a uma vida digna 
(MALUF et al, 2019). 
Este aspecto deve ser contemplado pelas políticas de emprego e renda 
(particularmente as políticas salarial e previdenciária), e as relativas à produção. 
Graves problemas por insuficiência de alimentação provocada por restrições de renda 
coexistem com padrões de consumo típicos das camadas de renda mais elevada, 
análogos aos encontrados nos países industrializados. Isto implica que as políticas de 
segurança alimentar têm o duplo desafio de enfrentar, simultaneamente, a carência 
alimentar (a fome) e os problemas derivados de hábitos alimentares inadequados 
(gerando a obesidade e outros) (MALUF et al, 2020). 
Quanto à primeira, seu caráter vital faz com que as políticas antes 
mencionadas sejam acompanhadas de programas de suplementação 
alimentar; já o segundo tipo de problema requer medidas preventivas 
educativas frente a um fenômeno que se tornou uma questão de saúde 
pública pois se manifesta inclusive entre as camadas populares. 
Circunstâncias da vida contemporânea e os impactos de poderosos 
instrumentos de propaganda têm alterado a forma de aquisição e de consumo 
dos alimentos (por exemplo, consumo de produtos elaborados em lugar de 
produtos in natura) e a própria composição da cesta habitual de compras 
(MARINS et al, 2014 apud MALUF et al, 2019). 
Preocupações quanto à adequação nutricional, por sua vez, fazem com que se 
questione a essencialidade de vários produtos de consumo generalizado, 
reproduzindo o antigo embate entre a imposição de preceitos nutricionais versus o 
respeito a hábitos alimentares adquiridos. A evolução do perfil do consumo na direção 
de um padrão de alimentação em que têm grande ou crescente importância a 
utilização de alimentos preparados e a refeição realizada fora do domicílio nos núcleos 
urbanos de médio e grande porte acarretam importantes implicações em termos de 
ações e políticas públicas de segurança alimentar (MALUF et al, 2019). 
As refeições fora do domicilio colocam novas exigências para a ação do poder 
público que ultrapassam a convencional atuação normatizadora e 
fiscalizadora dos serviços de alimentação. Uma iniciativa que vem ganhando 
 
27 
 
importância é o oferecimento de refeições de qualidade a preços acessíveis 
através da implantação de restaurantes populares nas zonas centrais das 
cidades de maior porte. A experiência tem revelado que, além do benefício 
aos usuários destes restaurantes, sua existência gera impactos positivos nos 
serviços de alimentação das zonas onde eles estão localizados (SILVA et al, 
2010 apud MALUF et al, 2019). 
Segundo o autor, a concessão de subsídio no preço da refeição parece ser um 
recurso inevitável para adequá-lo à baixa renda dos usuários, embora o montante de 
tal subsídio seja relativa e absolutamente pouco expressivo em face dos impactos 
diretos e indiretos dos referidos restaurantes. Os atributos de qualidade dos alimentos 
tornaram-se, também, um requisito comercial em função da referida demanda 
crescente por produtos elaborados (isto é, com serviços neles incorporados), e da 
preocupação com a segurança dos alimentos. Esta preocupação é acentuada pelo 
modelo de produção e de consumo que promove o distanciamento entre ambas as 
esferas e o recurso a técnicas e insumos produtivos visando o aumento da 
produtividade e a diferenciação dos bens finais de consumo. 
As normas internacionais relativas aos alimentos são de responsabilidade da 
Comissão Internacional do Codex Alimentarius, organismo criado na década 
de 1960 sob a égide da FAO e da OMS, atualmente composto por 165 países. 
A importância crescente adquirida pelo Codex foi reforçada por suas 
deliberações terem sido admitidas como referência para as negociações 
comerciais realizadas no âmbito da OMC. Os países membros 
comprometem-sea criar comissões nacionais do Codex visando estabelecer 
normas nacionais que venham a ser compatíveis com aquelas deliberadas 
em nível internacional (MARTINELLI, 2003 apud MALUF et al, 2019). 
Tais comissões deveriam constituir-se em importante espaço de participação 
das entidades representativas dos consumidores de modo a contrabalançar a enorme 
influência nelas exercidas pelas grandes corporações internacionais, como vem 
tentando fazer a duras penas a Consumers International, única organização não 
governamental participante da Comissão Internacional do Codex. É de se esperar 
conflitos crescentes frente às iniciativas para introduzir o princípio da precaução entre 
as regras que governam o comércio mundial de alimentos (MALUF et al, 2020). 
De acordo com o autor, este princípio, consagrado em tratados internacionais 
sobre o meio-ambiente, foi recentemente estendido pela França para a vigilância 
sanitária dos alimentos em 1998, e tornou-se objeto de deliberação específica por 
parte da pela União Européia, em fevereiro de 2.000. Ele preconiza que na ausência 
de certeza científica absoluta sobre os riscos potenciais para a saúde humana (bem 
como para o ambiente, os animais e vegetais), a dúvida deve beneficiar os 
 
28 
 
consumidores, ficando os governos autorizados a recorrerem a medidas provisórias 
visando protegê-los, com destaque às de caráter sanitário e fito-sanitário e à 
suspensão da comercialização do(s) bem(ns) em questão. 
Embora sem se referirem explicitamente ao princípio, o acordo da Rodada 
Uruguai do GATT e o acordo fito-sanitário da OMC também prevêm o recurso a tais 
medidas, ainda que pondo ênfase em que sejam mínimos seus impactos sobre o livre-
comércio. Contudo, as divergências entre os países na definição deste princípio e as 
suspeitas de sua aplicação de forma discriminatória, somadas à indefectível defesa 
do livre-comércio, permitem prever acesa polêmica sobre a sua adoção (MALUF et al, 
2019). 
Ainda referente à qualidade dos alimentos as entidades de defesa dos 
consumidores lutam pela garantia dos seguintes direitos segundo Maluf (2019): 
a) direito de acesso a alimentos seguros 
b) direito à informação, inclusive face ao risco de informações erradas e mesmo 
enganosas 
c) direito à reclamar e à justa compensação por danos 
d) direito à uma educação alimentar que dote o consumidor de habilidades e 
conhecimentos que permitam escolher e consumir de forma segura e adequada os 
alimentos, com vistas à introdução de práticas saudáveis de alimentação 
e) direito de ser escutado, através da participação dos consumidores na 
formulação de políticas públicas, na avaliação de normas e regulamentos e na 
implementação de ações relativas aos alimentos 
f) direito a um ambiente saudável com vistas a promover um consumo 
sustentável, em função dos impactos ambientais da produção, do processamento e 
do consumo (no aspecto do descarte) de alimentos. As entidades de consumidores 
vêm tendo destacado papel em campanhas de segurança alimentar, notadamente na 
mais recente delas ligada aos produtos OGM’s. 
Contudo, seria fundamental que elas fossem além do tema da qualidade dos 
alimentos consumidos de modo a englobar desde o acesso à terra até o consumo, 
incluindo-se aí uma articulação mais estreita entre campo e cidade. Os crescentes 
requisitos de qualidade dos alimentos e de instrumentos para assegurá-la resultaram 
na generalização da perspectiva da rastreabilidade dos produtos, que vem sendo 
rapidamente adotada pelos principais agentes das cadeias agroalimentares, ao 
 
29 
 
mesmo tempo em que aumentaram as exigências em termos da confiabilidade da 
certificação e do registro dos alimentos e da estrutura e do modo de atuação dos 
serviços públicos de vigilância sanitária (MALUF et al, 2020). 
As informações prestadas pelo fabricante são consideradas suficientes a 
menos que surjam problemas derivados do uso do respectivo produto. Trata-se de um 
mecanismo claramente insuficiente para assegurar a qualidade dos mesmos, além de 
não ser adequado à realidade dos pequenos produtores em face das exigências 
estabelecidas nas normas de fabricação. Seria fundamental que a regulamentação e 
o funcionamento dos serviços de vigilância sanitária buscassem promover atividades 
de produção desses bens em bases mais equitativas, em lugar de simplesmente punir 
os pequenos produtores que não se enquadram nas normas dadas (MALUF et al, 
2020). 
9 SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR 
 
Fonte: geneticliteracyproject.org 
A exemplo da discussão conceitual sobre a segurança alimentar, o conceito de 
sustentabilidade também é fruto de intensa disputa e ainda não aparece como uma 
noção acabada. Isto vai se refletir, da mesma forma, sobre o entendimento acerca da 
noção de agricultura sustentável. Para órgãos como a FAO, ou na declaração que 
emergiu da chamada Agenda 21, trata-se de um conjunto de regras ou práticas 
produtivas, com preocupações muito restritas ao aspecto ambiental. Para um conjunto 
https://geneticliteracyproject.org/
 
30 
 
de ONGs e movimentos sociais que trabalham com o tema, vai-se além da questão 
da produção agrícola, compreendendo-se a sustentabilidade em suas dimensões 
ambiental, mas também social, econômica e política. Pensar de forma articulada estas 
dimensões permite deslocar o foco dessa discussão para o homem, em toda a 
diversidade que comporta (MALUF et al, 2019). 
A agricultura como é concebida nos padrões convencionais gera dois tipos 
de ameaça à sua sustentabilidade. A primeira se dá através da intensificação 
da atividade agrícola, pela adoção de práticas monocultoras e de uso 
excessivo de insumos químicos e mecanização pesada. A segunda, ocorre 
pela sobreutilização dos recursos naturais e pela mobilização de 
ecossistemas extremamente frágeis. Nos países em desenvolvimento, em 
muitos casos, esse esgotamento dos recursos naturais acontece pela 
pressão exercida por populações que são vítimas de processos de 
concentração fundiária, sendo obrigados a seguir uma lógica de curtíssimo 
prazo para garantir sua sobrevivência imediata (JUNIOR, 2005 apud MALUF 
et al, 2019). 
 Segundo o autor, no contexto atual em que está organizada a produção de 
alimentos, no mundo atual, a compatibilização da sustentabilidade com a segurança 
alimentar é um desafio cercado de dificuldades, mas também carregada de muitas 
oportunidades. A necessidade de manter a oferta de alimentos em condições de 
atender milhões de consumidores em cada país traduz a maior dessas dificuldades. 
A FAO propõe a intensificação da produção, com diversificação, mas sua 
viabilidade parece duvidosa, já que a intensificação se faz a partir da especialização 
e da dependência crescente dos insumos industriais. O melhor caminho na busca de 
um sistema alimentar sustentável parece ser o fortalecimento da agricultura familiar 
ou camponesa, enquanto formação social mais adequada para garantir a segurança 
alimentar em condições sustentáveis. Isto devido às próprias características que lhes 
são inerentes. De um lado, por a sua identificação com modelos produtivos que dão 
ênfase à diversificação da produção. Por outro lado, pela e a maior mobilidade para 
diferentes destinações do resultado de seu trabalho, podendo variar entre os extremos 
de depender exclusivamente de fontes externas do mercado ou recuar até o completo 
autoabastecimento (MALUF et al, 2019). 
Considere-se, ainda de acordo com autor, a maior disposição desse produtor 
em entregar à sociedade os produtos de seu trabalho sem exigir que sua taxa de 
retorno seja superior ou igual à de outras atividades que poderia exercer, por não 
trabalhar subordinado à lógica do lucro. Isto possibilita que sua manutenção na 
atividade agropecuária não fique independente de mudanças conjunturais, o que o faz 
 
31 
 
responder favoravelmente a favorecendo o atributo da estabilidade na segurança 
alimentar. 
Some-se a estesaspectos, o fato dessa modalidade de agricultura, embora 
também utilizando maquinaria e insumos químicos, o faça em menor grau, valendo-
se de outros recursos, como a força animal e a adubação orgânica. Por isso emprega 
mais mão de obra, fortalecendo a equidade e reduzindo a pobreza rural. O recurso da 
produção para autoconsumo, por sua vez, pode atenuar o problema da desnutrição 
no meio rural (MALUF et al, 2019). 
 Dentro da realidade da maior parte dos países em desenvolvimento, algumas 
propostas devem ser encorajadas. A primeira refere-se à necessidade de um 
ordenamento territorial, distinguindo-se as terras impróprias para a agricultura ou 
mesmo para outros usos, as terras de uso restrito e aquelas mais indicadas para o 
cultivo (MALUF et al, 2019). 
De acordo com o autor, a segunda orientação está relacionada à concessão de 
estímulos (preços de suporte, crédito agrícola, etc.) para aqueles que adotam 
tecnologias benignas ou de recuperação ambiental, incentivando-se um modelo 
agrícola de base agroecológica. Mesmo no contexto de primazia do mercado global, 
que tende a aprofundar o processo de exclusão da agricultura de base familiar, 
também neste âmbito são oferecidas oportunidades possíveis de serem aproveitadas. 
Expandem-se os mercados de produtos chamados “naturais”, orgânicos ou 
daquilo que se denomina produtos de “clientela”, cujas variedades encontram 
especial acolhida nos países desenvolvidos. O encontro de objetivos da 
sustentabilidade e da segurança alimentar também se define no campo 
ideológico, pela afirmação da supremacia do direito à alimentação e aos 
recursos naturais enquanto bens públicos que devem ser assegurados a 
todos. E pela identificação de que a desigualdade é a causa principal da 
incapacidade de acesso aos alimentos, bem como elemento desencadeador 
de práticas de apropriação de bens naturais, que perdem seu caráter público 
para assumirem o papel privado de instrumento para a acumulação do 
capital. Esta compreensão desautoriza a mitificação do chamado “livre 
mercado” (BITTENCOURT, 2011 apud MALUF et al, 2019). 
Na busca de consecução articulada dos objetivos contidos nas categorias da 
sustentabilidade e da segurança alimentar reforça-se a necessidade da regulação dos 
mercados e o papel indispensável do estado nessa mediação. Há que se explorar 
todas as possibilidades de encontro e concertação entre os atores sociais envolvidos 
com os dois temas, incluindo-se aí agricultores, consumidores, ambientalistas, etc. 
 
32 
 
A partir dos sentidos aqui enunciados é que se expressa a ideia da 
“sustentabilidade alimentar” como marco teórico-político de trabalho, buscando 
enfrentar articuladamente as preocupações com respeito às diversas dimensões que 
se mostram comuns à agricultura sustentável e à segurança alimentar (MALUF et al, 
2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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